Vejo com alguma surpresa, aqui
nas redes sociais, alguns comentários políticos sobre André Ventura, 99,9%,
tratando-o «abaixo de cão» como ele merece ser tratado, mas o que me impressiona
mesmo é que para alguns, mais novos, este personagem cria asco e repulsa como
se pode ler nos comentários que são publicados.
As gerações mais novas têm do
fascismo, seus ideais, comportamentos e práticas, uma visão liceal, bastante
obscurecida pelo silêncio mais ou menos cúmplice de todos aqueles que após o 25
de Abril, tinham por obrigação colocar este tema nos Currículos escolares.
Porém, a existência de um fascista ao vivo e a cores, mesmo que de
“segunda” nos dias de hoje, cria um certo “fascínio” nestas gerações e uma
vontade de crítica bem acérrima que é sempre de aplaudir e louvar já que é demonstrativa
de que os valores da democracia e do Estado de Direito estão neles impregnados
e que a sua defesa não será descurada.
O mesmo não se passa com os
democratas menos novos ou já idosos, onde este “fascínio” não existe. Pelo
contrário a existência, hoje, de pessoas como André Ventura são a face negra e
obscura, da democracia de abril, mais exigente e preocupada com os valores da
liberdade e democracia do que dos abcessos que, entretanto, se iam formando no
decurso do processo.
É verdade que a República
Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no
pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na
garantia de efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e
interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica,
social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa (art.º 2.º, da
Constituição)
Por isso nela cabem aqueles que
contra ela atentam. É um paradoxo, mas é mesmo assim. A máxima liberdade para a
máxima responsabilidade. Pouco mais de 45 anos de democracia em Portugal e já
existem focos de protofascismo inquietantes ligados às grandes centrais do nacionalismo
e do fascismo internacionais liderados por Steve Bannon, com os seus acólitos Marine
Le Pen, Viktor Orbán, Matteo Salvini e os decrépitos Jair Bolsonaro e Donald
Trump.
A ver pelas reações, estes
antidemocratas não terão grande apoio em Portugal, para construírem o seu
futuro. Mas cuidado estas marionetas são sustentadas e alimentadas pelas ditas
grandes centrais da extrema direita mundial, que têm dinheiro suficiente para
esperarem pelo momento certo. E esse momento certo, poderá estar ligado a uma
nova crise seja de que tipo for que enfraqueça ainda mais as populações e as
torne vulneráveis a estes parasitas políticos.
A escassos dias das comemorações
do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é com preocupação
que vemos o recrudescer desta parte mais sinistra da sociedade portuguesa. Toda
a atenção é pouca!...
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