terça-feira, 10 de maio de 2022

“𝑳𝒂𝒎ú𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒐 𝑪𝒆𝒈𝒐 𝑸𝒖𝒆 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒐 𝑭𝒐𝒔𝒔𝒆”

Este poema é de Alexandre O’Neill e vem hoje à baila, pois Clara Ferreira Alves (CFA) fez o mesmo (no jornal o Expresso), com a “Feira Cabisbaixa”, do mesmo autor, para denunciar aquilo que ela designa, como “um veio maligno que faz da denuncia e da delação, da coscuvilhice e da espionagem da vida alheia um traço de caráter” … dos portugueses. Escreveu isto a propósito do propósito do Presidente da República em condecorar Rosa Coutinho e Vasco Gonçalves, no próximo 10 de Junho. Daqui parte, para a análise crítica destas personagens e desagua nas informações prestadas pela Câmara Municipal de Lisboa a «regimes ditatoriais» (estava-se a referir a moscovo) e mais recentemente o que apelida do “estranho caso de Setúbal”. Tudo isto para concluir: “este país mesquinho, amordaçado e amante das queixinhas e delações, com a sua cultura de denunciantes, não morreu. Este país, que oferece o que os outros compram sem um arrepio ético, continua por aí, entremeado com a burocracia e a pequena corrupção da administração publica.”, escreve a cronista.

A propósito da «pequena corrupção na administração pública», veio-me a memória palavras de Pedro Santana Lopes, sobre Clara Ferreira Alves, enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Por sua nomeação, a cronista do ‘Expresso’ Clara Ferreira Alves foi indicada para dirigir a Casa Fernando Pessoa. “Era uma entusiasta da minha candidatura à Presidência da República. Hoje se calhar não gosta de ouvir isso” – arriscava Pedro Santana Lopes. “Convivíamos fora do trabalho. Era uma pessoa com quem jantava, almoçava”, recorda. O corte nas relações, segundo o então edil, pode dever-se ao facto de este ter formado Governo e não a convidar. “Ela é bastante controversa.”, dizia Santana Lopes. Deixou a Casa Fernando Pessoa a 6 de Janeiro de 2006, estava a dois meses de completar quatro anos de funções.

Também Vasco Pulido Valente era público que foram amigos e se desentenderam. O historiador assinou um texto no seu blog, em Março de 2006, onde caracterizava como ‘ilegível’ a coluna assinada por CFA na revista do ‘Expresso’. E acrescenta ainda neste seu post intitulado ‘uma santanete’’ que Clara Ferreira Alves “foi um dia arvorada diretora da ‘Casa-Museu Fernando Pessoa’ pela conhecida irresponsabilidade de Pedro Santana Lopes, de quem ela tinha sido uma entusiasta partidária”.

Pelo que se vê, mérito, nada. Tudo compadrio e corrupção. Amiguismo cúmplice e “corista” de um espetáculo político medíocre que varreu o nosso país, entre 2004/2005, a que Jorge Sampaio, deu a vassourada final. 

Em tempos não muito distantes, Clara Ferreira Alves, chegou a afirmar não ter grande simpatia pelos portugueses.

Percebe-se! Tendo vivido no lamaçal da política portuguesa, usufruindo de benefícios injustos e iníquos e de reconhecimentos imerecidos, CFA, não se habitua à ideia de, há quase 20 anos, a sociedade portuguesa não lhe reservar qualquer lugar de relevo, para além de um programa de entretenimento político que dá pelo nome de “Eixo do Mal” de composição bastante esdrúxula. 

Termino como comecei agora citando Miguel Torga: “Tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem exatamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam.”

 

domingo, 1 de maio de 2022

𝐎 𝐂𝐄𝐑𝐂𝐎 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐁𝐀𝐑𝐃𝐄! – 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐕𝐈 (𝐌í𝐬𝐬𝐢𝐥 à 𝐎𝐍𝐔)

Escassos minutos, após conferência de imprensa conjunta, em Kiev, entre o presidente da Ucrânia e o Secretário-geral das Nações Unidas (SG), os militares de Putin, dispararam mísseis de alta precisão (?) contra a capital ucraniana, tendo atingido um prédio de habitação e morto uma pessoa (jornalista), tudo a menos de cinco quilómetros do hotel onde se encontrava alojado, o Secretário-geral das Nações Unidas. Com esta mensagem bélica (linguagem diplomática de Putin), este pretendeu comunicar às Nações Unidas, através do seu SG, que o direito internacional e a carta das Nações Unidas são instrumentos para outros que não para o governo russo. Claro que é mais um ato de cobardia de Putin, lançar mísseis para amedrontar e intimidar pessoas e organizações, num gesto bárbaro que deve chocar o mundo civilizado. Putin, se chegar aí, será daqueles líderes que se suicidam após o fracasso da sua máquina de guerra, pois não têm coragem de enfrentar a história e serem julgados pelos crimes que cometem. Hitler, foi assim.  Stalin, diz-se, que a sua morte aconteceu por falta de socorro e cuidados médicos nos dias após o derrame cerebral. De uma maneira geral, todos são abandonados à sua sorte, não merecendo o respeito e cuidados do povo que subjugaram durante o tempo da sua governação.

