quarta-feira, 20 de julho de 2022

𝐎 𝐂𝐄𝐑𝐂𝐎 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐁𝐀𝐑𝐃𝐄! – 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐗𝐈 (𝐀 𝐫𝐮𝐬𝐬𝐢𝐟𝐢𝐜𝐚çã𝐨 𝐝𝐨𝐬 𝐭𝐞𝐫𝐫𝐢𝐭ó𝐫𝐢𝐨𝐬 𝐫𝐚𝐩𝐢𝐧𝐚𝐝𝐨𝐬”)

 Volvidos que estão quase 150 dias de invasão da Ucrânia pela Rússia, esta continua a senda de terror e destruição no território ucraniano, com a utilização de um exército que faz roer de inveja os criadores de jogos de guerra, pela precisão com que, diariamente e sem descanso, atingem alvos civis. O exército russo e o seu comandante em chefe, possuidores de um arsenal de guerra, que impressiona, lançam diariamente todo o tipo de munições sobre o território ucraniano, sem qualquer lógica militar nem sobre qualquer objetivo militar. Estes são, aparentemente, objetivos a evitar. O que se vê e ouve é que os russos querem tomar toda a bacia de Donetsk, região histórica, geográfica e cultural do extremo leste da Ucrânia e a sudoeste da Rússia. Este é (era?) o objetivo inicial. Mas agora, “os soldadinhos de chumbo”, dizem que objetivos da Rússia na Ucrânia, vão além de Donbass. Compreende-se que assim seja. Afinal, dispor de armas para atacar alvos civis e matar civis inocentes, indiscriminadamente, ainda por cima através de um exército de milhares de jovens recrutados à peça, em países arruinados ou subjugados à Rússia, é tarefa que se mostrou demasiadamente fácil e apetecível, para o governo russo, que conta com a apatia “silencioso” do seu povo. A tudo isto acresce, a chamada russificação dos territórios ucranianos rapinados, após a invasão de 24 de fevereiro de 2022. Na verdade, a Rússia está agora a tentar estabelecer o controlo económico e governamental sobre o território ucraniano rapinado e ocupado. Esta situação indica que os russos estarão a preparar-se para criar uma série de “republicas populares” russas, culminando na anexação direta de parte do território ucraniano rapinado e ocupado. São cinco os indicadores, de como os russos estão a proceder, para este efeito. Primeiro, através da implementação da moeda russa: sabe-se que os representantes russos em território ucraniano rapinado e ocupado, nas autoproclamadas “republicas populares” de Donetsk e Lugansk, têm usado o rublo desde 2015. Também as forcas de rapina e ocupação russas em Kherson implementaram um período de transição de quatro meses para mudar a moeda da cidade para rublos russos. Também o comércio em Melitopol e Volnovakha, cidades rapinadas e ocupadas pelos russos, estão a fazer a transição para o rublo russo desde 01 de maio, passado; Segundo, através da substituição de governos locais: São vários os testemunhos e as autoridades ucranianas confirmam que, em várias cidades, os órgãos decisores foram substituídos por representantes russos, incluindo governadores regionais, conseguindo, assim, obter um maior e efetivo controlo administrativo de áreas recém capturadas e rapinadas; Terceiro, através da realização de referendos: Com a substituição das autoridades locais supracitadas, as forças russas estão desde maio a trabalhar na recolha de dados pessoais de ucranianos em Oblasts (distritos) do Sul do pais. As forças de rapina ocupantes pretendem falsificar referendos já́ previamente planeados. Para o efeito, o Kremlin está já́ com planos avançados para a realização de um referendo sobre a independência de uma nova “república popular de Kherson” e, eventualmente, nos Oblasts de Zaporizhzhia e Odessa; Quarta, através do controlo das comunicações: Em grande parte dos territórios rapinados e ocupados, os russos impuseram uma interrupção nos serviços de internet, cortando grande parte cabos de fibra ótica naquelas áreas, tudo isto com a intenção clara de limitar a liberdade de informação. Por outro lado as forças de rapina e de ocupação russos estão a instalar equipamentos “MegaFon” (operadora de telemóveis e de telecomunicações da Rússia) no Oblast de Kharkiv, procurando aumentar o controlo sobre redes telefónicas e de internet em áreas que as forças russas de rapina e ocupação atualmente ocupam ou pretendem ocupar; E, em Quinto lugar, as forças de rapina e ocupação russa, pretendem romper os laços culturais entre os territórios rapinados e ocupados pela Rússia e o Estado ucraniano a longo prazo. Serve de exemplo, a única escola que permaneceu aberta em Mariupol foi proibida de ensinar a língua ucraniana e só ensina russo desde o final do passado mês de Abril. Não nos podemos esquecer, do rasto de pilhagem que tem acontecido nos territórios rapinados e ocupados pelos russos. A ladroagem é assustadora, muito próxima da que os nazis praticaram em territórios igualmente rapinados e ocupados.

