A pandemia veio para ficar. Todos os países do mundo, sem excepção, estão "infectados". Uns mais que outros. A Europa não está nada bem, as Américas nem falar, a Ásia idem e o Oriente também. Nada nem ninguém escapa nesta pandemia do Covid-19.
Os Estados avançam com programas de emergência às populações mais afectadas, que vão desde o alargamento dos serviços de saúde pública quase em exclusividade para acudir à epidemia até ao auxílio urgente à perda de rendimentos das populações e na maior parte dos casos ao apoio alimentar de sobrevivência a essas mesmas populações.
Tudo isto acontece, pouco mais de três anos após a crise económico financeira do 𝘴𝘶𝘣𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦, que trouxe a Portugal o "𝘢𝘶𝘹𝘪𝘭𝘪𝘰“ de má memória, através da troika, e que durante mais de 5 anos nos obrigou a viver sobre a cartilha da época assente na chamada 𝘱𝘰𝘣𝘳𝘦𝘻𝘢 𝘳𝘦𝘨𝘦𝘯𝘦𝘳𝘢𝘥𝘰𝘳𝘢”.
Foram muitos os ajustamentos que as famílias portuguesas tiveram de fazer nessa época de escassez de dinheiro, onde a opção pela “marmita” mostrou a realidade da nossa sociedade. País com índices de pobreza elevados, sem recursos naturais significativos, muito dependente da indústria do turismo e do exterior e sem dinheiro e sem acesso a ele pelo seu endividamento excessivo. Pensar-se-ia que nesse período, com agora, nos teríamos virado para o aumento da produção interna de bens de primeira necessidade e de alguns serviços. Não é verdade. A importação de bens e serviços na área do agro-alimentar, por exemplo, nestes últimos 10 anos, aumentou de oito mil milhões de euros para mais de onze mil milhões de euros.
Sempre achei que pelo fato de pertencermos à União Europeia não deveríamos permitir que os nossos níveis de produção interna de bens de primeira necessidade ficassem abaixo das nossas necessidades. Estas crises deveriam propiciar as ajudas ao aumento da produção de bens de primeira necessidade, eliminando, tanto quanto possível, a nossa dependência excessiva, do exterior. O recurso excessivo ao exterior para aquisição de bens de primeira necessidade é círculo vicioso, quanto ao aumento do nosso endividamento.
As mais recentes alterações nos hábitos de consumo provocados pela crise do 𝘴𝘶𝘣𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦 pareciam revelar uma aposta maior dos consumidores nos produtos de origem nacional, sobretudo no que respeita às produções locais na área agro-alimentar. Esta alteração estará relacionada certamente com a situação macroeconómica e com os benefícios culturais e ambientais, reconhecidos pelos portugueses nas produções locais.
Porém, tais alterações, deveriam ser mais consistentes, agora com a crise de saúde pública, pois para além de beneficiar as populações que residem em regiões mais afastadas e, por isso, sem grandes oportunidades de emprego, o consumo de produtos locais potencia a economia de pequenas comunidades, proporcionando às populações produtoras melhor qualidade de vida, bem como para a restante população.
Mas decisivo mesmo, é eliminar o fosso da dependência nacional do exterior no que se refere a bens de primeira necessidade.
𝐅𝐚ç𝐚𝐦-𝐬𝐞 “𝐟é𝐫𝐢𝐚𝐬 𝐜á 𝐝𝐞𝐧𝐭𝐫𝐨” 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐮𝐦𝐢𝐧𝐝𝐨 (𝐞𝐬𝐬𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞) 𝐩𝐫𝐨𝐝𝐮𝐭𝐨𝐬 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐮𝐞𝐬𝐞𝐬.
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