A Rússia vs Ucrânia tem sido o maior catalisador, até hoje, para as pretensões imperialistas da China sob a Taiwan, pequena nação insular a 180 km para o leste da China. É a Crimeia dos Chineses. A China, manifestamente, não apoia nenhuma solução política e negociável para a invasão Rússia da Ucrânia. A China apoia militarmente a Rússia para que esta e os países da sua órbita apoiem mais tarde a invasão de Pequim a Taiwan. Nunca esteve tão perto esse desiderato pela China. Afirmado o apoio do ocidente e os estados unidos à causa ucraniana, incluindo o armamento das tropas ucranianas é evidente que a China raciocina que este é o momento para intervir em Taiwan, pois os apoios não são ilimitados e Taiwan não está na Europa e os seus efeitos não são os mesmos na conjuntura internacional, exceção feita, aos interesses geopolíticos da Taiwan para os EUA. Há uma fatia de países, a dos BRICS (Brasil, China, India, Rússia e África do Sul) que estarão ao lado desta invasão de Taiwan, pela China. Parceiros do mesmo bloco económico e, embora sejam uma criação da falida Goldman Sachs são a expressão viva, à exceção do Brasil, de que a ingerência nos assuntos internos e externos de outros Estados, são toleráveis à luz da unidade do bloco. O Brasil, será assim, a única nação que não tem aspirações territoriais sobre os seus parceiros dos BRICS. Daí a posição do presidente brasileiro, Lula da Silva, que sugeriu que o país [a Ucrânia] ceda a Crimeia à Rússia. O presidente brasileiro, não tem a noção que na Crimeia vivem cerca de 2,5 milhões de habitantes. Não é uma porção de terra cercada por água por todos os lados menos por um de ligação ao continente, cuja localização entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro é estratégica. O presidente brasileiro terá pensado que a Crimeia é um pedaço de terra lá no “sertão” russo e que por isso a Ucrânia é “nhurra” em não ceder tal pedaço de terra à Rússia. Com as devidas distâncias, proporções e exageros, subentende-se da sugestão do presidente brasileiro que, as pessoas, ali, são o que menos contam. E “fatiar” a Ucrânia não é nada por aí além. Afinal a Ucrânia tem um território imenso. É evidente que o presidente brasileiro não tem de saber tudo, nem os seus “amigos” lhe dizem tudo. E por isso, “ceder” a Crimeia aos russos, implica, necessariamente, “ceder-lhes” Luhansk, Donetsk, e o que vier a seguir. Afinal o princípio é o mesmo. E aqui é que a China suspende o seu apoio explicito à Rússia de Putin. É que esta hegemonia tipo “união soviética”, não é bem-vinda ao concerto das nações nem à liderança chinesa. E Putin sabe disso e Xi Jinping fez questão de lhe relembrar. “Amigos, amigos, negócios à parte”. A Rússia terá o apoio implícito da China se os seus anseios não extravasarem os limites fixados na península da Crimeia. A lógica da Crimeia russa é idêntica à logica de Taiwan chinesa. Esta é a identidade de causas, que faz mover a China nos dois tabuleiros. A grande diferença entre estes dois predadores (China e Rússia), é que os chineses, baseados em Confúcio, sabem que “Coisa feita com pressa é coisa mal feita. “
Entre outras coisas, será um espaço de crítica actual de factos (ou fatos) e acontecimentos que ocorrem e sucedem no nosso país e que potenciam o nosso crescente "direito à indignação". Será também, um espaço de opinião livre, mas responsável, sobre temas diversos. Sevla
domingo, 9 de abril de 2023
quarta-feira, 15 de março de 2023
Abusados na igreja católica, revoltai-vos!
É incompreensível este estado de negação.
O Presidente da República de
Portugal, País democrático, dizia em outubro de 2022 que a denuncia feita por
quatrocentos (400) de vós não era muito comparado com o que se passa “lá
fora”. Para o PR de Portugal vós, abusados, sois poucos para serem
admitidos como vítimas desse crime hediondo, que é a violação sexual de
menores. Num país que se diz maioritariamente católico, “só”
quatrocentas e tal denúncias, não preenchem quantitativamente os pressupostos
do crime par o PR. E, pelos vistos, para a hierarquia da igreja.
