quarta-feira, 4 de novembro de 2020

“𝐆𝐎𝐕𝐄𝐑𝐍𝐎 𝐒𝐎𝐌𝐁𝐑𝐀” … 𝐂𝐈𝐍𝐙𝐄𝐍𝐓𝐀!!!

 “Isto é mesmo gozar com quem trabalha”. Ora, reparem.

O programa televisivo “Governo Sombra” (GS), que nasceu inicialmente na TSF, como programa da rádio e, posteriormente, por força da compra da TSF pelo grupo TVI, passou a ser televisionado neste canal durante alguns anos. Depois, aparentemente, com base na «lei da oferta e da procura», a equipe do (GS) rumou à SIC, onde hoje “atua”, todas as sextas-feiras/sábados. Nada disto, merecia grandes apontamentos. já que se trata de atividades privadas, em televisões privadas e financiadas por privados. Será? Pois não é. E aqui é que está o busílis e o escândalo.

 

Quem se quiser dar ao trabalho de ler a página da internet do IMPIC (Instituto dos Mercados Públicos do Imobiliário e da Construção), sem ser exaustivo, constatará que, em 01/10/2019, em 16/10/2019 e  em 03/12/2019, foram celebrados contratos públicos de aquisição de serviços, com o objeto “Gravação do programa televisivo "Governo Sombra" no âmbito do …” , que se cifram no total de 50.000 euros, isto num universo de mais de 500.000 euros de contratos públicos de publicidade na TVI em 2019 e 2020. “Isto é mesmo gozar com quem trabalha”!

 

Claro que o “Governo Sombra”, já não está na TVI. Agora está na SIC, patrocinado pelo “Casinos Solverde”. Também aqui, “isto é mesmo gozar com quem trabalha”. Ora, vejam. Desde março de 2020, que os “Casinos Solverde” dos 1063 trabalhadores, que têm ao seu serviço, colocou em lay-off 947, ou seja, quase 100% da sua força de trabalho. Como se sabe o lay-off, representa uma despesa para o Estado (Segurança Social) e por trabalhador de cerca 70%, do salário de cada um. É fácil de ver, que uma empresa que coloque em lay-off, quase todos os seus trabalhadores, pode dar-se ao luxo de patrocinar um programa de televisão privado. Indiretamente (ou não, sabe-se lá), o Estado Português financia o patrocínio dos “Casinos Solverde” ao programa “Governo Sombra”, na SIC. Digam-me lá, se “Isto [não] é mesmo gozar com quem trabalha”?

 

Evidentemente, que não me movem quaisquer sentimentos negativos quer quanto ao programa, quer quanto aos seus intervenientes. Claro que fico incomodado, com aqueles que dentro do programa fazem a apologia neoliberal de direita radical, de negação do papel do Estado em “tudo o que mexa” e, vai-se a ver, auferem e acumulam rendimentos à custa da participação direita ou indireta dos dinheiros do mesmo Estado, nas suas diversas dimensões.

 

E ainda mais gritante é o facto de o Estado, em plena crise de saúde pública, canalizar recursos que não tem, com a finalidade de ajudar as empresas a manter os seus postos de trabalho e a sua atividade, e estes recursos serem desviados (direta ou indiretamente), para fins totalmente contrários à sua finalidade.

 

Este seria só por si razão e fundamento para retirar quaisquer apoios àquela entidade, não sei mesmo se com a obrigação de devolver tudo o que recebeu.

 

Quanto ao programa (GS) da SIC, que quer aqui quer na TVI tem recebido apoios diretos e indiretos do Estado, está na altura dos donos das respetivas estações televisivas, “fazerem-se à estrada”, e cativarem outros privados que sem a “bengala pública”, patrocinem os programas que muito bem entenderem.

 

Aos neoliberais de direita radical existentes no programa (GS), está na hora de se retratarem e rumarem à iniciativa privada (sem a “bengala pública”), ai ganhando o seu sustento sem se locupletarem à custa do Estado e daqueles que dele dependem.

 

 Digam lá, se “Isto [não] é mesmo gozar com quem trabalha” ?

 

 

 

sábado, 31 de outubro de 2020

𝘼 "𝙙𝙞𝙩𝙖𝙙𝙪𝙧𝙖 𝙙𝙤 𝙘𝙤𝙧𝙤𝙣𝙖𝙫í𝙧𝙪𝙨"!