Putin tem uma máquina militar, quantitativa, mas qualitativamente, bastante inferior ao seu “Grupo Wagner”, o exército de mercenários russos na Ucrânia, cuja existência - e intervenção em conflitos como o da Síria, da Líbia ou da República Centro-Africana, são atestados e confirmados por inúmeros relatórios dos últimos anos, das Nações Unidas. Os militares russos, usam armas (mísseis) de alta precisão, para atingir alvos civis e arrasar cidades, vilas e aldeias. Putin, usa a sua máquina de guerra, para dizimar os povos que não leem pela sua cartilha. O “Holodomor” de Putin na Ucrânia é em tudo idêntico aos acontecimentos que levaram à morte por fome de milhões de ucranianos entre os anos de 1931 e 1933, empreendido pelo comunismo soviético, liderado por Stalin. Os relatos de Kharkiv, Mariupol, Bucha, etc., etc. são o testemunho impressionante dessa barbárie e desumanidade sem limites. Repetir aqui, os crematórios móveis criados pelas tropas russas para esconder os seus crimes na Ucrânia é trazer à memória esse período negro da história do nazismo na Europa. Ontem como hoje, a história repete-se, pelos piores motivos.

Todos os que não distinguem a barbárie e a desumanidade, como Putin, são instrumentos do mal que governam sob o terror, o totalitarismo, as repressões em massa, a limpeza étnica, as deportações, as execuções (no seu país e no estrangeiro) e a causa de morte por fome de milhares de cidadãos, hoje na Ucrânia, como ontem na Síria, Chechénia, Geórgia, Crimeia, Azerbeijão e Arménia, Cazaquistão, República Centro-Africana, Mali (aqui com o grupo de mercenários “O grupo Wagner”), etc.

A diferença entre esta invasão na Ucrânia e as outras atrás mencionadas, é que esta está a ser paga maioritariamente pelo povo russo (fora o saque que está a ser efetuado na Ucrânia), enquanto as outras são pagas pelos povos invadidos.

Está na hora de os cidadãos russos exilados, organizarem a resistência russa contra o governo imoral de Putin, através de mensagens e instruções aos seus compatriotas na Rússia, ajudando-os a criar e/ou apoiar a resistência interna, contra os “putinistas”. Contando com a resistência europeia, o povo russo deve contribuir decisivamente, para afastar do poder Putin, sob pena da ameaça séria ao extermínio de povos europeus sem dó nem piedade.

O míssil à ONU, foi o esgar de um louco no poder.

 

 

 

sábado, 30 de abril de 2022

𝐂𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐑𝐞𝐬𝐩𝐨𝐧𝐬𝐚𝐛𝐢𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐨𝐬 𝐓𝐢𝐭𝐮𝐥𝐚𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐂𝐚𝐫𝐠𝐨𝐬 𝐏𝐨𝐥í𝐭𝐢𝐜𝐨𝐬

A Lei n.º 34/87, de 16 de julho, na sua versão atual, define genericamente, no seu artigo 2.º, que, “Consideram-se praticados por titulares de cargos políticos no exercício das suas funções, além dos como tais previstos na presente lei, os previstos na lei penal geral com referência expressa a esse exercício ou os que mostrem terem sido praticados com flagrante desvio ou abuso da função ou com grave violação dos inerentes deveres.” Por sua vez, o artigo 3.º da citada Lei, determina que “1 - São cargos políticos, para os efeitos da presente lei (entre outros): i) O de membro de órgão representativo de autarquia local;” “O membro de órgão representativo de autarquia local”, no município, é a assembleia municipal (órgão representativo) e a câmara municipal (órgão executivo) (artigos 250º e 252º, da CRP).

O presidente da câmara municipal é um órgão do município, sendo o líder do órgão executivo do município (a câmara municipal) e coadjuvado pelos vereadores no exercício das suas funções (cfr. n.º 1 do artigo 36.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, conhecida por Lei das Autarquias Locais – LAL (na redação atual), e tem as competências prescritas no artigo 35.º da LAL, designadamente,  a) Decidir todos os assuntos relacionados com a gestão e direção dos recursos humanos afetos aos serviços municipais” (n.º 2, do mesmo artigo).