Esta aparente gafe do PR,
haveria, contudo, de ter consequências nefastas, como se veio a verificar com a
divulgação do relatório elaborado pela “Comissão Independente para o Estudo
de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal”. Quase
toda a hierarquia da igreja católica de imediato tentou a desvalorização dos
casos, a insipiência das denúncias, a fragilidade das provas, a negação do
direito à reparação e, chegou ao ponto de se defender, «que os abusadores
poderiam receber perdão se tivessem reparado os "danos pelo mal" que
causaram». O debate ficou a este nível. Em nenhum dos intervenientes,
bispos e cardeal, se ouviu a palavra vítima. E quando a pronunciaram, foi quase
sempre em tom de desvalorização.
Muita gente estranha que sendo
estes crimes de natureza pública, porque que é que até agora os agentes da
justiça em Portugal não se pronunciaram, pelo menos com a gravidade que o caso
merece? Ministra da Justiça, Procuradora-Geral da República, Diretor da Polícia
Judiciária, etc., etc. "No pasa nada”?
É triste, mas é verdade. Mas quem
deu força a uns e fraqueza a outros foi a fala do PR. Este com a sua
autoridade política deu o mote, para dentro e para fora da igreja. Resta,
pois, a revolta dos abusados. E esta tem de se realizar, sem exposição, com a
defesa intransigente da sua privacidade e dignidade. Mas os abusadores, não
gozam dos mesmos direitos. Estes têm obrigação de se sujeitar a um julgamento
público, tal com acontece a todos os que praticam crimes. Dir-se-á que os
crimes prescreveram. Será assim? Ainda não ouvimos os responsáveis pela justiça
em Portugal, sobre este assunto. Sentir, que o Estado de Direito Democrático
está presente e vigilante em casos tão graves como os denunciados, seria uma
prova de proteção da sociedade e um sinal inequívoco de rejeição das práticas
denunciadas. O silêncio envergonhado dos agentes do Estado Democrático, perante
os crimes realizados na igreja católica, contraste com a sua predisposição para
participar em eventos engalanados com dinheiros públicos.
O pior que pode acontecer (e aconteceu), é a amputação da dignidade humana.
Este é, seguramente, um crime
sem perdão !...
segunda-feira, 13 de março de 2023
“Maioria Requentada”
O eleitorado português, é tramado. Numa altura em que tinha partidos novos, “viçosos”, “frescos”, “biológicos”, nada “tóxicos”, logo voltou a dar uma maioria ao PS, desta vez absoluta. Tem “razão” o presidente. Para quê uma maioria “requentada”, quando a horta deu produtos “novos” e “bons”. Aparentemente, tem razão o presidente. Mas só aparentemente. Veja: Como é que o Senhor Presidente acha que tais “novos” produtos cresceram e se desenvolveram, tão rapidamente? Exatamente, à base de estrume e muito pesticida. Ora, com um grau de toxicidade tão elevado, não podemos acreditar que o presidente aconselhasse isso aos portugueses. A verdade é que o fez. O presidente, está disposto a sacrificar a saúde e bem-estar dos portugueses, ao consumo de produtos fora da época. É o fascínio da forma sobre o conteúdo. É o diferente, ainda que este, seja muito igual ao que a história nos mostrou. E aqui, vem ao de cima as conceções conservadoras do presidente, que forçado a coabitar com partidos fora da sua área ideológica, frequentemente “nada sem pé”. A isso nos habituou, é certo. Lembremo-nos daquelas braçadas no rio tejo ou em tantos outros mares e rios por esse mundo fora. Para o presidente, não há poluição. Também é assim na política. Diz o presidente que o Governo nasceu de uma "maioria requentada e cansada", após umas eleições antecipadas e inesperadas. Antecipadas, foram, sem dúvida. Inesperadas, não certamente. O Bloco de Esquerda e o presidente, alinharam as suas estratégias, para que tal acontecesse. Nenhum esforço presidencial foi feito, para reconstruir a maioria existente. O