É este o discurso dos negacionistas, cá e lá fora. Há medida que a pandemia se vai cada vez mais alastrando, com números de infetados e mortes, aqui na Europa, assustadores, é arrepiante ver o número de pessoas que, como os abutres, se opõem a quaisquer medidas restritivas de mobilidade e circulação que estão a ser adotadas para conter a transmissão do vírus Covid 19. Alega-se, violação de direitos fundamentais. Mas em estado de exceção, terá de haver, obrigatoriamente, compressão de direitos. O que se espera, e nada aponta para o contrário (pelo menos aqui no nosso país), é que essa compressão de direitos seja proporcional ao risco que se pretende evitar.

 

A pandemia do Covid 19, colocou todos os países em estado de exceção decretado pelas autoridades de saúde publica em situações de clara emergência nacional.

 

PCP, BE, CHEGA e IL, votam contra a implementação de medidas de exceção no combate à pandemia. Por “dever de oficio”, cito estes dois últimos, como o rodapé do negacionismo e consequentemente, irrelevantes. Já o mesmo, não se passa com o PCP e BE que, como alguém escrevia, são “um terço da esquerda” em Portugal. Só em democracia se pode, e quando imprescindível, criar estados de exceção. Só em democracia, existem mecanismos suficientemente fortes para dosear o impacto (sempre negativo, mas necessário), das medidas restritivas de direitos. PCP e BE, cuja democracia representativa, nascida com o 25 abril de 74, serviu de escola à assunção universal dos direitos de todos, teimam, em certas circunstâncias, em relembrar-nos a origem das suas conceções político-ideológicas.

 

A restrição de direitos, seja de que natureza for, não é uma medida boa. Justamente por isso, a nossa Constituição define, com precisão, em que condições de tempo e de modo, as mesmas podem ser aplicadas. Agressão efetiva por forças estrangeiras, grave ameaça à ordem constitucional democrática ou calamidade pública, são exemplos que podem levar à suspensão temporária de direitos e garantias constitucionais, por forma a proporcionar a necessária eficiência na tomada de decisões para casos de proteção do Estado, já que a rapidez no processo de decidir as medidas a serem tomadas é essencial em situações emergenciais.

 

Para aqueles que dizem, que aceitar a restrição de direitos é um mau sinal, escamoteando propositadamente, em que moldes é feito, apenas estão a contribuir para a irrelevância do discurso político e para o aprofundamento das teses negacionistas, que declaram que a pandemia é uma mentira e a população não deve se deixar mandar por "aqueles lá de cima".

Estes vão buscar as suas forças à “Aliança dos Avestruzes”, que fingem que o problema não existe. “

Coitados …!

 

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

BLOCO DE ESQUERDA, "MY GOOD"!

 Esta gente não pensa, definitivamente.

Votar contra o Orçamento do Estado (OE) para 2021, nas circunstâncias atuais, imediatamente nos remete para a origem e composição do Bloco. Não sei qual é a composição da Mesa Nacional (o equivalente a assembleia), isto é, quantos são (ou eram), da ex-União Democrática Popular (marxista), do Partido Socialista Revolucionário (trotskista mandelista) e da Política XXI (ex-militantes do Partido Comunista Português, pelos herdeiros do MDP-CDE e por independentes)., e um cheirinho de PCTP-MRPP. Não é difícil perceber que a argamassa que deu corpo a este Bloco, há pouco menos de 20 anos, não é uma mistura homogênea de agregados, contendo apenas adições, com propriedades de aderência e endurecimento, ponto. Com estas propriedades, os mesistas, ainda empedernidos, mostram rigidez no pensamento e nas atitudes. Falta-lhes a idade adulta na política. São inconstantes, ora fazem parte da solução ora são parte do problema. Isto é típico dos Blocos não homogéneos e depois, claro, dá nisto. A veia marxista, leninista e trotskista, vem ao de cima e a rotura é o caminho. Nada com a burguesia instalada, voltemos às bases. Quem são estas bases? A ver pela composição da mesa são, professores, atrizes, médicos, engenheiros, investigadores, psicólogos, arquitetos, biólogos, relações internacionais, advogados, jornalistas, estudantes, etc., etc. Há, e um marceneiro …

