quarta-feira, 12 de outubro de 2022

PREDITA AOS ABUSADOS SEXUALMENTE NA IGREJA CATÓLICA!

Como pretendestes esperar outra coisa do vosso Presidente da República, quando Deus vos abandonou, na sua própria casa, ainda na flor das vossas vidas? O que vos levou a pensar que o vosso Presidente da República iria ter compaixão por um pequeno grupo de quatrocentas e tal crianças abusadas sexualmente no seio da igreja católica? Porque vos julgais tão importantes? Sabeis, por acaso, que “um universo de pessoas que se relacionam com a igreja católica [na ordem] de milhões de jovens ou muitas centenas de milhares de jovens. Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado porque noutros países com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”, disse o Chefe de Estado. “Crescei e multiplicai-vos” e então sim, mereceis a atenção, aqui na terra, do vosso Presidente da República. Nesta conceção presidencial, pelo que passastes, doloroso é certo, ainda não dá para a categoria de crime. Falta-lhe quantidade. Vós pensais que bastava um caso, para logo ser considerado crime hediondo? Pensastes bem. Contudo, isso é na versão da lei penal. Na versão presidencial, falta-lhes número. A chave do crime de abuso sexual de menores na igreja católica, é, portanto, a quantidade, na visão presidencial. Assim sendo, vós nem sequer à categoria de mártires, ascenderam, pois não está provado que preferiram sacrificar o vosso corpo a renuncia à vossa fé. Não. O vosso corpo foi violado sexualmente, por uma cambada de criminosos, que deveriam arder na fogueira da inquisição. Mas tal não acontece, porque vós sois poucos. E assim sendo, os criminosos têm ‘direito’ ao anonimato e vós o direito ao esquecimento. A menos que decidam lutar até à exaustão. Nesse caso, ao Presidente, respondem: “antes quebrar que torcer!". Mas cuidado, o terreno está minado. O senhor Presidente da República é um devoto cristão, disposto a sacrificar-se, pela sua igreja. E como ele há um número exponencial de cristãos disposto a defender o “templo”. Vós, para eles, não sois vítimas: sois fruto do acaso das circunstâncias da época.

Revoltem-se, exijam justiça, não aceitais a resignação como método sugerido. Tudo o que puderes fazer hoje, servirá de purificador para o futuro nessa e em outras instituições.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

“O SONHO DE ALGUÉM É O PESADELO DE UM SER HUMANO”

Eu adoraria ter uma primeira página do The Telegraph com um avião decolando para Ruanda. Esse é o meu sonho. Essa é a minha obsessão” Secretária de Estado para os Assuntos Internos do Reino Unido, Suella Braverman.

Quem diz isto é uma filha de emigrantes, de origem indiana, que emigram para a Grã-Bretanha na década de 1960. A mãe desta Secretária do Interior, de ascendência hindu era enfermeira. Seu pai, de ascendência goesa trabalhava para uma associação de habitação.

Braverman nasceu em Harrow, Greater London, e cresceu em Wembley. Frequentou a Uxendon Manor Primary School em Brent e a Heathfield School, Pinner, com uma bolsa de estudos parcial. Estudou direito no Queens' College, Cambridge. Foi presidente da Associação Conservadora da Universidade de Cambridge.

Braverman residiu em França durante dois anos, como aluna do Programa Erasmus e depois como Entente Cordiale Scholar, onde completou um mestrado em direito europeu e francês na Universidade Panthéon-Sorbonne.

Braverman é membro da Comunidade Budista de Triratna (anteriormente Amigos da Ordem Budista Ocidental) e frequenta o Centro Budista de Londres mensalmente. Fez seu juramento de posse no Dhammapada (caminho de "darma", base das filosofias, crenças e práticas que se originaram na Índia).

Sua mãe foi a candidata conservadora em Tottenham nas eleições gerais de 2001 e nas eleições de 2003 em Brent East.

Este é uma síntese (Wikipédia) do perfil desta Secretária do Interior, que sendo filha de imigrantes despreza imigrante. Como diz um jornalista inglês, (James Oh Brien), “Filhos de imigrantes que desprezam outros imigrantes provavelmente não deveriam ser responsáveis ​​pela política de imigração. Eles muitas vezes parecem estar lidando com questões pessoais que não deveriam estar nem perto do espaço político. Pessoas que protegeram e defenderam seus pais podem fazer um trabalho melhor.”