É esta a realidade da dita “operação especial” russa sobre a Ucrânia. Cidades, vilas e aldeias, destruídas, com milhares de mortos, feridos, desaparecidos, refugiados e vidas despedaçadas. Saque, pilhagem, e destruição dos símbolos nacionais da Ucrânia e russificação dos territórios rapinados e ocupados. Isto em pleno séc. XXI, na Europa…!

segunda-feira, 27 de junho de 2022

𝐎 𝐂𝐄𝐑𝐂𝐎 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐁𝐀𝐑𝐃𝐄! – 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐗 (𝐀 𝐧𝐨𝐯𝐚 𝐩𝐨𝐥í𝐭𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐞 𝐠𝐮𝐞𝐭𝐨𝐬 – “𝐜𝐚𝐦𝐩𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐟𝐢𝐥𝐭𝐫𝐚𝐠𝐞𝐦”)

O invasor russo na Ucrânia, inaugurou a política de guetos nos territórios ocupados, através da emissão de salvo-condutos e passaportes, para as populações ucranianas, segregando-as completamente ante uma morte penosa, pela fome, pelas doenças e pelas deportações para territórios inabitados russos. 

Mais de duas centenas de milhar de crianças, fazem parte do grupo de um milhão e duzentos mil ucranianos, que foram deportados à força para a Rússia, a maioria dos quais do leste da Ucrânia, através de “campos de filtragem” russos. Estes centros de detenção, ou filtragem, são uma réplica do que foi utilizado pelo Exército Soviético após a II Guerra Mundial, aquando da libertação de milhões de sobreviventes soviéticos dos campos de concentração nazi. Os militares soviéticos forçaram cerca de 5 milhões de pessoas ao repatriamento na União Soviética, tendo a maioria passado por esses campos de detenção criados pelos serviços secretos russos. Nesses locais, as pessoas foram submetidas a um processo muito rigoroso de filtragem, com interrogatórios que pretendiam perceber se os ex-prisioneiros estavam, de alguma forma, a seguir uma ideologia antissoviética. Mais de 300 mil prisioneiros foram para os gulag, campos de trabalhos forçados criados nos anos 30 que seriam o destino de qualquer pessoa que se opusesse ao regime na União Soviética.

É esta a mesma filosofia que está hoje presente, na Ucrânia, pelo invasor russo. A deportação forçada, com o objetivo de perda de identidade e a nacionalização da cidadania ucraniana. Aos que se mantém, um novo Holodomor ("matar pela fome"), está em curso, seja através da rejeição da ajuda de qualquer espécie, o confisco de todos os alimentos domésticos e a restrição do movimento das populações.

E aos separatistas ucranianos das autoproclamadas “república popular” de Donetsk e de Lugansk, a quem Vladimir Putin, em fevereiro de 2022, ofereceu pomposamente o reconhecimento político e diplomático, em sessão solene, com os dois homens de palha das ditas “repúblicas”, entretanto já com a nomeação já em junho do corrente, de um “comissário” politico russo, para governar a “república popular” de Donetsk, cargo entregue a Vitaly Khotsenko, que era supervisor da política industrial regional no Ministério da Indústria e Comércio da Rússia, oferece agora Putin, dizia, um cenário de destruição em massa nas cidades dessas “republicas”, com novo fluxo de refugiados, provocado pelos disparos de mísseis de cruzeiro, utilização de bombardeiros, morteiros e artilharia pesada, em ataques diários.