presidente, aliás, num indisfarçado contentamento, viu a sua grande oportunidade de colocar o seu delfim social democrata no poder, saindo-lhe, no entanto, o “tiro pela culatra”. Não só Rui Rio ganhou as eleições no partido, como o PS ganhou as eleições legislativas com maioria absoluta. E aí está, como no jogo da politica, o presidente apostou e perdeu. E perdeu bem. De tal forma que Costa, seu discípulo académico, com a frieza e serenidade dos genes indianos, vem resistindo às investidas presidenciais com uma bonomia e leveza que até os mais otimistas desesperam. Há muito, que os dirigentes e militantes socialistas entendem que o «estado-de-graça» do presidente, expirou. Que é hora de lhe fazer frente. Contudo, a estratégia de Costa é a que melhor resulta. Pena é que os casos e casinhos no governo toldem a estratégia seguida. O faz de conta de um regime presidencial é o que melhor encaixa na postura marcelista. Deixá-lo intervir diariamente é a opção certa, que Costa, percebeu e alimentou, nunca deixando que caísse numa “magistratura de influência", o que tem conseguido.
E é esta a monumental diferença.
Marcelo não tem (nem nunca teve) condições pessoais e políticas para exercer
uma "magistratura de influência".
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
“O EXÉRCITO RUSSO A TOQUE DE “WAGNER”
Quase um ano após a invasão da Ucrânia, o exército russo mostrou estar nas antípodas de uma estrutura hierarquicamente organizada altamente profissionalizada e, sobretudo, estruturalmente disciplinada. A troca de chefias superiores é quase ao ritmo de cada batalha. Percebe-se a dificuldade. Não gabo a sorte aos generais substituídos, geralmente, sob o rótulo da incompetência. Percebe-se a dificuldade, dizia eu. Putin, usou o seu exército para competir com outras duas estruturas, estas mercenárias. O “grupo Wagner” e as “Milícias chechenas de Kadyrov”, na invasão da Ucrânia, tudo isto sob um comando único de um general, Valery Gerasimov, comandante principal do Exército russo na Ucrânia. Imaginem um exército, como o russo, cujo alvos militares são civis, estruturas civis, hospitais, lares, creches, centrais de eletricidade, água e gás, enfim, tudo o que civilmente mexe. O exército russo descredibilizou-se ao ponto de os mercenários entenderem que aquele é o seu principal inimigo. “É a nossa ameaça mais séria”, diz o líder do grupo Wagner criticando os "dirigentes políticos que se querem manter no lugar", apontando a mira ao ministro da Defesa russo. Naturalmente que as tropas russas, são “carne para canhão”. Os recrutamentos maciços de jovens russos sem qualquer experiência e treino militar, para uma guerra que não é deles, é a prova provada que Putin não tem qualquer respeito pelas suas populações e está disposto a sacrificar gerações por desígnios pouco claros e de contornos mercenários. A "tática de terra queimada" da Rússia "só fortalece a determinação e a perseverança da Ucrânia e os seus parceiros". "O terror causado pelas bombas e mísseis russos é um ato de desespero", que apenas reforça o pecúlio dos mercenários e alimenta os agentes da guerra suja. Putin e as hierarquias militares russas transformaram-se nas marionetes do arsenal bélico mundial, assente no tráfico de armas oriundo de países párias da sociedade mundial. A Ucrânia não é nem nunca foi um alvo militar. A Ucrânia é para a Rússia “um fruto proibido”. E de o ser, aguça o apetite insaciável da “Mãe Russa”, cuja “fertilidade” não está na conceção, mas antes e sobretudo na rapina ou mais pomposamente na absorção. Ocupar territórios estrangeiros e proceder à sua russificação é o mesmo que os laboratórios nazis faziam nas experiências para a criação do homem “bacteriologicamente puro”, ou seja, uma suposta raça comum aos indo-europeus e aos seus descendentes não miscigenados com outros povos.