Tudo isto porque, o governo britânico, no primeiro trimestre deste ano de 2022, na tentativa de impedir que mais pessoas se arrisquem na travessia Canal da Mancha, assinou um acordo com o Ruanda para deportar imigrantes indocumentados para aquele país do leste africano. Segundo o programa, os migrantes são incentivados a solicitar asilo, e a estabelecer-se e construir novas vidas no novo país. Em troca, o Governo britânico prometeu pagar o equivalente a 120 milhões de libras (cerca de 144 milhões de euros) para o Ruanda integrar os recém-chegados.

É este “o sonho” da Secretária do Interior. Deportar imigrantes, para o Ruanda. Esta governante britânica e filha de imigrantes, vincadamente xenófoba e racista, não pretende para os outros o que teve para si. Ela entende e diz, que as aspirações dos refugiados e imigrantes de agora, que dão à costa inglesa, não podem ser acolhidos tal como os pais dela foram, porque certamente não estão ungidos por uma vaca sagrada indiana. Para estes imigrantes, de agora, o sonho de uma vida melhor para si e para os seus filhos não pode ser realizado num país rico do primeiro mundo, nem beneficiar de bolsas de estudo, ainda que parciais, no Reino Unido, pois o máximo que esta racista e xenófobo tem para dar é um acordo feito com o Ruanda e o repatriamento para este país africano, destes imigrantes, a troco de uns patacos.

Como é possível chegar a este ponto na solidariedade humana?

A história já nos tinha ensinado que os “guardas do campo” foram em certas circunstâncias piores que os seus carcereiros.   

Talvez esta Secretária do Interior (eurocética, convicta???) ainda não se tenha apercebido que a após o «Brexit» (do qual beneficiou regaladamente de um programa de Erasmus e de uma estadia em França), se deve ter destravado algum mecanismo inibidor das expressões de racismo no Reino Unido, pois os episódios de racismo e xenofobia multiplicaram-se exponencialmente, ao ponto de tentaram, por exemplo, tirar o turbante de um cidadão de origem indiana.

A senhora que se cuide, pois os “guardas do campo” poderão ser da origem dela!...

sábado, 1 de outubro de 2022

O CERCO DO COBARDE! – Parte XIII (A anexação de territórios rapinados)

Hoje, 30 de setembro de 2022, o presidente Putin consumou a anexação à Rússia dos territórios rapinados à Ucrânia, a saber: Kherson, Zaporíjia, Lugansk e Donetsk.

Estes territórios que são parte indissociável da nação ucraniana, foram objeto de referendos organizados e realizados por Moscovo no passado dia 26 de setembro, através de comissários seus enviados para cada uma daquelas regiões da Ucrânia.

 O resultado dos referendos, por obscenos, não merecem referência.

Esta violação grotesca do direito internacional e da integridade territorial da nação ucraniana é, acima de tudo, uma despudorada manifestação de terrorismo de Estado perpetrado por um país contra um seu vizinho, totalmente intolerável e condenável em pleno séc. XXI e representa uma provocação à comunidade internacional e uma ameaça à paz mundial, sem precedentes.

Dir-se-á que o mesmo se tem passado um pouco por todo o mundo. Com esta desfaçatez, não!

O dilema está instalado. A Ucrânia e a restante comunidade internacional não reconhecem a integração desses territórios na Rússia, daí manterem-se as ajudas incluindo militares à Ucrânia, bem como as sanções. A Ucrânia, para defender a sua soberania, vai tentar recuperar esses territórios, como fez e faz, de resto, na Crimeia. Resultado, os russos vão reagir com se os territórios fossem seus tentando inverter os papeis de invasor para invadido. Isto já foi declaradamente dito, pelo chefe dos invasores.

O que é mais assustador é que, para alem do descarado roubo de territórios à Ucrânia, a Rússia prepara-se para prolongar a guerra até á liquidação total deste país. Para isso, já fez um ensaio geral de mobilização da sua população para a guerra, à força, pois falta-lhe outros argumentos. Esta escalada militar, depois do falhanço do seu exército regular mais as forças mercenárias ao seu serviço, na Ucrânia, transporta o conflito para outra dimensão de resultados totalmente imprevisíveis. Ao envolver a sociedade civil russa na invasão, Putin demonstra um total desprezo pelos seus cidadãos e uma obsessão única. Restaurar a união soviética, sem comunismo, mas com totalitarismo e «assalto à mão armada».

