Ontem foi o Dia Internacional da Caridade. Se há áreas onde Marcelo Rebelo de Sousa dá cartas, uma delas é, sem dúvida, a da “caridade”, muitas vezes, é certo, na sua expressão mais diminuta. Desta vez, não, foi magnânimo, como passo a demonstrar.
Por coincidência (ou não), o
governo de António Costa anunciou neste Dia Internacional da Caridade (05/09/2022),
as medidas urgência de apoio às famílias, provocadas pela inflação, pelo aumento
dos combustíveis, pelo aumento do gás e eletricidade e os consequentes aumentos
na alimentação, habitação, transportes, etc., etc., tudo isto em resultado e
tendo por principal causa, a guerra desencadeada pela Rússia à Ucrânia.
Como sempre acontecerá, há
aqueles que acham pouco o esforço do governo para proteger as famílias, em
particular, as mais vulneráveis. Outros entendem que o governo fez um esforço
apreciável para acudir às famílias, e que este esforço tem de ser visto no
contexto de uma dívida pública já muito elevada. Existem outros, onde se
inscreve Marcelo Rebelo de Sousa, que embora considerando as medidas
“equilibradas”, destaca o “duplo papel importante” do PSD neste processo.
E aqui a surpresa. Desconhecendo nós a existência (ainda que informal), de qualquer acordo no “centrão”, para as medidas anunciadas pelo governo, fomos investigar mais a fundo as palavras do Presidente Marcelo, na comunicação social. E realmente, o Presidente Marcelo, explicou porque é que em seu entender o PSD teve um “duplo papel importante”, neste processo (leia-se das medidas de urgência.) Diz o Presidente “caridoso”: “O PSD teve um duplo papel importante: o primeiro foi ter mostrado muito cedo um caminho que facilitou a tarefa do Governo, abriu caminho a uma coisa nova que é a entrega direta de rendimento às pessoas. Em segundo, abriu o caminho de uma maleabilidade no aumento da despesa pública. É importante porque o PSD tinha uma autoridade especial no equilíbrio das contas públicas, como demonstrou durante anos com o Governo de Passos Coelho.”
Claro que a surpresa,
rapidamente se transformou em incredulidade. Incredulidade, pois este “duplo
papel” reconhecido (agora) ao PSD, nunca o foi à restante oposição,
designadamente, de esquerda, também esta, há muito mais tempo que o PSD,
defendeu a entrega direta de rendimento às pessoas e maior maleabilidade no
aumento da despesa pública. Ingratidão, seria o termo, caso fizesse parte do
léxico político. O “caridoso”, fez aqui um assistencialismo, bacoco, mais
próximo da “esmola”, ao PSD. Para assinalar o Dia Internacional da Caridade,
Marcelo Rebelo de Sousa, usou da “caridade” para com o PSD, inscrevendo-o,
certamente, no grupo das pequenas e médias empresas, que reclamam igualmente,
apoio do governo. O “caridoso” fez um desvio à sua veia humanista e celebrou a efeméride
dando apoio a uma pessoa moral, no caso o PSD.
Terá sido um pagamento? Seja como
for, é ofensivo!...
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