domingo, 28 de junho de 2020

𝐎 𝐫𝐞𝐠𝐫𝐞𝐬𝐬𝐨 à 𝐚𝐠𝐫𝐢𝐜𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚 𝐝𝐞 𝐬𝐮𝐛𝐬𝐢𝐬𝐭ê𝐧𝐜𝐢𝐚!

A pandemia veio para ficar. Todos os países do mundo, sem excepção, estão "infectados". Uns mais que outros. A Europa não está nada bem, as Américas nem falar, a Ásia idem e o Oriente também. Nada nem ninguém escapa nesta pandemia do Covid-19.
Os Estados avançam com programas de emergência às populações mais afectadas, que vão desde o alargamento dos serviços de saúde pública quase em exclusividade para acudir à epidemia até ao auxílio urgente à perda de rendimentos das populações e na maior parte dos casos ao apoio alimentar de sobrevivência a essas mesmas populações.
Tudo isto acontece, pouco mais de três anos após a crise económico financeira do 𝘴𝘶𝘣𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦, que trouxe a Portugal o "𝘢𝘶𝘹𝘪𝘭𝘪𝘰“ de má memória, através da troika, e que durante mais de 5 anos nos obrigou a viver sobre a cartilha da época assente na chamada 𝘱𝘰𝘣𝘳𝘦𝘻𝘢 𝘳𝘦𝘨𝘦𝘯𝘦𝘳𝘢𝘥𝘰𝘳𝘢”.
Foram muitos os ajustamentos que as famílias portuguesas tiveram de fazer nessa época de escassez de dinheiro, onde a opção pela “marmita” mostrou a realidade da nossa sociedade. País com índices de pobreza elevados, sem recursos naturais significativos, muito dependente da indústria do turismo e do exterior e sem dinheiro e sem acesso a ele pelo seu endividamento excessivo. Pensar-se-ia que nesse período, com agora, nos teríamos virado para o aumento da produção interna de bens de primeira necessidade e de alguns serviços. Não é verdade. A importação de bens e serviços na área do agro-alimentar, por exemplo, nestes últimos 10 anos, aumentou de oito mil milhões de euros para mais de onze mil milhões de euros.
Sempre achei que pelo fato de pertencermos à União Europeia não deveríamos permitir que os nossos níveis de produção interna de bens de primeira necessidade ficassem abaixo das nossas necessidades. Estas crises deveriam propiciar as ajudas ao aumento da produção de bens de primeira necessidade, eliminando, tanto quanto possível, a nossa dependência excessiva, do exterior. O recurso excessivo ao exterior para aquisição de bens de primeira necessidade é círculo vicioso, quanto ao aumento do nosso endividamento.
As mais recentes alterações nos hábitos de consumo provocados pela crise do 𝘴𝘶𝘣𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦 pareciam revelar uma aposta maior dos consumidores nos produtos de origem nacional, sobretudo no que respeita às produções locais na área agro-alimentar. Esta alteração estará relacionada certamente com a situação macroeconómica e com os benefícios culturais e ambientais, reconhecidos pelos portugueses nas produções locais.
Porém, tais alterações, deveriam ser mais consistentes, agora com a crise de saúde pública, pois para além de beneficiar as populações que residem em regiões mais afastadas e, por isso, sem grandes oportunidades de emprego, o consumo de produtos locais potencia a economia de pequenas comunidades, proporcionando às populações produtoras melhor qualidade de vida, bem como para a restante população.
Mas decisivo mesmo, é eliminar o fosso da dependência nacional do exterior no que se refere a bens de primeira necessidade.
𝐅𝐚ç𝐚𝐦-𝐬𝐞 “𝐟é𝐫𝐢𝐚𝐬 𝐜á 𝐝𝐞𝐧𝐭𝐫𝐨” 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐮𝐦𝐢𝐧𝐝𝐨 (𝐞𝐬𝐬𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞) 𝐩𝐫𝐨𝐝𝐮𝐭𝐨𝐬 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐮𝐞𝐬𝐞𝐬.