Com o cinismo próprio dos déspotas, Putin diz que está a ser formada uma "ordem mundial mais justa" para se contrapor a "uma hegemonia unipolar", promovida pelo Ocidente, que disse estar "em colapso". Assumindo-se como o protagonista principal para a criação dessa “ordem mundial mais justa”, Putin, exemplifica através da invasão da Ucrânia, como o pretende fazer. Invasão militar de países vizinhos (e não só), desmembramentos desses países, nomeação de autoridades fantoches, para governar os escombros, eliminação de populações e símbolos nacionais, russificação dos territórios ocupados e campos de “filtragem” para os resistentes.

O Presidente russo, atribui os conflitos na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), incluindo o atual entre a Rússia e a Ucrânia, como causa do "colapso da União Soviética". Diz ele, "Basta olhar para o que está a acontecer agora entre a Rússia e a Ucrânia, o que está a acontecer nas fronteiras de alguns países da ex-União Soviética. Tudo isso, obviamente, é resultado do colapso da União Soviética", disse o líder russo, durante uma reunião com autoridades dos países membros da Comunidade de Estados Independentes (CEI), que reúne as ex-repúblicas soviéticas.

Dá para perceber a "ordem mundial mais justa" que Putin pretende construir.

Que se cuidam os países anteriormente pertencentes à União Soviética. E os outros também!

terça-feira, 27 de setembro de 2022

ITÁLIA - NUMA DAS EXTREMAS DO REGIME DEMOCRÁTICO

Disse um dia Winston Churchill que "a democracia é o pior dos regimes, à exceção de todos os outros". Apesar de gasta, lembramo-nos de a citar, pois continua a ser das melhores para usar na hora de defender as virtudes dos sistemas políticos ocidentais. A democracia em Itália apresta-se a passar por tempos difíceis e seguramente irá ser posta à prova em todas as suas dimensões. “Esticada” até à sua extrema-direita a Itália irá experimentar, pela primeira vez, após a sua adesão à União Europeia em 1958, governar contra os princípios fundadores da União, assentes nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias. Ora, esta coligação de direita e extrema-direita italiana que acaba de ganhar as eleições, tem no seu programa (e ADN), uma oposição feroz à chegada de migrantes. A líder da extrema-direita e futura primeira-ministra, opõe-se à imigração e já ameaçou o bloqueio naval de países do Norte da África para impedir a chegada de barcos de refugiados. Tem uma agenda clara de incompatibilidade com a comunidade LGBTQIA+. Declarou ser contrária à adoção por casais gays, com o argumento que é melhor para uma criança ter mãe e pai. É dela uma emenda, como deputada, que estenderia a proibição da barriga de aluguer para italianos no exterior.

De raiz neofascista, Giorgia Meloni para suavizar a sua imagem e a do partido às eleições, em plenos preparativos para a campanha eleitoral, terá instruído as direções regionais do partido “Irmãos de Itália (Fratelli d`Italia, ou FDI,​ na sigla italiana) FdI” a alertarem os membros para evitar declarações mais extremas, menções à ideologia fascista e para não fazerem em público a “saudação romana”, que consiste em estender o braço direito, num gesto semelhante à saudação nazi.

De certa forma, a União Europeia já vinha sendo confrontada com Estados membros, violadores dos princípios fundadores da União. O caso da Hungria e da Polónia, são casos paradigmáticos. Porém, a Itália, um dos países cofundadores da União Europeia, representa um golpe nas aspirações democráticas da União, uma vez que são conhecidas as visões eurocéticas e até “Itaxit” dos partidos de direita e extrema-direita, vencedores das eleições legislativas. A tudo isto acresce que, a Itália, tem uma forte dependência do gás russo, e há quem tema que a Itália se torne o “cavalo de Troia” da Rússia, com a chegada ao poder de um pró-Putin. As incertezas, estão aí.

Resta-nos confiar que a democracia italiana conterá em si os necessários mecanismos para fazer face aos desafios com que irá ser confrontada.

Definitivamente, a Europa está instável!

sábado, 24 de setembro de 2022

UMA CADEIA DE COMANDO PARA RESERVISTAS (O estado atual das forças armadas russas)

Que um país que seja invadido militarmente por outro é natural e até aceitável que decrete a mobilização geral de toda a população para a defesa da sua pátria. Agora que um país invasor teoricamente mais forte e com umas forças armadas quantitativamente três ou quatro vezes superiores às do invadido ter de recorrer à mobilização de reservistas (entre os 35 e 50 anos), para manter a guerra que desencadeou é um caso inédito na estratégia militar de qualquer país que se prese e certamente um “case study”, para os estrategas militares e civis, com propensões expansionistas e imperialistas.