A Rússia de Putin já não tem
grandeza, a não ser de tamanho. Definha nas alianças e suplica o apoio de
“Mao”. Retirou a Rússia dos palcos mundiais desde a ciência às artes e ao
desporto e mingou no petróleo e no gás os principais fluxos de receita da
Rússia, onde cada vez é mais difícil para Putin substituir a Europa como
cliente. As exportações de petróleo russo caíram 54% na primeira semana da
proibição, e o banco central da Rússia alertou que as novas sanções eram
"choques económicos".
O custo da mercenarização da invasão
e guerra na Ucrânia, depaupera dia para dia a vida de cada cidadão russo e
empobrece e mutila milhares de lares da federação.
O fracasso militar russo na
Ucrânia (que só tem paralelo em outra aventura recente da Rússia no Afeganistão),
é bem demonstrativo do estado de desenvolvimento em que se encontra a “Mãe
Russa” e do obscurantismo e nepotismo a que está vetada.
Submeter um exército regular aos
ditames dos mercenários do “grupo Wagner” e das “Milícias chechenas de
Kadyrov”, é humilhar um povo à condição mais primária da barbárie e da indignidade.
Entretanto, um ex-comandante do
grupo mercenário russo Wagner revelou (em, 16-01-2023), ter fugido da Rússia
para a Noruega, escapando de cães de guarda enquanto o serviço federal de
segurança (ex-KGB) tentava alvejá-lo pelas costas.
A história os julgará.
domingo, 12 de fevereiro de 2023
A ESCOLHA DA “ESPÉCIE”
Luís Montenegro, o atual presidente do PSD, defendeu, na passada semana, na Guarda, a existência de um programa que permitisse "sabermos quem é que precisamos em Portugal, quem é que nós queremos em Portugal e para podermos acolher e integrar esses colaboradores do nosso desenvolvimento".
Esta tese não é nova. Veio de
Trump, Salvini, Orban, Le Pen, Suella Braverman ou Boris Johnson, na
Grã-Bretanha e tantos outros atores recentes, pois que, quanto ao passado, a
história está aí para os documentar.
É assombroso o inconsciente de
Luís Montenegro, que lhe atropela a postura presidencial de social-democrata e expõe
os seus instintos neoliberais de cariz xenófobo e até racista. Não sabemos,
porque ele ainda não o disse, qual é o programa que tem em mente, para proibir
a entrada de migrantes ou refugiados em Portugal ou deportar os que já cá
estão. Do muro estamos livres, resta devolvê-los ao mar ou, e aqui pode estar o
segredo de Luís Montenegro, substituir-se à Grã-Bretanha no acordo para a
deportação de migrantes e refugiados para o Ruanda, a troco de uns patacos.
Este pensamento estruturado de
Luís Montenegro de “…sabermos quem é que precisamos em Portugal, quem é
que nós queremos em Portugal…”, é tudo o que há de mais ignóbil no
tratamento da política de migrantes ou refugiados. A base do direito de asilo é
as pessoas que estão no território de um país - especialmente um país que é
signatário da convenção - terem as instituições e não exportar essa
responsabilidade para outro país, que contraria qualquer noção de
responsabilidade.
Muitos dos imigrantes/
refugiados, são pessoas desesperadas que fogem de horrores indescritíveis, que
buscam um porto seguro onde mais tarde possam reunir a sua família. O seu
pedido de asilo, o reconhecimento das suas necessidades médicas ou outras, ou
qualquer tentativa de entender a sua situação devem ser tidas em consideração,
pelas autoridades do país de acolhimento. Estes seres humanos, não são “lixo
tóxico”, que se deva transacionar no comércio internacional.