sábado, 27 de junho de 2020

𝘼 𝙘𝙤𝙣𝙘𝙚𝙣𝙩𝙧𝙖çã𝙤 𝙙𝙚 𝙥𝙧𝙤𝙩𝙤𝙛𝙖𝙨𝙘𝙞𝙨𝙩𝙖𝙨 𝙚𝙢 𝙙𝙞𝙖 𝙢𝙪𝙣𝙙𝙞𝙖𝙡 𝙙𝙤𝙨 𝙏𝙧𝙖𝙗𝙖𝙡𝙝𝙖𝙙𝙤𝙧𝙚𝙨 𝙄𝙣𝙙𝙪𝙨𝙩𝙧𝙞𝙖𝙞𝙨

Ironia! Os manga da alpaca da geração 20/20 e seus congéneres que se apoderaram da cartilha fascista cujo original está arquivada na Torre do Tombo, marcaram para 27-06-2020 (hoje), uma concentração, justamente no dia em que os trabalhadores industriais mundiais, celebram o seu dia, em homenagem a todo o contributo prestado às populações, pelos bens que estes trabalhadores produzem e em que a sociedade se sustenta. Este dia celebra-se a 27 de junho por esta ser a data de fundação da Industrial Workers of the World, uma união de trabalho internacional que foi fundada em 1905. Com sede em Chicago, esta união sindical conta com membros em todos os continentes do planeta.
Grande ironia, de facto. No mesmo dia em que um conjunto de parasitas se propõem concentrar-se para vociferar algumas alarvidades de carácter fascistoide, xenófobo e racista, celebra-se a data de fundação de uma união de trabalho internacional.
Se há coisas que o protofascista tem é horror é à classe operária. O protofascista não tem profissão segura. A sua actividade principal é de bufo e homem de palha. Isto como actividade primeira. Acessoriamente é quase sempre um consultor, assessor, manga de alpaca da geração 20/20 ou condutor de veículos de aluguer com condutor. Evidentemente que, uma boa parte deles vivem à custa do Estado directa ou indirectamente. Não produzem. São parasitas. Tudo o que dizem e repetem, já foi por várias vezes objecto de repulsa das nações. Quer no fascismo quer no nazismo. Mesmo quando as conjunturas são (aparentemente) favoráveis, para estes grupos fascistoides, com será esta da pandemia do Covi-19, que criou estados de ansiedade e pânico nas populações, para além da precariedade e angústia no trabalho e consequente quebra de rendimentos, ingredientes favoráveis para o aparecimento dos “salvadores” e ideologias de extrema-direita, estes energúmenos nada têm a oferecer de positivo às sociedades, pois assentam as suas teorias e práticas na exclusão, no racismo, no preconceito , no despotismo, na violência, na censura, como alavancas à instauração de um governo antidemocrático ou ditatorial.
Estes protofascistas, dos tempos modernos, que reúnem determinados aspectos sociais, políticos e ideológicos do nazi-fascismo, a sua retórica confere máxima ênfase a uma visão conservadora da família e da pátria, que pretende restaurar, associando-a à exaltação de valores religiosos, o que lhe garante sólida base de sustentação.


“Em tempos de horror, escolhemos monstros para nos proteger”. (Mia Couto)

