Este poema é de Alexandre O’Neill e vem hoje à baila, pois Clara Ferreira Alves (CFA) fez o mesmo (no jornal o Expresso), com a “Feira Cabisbaixa”, do mesmo autor, para denunciar aquilo que ela designa, como “um veio maligno que faz da denuncia e da delação, da coscuvilhice e da espionagem da vida alheia um traço de caráter” … dos portugueses. Escreveu isto a propósito do propósito do Presidente da República em condecorar Rosa Coutinho e Vasco Gonçalves, no próximo 10 de Junho. Daqui parte, para a análise crítica destas personagens e desagua nas informações prestadas pela Câmara Municipal de Lisboa a «regimes ditatoriais» (estava-se a referir a moscovo) e mais recentemente o que apelida do “estranho caso de Setúbal”. Tudo isto para concluir: “este país mesquinho, amordaçado e amante das queixinhas e delações, com a sua cultura de denunciantes, não morreu. Este país, que oferece o que os outros compram sem um arrepio ético, continua por aí, entremeado com a burocracia e a pequena corrupção da administração publica.”, escreve a cronista.
A propósito da «pequena
corrupção na administração pública», veio-me a memória palavras de Pedro
Santana Lopes, sobre Clara Ferreira Alves, enquanto presidente da Câmara Municipal
de Lisboa. Por sua nomeação, a cronista do ‘Expresso’ Clara Ferreira Alves foi
indicada para dirigir a Casa Fernando Pessoa. “Era uma entusiasta da minha
candidatura à Presidência da República. Hoje se calhar não gosta de ouvir isso”
– arriscava Pedro Santana Lopes. “Convivíamos fora do trabalho. Era uma
pessoa com quem jantava, almoçava”, recorda. O corte nas relações, segundo
o então edil, pode dever-se ao facto de este ter formado Governo e não a
convidar. “Ela é bastante controversa.”, dizia Santana Lopes. Deixou a
Casa Fernando Pessoa a 6 de Janeiro de 2006, estava a dois meses de completar
quatro anos de funções.
Também Vasco Pulido Valente era
público que foram amigos e se desentenderam. O historiador assinou um texto no
seu blog, em Março de 2006, onde caracterizava como ‘ilegível’ a coluna
assinada por CFA na revista do ‘Expresso’. E acrescenta ainda neste seu post
intitulado ‘uma santanete’’ que Clara Ferreira Alves “foi um dia
arvorada diretora da ‘Casa-Museu Fernando Pessoa’ pela conhecida
irresponsabilidade de Pedro Santana Lopes, de quem ela tinha sido uma
entusiasta partidária”.
Pelo que se vê, mérito, nada.
Tudo compadrio e corrupção. Amiguismo cúmplice e “corista” de um espetáculo
político medíocre que varreu o nosso país, entre 2004/2005, a que Jorge
Sampaio, deu a vassourada final.
Em tempos não muito distantes, Clara
Ferreira Alves, chegou a afirmar não ter grande simpatia pelos portugueses.
Percebe-se! Tendo vivido no
lamaçal da política portuguesa, usufruindo de benefícios injustos e iníquos e
de reconhecimentos imerecidos, CFA, não se habitua à ideia de, há quase 20
anos, a sociedade portuguesa não lhe reservar qualquer lugar de relevo, para
além de um programa de entretenimento político que dá pelo nome de “Eixo
do Mal” de composição bastante esdrúxula.
Termino como comecei agora
citando Miguel Torga: “Tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem
exatamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam.”
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