Se é certo que não podemos
oferecer asilo a todos, não devemos externalizar as nossas responsabilidades
éticas ou descartar o direito internacional – que protege o direito de
solicitar asilo. Portugal, nesta matéria, tem um passado que não pode renegar e
os agentes políticos devem tê-lo sempre presente quando abordam este tema. A ignorância
política de Luis Montenegro em matéria de imigração portuguesa (felizmente, não
pelas mesmas razões) das atuais, deveria enchê-lo de vergonha sempre que
ousasse fazer um programa de escolha de quem quer em Portugal em matéria de
imigração.
Como lembra o historiador e
escritor Daniel Bastos, em a memória histórica dos “bidonvilles” portugueses em
França, “… o fluxo migratório em massa com destino à França, ficou desde
logo assinalado pela vida difícil dos portugueses nos “bidonvilles” dos
arredores de Paris. Enormes bairros de lata, com condições de habitabilidade
deploráveis, sem eletricidade, sem saneamento nem água potável, construídos
junto das obras de construção civil, como os de Saint-Denis ou Champigny, que
na década de 60 albergou mais de uma dezena de milhares de portugueses,
tornando-se um dos principais centros de distribuição de trabalhadores de
nacionalidade lusa em França.”
E conclui: “O vislumbre dos
tempos em que muitos portugueses viveram nas “bidonvilles”, constituiu na
atualidade um dever de memória e de homenagem aqueles que com sacrifício
alcançaram o direito a uma vida melhor, e um alerta à consciência das novas
gerações lusas que não se podem afastar do espírito de solidariedade entre os
povos e nações, porquanto essa é uma marca indelével da mundividência dos seus
antepassados.
Estes não fugiram da guerra, do
genocídio ou da escravatura. Os portugueses que na década de 60 deram o salto
para França, fugiam da fome e da falta de condições de sobrevivência,
sacrificando-se a viver pior para um dia alcançarem o direito a uma vida
melhor.
Um dia em que em Portugal for
negado o direito de asilo a um migrante ou refugiado, dá-se início à destruição,
do Estado de Direito Democrático, porque tantos lutaram em 25 de Abril de 1974.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros acusada de crimes de peculato e falsificação de documentos - “O frio que congela o futuro”
O Ministério Público deduziu acusação contra Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros (BOE), pelos crimes de peculato e falsificação de documentos. Em causa está um processo crime no qual é investigado o pagamento indevido de quilómetros por parte da bastonária. Mas o esquema indiciariamente encabeçado pela (BOE) seria bem maior: entre ex-dirigentes e ex-assessores da Ordem dos Enfermeiros terá havido uma apropriação superior a 61 mil euros “a que sabiam não ter direito”.
Na acusação, o Ministério Público pede que cada arguido seja condenado a “entregar ao Estado a quantia de que se apropriou”, a qual “corresponde à vantagem da atividade criminosa por estes desenvolvida” e que os arguidos aguardem o desenvolvimento do processo sujeitos à mesma medida de coação a que já estavam obrigados, o Termo de Identidade e Residência (TIR).