sexta-feira, 26 de junho de 2020

𝓞 𝓟𝓻𝓸𝓿𝓮𝓭𝓸𝓻 𝓭𝓸 𝓒𝓸𝓿𝓲𝓭-19


Em Portugal, quando as situações negativas se eternizam, há o mau hábito de alguns “opinion maker” se arvorarem em” provedor do cliente”, neste caso, do “cliente” Covid-19, contra as entidades em geral pelo mau trabalho que alegam estão a fazer no controlo da pandemia do Covid-19, concluindo que o que de bom terá sido feito [nesta matéria]   naquilo em que era preciso não trabalhar. “Em tudo aquilo em que seria preciso trabalhar, falhou-se”.
Esta afirmação carregada de um preconceito político e social, muito forte, centra-se no papel do Estado no combate à pandemia do Covi-19, e naquilo que foi feito não por obra do Estado e aquilo que não foi feito por obra do Estado.
Muito convenientemente, para estes “provedores”, critica-se o que alegadamente foi feito “sem trabalho”, desprezando-se o esgotamento de milhares de profissionais de saúde e de outras categorias profissionais que foram determinantes, para a contenção na propagação do vírus e manter à tona de água uma boa parte da população portuguesa. Para esta corrente, normalmente avessa à intervenção do Estado nos vários sectores da vida social e económica da sociedade, haveria que ter a coragem do terceiro mundo (mesmo de língua portuguesa), em que a pandemia é um fato e os cidadãos devem tirar dai as devidas consequências, não esperando que o Estado possa fazer muito mais do que reconhecer a fatalidade. Países há do primeiro mundo que atuaram e ainda hoje actuem como países do terceiro mundo no tratamento da pandemia e na exposição criminosa das populações ao vírus. Este é um liberalismo selvagem, que se aproxima do «salve-se quem puder». Aqui não é a crença no individuo. Aqui a crença é no vírus, esse equalizador profético. Não era preciso “trabalhar”, para sustentar um confinamento; não era preciso “trabalhar” para sustentar um lay-off; não era preciso “trabalhar” para montar cadeias de distribuição; não era preciso “trabalhar” enfim, não era preciso “trabalhar”, para ter 26.382 recuperados do Covid-19. Afinal, tudo isto foi resolvia sem “trabalho”. Foi a própria inércia que fez o que tinha a fazer. Os poderes públicos, limitaram ao “vinho e mulheres”. Esta corrente, a mais esdruxula do espetro político e social português, nascida no pós-suprime e paladina da “pobreza regeneradora”, “trabalhar” significaria seguir o exemplo da maior parte dos serviços de saúde privados em Portugal durante a pandemia. Fechar os estabelecimentos de saúde e recorrer ao lay-off simplificado ou, manter algumas unidades abertas, mas com custos acrescidos. “Trabalhar”, significaria não confinar, pôr toda a gente a trabalhar, nada fechar, com brigadas inquisitoriais no controlo e aplicação da chamada imunidade de grupo e seleção e controlo dos casos suscetíveis de acesso aos serviços de saúde pública, claro. A “peste grisalha” nunca poderia usufruir do tratamento da epidemia. Esses “já estão a respirar o ar dos mais novos”. Isso é que era “trabalhar”.
Aliás para esta corrente de pensamento (alguns deles em lay-off), Portugal falhou na pandemia, porque foi incapaz de fazer diferente (“trabalhar”). Não foi imaginativo, disruptivo, “fazer diferente do habitual”. Nisto, Portugal falhou. Era preciso “trabalho” e isso não faz parte do nosso ADN.
Esta corrente esdrúxula, populista e reacionária, apenas tem tristes exemplos comparativos para sustentar a sua tese. Estados Unidos da América, Brasil, Bielorrússia, Coreia do Norte e mais alguns outros, onde o “trabalho” desenvolvido, sem tréguas, tem sido o de conseguir que as pessoas morram, sem qualquer apoio, e sem qualquer “chão” para o seu enterro. Nada de combate à pandemia tudo a favor de ações concretas que estimulem o contágio e a proliferação do vírus. Isto, sim, é “trabalho” !…

