DIA DE RECOLHIMENTO E DE REFLEXÃO
Hoje é dia de recolhimento ‘político’ ou de recolhimento interior, buscando paz ou crescimento pessoal, para a jornada do dia seguinte. As eleições legislativas de iniciativa presidencial.
É, igualmente, dia de reflexão,
ou seja, dia destinado a permitir que os eleitores tenham um período de
reflexão sem influências externas antes de tomarem a sua decisão nas urnas.
Durante o dia de reflexão, as atividades de campanha, como comícios e
distribuição de material promocional, são proibidas para garantir um processo
eleitoral justo e transparente.
Depois de semanas de intensa
campanha eleitoral, comícios, distribuição de material promocional, entrevistas
nas rádios e tvs, comentários nos mais variados órgãos de comunicação social,
chega o dia em que tudo isto é proibido, e os eleitores dispõem de uma pausa
para refletir sem influências externas antes de tomarem a sua decisão nas
urnas.
Há quem já ponha em causa este
dia de reflexão, considerando que a democracia está estabilizada e os eleitores
bem informados. Por outro lado, dizem (sem razão), que o voto antecipado veio
mostrar a inutilidade deste dia de reflexão. Este argumento é espúrio, pois
para além de ser uma situação excecional, justifica-se para responder a um
conjunto de situações, também elas excecionais. O dia de ‘recolhimento’ e
reflexão, não é uma criação da democracia portuguesa. Existe em quase todos os
países europeus, embora com diferentes matizes. Só por aqui dá para perceber,
que não é o facto de a democracia ser jovem ou não que o dia de reflexão se
mantém. O dia de reflexão é uma medida que visa proteger a integridade do
processo democrático. Por isso, as vozes que em Portugal questionam a
manutenção do dia de reflexão, como o atual Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, que defende a “oportuna reponderação” do dia de
reflexão na véspera das eleições, que considera ter sido pensado para "outra
época e outras preocupações", mostra o tão equivocado está o
pensamento de Marcelo, nesta matéria. É claro que há outros modelos com o dos
EUA em que não há dia de reflexão e a campanha eleitoral vai até à boca das
urnas, numa comercialização do voto, sem decência. Será este o modelo de
Marcelo e outros? É bem possível!
Por último, é politicamente
censurável e intelectualmente desonesta a posição do Presidente da República de
que ‘não levantará obstáculos à formação de um Governo com o apoio do Chega,
caso esse seja o desfecho eleitoral das legislativas antecipadas que irão ter
lugar a 10 de março.’ Como Montenegro e a AD, já disseram explicitamente
que não há nem haverá qualquer acordo com o Chega, Marcelo prepara-se para
formar um governo de iniciativa presidencial, com o Chega. Só pode! Esta
interferência e condicionamento ao processo eleitoral, vai ter o seu epílogo no
discurso marcado por Marcelo, para hoje, dia de reflexão, o que é uma prova
acabada de que o Presidente tudo fará para vincar os condicionamentos, que
deixou expressos nos vários cenários lançados pelo jornal do partido, que já
não é ‘Expresso’, mas ‘Alfa Pendular”. Que o eleitorado, categoricamente, saiba
responder a mais esta provocação presidencial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário