terça-feira, 10 de maio de 2022

“𝑳𝒂𝒎ú𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒐 𝑪𝒆𝒈𝒐 𝑸𝒖𝒆 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒐 𝑭𝒐𝒔𝒔𝒆”

Este poema é de Alexandre O’Neill e vem hoje à baila, pois Clara Ferreira Alves (CFA) fez o mesmo (no jornal o Expresso), com a “Feira Cabisbaixa”, do mesmo autor, para denunciar aquilo que ela designa, como “um veio maligno que faz da denuncia e da delação, da coscuvilhice e da espionagem da vida alheia um traço de caráter” … dos portugueses. Escreveu isto a propósito do propósito do Presidente da República em condecorar Rosa Coutinho e Vasco Gonçalves, no próximo 10 de Junho. Daqui parte, para a análise crítica destas personagens e desagua nas informações prestadas pela Câmara Municipal de Lisboa a «regimes ditatoriais» (estava-se a referir a moscovo) e mais recentemente o que apelida do “estranho caso de Setúbal”. Tudo isto para concluir: “este país mesquinho, amordaçado e amante das queixinhas e delações, com a sua cultura de denunciantes, não morreu. Este país, que oferece o que os outros compram sem um arrepio ético, continua por aí, entremeado com a burocracia e a pequena corrupção da administração publica.”, escreve a cronista.

A propósito da «pequena corrupção na administração pública», veio-me a memória palavras de Pedro Santana Lopes, sobre Clara Ferreira Alves, enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Por sua nomeação, a cronista do ‘Expresso’ Clara Ferreira Alves foi indicada para dirigir a Casa Fernando Pessoa. “Era uma entusiasta da minha candidatura à Presidência da República. Hoje se calhar não gosta de ouvir isso” – arriscava Pedro Santana Lopes. “Convivíamos fora do trabalho. Era uma pessoa com quem jantava, almoçava”, recorda. O corte nas relações, segundo o então edil, pode dever-se ao facto de este ter formado Governo e não a convidar. “Ela é bastante controversa.”, dizia Santana Lopes. Deixou a Casa Fernando Pessoa a 6 de Janeiro de 2006, estava a dois meses de completar quatro anos de funções.

Também Vasco Pulido Valente era público que foram amigos e se desentenderam. O historiador assinou um texto no seu blog, em Março de 2006, onde caracterizava como ‘ilegível’ a coluna assinada por CFA na revista do ‘Expresso’. E acrescenta ainda neste seu post intitulado ‘uma santanete’’ que Clara Ferreira Alves “foi um dia arvorada diretora da ‘Casa-Museu Fernando Pessoa’ pela conhecida irresponsabilidade de Pedro Santana Lopes, de quem ela tinha sido uma entusiasta partidária”.

Pelo que se vê, mérito, nada. Tudo compadrio e corrupção. Amiguismo cúmplice e “corista” de um espetáculo político medíocre que varreu o nosso país, entre 2004/2005, a que Jorge Sampaio, deu a vassourada final. 

Em tempos não muito distantes, Clara Ferreira Alves, chegou a afirmar não ter grande simpatia pelos portugueses.

Percebe-se! Tendo vivido no lamaçal da política portuguesa, usufruindo de benefícios injustos e iníquos e de reconhecimentos imerecidos, CFA, não se habitua à ideia de, há quase 20 anos, a sociedade portuguesa não lhe reservar qualquer lugar de relevo, para além de um programa de entretenimento político que dá pelo nome de “Eixo do Mal” de composição bastante esdrúxula. 

Termino como comecei agora citando Miguel Torga: “Tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem exatamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam.”

 

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