segunda-feira, 22 de junho de 2020

𝑫𝒊𝒔𝒑𝒆𝒓𝒔𝒐𝒔 𝑰𝒏𝒕𝒓𝒂 𝑷𝒂𝒏𝒅𝒆𝒎𝒊𝒂 𝒅𝒐 𝑪𝒐𝒗𝒊𝒅-19



Mesmo com limitações, a vida continuou no período mais critico da pandemia do Covid-19 e a morte também. Contudo é, aparentemente, estranho que com tanto confinamento e restrições à liberdade de movimentos, as informações sobre a morte não Covid-19 que vamos recebendo, não têm na sua génese, os efeitos colaterais do vírus ou pelo menos, é assim que se interpreta, pelos últimos casos divulgados.
Sabemos por um estudo realizado em abril, que praticamente metade da população portuguesa pode estar a ser psicologicamente afetada pela atual crise, concluindo o estudo que os trabalhadores presenciais e pessoas que habitam em zonas rurais são mais atingidos pela ansiedade e depressão.
Por razões diversas, não é de estranhar que assim seja nestes dois grupos de pessoas. Os trabalhadores presenciais, porque permanentemente expostos ao risco de contágio pelas deslocações diárias de e para o trabalho em transportes públicos, a maior parte das vezes apinhados de gente. Aqui não havia nem há distanciamento físico possível. O risco é muito elevado e se as pessoas “baixarem a guarda” são uma fonte de propagação do vírus com toda a certeza. É, pois, legitimo, que este grupo de pessoas se sintam ansiosas e deprimidas em virtude de saberem o risco que correm.
As pessoas que habitam em zonas rurais, no quadro crónico de desproteção em que vivem, naturalmente sentem maior ameaça perante a pandemia, uma vez que os seus, estão impedidos de os verem, aumentando a sensação de abandono e de maior exposição ao perigo. Aqui os níveis de ansiedade são particularmente intensos e a “doença invisível”, tende a espalhar-se.     
Embora pelo estudo realizado estes dois grupos apareçam como os grupos mais afetados pela pandemia, ao nível da saúde mental, a verdade é que sabemos que outros grupos terão sido e ainda estão numa fase de enorme stress. Os que perderam os empregos, por fecho definitivo das respetivas empresas, os que viram alteradas as suas condições de trabalho e segurança no emprego, os que, por via da atividade que desenvolvem, se viram privados de a exercer durante a pandemia e hoje ainda o fazem muito limitadamente. Este núcleo de pessoas, merecem uma atenção muitíssimo especial já que a degradação das suas condições económico-financeiras, que já acontecem, são um enorme catalisador para situações de ansiedade e depressão, senão mesmo outras patologias mais sérias.
Outros grupos há, que foram sujeitos a um enorme stress e pressão. Aqui se destacam os médicos, enfermeiros, profissionais auxiliares de saúde, os professores, os pais, os profissionais do fornecimento de alimentação e de medicamentos, os transportadores, etc., que em plena crise se mantiveram ativos para que os bens essenciais chegassem a todos.
Destaco, no entanto, de entre todos, os pais. E porquê? Porque estes, foram chamados a uma tripla função desde o início da pandemia do Covid-19 que é de realçar. Desde profissionais em teletrabalho, a agentes de ensino e encarregados de educação a tempo inteiro, os pais experimentaram durante este período uma exigente tarefa para a qual muitos deles não estavam, sequer, preparados. Os inúmeros exemplos do esforço muitas vezes hercúleo de alguns pais que foram chamados a trabalhar em casa em simultâneo com a tarefa de acompanhar os filhos na telescola ou em modalidade de ensino à distância equivalente, sem quaisquer condições de base, é simplesmente digno de registo.
Finalmente, outro dado bastante relevante é o de que na Europa os casos de “violência interpessoal” entre parceiros íntimos e contra crianças aumentou cerca de 60%, durante a pandemia, em países como a Bélgica, Bulgária, França, Irlanda, Rússia, Espanha e Reino Unido.
Em Portugal, pelo contrário, soube-se que as queixas por violência doméstica diminuíram durante o período de confinamento. As três linhas de apoio a vítimas de violência doméstica receberam 308 pedidos desde 19 de março e as queixas às polícias por este crime diminuíram 39% em relação ao mesmo período de 2019. Há quem duvide desta "tranquilidade aparente", o certo é que ela se deu e tem dado e bom seria que esta prática criminosa desaparecesse do quotidiano das famílias portuguesas.
A pandemia do Covid-19 foi (é) uma interrupção nas nossas vidas com marcas profundas no nosso futuro. Desta vez é o individuo que está em causa. Que tal tenha sido percebido, para bem de todos…


