“Eu adoraria ter uma primeira página do The Telegraph com um avião decolando para Ruanda. Esse é o meu sonho. Essa é a minha obsessão” Secretária de Estado para os Assuntos Internos do Reino Unido, Suella Braverman.
Quem diz isto é uma filha de
emigrantes, de origem indiana, que emigram para a Grã-Bretanha na década de
1960. A mãe desta Secretária do Interior, de ascendência hindu era enfermeira. Seu
pai, de ascendência goesa trabalhava para uma associação de habitação.
Braverman nasceu em Harrow,
Greater London, e cresceu em Wembley. Frequentou a Uxendon Manor Primary School
em Brent e a Heathfield School, Pinner, com uma bolsa de estudos parcial.
Estudou direito no Queens' College, Cambridge. Foi presidente da Associação
Conservadora da Universidade de Cambridge.
Braverman residiu em França durante
dois anos, como aluna do Programa Erasmus e depois como Entente Cordiale
Scholar, onde completou um mestrado em direito europeu e francês na
Universidade Panthéon-Sorbonne.
Braverman é membro da Comunidade
Budista de Triratna (anteriormente Amigos da Ordem Budista Ocidental) e
frequenta o Centro Budista de Londres mensalmente. Fez seu juramento de posse
no Dhammapada (caminho de "darma", base das filosofias, crenças e
práticas que se originaram na Índia).
Sua mãe foi a candidata
conservadora em Tottenham nas eleições gerais de 2001 e nas eleições de 2003 em
Brent East.
Este é uma síntese (Wikipédia) do
perfil desta Secretária do Interior, que sendo filha de imigrantes despreza
imigrante. Como diz um jornalista inglês, (James Oh Brien), “Filhos de
imigrantes que desprezam outros imigrantes provavelmente não deveriam ser
responsáveis pela política de imigração. Eles muitas vezes parecem estar
lidando com questões pessoais que não deveriam estar nem perto do espaço
político. Pessoas que protegeram e defenderam seus pais podem fazer um trabalho
melhor.”
Tudo isto porque, o governo britânico,
no primeiro trimestre deste ano de 2022, na tentativa de impedir que mais
pessoas se arrisquem na travessia Canal da Mancha, assinou um acordo com o
Ruanda para deportar imigrantes indocumentados para aquele país do leste
africano. Segundo o programa, os migrantes são incentivados a solicitar asilo,
e a estabelecer-se e construir novas vidas no novo país. Em troca, o Governo
britânico prometeu pagar o equivalente a 120 milhões de libras (cerca de 144
milhões de euros) para o Ruanda integrar os recém-chegados.
É este “o sonho” da Secretária do
Interior. Deportar imigrantes, para o Ruanda. Esta governante britânica e filha
de imigrantes, vincadamente xenófoba e racista, não pretende para os outros o
que teve para si. Ela entende e diz, que as aspirações dos refugiados e
imigrantes de agora, que dão à costa inglesa, não podem ser acolhidos tal como
os pais dela foram, porque certamente não estão ungidos por uma vaca sagrada
indiana. Para estes imigrantes, de agora, o sonho de uma vida melhor para si e
para os seus filhos não pode ser realizado num país rico do primeiro mundo, nem
beneficiar de bolsas de estudo, ainda que parciais, no Reino Unido, pois o
máximo que esta racista e xenófobo tem para dar é um acordo feito com o Ruanda
e o repatriamento para este país africano, destes imigrantes, a troco de uns
patacos.
Como é possível chegar a este
ponto na solidariedade humana?
A história já nos tinha ensinado
que os “guardas do campo” foram em certas circunstâncias piores que os seus
carcereiros.
Talvez esta Secretária do
Interior (eurocética, convicta???) ainda não se tenha apercebido que a após o «Brexit»
(do qual beneficiou regaladamente de um programa de Erasmus e de uma estadia em
França), se deve ter destravado algum mecanismo inibidor das expressões de
racismo no Reino Unido, pois os episódios de racismo e xenofobia
multiplicaram-se exponencialmente, ao ponto de tentaram, por exemplo, tirar o
turbante de um cidadão de origem indiana.
A senhora que se cuide, pois os “guardas
do campo” poderão ser da origem dela!...
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