O Centrista Radical!
João Miguel Tavares, afirma-se
radical do centro e André Ventura afirma-se radical de direita. Afinal o que é
que têm em comum? São radicais, isto é, são pessoas inflexíveis, intransigentes,
que não tem em consideração a opinião ou a maneira de pensar dos demais. São
verdadeiros instrumentos de protesto, nada acrescentando á vida e bem-estar das
populações. Panfletários, raramente assumem um papel construtivo na sociedade. Um
pouco como os delinquentes, são em regra inteligentes, mas essa inteligência é
colocada ao serviço do “mal”. São inúmeros os exemplos da repescagem de
alguns deles para as soluções políticas no país que redundaram num fracasso. Felizmente
que, até agora, as experiências foram feitas com radicais de esquerda. Temo o
contrário. Os radicais do centro e da direita. Esses, para quem viveu na
ditadura, durante mais de um quarto de século, são a antítese de tudo o que é
civilizacional. São o obscurantismo, o irracional, o privilégio, o estandarte e
uma acentuadíssima discriminação de género.
João Miguel Tavares, num episódio
do podcast Geração 70, do Expresso dizia: “Tracem um paralelismo entre a
democracia e o Estado Novo. Vão assustar-se quando perceberem as semelhanças”.
Esta frase, espelha bem a deformação de quem viveu apenas de um lado da
“barricada”, neste caso em democracia onde, apesar de tudo, é possível dizer e
escrever baboseiras, sem quaisquer consequências de maior. Nascido em 1973,
este cronista, centrista radical, pelo que leu e ouviu contar, vê muitas
“semelhanças” entre o Estado Novo e a Democracia. Claro que não viveu na
ditadura do Estado Novo. Se tivesse vivido, saberia que a vida talvez lhe sido
madrasta, no acesso ao ensino superior; talvez lhe tivesse proporcionado a
experiência única de ir defender as “nossas províncias ultramarinas”; talvez
hoje, fosse um chefe de falange proeminente, na terra onde nasceu e estivesse a
lecionar em qualquer uma das escolas do seu conselho ou, na pior das hipóteses,
fosse empregado bancário, lá no “burgo”. É claro que não havia lugar a “Time Out
’s” ou “Governos Sombra”; também pouco importaria, em relação aos “serões para
trabalhadores” ou o teatro ou a declamação, nos salões da terra. O acesso à
televisão, só se fosse como telespetador; Lisboa, continuaria demasiado longe e
“distante” de Portalegre.
Numa coisa, percebe-se a
“semelhança”: teria um prol de descendentes.
Porém, nunca teria percebido, que
“Deus, Pátria e Família” não eram verdades indiscutíveis e que não há valores
absolutos, como não eram indiscutíveis todas as ideias-mestras que deles
derivam e, por via dessa legitimidade de inspiração, simultaneamente,
natural e divina, Salazar e o Estado Novo justificavam que toda a Oposição (a
elas) fosse considerada antinatural e contrária à verdade e ao bem e, por isso
mesmo, devia ser contida (e se necessário mesmo reprimida pela violência e pelo
encarceramento).
Em suma, as dessemelhanças das
ideias mestras de Salazar e do Estado Novo, que assentavam quer na moral
cristã e na doutrina católica quer numa caracterologia e numa tipologia cujas
principais fontes de inspiração são de matriz biológica (o que é normal num
tempo em que a biologia era o paradigma da psicologia, da história, da
sociologia e da política), são a antítese da democracia, nascida com o 25
de Abril de 1974. O direito à liberdade defendido por Salazar no Estado Novo
era, “o direito à liberdade possível dentro da autoridade necessária".
Pelo perfil e dimensão, João Miguel Tavares, seria sem dúvida um indefetível.
Neste ponto, o futuro do seu
passado, roubou-lhe o sonho!