Putin e os separatistas, poderão orgulhar-se, a breve trecho, de serem líderes de “repúblicas populares” de “terra queimada” !

 

segunda-feira, 6 de junho de 2022

𝐎 𝐂𝐄𝐑𝐂𝐎 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐁𝐀𝐑𝐃𝐄! – 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐈𝐗 (𝐆𝐮𝐲 𝐌𝐞𝐭𝐭𝐚𝐧, 𝐰𝐡𝐨 𝐢𝐬 𝐡𝐞?)

Guy Mettan é cientista político e jornalista. Iniciou sua carreira jornalística no Tribune de Genève em 1980 e foi seu diretor e editor-chefe em 1992-1998. De 1997 a 2020, foi diretor do “Club Suisse de la Presse” em Genebra. Atualmente é jornalista e escritor freelancer.

Guy Mettan, é um jornalista e político suíço, membro do Partido Popular Democrata Cristão da Suíça. Diz a Wikipédia, que o Partido Democrata Cristão é um partido político suíço de centro-direita, membro minoritário da coligação dos quatro partidos do Conselho Federal. Fundado em 1848 como Partido Católico Conservador, adotou o nome atual em 1970.

Feito este introito, deu à estampa um longo artigo de Guy Mettan, sobre a Ucrânia, que Ana Paula Fitas, investigadora, docente e interventora social, recomenda viva e seriamente, a sua leitura, na tradução do Senhor General Luís Cunha, e “da sua generosa e relevante partilha, indispensável ao direito à informação plural e objetiva que é um dos direitos fundamentais dos cidadãos” (sic)

Interessado que sou sobre a matéria e convicto opositor da invasão da Rússia à Ucrânia, sejam quais forem os motivos e/ou justificações que se arranjem, fui ler de espírito aberto, as visões que se encontram espelhadas no artigo, na esperança de ler algo de novo.

Tenho de ser franco, nada de novo! As teses pró-russas explanadas e as contundentes críticas à europa ocidental, acriticamente dependentes dos Estados Unidos da América (EUA), como se alega, em nada me surpreende face aos discursos (pró-russos) proferidos após 24 de fevereiro de 2022.

No entanto deteto alguma incoerência neste texto do democrata cristão suíço (cientista político e jornalista), que não se pode deixar passar em claro. Vejamos

Diz o Democrata Cristão Suíço, logo no início do seu texto que, esta foi “Uma guerra inevitável e improvisada.” Esta parecer ser a primeira divergência (semântica), com Putin. Este assume, que realizou (e está em curso) uma “operação militar especial”, na Ucrânia. Diz o democrata cristão, que “As análises dos peritos mais qualificados (em particular dos americanos John Mea rsheimer e Noam Chomsky), as investigações de jornalistas como Gens Greenwald e Max Blumenthal, e documentos apreendidos pelos russos – a interceção de comunicações do exército ucraniano a 22 de janeiro e um plano de ataque apreendido num computador abandonado por um oficial britânico – mostram que esta guerra foi inevitável e muito improvisada.”.

Dito assim, até parece que os ucranianos se preparavam para desferir um ataque contra território russo. A ser verdade o que escreve, tudo indica que os ucranianos se preparavam (e preparam), para reconquistar os territórios ocupados por separatista, com o apoio militar da Rússia, na Crimeia e dentro de pouco tempo no Donbass. E isto é relevante.

Na Europa ocidental, durante décadas e décadas, vários grupos separatistas em alguns Estados Europeus, praticaram ações, incluindo terroristas, para proclamar a independência dos seus territórios. Imaginem, que alguns desses grupos tinham o apoio militar explicito de países terceiros, com “operações militares especiais”, para garantir o território para esses grupos de separatistas. Imaginem, por exemplo, a França a apoiar explicitamente o grupo separatista basco, para se independentizar da Espanha; ou a Irlanda do Norte, para se separar do Reino Unido; ou a região de Flandres, na Bélgica, que reivindica a soberania para os Países Baixos e ainda a Galiza, na Espanha, que reivindica a soberania para Portugal.

