sábado, 9 de março de 2024

 DIA DE RECOLHIMENTO E DE REFLEXÃO

Hoje é dia de recolhimento ‘político’ ou de recolhimento interior, buscando paz ou crescimento pessoal, para a jornada do dia seguinte. As eleições legislativas de iniciativa presidencial.

É, igualmente, dia de reflexão, ou seja, dia destinado a permitir que os eleitores tenham um período de reflexão sem influências externas antes de tomarem a sua decisão nas urnas. Durante o dia de reflexão, as atividades de campanha, como comícios e distribuição de material promocional, são proibidas para garantir um processo eleitoral justo e transparente.

Depois de semanas de intensa campanha eleitoral, comícios, distribuição de material promocional, entrevistas nas rádios e tvs, comentários nos mais variados órgãos de comunicação social, chega o dia em que tudo isto é proibido, e os eleitores dispõem de uma pausa para refletir sem influências externas antes de tomarem a sua decisão nas urnas.

Há quem já ponha em causa este dia de reflexão, considerando que a democracia está estabilizada e os eleitores bem informados. Por outro lado, dizem (sem razão), que o voto antecipado veio mostrar a inutilidade deste dia de reflexão. Este argumento é espúrio, pois para além de ser uma situação excecional, justifica-se para responder a um conjunto de situações, também elas excecionais. O dia de ‘recolhimento’ e reflexão, não é uma criação da democracia portuguesa. Existe em quase todos os países europeus, embora com diferentes matizes. Só por aqui dá para perceber, que não é o facto de a democracia ser jovem ou não que o dia de reflexão se mantém. O dia de reflexão é uma medida que visa proteger a integridade do processo democrático. Por isso, as vozes que em Portugal questionam a manutenção do dia de reflexão, como o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que defende a “oportuna reponderação” do dia de reflexão na véspera das eleições, que considera ter sido pensado para "outra época e outras preocupações", mostra o tão equivocado está o pensamento de Marcelo, nesta matéria. É claro que há outros modelos com o dos EUA em que não há dia de reflexão e a campanha eleitoral vai até à boca das urnas, numa comercialização do voto, sem decência. Será este o modelo de Marcelo e outros? É bem possível!

Por último, é politicamente censurável e intelectualmente desonesta a posição do Presidente da República de que ‘não levantará obstáculos à formação de um Governo com o apoio do Chega, caso esse seja o desfecho eleitoral das legislativas antecipadas que irão ter lugar a 10 de março.’ Como Montenegro e a AD, já disseram explicitamente que não há nem haverá qualquer acordo com o Chega, Marcelo prepara-se para formar um governo de iniciativa presidencial, com o Chega. Só pode! Esta interferência e condicionamento ao processo eleitoral, vai ter o seu epílogo no discurso marcado por Marcelo, para hoje, dia de reflexão, o que é uma prova acabada de que o Presidente tudo fará para vincar os condicionamentos, que deixou expressos nos vários cenários lançados pelo jornal do partido, que já não é ‘Expresso’, mas ‘Alfa Pendular”. Que o eleitorado, categoricamente, saiba responder a mais esta provocação presidencial.

  



 

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