sábado, 20 de junho de 2020

𝑶𝒔 𝑹𝒂𝒇𝒆𝒊𝒓𝒐𝒔


Em sentido figurado, diz-se que um “rafeiro” é um Indivíduo que acompanha sempre outro, como o cão acompanha o dono. Igual a Bajulador. Pois estes ajuntamentos em Lagos, Carcavelos e sabe-se lá que mais, foram realizados por um conjunto de “rafeiros” a “mando” de um dono, cuja natureza ainda está para perceber, mas não andaremos longe se dissermos que a extrema direita e os seus acólitos estarão por detrás disto, como forma de desestabilizar ainda mais os cidadãos e a sociedade portuguesa em geral. São uma espécie de kamikazes ou bombistas, estes que morrem à conta das virgens que nunca vão ter.
Cambada de “rafeiros” ignorantes acéfalos que, em tempos de pandemia, propagam doença contagiosa, criando um perigo para a vida ou de grave lesão da saúde ou da integridade física de um número indeterminado de pessoas, cujos motivos adjacentes a esse tipo de ataques são, algumas vezes, diferentes dos motivos que levam alguém a suicidar-se, aproximando-se também dos motivos do sacrifício ou do martírio. Este é um outro tipo de terrorismo, que tem de ser combatido sem tréguas. Aqui justifica-se que as autoridades policias actuem por excesso e não por defeito. É verdade que não se conseguem prender 1.000 pessoas ou até 200, de imediato. Só mesmo colocando-as no “campo pequeno” e vedar todos os acessos à praça. Mas hoje há drones, helicópteros e outros meios de vigilância à distância que podem ser implementados de imediato para detectar os prevaricadores e levar à sua dispersão imediata. Em tempos de pandemia quem, com atitudes verdadeiramente irreflectidas e criminosas, puser em perigo a vida ou criar grave lesão da saúde ou da integridade física de um número indeterminado de pessoas, deve ser severamente punido. Estes, tal como os pirómanos, ou outros criminosos de outro tipo, são nocivos à sociedade democrática e ao Estado de direito. As autoridades, tem de atuar por antecipação. Não é possível aceitar que 1.000 pessoas se reúnam sem que as autoridades deem por isso. É inconcebível.
Em Portugal, no momento dos ajuntamentos a que nos referimos, vigora o estado de calamidade. Neste estado de excepção existem limites à circulação ou permanência de pessoas, nomeadamente através da sujeição a controlos colectivos para evitar a propagação de surtos epidérmicos. O porquê desta falha de controlo, sobretudo o caso de Carcavelos?
Estamos à espera, que a situação se agrave mais por causa de um conjunto de energúmenos que não tem respeito pela vida dos outros?
Quando tantos sacrificam as suas vidas para salvar a vida dos outros aparecem um conjunto de “rafeiros” predispostos a agravar a situação, a troco de alguns “patacos”. Vivemos em tempos de excepção e assim deve ser entendido, sem rodeios, pelas diversas autoridades.

domingo, 7 de junho de 2020

𝐎 “𝐟𝐚𝐬𝐜í𝐧𝐢𝐨” 𝐩𝐨𝐫 𝐮𝐦 𝐟𝐚𝐬𝐜𝐢𝐬𝐭𝐚!


Vejo com alguma surpresa, aqui nas redes sociais, alguns comentários políticos sobre André Ventura, 99,9%, tratando-o «abaixo de cão» como ele merece ser tratado, mas o que me impressiona mesmo é que para alguns, mais novos, este personagem cria asco e repulsa como se pode ler nos comentários que são publicados.
As gerações mais novas têm do fascismo, seus ideais, comportamentos e práticas, uma visão liceal, bastante obscurecida pelo silêncio mais ou menos cúmplice de todos aqueles que após o 25 de Abril, tinham por obrigação colocar este tema nos Currículos escolares.
Porém, a existência de um fascista ao vivo e a cores, mesmo que de “segunda” nos dias de hoje, cria um certo “fascínio” nestas gerações e uma vontade de crítica bem acérrima que é sempre de aplaudir e louvar já que é demonstrativa de que os valores da democracia e do Estado de Direito estão neles impregnados e que a sua defesa não será descurada.
O mesmo não se passa com os democratas menos novos ou já idosos, onde este “fascínio” não existe. Pelo contrário a existência, hoje, de pessoas como André Ventura são a face negra e obscura, da democracia de abril, mais exigente e preocupada com os valores da liberdade e democracia do que dos abcessos que, entretanto, se iam formando no decurso do processo.
É verdade que a República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa (art.º 2.º, da Constituição)
Por isso nela cabem aqueles que contra ela atentam. É um paradoxo, mas é mesmo assim. A máxima liberdade para a máxima responsabilidade. Pouco mais de 45 anos de democracia em Portugal e já existem focos de protofascismo inquietantes ligados às grandes centrais do nacionalismo e do fascismo internacionais liderados por Steve Bannon, com os seus acólitos Marine Le Pen, Viktor Orbán, Matteo Salvini e os decrépitos Jair Bolsonaro e Donald Trump.
A ver pelas reações, estes antidemocratas não terão grande apoio em Portugal, para construírem o seu futuro. Mas cuidado estas marionetas são sustentadas e alimentadas pelas ditas grandes centrais da extrema direita mundial, que têm dinheiro suficiente para esperarem pelo momento certo. E esse momento certo, poderá estar ligado a uma nova crise seja de que tipo for que enfraqueça ainda mais as populações e as torne vulneráveis a estes parasitas políticos.
A escassos dias das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é com preocupação que vemos o recrudescer desta parte mais sinistra da sociedade portuguesa. Toda a atenção é pouca!...