O que é que a península da Crimeia tem de diferente de outras regiões na Europa e no mundo, que são parte integrantes de países reconhecidos pela comunidade internacional, há muito? A que propósito se defende a desintegração territorial de um país? O que justifica esta “adesão” de intelectuais, jornalistas e outros, por uma invasão de um país por outro? A Crimeia, que é uma Républica Autónoma da Ucrânia, foi anexada pela Rússia, militarmente, em 2014. De 2014 a 2022, inclusive, a Europa Ocidental e os Estados Unidos da América, por omissão, sufragaram esta anexação.

É de acreditar, que esta passividade da Europa Ocidental e dos Estados Unidos da América, quanto à “facilidade” da anexação da península da Crimeia, pelos russos, terá criado a convicção ao ditador Putin que o restante território teria os dias contados, caso persistissem, na sua veia independentistas.

Para o democrata cristão suíço, porém, esta era uma guerra inevitável, também, por outras razões. Diz ele, com alguma ingenuidade (?), “que desde a declaração de Zelensky, em abril de 2021, sobre a possível recaptura da Crimeia à força, ucranianos e americanos decidiram desencadeá-la o mais tardar no início deste ano. A concentração das tropas ucranianas no Donbass desde o verão, as entregas maciças de armas pela NATO durante muitos meses, o treino acelerado de combate dos regimentos azov e do exército, a intensificação do bombardeamento de Donetsk e Luhansk pelos ucranianos, em particular entre 16 e 23 de fevereiro (tudo isso é claro que permaneceu ignorado pelos meios de comunicação ocidentais), provam que uma grande operação militar estava planeada por Kiev para o final do inverno.”

Pois, quer a recaptura da Crimeia, quer o fortalecimento e intensificação militar da região de Donetsk e Luhansk pelos ucranianos, de nada serviram, como se sabe, visto que os russos, em 21de fevereiro, na sequência do apoio militar explicito aos grupos separatista, e como claramente declarou Putin: “Considero necessário tomar uma decisão há muito esperada". Reconhecer imediatamente a independência e a soberania da República Popular de Donetsk e da República Popular de Luhansk. Peço à Assembleia Federal da Federação Russa que apoie esta decisão e depois ratifique os tratados de amizade e assistência mútua com ambas as repúblicas.

Se era uma decisão há muito esperada”, nada teria a ver com movimentações recentes. Só não foi, também, em 2014, pois o resultado seria ainda pior. E esta é a diferença, que o democrata cristão suíço (e outros), fingem que não percebem. Quando a comunidade ocidental e a Ucrânia, assistiram impávidas e serenas à captura da Crimeia, imediatamente perceberem, que não podiam tomar a mesma atitude perante a “gula soviética”, para o restante território ucraniano, designada e principalmente, a região do Donbass, com a conquista de outro porto importante da Ucrânia, Mariupol, que liga com a Crimeia e o Mediterrâneo.

Mas a “recaptura” da Crimeia (que não aconteceu), “à força”, pelos ucranianos, podia sê-lo de outra forma? Alguém acredita (exceto, este democrata cristão suíço), que os russos aceitariam restituir os territórios anexados, só porque sim? Se os EUA, se opunham à anexação da Crimeia, pelos russos, demoraram 8 (oito) anos para o demonstrar. Se a Europa Ocidental se opunha à anexação da Crimeia pelos russos, demoraram, igualmente, 8 (oito) anos, para o demonstrar.

Ou, o que está subliminarmente assumido, por estes “cientistas políticos”, é a perda de territórios da Ucrânia para a Rússia, como «conditio sine qua non», à sua sobrevivência como país. Porém, por mais que estes cientistas políticos nos tentem fazer convencer das suas teses putinistas, a verdade é que a questão ucraniana, infelizmente, é só uma e bem mais simples de explicar.