Realmente, os tempos são outros. As lutas, do Bloco, hoje, são inspiradas na escola grega do Syriza, que tão maus resultados deu. O Acácio Barreiros, há muito que foi abandonado pelos seus sucessores. Têm lá o ícone «Major Tomé», “mas não é a mesma coisa”, como diria o outro. Louça é para o Bloco o que Steve Bannon é para Trump e o seu Partido Republicano. O estrategista. O «governo sombra» da atual direção do Bloco. A experiência política da atual direção do Bloco, é muito baseada nas assembleias de estudantes e nos convívios políticos, com os mais velhos. Votar não à proposta de Orçamento para 2021, na fase mais critica da pandemia do Covid 19 em Portugal, é disso o espelho. Não havendo qualquer inversão do governo quanto às políticas implementadas a partir de 2015/16, não se entende porque terá o Bloco necessidade de votar contra, só porque o governo não acolheu todas as suas propostas. Isso, não é responsável e é até mesmo espúrio, porquanto se propõem votar exatamente como a direita, essa sim, arredada do desenho político traçado pela geringonça. A abstenção seria o cenário político mais lógico, para quem quer mais e melhor no OE. O voto contra do Bloco, significa “birra” irresponsável de quem está bem na vida e usa a política para exercícios populistas e demagógicos mesmo que em contextos de pandemia.

Lamentável…!

sábado, 24 de outubro de 2020

𝐎𝐒 𝐒𝐀𝐁𝐈𝐂𝐇Õ𝐄𝐒 𝐞 𝐚𝐬 𝐒𝐀𝐁𝐈𝐂𝐇Ã𝐒

Com o tom de voz dos cobardes, ex-ministros da saúde, das ordens profissionais da saúde e outros(as) tão ou mais irrelevantes, nos últimos dias, tem feito fogo cerrado à ministra da saúde e, em geral, às autoridades de saúde, pela forma como têm enfrentado a pandemia do Covid 19 que, no entender destes sabichões e sabichonas, têm sido marcada por grandes erros. Estas iluminarias, suprassumo da sociedade portuguesa, conseguem opinar criticamente sobre um fato totalmente novo, inesperado e grave que é a pandemia do Covid 19. É, para mim evidente, que o presidente da República, com o seu comportamento errante, nesta matéria, tem contribuído e muito para a critica acéfala e desmedida, dos titulares de órgãos profissionais e de ex-governantes. Todos, de uma maneira geral, querem o serviço nacional de saúde a responder totalmente pela pandemia, como se tivessem num Estado o seu principal “compagnon de route”.  Estes hipócrates, que vêm nos serviços públicos em geral um “abcesso” da economia neoliberal, basta um sobressalto significativo e “ai-jesus”, venha o Estado e em força. Foi assim na crise financeira e é agora na pandemia do Covid 19. É deprimente, assistir recorrentemente a comportamentos daqueles que entre os seus pares, se apresentam como líderes das áreas que representam. Tem-se falado muito de corrupção e de novas formas de combate à corrupção. Geralmente, todas ligadas as vantagens patrimoniais. Mas, atente-se bem, aos comportamentos destes bastonários e ex-ministros, por exemplo. Será que esta gente, que se coloca no lado da confusão, que nada têm para oferecer ao país, atua por motivações pessoais ou políticas? É duvidoso. A maior parte desta gente, atua por interesses escondidos, mais ou menos manipulados, às vezes por “sucateiros”, de quem dependem e a quem respondem em primeira linha. Será isto corrupção? Obviamente que sim. Não é sério que esta gente, torne mais difícil a tarefa de combater a pandemia se não tiverem um interesse superior para eles ao interesse nacional.   