Já é anormal (bastante) que seja um líder checheno Ramzan Kadyrov, e grande defensor dos chamados crimes de honra (Um crime de honra consiste no assassinato de um (ou vários) membros duma família, por se considerar a sua conduta imoral e nociva para a alegada honra familiar ou para os princípios duma comunidade ou religião. As razões invocadas podem ser a recusa dum casamento forçado, uma relação desaprovada pela família ou comunidade, relações sexuais fora do casamento, ser vítima de violação, vestir-se de modo considerado inapropriado, ter relações homossexuais, procurar um divórcio, cometer adultério ou renunciar a uma fé), autêntico mercenário da guerra, o grande comandante da ofensiva russa na Ucrânia. Generais, brigadeiros, coronéis, majores, capitães e outros, da cadeia militar russa, estão na Ucrânia a “toque de caixa” deste mercenário da guerra e do seu “exercito” de mercenários, sírios, chechenos, Wagner Group, etc. que, misturados com a cadeia de comando militar russo, desencadeiam a sua ofensiva na Ucrânia. O resultado, é o que se tem visto. Cidades, vilas e aldeias, destruídas, casas, monumentos, escolas e hospitais, destruídos, população civil morta e/ou estropiada, famílias separadas e debandada geral, dos misseis militares russos com alvo preferencial a população civil. Tem sido este, o espelho da guerra da Rússia contra a Ucrânia, volvidos que estão mais de sete meses de invasão.

Mas não tem sido só este o efeito da guerra. Saída dos muros do teatro de operações da Ucrânia, a guerra espalhou os seus efeitos nocivos um pouco pelo mundo, através da escassez de cereais, fertilizantes, gás e petróleo bruto, criando uma verdadeira crise global de alimentos.

Mas não chega, como ficou agora demonstrado. Putin, decide ir à sociedade civil interromper o curso de vida dos seus cidadãos dos 35 aos 50 anos, amputando a vida familiar de cada um apenas e tão só para sustentar uma guerra que a própria população russa não quer. Poderá um governante agir assim, sem consequências? É obvio que não. Porém, o desgaste que esta situação provoca tem efeitos imprevisíveis e sempre desastrosos uma vez que se espalham por outros países e continentes, como está a acontecer.

Em regra, nessa altura, já não está cá o “pirómano”!

 

terça-feira, 20 de setembro de 2022

TURISMO DE MASSAS - A OUTRA FACE DA MESMA MOEDA!

Li algures por aqui que uma revista alemã especializada no assunto, considera que o turismo de massas está a estragar as grandes cidades, com por exemplo a cidade do Porto. Esta é a consequência, inevitável, da abertura do país aos outros. E os outros são todos aqueles que vêm do mundo, para descobrir e/ou estar em Portugal. Nós, de uma maneira geral, recebemos bem e temos muito para oferecer sem grandes contrapartidas. As nossas grandes cidades, agem para o turismo de massas. Os nossos antepassados deixaram obra no país que, com grande sorte, diga-se, tem resistido à voragem dos tempos. No presente, os liberais das grandes cidades, oferecem os standards europeus, em feroz competição e a preços do “salário mínimo”. É verdade que alguns turistas se queixam dos preços e de alguma falta de qualidade dos serviços. Também isto é o preço a pagar por quem nos visita. Há muito tempo que Portugal é uma atração, mas os nossos representantes insistem em não perceber que se as cidades, vilas e aldeias do nosso país não tem qualidade de vida para os próprios habitantes que lá vivem diariamente e por isso, e só por isso, não apelam a qualquer tipo de turismo qualitativo. A massificação embora ligada a outras vertentes que não só as do turismo, sofre, neste caso, a explosão de visitantes efémeros e descontraídos, pouco dados à contemplação e conservação antes mantendo um status de utilizadores (consumidores) compulsivos. E as nossas grandes cidades, como Lisboa e Porto, preparam-se todos os anos para isso. Fornecer elementos quantitativos de turismo, sem cuidar previamente, das infraestruturas mínimas, para esse fim. O exemplo das trotinetes e afins é paradigmático. Fossem os operadores obrigados a penalizar quem deixa a trotinete em qualquer lugar, que não o lugar próprio, para elas, e a história seria outra. A verdade é que a gestão da cidade também não tem infraestruturas para acomodar as trotinetes, nem fiscalização municipal para esse fim (e outros). Neste caos, que convida ao laxismo, por mais organizados e civicamente informados que sejam os cidadãos que nos visitam, a coisa não dá. Ainda há dias, rebentou uma polémica, no Porto e mais tarde em Lisboa, sobre os desacatos na noite, do fecho das esquadras e da falta de policias, que deu origem aos célebres postos móveis (unidades móveis de atendimento da PSP), que me trouxe à memória uma das vezes em que estive em Amesterdão, num sábado à noite, e as ruas principais tinham a presença policial bem visível quer de bicicleta, moto e carro, numa postura totalmente dissuasora para a autêntica avalanche de pessoas que vinham de todos os lados, para os diversos pontos de lazer e prazer.