Putin percepcionou em 24 de fevereiro de 2022, uma oportunidade de dissolver a Ucrânia como um Estado independente. Essa oportunidade não quer perdê-la. Assim, Putin e seus acólitos, só deixarão a Ucrânia em “paz”, quando esta se desmilitarize, mude a sua constituição para garantir neutralidade, reconheça a Crimeia como território russo e reconheça as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk como estados independentes.

Enquanto tal não acontecer, os russos, destroem cidades, vilas e aldeias, ucranianas, matam civis indiscriminadamente, são protagonista do maior êxodo de refugiados depois da segunda guerra mundial e, tristemente, dispõe de uma desproporção militar com os Ucranianos de um para dez.

O desastre humanitário na Ucrânia e nas suas fronteiras é trágico e não há uma poderosa força de dissuasão a um avanço militar russo.

Termino, lembrando que em Agosto de 1942, Hitler descreveu a Suíça como "uma espinha na face da Europa" e como um estado que não tinha mais o direito de existir, denunciando o povo suíço como "um ramo desvantajoso do nosso Volk” (povo).

O democrata cristão suíço, Guy Mettan, ainda não tinha nascido!...

quarta-feira, 1 de junho de 2022

𝐎 𝐂𝐄𝐑𝐂𝐎 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐁𝐀𝐑𝐃𝐄! – 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐕𝐈𝐈𝐈 (𝐎 𝐄𝐮𝐟𝐞𝐦𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐃𝐨𝐞𝐧𝐭𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐏𝐮𝐭𝐢𝐧)

Sergei Lavrov, ministro dos negócios estrangeiros, russo, nega rumores sobre saúde de Putin: 'ele aparece em público todos os dias', diz o ministro.

“Não vês, pois não? Tu não vês. Vês apenas aquilo que ele te mostra”. Isto é o que dizem os doentes da área da saúde mental. Nada a fazer, Lavrov!

O Homem “são como um pêro”, o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou em 30 de maio de 2022, um decreto que “simplifica” a “concessão de cidadania” russa a órfãos e deficientes ucranianos. O documento, que foi publicado no portal do Governo russo, abrange menores órfãos e pessoas com deficiência das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, reconhecidas como independentes pela Rússia em fevereiro passado, bem como do resto da Ucrânia.

Dias antes, Putin tinha também “simplificado a concessão de cidadania” russa a habitantes das regiões ucranianas de Kherson e Zaporijia, ocupadas parcialmente pelo exército russo e consideradas estratégicas para um corredor terrestre com a península da Crimeia, anexada pela Rússia.

Nos dois casos, o presidente russo alterou o decreto de abril de 2019 que simplificava o pedido de passaporte russo para os habitantes de Donetsk e Lugansk, que integram o Donbass, no leste da Ucrânia, uma região que Moscovo quer controlar totalmente.

Esta hipocrisia criminosa da alegada “concessão de cidadania” russa, aos habitantes ucranianos das regiões ocupadas militarmente, pelos russos, é de um cinismo atroz. Territórios devastados, outros roubados, populações mortas sem dó nem piedade e as que sobrevivem, são forçadas à cidadania russa, em território pátrio, como alternativa à morte. A isto chama o invasor de “concessão de cidadania”. Apagar da memória de cada ucraniano refém, as suas raízes e a sua identidade, num processo semelhante, ao praticado pelos nazis, para a criação da apelidada “raça ariana”.     

Porém, a política milita russa, da “lei da bala” na Ucrânia, para além da morte e devastação, não conseguiu inverter o nacionalismo ucraniano. Oitenta e dois por cento (82%) dos ucranianos declaram que a Ucrânia não deve ceder nenhum de seus territórios como parte de um acordo de paz com a Rússia em nenhuma circunstância. No inquérito realizado pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev entre 13 e 18 de maio, último, e divulgada na passada terça-feira (24-05), oitenta e dois por cento (82%) dos entrevistados disseram não apoiar concessões territoriais, mesmo que isso signifique prolongar a guerra e aumentar a ameaça à independência da Ucrânia.