A Ministra da saúde e as restantes autoridades de saúde merecem todo o nosso apoio em confronto com o que se tem visto quer em Portugal quer nos restantes países europeus. As pessoas estão todas a aprender como gerir a pandemia e como combatê-la. Quem, como Portugal, que desde a primeira hora desta pandemia, defendeu o princípio de “não deixar ninguém para trás”, é óbvio que choca com todos aqueles que, seguindo Passos Coelho, nos lembram, permanentemente, que não há Estado para todos e muito menos sistema nacional de saúde. Se melhor pensaram, melhor fizeram. Declarou-se a pandemia, e a oferta de saúde privada, cooperativa e social foi reduzida para níveis inferiores aos anteriores à pandemia. Estranho, quando devia ser, exatamente o contrário. Quando mais se precisava (e precisa) dos serviços de saúde em geral, mais estes declinam a responsabilidade e a endossam ao serviço nacional de saúde. Aqui, os críticos, nada têm a dizer. Afinal se não dá dinheiro e só dá chatices, para quê reclamar. Mas, também aqui, não desesperem. O presidente Marcelo (consta), está a dar uma “perninha”. Parece que ele está a fazer pressão sobre o setor privado, social e cooperativo, para que participem empenhadamente neste combate à pandemia. É claro, que já lá vão mais de 6 (seis) meses. Há, é verdade. Não há almoços grátis!...  

domingo, 18 de outubro de 2020

"𝓞 𝓹𝓸𝓿𝓸 é 𝓺𝓾𝓮𝓶 𝓶𝓪𝓲𝓼 𝓸𝓻𝓭𝓮𝓷𝓪!"

 Antevendo o vírus que aí vinha, os portugueses, em 2019, entenderem distribuir os votos, por formações políticas acabadas de se formar, basicamente, para beneficiar dos subsídios estatais, para a sua existência.

 

Não se trata de posições ideológicas previamente definidas. Nada disso. Os “moços de esquadra” são o rodapé dos partidos da política do sistema português, que se foram libertando das suas franjas mais incomodas e, definitivamente, mais antidemocráticas.

 

André Ventura, Cotrim de Figueiredo, e outros, são, o exemplo acabado, após 46 anos da instauração da democracia em Portugal

 

O que é que esta gente contribui ou contribuiu para o bem comum ou para a solidificação da democracia em Portugal? Nada, absolutamente, nada! São o substituto do café. ESCÓRIA.

 

Pouco há fazer: A nossa democracia (como de resto toda a democracia europeia), comporta dentro dela as forças mais reacionárias do sistema. Essas forças não querem a democracia, que, alias, abominam. O que elas querem é a ditadura dos sistemas, dos meios e da vida de cada um dos cidadãos e dos mesmos em contexto, de sociedade. Mas quem são estes “Mussolini” do século vinte e um, em Portugal? Muito fácil de identificar.

 

São gente que só a própria família apoia? Por sentimento ou por consternação? Em todo o caso, por absoluto extinto de sobrevivência. Quando se vê estas alimárias a saltarem para a ribalta sem se saber como e porquê, facilmente se percebe que, agora, nada há a fazer.

 

A história, sem encarregará de os qualificar. Nós, no tempo da história, cabe-nos denunciar este oportunismo político sem limites. Os brasileiros chamam de vagabundos. Sem dúvida! Vagabundos ….

 

Os políticos mediáticos e de rodapé da nossa democracia portuguesa, são como os homicidas em série que atingem a sua imagem indelével na cultura pop e geral e se tornam um produto muito maior que os sujeitos e vítimas envolvidas. A caçada a tais indivíduos se tornou um produto de Hollywood. A imagem então ultrapassa e suplanta o sujeito.

 

Em pleno século XXI temos, em Portugal, estas aberrações políticas.

 

O jogo da democracia, expõe estas fragilidades do sistema que não dispõe de uma válvula protetora destas bactérias nocivas à saúde da democracia. Neste campo, o sistema comporta-se como o próprio corpo humano. Exposto a todos as agressões que a cada momento, se revelam, e pronto a reagir com uma vacina ou sucedâneo que mate o vírus ou a bactéria. O que é impressionante é o número de pessoas que não se importam de ser “infetadas”, e se opõem às “vacinas”.

 

Este movimento “anti vacinas”, é hoje o maior inimigo das sociedades democráticas europeias.

 

Há que continuar a lutar, no dia a dia, para que aqueles que se mostram antidemocratas de ocasião, percebam que o que está em causa, para si e todos so seus, em cada momento, é a possibilidade de inverterem o sentido da politica nacional e europeia e não a admissão sem discussão e participação nas politicas do futuro de cada um de nos.