As nossas cidades de Lisboa e Porto, oferecem o Bairro Alto, o Cais do Sodré e a Ribeira, como atrativos máximos da noite. A Ribeira, é um espaço muito agradável com ótimas condições para o turismo de massas. Mas o Bairro Alto e o Cais do Sodré? Haja Deus! Este turismo devia ser desviado para as docas. 

terça-feira, 6 de setembro de 2022

“𝐎 𝐂𝐀𝐑𝐈𝐃𝐎𝐒𝐎”!

Ontem foi o Dia Internacional da Caridade. Se há áreas onde Marcelo Rebelo de Sousa dá cartas, uma delas é, sem dúvida, a da “caridade”, muitas vezes, é certo, na sua expressão mais diminuta. Desta vez, não, foi magnânimo, como passo a demonstrar.

Por coincidência (ou não), o governo de António Costa anunciou neste Dia Internacional da Caridade (05/09/2022), as medidas urgência de apoio às famílias, provocadas pela inflação, pelo aumento dos combustíveis, pelo aumento do gás e eletricidade e os consequentes aumentos na alimentação, habitação, transportes, etc., etc., tudo isto em resultado e tendo por principal causa, a guerra desencadeada pela Rússia à Ucrânia.

Como sempre acontecerá, há aqueles que acham pouco o esforço do governo para proteger as famílias, em particular, as mais vulneráveis. Outros entendem que o governo fez um esforço apreciável para acudir às famílias, e que este esforço tem de ser visto no contexto de uma dívida pública já muito elevada. Existem outros, onde se inscreve Marcelo Rebelo de Sousa, que embora considerando as medidas “equilibradas”, destaca o “duplo papel importante” do PSD neste processo.

E aqui a surpresa. Desconhecendo nós a existência (ainda que informal), de qualquer acordo no “centrão”, para as medidas anunciadas pelo governo, fomos investigar mais a fundo as palavras do Presidente Marcelo, na comunicação social. E realmente, o Presidente Marcelo, explicou porque é que em seu entender o PSD teve um “duplo papel importante”, neste processo (leia-se das medidas de urgência.) Diz o Presidente “caridoso”: “O PSD teve um duplo papel importante: o primeiro foi ter mostrado muito cedo um caminho que facilitou a tarefa do Governo, abriu caminho a uma coisa nova que é a entrega direta de rendimento às pessoas. Em segundo, abriu o caminho de uma maleabilidade no aumento da despesa pública. É importante porque o PSD tinha uma autoridade especial no equilíbrio das contas públicas, como demonstrou durante anos com o Governo de Passos Coelho.” 

Claro que a surpresa, rapidamente se transformou em incredulidade. Incredulidade, pois este “duplo papel” reconhecido (agora) ao PSD, nunca o foi à restante oposição, designadamente, de esquerda, também esta, há muito mais tempo que o PSD, defendeu a entrega direta de rendimento às pessoas e maior maleabilidade no aumento da despesa pública. Ingratidão, seria o termo, caso fizesse parte do léxico político. O “caridoso”, fez aqui um assistencialismo, bacoco, mais próximo da “esmola”, ao PSD. Para assinalar o Dia Internacional da Caridade, Marcelo Rebelo de Sousa, usou da “caridade” para com o PSD, inscrevendo-o, certamente, no grupo das pequenas e médias empresas, que reclamam igualmente, apoio do governo. O “caridoso” fez um desvio à sua veia humanista e celebrou a efeméride dando apoio a uma pessoa moral, no caso o PSD.

Terá sido um pagamento? Seja como for, é ofensivo!...