No entanto, dez por cento dos inquiridos (aqui incluindo, certamente, António Filipe do PCP e Henry Kissinger), acham aceitável que a Ucrânia abdique de uma pequena parte do seu território para alcançar a paz, enquanto oito por cento, estão indecisos. De acordo com o referido inquérito, 77% dos ucranianos que vivem em território ocupado pela Rússia opõem-se a qualquer concessão de terras.

O número de “apátridas” ou de “Migueis de Vasconcelos” ucranianos, embora expressivos, equivale aquela franja da população, sempre disposta a colaborar com o inimigo e apoiantes incondicionais da integração do seu país na “casa grande”, principalmente, em países recentes ou de ocupação prolongada.

O que aqui releva, é que após a queda do muro de Berlim, as nações e povos amarrados à União Soviética, que dela se libertaram e retomaram o seu projeto de nação livre e independente, com povo, território e cultura, estão novamente ameaçadas, pelo imperialismo russo e pela sua gula na anexação de territórios à federação, para a criação do “homem russo”. Naquela zona, por vontade do ditador Putin, mais tarde ou mais cedo, todos terão de ser russos.  

Por isso, em territórios militarmente ocupados, como na Ucrânia, e sem que lhe seja pedido, ele promove a “concessão de cidadania” russa.

 Só os indefectíveis, acreditam que Putin não está, de facto, seriamente doente!...

 

quinta-feira, 12 de maio de 2022

𝐎 𝐂𝐄𝐑𝐂𝐎 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐁𝐀𝐑𝐃𝐄! – 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐕𝐈𝐈 (𝐂𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄𝐒 𝐒𝐄𝐌 𝐐𝐔𝐎𝐓𝐈𝐃𝐈𝐀𝐍𝐎)

De um momento para o outro as cidades, vilas e aldeias, na Ucrânia, foram totalmente destruídas, não por causa de algum evento natural, mas sim por obra humana, mais concretamente, pela bárbara invasão militar russa, àquele país, que, diariamente, vem provocando a morte de civis inocentes e milhões de deslocados. De um momento para o outro, as populações viram interrompidas, bruscamente, as suas vidas. De um momento para o outro as famílias viram-se privadas dos seus pais e filhos, e as mulheres e crianças, separadas dos seus familiares. A tática russa, na invasão bárbara à Ucrânia, é a da utilização de meios pesados de artilharia que dizimem tudo e todos, evitando, assim, grandes baixas no seu exército. Esta tática é uma repetição dos métodos utilizados pelos exércitos russos, noutros países, como a Síria, na Chechénia, na Geórgia, etc. Em todos eles, como na Ucrânia, é destruição por completo da vida das populações e dos seus lugares de pertença. Tudo tem que ficar em escombros para a rapina territorial. A cultura russa é de pilhagem e rapina. Foi assim na era soviética é assim na era Putin. A ambição desmedida pela reconstrução do império russo é uma arma tão terrível como qualquer arma de destruição maciça.

A conquista de território faz-se pelos métodos bárbaros de dizimar populações inteiras e destruição das cidades, vilas e aldeias. Vídeos e imagens, mostram-nos os ataques brutais e da subsequente destruição de várias cidades ucranianas, como Mariupol, Kiev ou Kharkiv. Ataques aéreos, mísseis e tanques pelas ruas da cidade, ataques a zonas residenciais, marcos culturais e a lugares do dia-a-dia urbano. Não é a primeira vez que se assiste ao assassinato brutal de uma cidade, nas palavras de Aleksandra Milicevic.

Depois, indica-se um fantoche russo, tipo Lukashenko, para gerir os escombros e a “reconstrução”, financiados obviamente pela “Mãe-Pátria”. É tudo pago, com “o pelo do cão”.

Quais as razões apontadas pela Rússia, para tamanha barbaridade: a expansão da NATO pelo Leste Europeu, a possibilidade de adesão da Ucrânia à aliança militar, a contestação ao direito da Ucrânia à soberania independente da Rússia e o desejo de Vladimir Putin de restabelecer a zona de influência da União Soviética.