 

Os partidos e políticos de rodapé, são aqueles que se aproveitam do «status o quo» existente e, com base nele, são marionetes das grandes centrais internacionais do protofascismo.

 

Já não há inquisição, mas sem dúvida que seriam os primeiros, a arder na fogueira.

 

Como é óbvio, depois de “mortos” …!   

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

STOP STAYAWAY COVID

Bastou uma infelicidade deste governo, para logo pôr em causa uma boa ideia que estava a fazer o seu caminho, com níveis de adesão, bastante apreciáveis. Falo da aplicação “STAYAWAY COVID”, uma aplicação para telemóveis iOS ou Android que tem como objetivo auxiliar o país no rastreio da COVID-19. Desde a primeira hora da sua criação e aplicação, ficou esclarecido que a adesão à aplicação, se regia pelos princípios de utilização voluntária, proteção da privacidade individual, e sem recolha de informação pessoal por parte das entidades que gerem o sistema.

Creio, aliás, que foi este “princípio de utilização voluntária”, que afastou os medos e receios de muitos de nós a descarregar a aplicação no telemóvel e levou as autoridades da proteção de dados pessoais a, com algumas reservas, legitimas, a não se opor à sua divulgação.

 

Porquê alterar esta regra de adesão voluntária para obrigatória? Dirão que o número de casos de Covid 19 disparou em flecha em Portugal e que há que utilizar todos os meios disponíveis para o respetivo rastreio. Não parece fazer sentido, pelo contrário. Por mais que se diga que a aplicação é de utilização voluntária e gratuita e, em momento algum, tem acesso à identidade ou dados pessoais, não nos podemos esquecer que a aplicação traz riscos à privacidade, que há dados que serão disponibilizados online, apesar de se garantir, que estes dados são meros identificadores aleatórios sem qualquer afinidade com os telemóveis, nem os seus utilizadores.

 

Descanam-nos, que os dados manipulados pelo sistema são anónimos, isto é, os dados difundidos e recebidos pelos telemóveis, e que eventualmente são publicitados online, são gerados aleatoriamente pela aplicação STAYAWAY COVID sem qualquer relação com os telemóveis nem os seus utilizadores.

 

No entanto, é admitido que se pode ser identificado pelo uso da aplicação. Apesar de se alegar que ela obedece aos mais elevados padrões de segurança e ter sido desenhada para o evitar, a verdade é que a aplicação estabelece comunicações e transmite dados em duas ocasiões distintas e, em cada uma, podem ser exploradas formas maliciosas e ilegítimas de identificação do telemóvel ou do utilizador.

 

Com todas estas dúvidas, legitimas, mandava a prudência que o governo português fosse cauteloso, na abordagem deste tema incentivando os portugueses à sua adesão voluntaria , para que o clima de confiança se instalasse definitivamente, em cada um de nós, o que permitia a cobertura pelo maior parte do país.

 

Com esta declaração do governo, que pretende que passe a obrigatório o uso da aplicação STAYAWAY COVID, é de temer que a população mais cética reaja ainda com maior desconfiança, face à desconfiança que a maioria dos políticos (incluindo os do governo) e dos poderes estabelecidos, se preparam para acentuar.

 

Como auxiliar de rastreio, assim se deve, voluntariamente, manter.

 

Não há razão para atribuir à aplicação “STAYAWAY COVID”, poderes que ela não tem.

 

 

 

sábado, 10 de outubro de 2020

“𝐂𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 [𝐟𝐚𝐥𝐚𝐬] 𝐛𝐞𝐦, 𝐦𝐚𝐬 𝐧ã𝐨 𝐦𝐞 𝐚𝐥𝐞𝐠𝐫𝐚𝐬”

É usual ouvirmos (lermos) esta expressão, quando alguém em lugar de poder tenta justificar o injustificável ou pior ainda faz ou pretende fazer dos seus ouvintes (ou leitores) uns “totós”. Vem isto a propósito, do discurso do Presidente da República no 05 de outubro, quando a dado passo do seu discurso pediu cautelas éticas na aplicação de fundos europeus contra a "corrupção, clientelismos e compadrios".

António Costa, e bem, já lhe respondeu: O primeiro-ministro […] está indisponível para governar com suspeitas sobre o uso de dinheiros públicos e defendeu que é "o primeiro interessado" numa lei de contratação pública do parlamento que dê garantias de confiança.