domingo, 31 de maio de 2020

ℙ𝕠𝕣 𝕞𝕒𝕚𝕤 𝕣𝕚𝕔𝕠 𝕢𝕦𝕖 𝕤𝕖𝕛𝕒 𝕦𝕞 𝕡𝕠𝕓𝕣𝕖, 𝕤𝕖𝕣á 𝕤𝕖𝕞𝕡𝕣𝕖 𝕦𝕞 𝕡𝕠𝕓𝕣𝕖 𝕡𝕖𝕣𝕒𝕟𝕥𝕖 𝕦𝕞 𝕣𝕚𝕔𝕠!

Às vezes, parece que nos esquecemos!

Portugal é, do ponto de vista económico ou financeiro um país pobre e de fracos recursos. As nossas maiores fontes de riqueza são, basicamente, as portuguesas e os portugueses e a sua cultura. Este tem sido, indubitavelmente, o património mais valioso que temos exibido ao longo dos séculos.


Quer nas expedições, nos descobrimentos, na ciência, na cultura, no empreendedorismo, enfim em tudo o que civilização faz para progredir, uma portuguesa ou um português está presente. Para um país pequeno e pobre é obra. Por isso não somos miseráveis ou indigentes, se é que isso se pode aplicar a países. A nossa adesão à então CEE, é disso exemplo.


Portugal tinha mais a dar à União Europeia de que muitos dos seus membros, incluindo alguns dos seus fundadores. Mas lá está, a ideia era justamente essa. “Para avançarem em conjunto, nações e União Europeia devem andar de par. Quem ama a Europa deve amar necessariamente as nações que a compõem; quem ama a sua nação deve necessariamente amar a Europa. O patriotismo é uma virtude; o nacionalismo irredutível é uma mentira intolerável e um veneno destrutivo.” Quem disse isto foi o último presidente da Comissão Europeia. É claro que, são só palavras.


Basta ver que o país da nacionalidade do senhor Juncker (o Luxemburgo) tinha (ou ainda tem?) acordos específicos com grandes empresas mundiais com vantagens fiscais e financeiras, à revelia da União, e até em transgressão com a regra da solidariedade, o que fez com que aquele país, tal como os Países Baixos (ex. Holanda), se tornassem de há muito verdadeiros paraísos fiscais. Assim, de facto, as nações não andam a par com a União Europeia.


E tão ou mais grave que isso, é que desde muito cedo se verificou que havia duas ideias de União Europeia. A que vingou até à data, assente nos interesses individuais de cada país, sobretudo os mais ricos, e detentores do alvará da economia de casino das Offshores e das “Red Light District” e os outros, aderentes incondicionais dos valores da EU, numa sociedade em que deveria prevalecer a inclusão, a tolerância, a justiça, a solidariedade e a não discriminação. Estes valores que são parte integrante do modo de vida europeu, bastas vezes são desrespeitados se não mesmos ignorados por alguns dos seus Estados-membros.