São estes, alegadamente, os motivos que levaram a Rússia de Putin, a invadir a Ucrânia. De todos eles, sem dúvida, a negação do direito à independência da Ucrânia e o restabelecimento da zona de influência da antiga União Soviética, serão certamente os principais.

As cidades da Ucrânia que perderam o seu quotidiano são credoras de toda a solidariedade europeia e mundial na sua reconstrução. Os bens russos no estrangeiro deverão servir de penhor e garantia do custo de reconstrução da Ucrânia.

Os crimes de guerra deverão ser julgados e punidos.

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

“𝑳𝒂𝒎ú𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒐 𝑪𝒆𝒈𝒐 𝑸𝒖𝒆 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒐 𝑭𝒐𝒔𝒔𝒆”

Este poema é de Alexandre O’Neill e vem hoje à baila, pois Clara Ferreira Alves (CFA) fez o mesmo (no jornal o Expresso), com a “Feira Cabisbaixa”, do mesmo autor, para denunciar aquilo que ela designa, como “um veio maligno que faz da denuncia e da delação, da coscuvilhice e da espionagem da vida alheia um traço de caráter” … dos portugueses. Escreveu isto a propósito do propósito do Presidente da República em condecorar Rosa Coutinho e Vasco Gonçalves, no próximo 10 de Junho. Daqui parte, para a análise crítica destas personagens e desagua nas informações prestadas pela Câmara Municipal de Lisboa a «regimes ditatoriais» (estava-se a referir a moscovo) e mais recentemente o que apelida do “estranho caso de Setúbal”. Tudo isto para concluir: “este país mesquinho, amordaçado e amante das queixinhas e delações, com a sua cultura de denunciantes, não morreu. Este país, que oferece o que os outros compram sem um arrepio ético, continua por aí, entremeado com a burocracia e a pequena corrupção da administração publica.”, escreve a cronista.

A propósito da «pequena corrupção na administração pública», veio-me a memória palavras de Pedro Santana Lopes, sobre Clara Ferreira Alves, enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Por sua nomeação, a cronista do ‘Expresso’ Clara Ferreira Alves foi indicada para dirigir a Casa Fernando Pessoa. “Era uma entusiasta da minha candidatura à Presidência da República. Hoje se calhar não gosta de ouvir isso” – arriscava Pedro Santana Lopes. “Convivíamos fora do trabalho. Era uma pessoa com quem jantava, almoçava”, recorda. O corte nas relações, segundo o então edil, pode dever-se ao facto de este ter formado Governo e não a convidar. “Ela é bastante controversa.”, dizia Santana Lopes. Deixou a Casa Fernando Pessoa a 6 de Janeiro de 2006, estava a dois meses de completar quatro anos de funções.

Também Vasco Pulido Valente era público que foram amigos e se desentenderam. O historiador assinou um texto no seu blog, em Março de 2006, onde caracterizava como ‘ilegível’ a coluna assinada por CFA na revista do ‘Expresso’. E acrescenta ainda neste seu post intitulado ‘uma santanete’’ que Clara Ferreira Alves “foi um dia arvorada diretora da ‘Casa-Museu Fernando Pessoa’ pela conhecida irresponsabilidade de Pedro Santana Lopes, de quem ela tinha sido uma entusiasta partidária”.

Pelo que se vê, mérito, nada. Tudo compadrio e corrupção. Amiguismo cúmplice e “corista” de um espetáculo político medíocre que varreu o nosso país, entre 2004/2005, a que Jorge Sampaio, deu a vassourada final. 

Em tempos não muito distantes, Clara Ferreira Alves, chegou a afirmar não ter grande simpatia pelos portugueses.

Percebe-se! Tendo vivido no lamaçal da política portuguesa, usufruindo de benefícios injustos e iníquos e de reconhecimentos imerecidos, CFA, não se habitua à ideia de, há quase 20 anos, a sociedade portuguesa não lhe reservar qualquer lugar de relevo, para além de um programa de entretenimento político que dá pelo nome de “Eixo do Mal” de composição bastante esdrúxula. 

Termino como comecei agora citando Miguel Torga: “Tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem exatamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam.”