Este confronto do Presidente com o Primeiro Ministro, nada tem a ver com o processo de confiança e desconfiança existente entre ambos. Se fosse isso, estávamos bem. O confronto é mais ideológico. O Presidente, está a dar voz ao seu setor politico da direita democrática que reclama que a «pipa de massa» que vem de Bruxelas, não seja “desperdiçada”  maioritariamente no setor pública, mas antes e sobretudo no setor privado, esse sim, o “motor” da economia e o único capaz de vencer a crise económica em que vivemos, no dizer de alguns “papalvos”.

Aliás, já José Gomes Ferreira dizia na SIC “que em toda a economia Ocidental, a história provou que o Estado como agente económico que quer ser o único a mandar em tudo, deu asneira, não há outra maneira de dizer isto, porque caímos numa economia planificada e aquilo que é o dinamismo da sociedade, desaparece.

Hoje (10/10/20) o Expresso, vem recheadíssimo de prosas neoliberais, que desesperam pelo destino dos fundos comunitários que estão para chegar ao nosso país, e acirram os ânimos dos rentistas para travar ou impedir, que os mesmo seja utilizados pelo setor publico da economia em detrimento do setor privado, esse sim, como dizem, o grande motor da recuperação económica, social e  até, imaginem, da saúde publica.

Neste particular, da saúde publica, convém recordar que quer no auge da pandemia quer ainda hoje, o setor privado da saúde “saltou fora”. Isto é fechou portas, recambiando os doentes para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). O desplante destes minorcas do neoliberalismo português só tem paralelo, para mim, com os “bufos” da PIDE/DGS. Poder-se-á dizer, que exagero. Admito. Mas sinceramente, perante uma enorme e inesperada crise de saúde pública em que o nosso país (também) se viu envolvido, estes minorcas do neoliberalismo, cujas famílias rastejam pelos serviços públicos de saúde, continuam com o seu discurso de elevar o sector privado ao papel de “grandes salvadores” da crise que atravessamos.

É claro que isto é uma mistificação e é exemplo do vazio que esta direita neoliberal e protofascista, tem para oferecer ao nosso país.

Estes defensores do sector privado para vencer a crise, são os mesmos que acreditaram que a PT, a Somague, o BPN, o BES, o Banco Privado, o BANIF, a SIVA, a Cofina, a TAP, a Soares da Costa e tantos outros, eram os grandes “motores de arranque” da economia portuguesa. Hoje, sabe-se, que foram dos maiores sorvedouros dos recursos públicos (in) existentes no nosso país.

Ainda hoje pagamos a fatura.

Não é por acaso que o insuspeito neoliberal de cátedra, Vítor Gaspar, ex-ministro das Finanças da “Troika” em Portugal, vem agora defender (ver caderno de Economia do Expresso de 10/10), um aumento da despesa pública (em particular do investimento) como alavanca para relançar o crescimento, segundo novo apelo feito a semana que passou, num artigo que publicou no blogue do FMI.

É claro que outras vozes, bem mais autorizada, quer na Europa quer no mundo, vêm sugerindo uma maior intervenção da despesa pública, como forma de vencer a crise económico-social, emergente da pandemia do Covid-19.

É, por isso, dececionante ler estes minorcas do neoliberalismo, que a única receita que têm é a apologia do setor privado Hiper dependente do Estado em detrimento de um amplo e abrangente Estado de bem-estar social sem renegar aos fundamentos económicos do livre mercado.

Vencer a crise económico-social provocada pela pandemia do Covid-19, exige a repulsa dos egoísmos privados e uma atenção concentrada nas vítimas desta crise que acrescentam às vítimas da crise do «subprime» de 2008.

Portugal tem taxas de pobreza e de exclusão social de tal forma gritantes que perder a oportunidade de inverter esta tendência, com os fundos comunitários que aí vêm, é sim, um crime público de proporções gigantescas.

Os políticos que estão atualmente no governo devem mostrar maior capacidade para inverter o curso da história e de uma vez por todas romperem com o marasmo das reformas de fundo que passam por implementar um  verdadeiro Estado de bem-estar social, exigência mínima, quarenta e seis anos depois do 25 de abril de 1974.