Só através do respeito incondicional destes valores, que são património quer de nações ricas ou pobres, se conseguem alcançar os objetivos a que a União Europeia se propõe: (i) Promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos seus cidadãos; (ii) garantir a liberdade, a segurança e a justiça, sem fronteiras internas; (iii) favorecer o desenvolvimento sustentável, assente num crescimento económico equilibrado e na estabilidade dos preços, uma economia de mercado altamente competitiva, com pleno emprego e progresso social, e a proteção do ambiente; (iv) lutar contra a exclusão social e a discriminação; (v) promover o progresso científico e tecnológico; (reforçar a coesão económica, social e territorial e a solidariedade entre os países da EU; (vi) respeitar a grande diversidade cultural e linguística da EU; (vii) e estabelecer uma união económica e monetária cuja moeda é o euro.


Enquanto os egoísmos nacionais prevalecerem a União Europeia será o espelho das sociedades que as compõem. Países Ricos, intransigentes na sua riqueza e na forma como a adquiriram, pouco solidários, avessos ao mutualismo e mais propensos ao retalho e aos fundos especulativos e aos empréstimos. Pelo contrário, os Países Pobres, com recursos mais reduzidos, tendem a expor as suas fraquezas na defesa incondicional dos princípios fundadores da União, correndo sempre o risco de puxarem uma corda partida. Afinal, seria através da solidariedade da União que a Europa se tornaria mais rica e mais forte. Desperdício.


As crises financeiras, sanitária, “whatever”, trouxeram ao de cima a face mais sinistra de alguns dos Estados-membros. É arrepiante a falta de solidariedade e até de humanidade, demonstrada. Todos nos devíamos interrogar como será possível cumprir os princípios e valores fundadores da EU, com tamanho egoísmo nacionalista. “O nacionalismo irredutível é uma mentira intolerável e um veneno destrutivo.”


Agora na pandemia, o egoísmo foi tristemente exemplar. Cada um puxou por si, com as armas de que dispunha, abandonando outros à sua sorte, desviando os escassos recursos que tinha, com a finalidade, conseguida por alguns (ex. Portugal), de salvar vidas, objetivo primeiro, desta resposta à crise. Mas não o fizemos em conjunto. Com uma estratégia concertada e como o aproveito comum dos meios de que cada um dispunha. Não, isto não foi feito.


Mas os recursos são finitos. E os dos Países pobres, com Portugal e outros, “antes de o ser já o eram”. Contudo, agora, contrariamente ao que aconteceu com a crise financeira de 2008, não foram os países mais pobres que primeiro pediram ajuda para combater a pandemia, mas sim os países mais ricos e motores da União Europeia. A Itália e a Espanha. Fustigados de uma forma avassaladora, pelo Covid-19, estes Estados-membros viram-se a braços com uma crise de saúde pública de fortes dimensões que, rapidamente, como em todos outros países, de resto, se transformou em crise económica, financeira e social.


E como respondeu a União a esta tragédia? Simples. Pela voz do ministro das finanças holandês, Wopke Hoekstra, acolitado por mais dois ou três membros de países da europa norte, instaram a Comissão Europeia a investigar os países, como Espanha e a Itália, que afirmaram não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo vírus.


Voltámos ao mesmo processo de desconfiança que já se tinha verificado na crise financeira de 2008, também pela voz de um holandês, também ministro das finanças, Jeroen Dijsselbloem, que declarou que o sul da Europa gastou dinheiro em "copos e mulheres", durante a crise que conduziu ao resgate financeiro de países como Portugal, Grécia e Espanha.


Na versão atual do holandês Wopke Hoekstra, ou do chanceler austríaco Sebastian Kurz, os países que recorram ao fundo de emergência da União Europeia, aprovado devido à pandemia de Covid-19, devem devolver os apoios posteriormente. O chanceler vai mais longe. “A Áustria não vai assumir as dívidas de outros Estados-membros da EU.”


Romano Prodi dizia há bem poucos dias que se a França, Itália, Espanha e outros como Portugal, se unirem “mudará a Europa”. Para isso é preciso que a França se decida.