Este caso só merece apontamento, por duas razões: a primeira é que, havendo uma acusação (a dedução de acusação pressupõe a presença de “indícios suficientes” ou “prova bastante”) de prática de crime e da sua imputação à acusada, seria saudável e eticamente correto, independentemente do desfecho, que a acusada suspende-se as suas funções de bastonária da Ordem dos Enfermeiros; A Ordem dos Enfermeiros, é uma associação pública profissional representativa dos que, exercem a profissão de enfermeiro; como associação pública, desempenha fim de interesse público de forma participativa, fazendo parte, por isso, da administração autónoma do Estado. Tanto bastaria, à acusada, para “por si” abandonar o refúgio público, por si (diz o MP) maltratado; afinal, os crimes de que é acusada (peculato e falsificação de documentos), a provarem-se, foram praticados no exercício das funções de bastonária, ou seja, no âmbito da dita associação pública da administração autónoma do Estado; e aqui é pouco preventivo e saudável que a acusada se mantenha no “local do crime” (afinal, lugar público), dando a triste ideia de uma “república das bananas”; a segunda razão é que a acusada, já após a dedução da acusação pelo Ministério Público, publicou um artigo na revista “Sábado” (2 a 8/02/2023), que tem por título o subtítulo deste escrito e que versa, genericamente, sobre a pobreza em Portugal e a falta de oportunidades para a criação de riqueza; “Um país que não cria riqueza é um Estado que não pode distribuir.”, diz a acusada, neste artigo. O artigo está cheio de lugares-comuns, infelizmente alguns verdadeiros, mas que apenas servem as estatísticas e os políticos sem escrúpulos, já que, não só nada fazem quando estão no poder, como ainda depauperam o erário público, nos lugares em que estão ou por onde passam. O exemplo da (BOE) é elucidativo. Se a pouco riqueza que o país produz é desviada para o locupletamento destes agentes em detrimento dos mais necessitados ou para a satisfação das necessidades mais essenciais (hipocritamente, descritas no citado artigo), é falacioso dizer-se e escrever-se que o país não produz riqueza. Tanto produz, que até sustenta o crime. E esse é, em grande parte, o enorme problema que Portugal tem. A corrupção. Sobre isso, não escreve a bastonária.
Percebe-se !...
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
Luís Montenegro (O homem dos “telhados de vidro”)
Temos de concordar que o Governo PS tem primado pela ausência de critérios de honorabilidade na escolha de membros do governo, o que afeta, em primeiro lugar, o prestígio do proprio Estado Português quer internamente quer externamente. Dir-se-á que os convidados, em alguns casos, têm falta de discernimento ou, o que é pior, falta de sentido de Estado e das exigências do serviço público. Para mim, estas são as sequelas da existência de um “centrão” partidário, que governou durante demasiado tempo o nosso país. Ele, o “centrão”, habituou-se durante muito tempo a trocar favores entre os seus membros, tendo por principal fonte de alimentação o Estado, na sua vertente pública e na sua vertente empresarial. Passados quase 50 anos depois de Abril e quase 10 anos daquilo que se supunha ser a eliminação do “centrão” na distribuição das benesses da “coisa pública” é triste ver que os descendentes do “centrão” estão impregnados dos malefícios deixados pelos seus ascendentes politico partidários e revelam comportamentos e atitudes, que fazem corar de vergonha qualquer pessoa que se prese. Num governo de qualquer país democrático, devem estar os melhores nas suas áreas de competência, sem dúvida, mas, acima de tudo, devem estar pessoas dignas para servir o país. Quem olha para um cargo público, com a mesma dimensão que olha para um cargo privado, não está à altura, sequer, do convite. E quem convida, não pode ser surpreendido. António Costa e os seus ministros, têm de saber retribuir a confiança que o povo português lhes depositou. António Costa, foi o primeiro a “rebentar” com o “centrão”. Essa é-lhe devida. Porém, não pode baixar os braços. Uma parte do PS anterior, fez parte do “centrão”. Também tem descendência. Não pode, por isso, cair no ridículo do presidente do PSD, Luís Montenegro, que nem um vice-presidente de bancada parlamentar, sem mácula, sabe escolher. Ou que nos anos de oposição que já leva, se vem servindo da coisa publica, através de amigalhaços, de uma forma escandalosa e sem precedentes. Nada que o atormente ou o envergonhe, diga-se. Mesmo que a “bernarda” esteja a rebentar-lhe nas mãos" o líder do PSD diz que “do ponto de vista legal, moral e ético, nada [há] a apontar na prestação desses serviços" (contratos de prestação de serviços de advocacia entre a sociedade de que foi sócio e as câmaras de Espinho e Vagos, alvo da operação Vórtex da PJ, no valor total de 400 mil euros, durante os últimos oito anos). E quanto ao seu grande amigo e vice-presidente da bancada do partido, Joaquim Pinto Moreira, visado na operação Vórtex, anunciou o líder ao jornal Expresso que ele renunciou aos cargos de vice-presidente da bancada do partido e presidente da comissão de revisão constitucional.
Palavras para quê? É um artista
português!...