 

domingo, 1 de maio de 2022

𝐎 𝐂𝐄𝐑𝐂𝐎 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐁𝐀𝐑𝐃𝐄! – 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐕𝐈 (𝐌í𝐬𝐬𝐢𝐥 à 𝐎𝐍𝐔)

Escassos minutos, após conferência de imprensa conjunta, em Kiev, entre o presidente da Ucrânia e o Secretário-geral das Nações Unidas (SG), os militares de Putin, dispararam mísseis de alta precisão (?) contra a capital ucraniana, tendo atingido um prédio de habitação e morto uma pessoa (jornalista), tudo a menos de cinco quilómetros do hotel onde se encontrava alojado, o Secretário-geral das Nações Unidas. Com esta mensagem bélica (linguagem diplomática de Putin), este pretendeu comunicar às Nações Unidas, através do seu SG, que o direito internacional e a carta das Nações Unidas são instrumentos para outros que não para o governo russo. Claro que é mais um ato de cobardia de Putin, lançar mísseis para amedrontar e intimidar pessoas e organizações, num gesto bárbaro que deve chocar o mundo civilizado. Putin, se chegar aí, será daqueles líderes que se suicidam após o fracasso da sua máquina de guerra, pois não têm coragem de enfrentar a história e serem julgados pelos crimes que cometem. Hitler, foi assim.  Stalin, diz-se, que a sua morte aconteceu por falta de socorro e cuidados médicos nos dias após o derrame cerebral. De uma maneira geral, todos são abandonados à sua sorte, não merecendo o respeito e cuidados do povo que subjugaram durante o tempo da sua governação.

Putin tem uma máquina militar, quantitativa, mas qualitativamente, bastante inferior ao seu “Grupo Wagner”, o exército de mercenários russos na Ucrânia, cuja existência - e intervenção em conflitos como o da Síria, da Líbia ou da República Centro-Africana, são atestados e confirmados por inúmeros relatórios dos últimos anos, das Nações Unidas. Os militares russos, usam armas (mísseis) de alta precisão, para atingir alvos civis e arrasar cidades, vilas e aldeias. Putin, usa a sua máquina de guerra, para dizimar os povos que não leem pela sua cartilha. O “Holodomor” de Putin na Ucrânia é em tudo idêntico aos acontecimentos que levaram à morte por fome de milhões de ucranianos entre os anos de 1931 e 1933, empreendido pelo comunismo soviético, liderado por Stalin. Os relatos de Kharkiv, Mariupol, Bucha, etc., etc. são o testemunho impressionante dessa barbárie e desumanidade sem limites. Repetir aqui, os crematórios móveis criados pelas tropas russas para esconder os seus crimes na Ucrânia é trazer à memória esse período negro da história do nazismo na Europa. Ontem como hoje, a história repete-se, pelos piores motivos.

Todos os que não distinguem a barbárie e a desumanidade, como Putin, são instrumentos do mal que governam sob o terror, o totalitarismo, as repressões em massa, a limpeza étnica, as deportações, as execuções (no seu país e no estrangeiro) e a causa de morte por fome de milhares de cidadãos, hoje na Ucrânia, como ontem na Síria, Chechénia, Geórgia, Crimeia, Azerbeijão e Arménia, Cazaquistão, República Centro-Africana, Mali (aqui com o grupo de mercenários “O grupo Wagner”), etc.

A diferença entre esta invasão na Ucrânia e as outras atrás mencionadas, é que esta está a ser paga maioritariamente pelo povo russo (fora o saque que está a ser efetuado na Ucrânia), enquanto as outras são pagas pelos povos invadidos.

Está na hora de os cidadãos russos exilados, organizarem a resistência russa contra o governo imoral de Putin, através de mensagens e instruções aos seus compatriotas na Rússia, ajudando-os a criar e/ou apoiar a resistência interna, contra os “putinistas”. Contando com a resistência europeia, o povo russo deve contribuir decisivamente, para afastar do poder Putin, sob pena da ameaça séria ao extermínio de povos europeus sem dó nem piedade.

O míssil à ONU, foi o esgar de um louco no poder.