É, pois, uma competência própria do presidente da câmara, “a gestão e direção dos recursos humanos afetos aos serviços municipais.”

Ora, a comunicação social de hoje, dá conta que alguns serviços camarários de apoio aos refugiados da Ucrânia, estão a ser recebidos por russos com ligações ao Kremlin, onde lhes terão sido pedidas cópias de documentos pessoais e indagar sobre o paradeiro de familiares que ficaram na Ucrânia. Parece que, contrariamente ao que se diz, não é só o município de Setúbal (de maioria CDU), também o município de Aveiro (PSD), Gondomar (PS) Albufeira (PPD/PSD-CDS, e outros) e sabe-se lá quem mais, têm estes “assessores” russos a acolherem refugiados ucranianos em Portugal. O que terá levado os presidentes das referidas edilidade a contratarem e/ou manterem estes “assessores” russos no acolhimento aos refugiados ucranianos, está por explicar.

 Admitindo (sem conceder), que se trata apenas de incúria, como é possível manter no acolhimento a refugiados ucranianos, “assessores” com fortes ligações ao Kremlin, que no âmbito das suas funções (assim se espera), fotocopiam documentos de identificação dos refugiados ucranianos, e fazem pergunta sobre o paradeiros dos maridos e/ou familiares, ainda na Ucrânia?

Pôr em perigo a segurança e a vida de refugiados de guerra, maioritariamente, mulheres, crianças e idosos, bem como os familiares que se mantêm na Ucrânia, é condenável à luz, dos mais elementares direitos das pessoas, em situação vulnerável, com estas se encontram.   

Estão em Portugal mais de 50.000 ucranianos, certamente, muitos com qualificações superiores, que serviam bastante bem a função de receber e encaminhar os seus compatriotas que, seguramente, constituiriam, até, um conforto para eles.   

𝘈𝘣𝘳𝘢-𝘴𝘦 𝘢𝘲𝘶𝘪 𝘶𝘮 𝘱𝘢𝘳ê𝘯𝘵𝘦𝘴𝘪𝘴 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘥𝘪𝘻𝘦𝘳 𝘲𝘶𝘦 𝘯𝘢𝘥𝘢 𝘵𝘦𝘮𝘰𝘴 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘢 𝘰 𝘱𝘰𝘷𝘰 𝘳𝘶𝘴𝘴𝘰 𝘣𝘦𝘮 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘢 𝘢𝘲𝘶𝘦𝘭𝘦𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘦 𝘦𝘯𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘦𝘮 𝘢 𝘳𝘦𝘴𝘪𝘥𝘪𝘳 𝘦 𝘢 𝘵𝘳𝘢𝘣𝘢𝘭𝘩𝘢𝘳 𝘦𝘮 𝘗𝘰𝘳𝘵𝘶𝘨𝘢𝘭, 𝘲𝘶𝘦 𝘯ã𝘰 𝘴ó 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘪𝘣𝘶𝘦𝘮 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘴𝘦𝘳𝘮𝘰𝘴 𝘤𝘰𝘯𝘴𝘪𝘥𝘦𝘳𝘢𝘥𝘰 𝘤𝘰𝘮𝘰𝘰 𝘱𝘢í𝘴 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘢𝘮𝘪𝘨á𝘷𝘦𝘭 𝘥𝘰 𝘮𝘶𝘯𝘥𝘰𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘪𝘣𝘶𝘦𝘮 𝘥𝘦𝘤𝘪𝘴𝘪𝘷𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘰 𝘯𝘰𝘴𝘴𝘰 𝘤𝘳𝘦𝘴𝘤𝘪𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰 𝘦𝘤𝘰𝘯ó𝘮𝘪𝘤𝘰 𝘦 𝘤𝘶𝘭𝘵𝘶𝘳𝘢𝘭. 𝘐𝘨𝘶𝘢𝘭𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦, 𝘵𝘦𝘮𝘰𝘴 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘰 𝘳𝘦𝘴𝘱𝘦𝘪𝘵𝘰, 𝘱𝘦𝘭𝘰𝘴 𝘳𝘶𝘴𝘴𝘰𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘢𝘮𝘢𝘮 𝘢 𝘴𝘶𝘢 𝘱á𝘵𝘳𝘪𝘢 𝘦 𝘵ê𝘮 𝘰𝘳𝘨𝘶𝘭𝘩𝘰 𝘦𝘮 𝘥𝘪𝘻ê-𝘭𝘰)

 Fechado este parêntesis, o que aqui está em causa, nada tem a ver com xenofobia ou qualquer coisa desse gênero. O que aqui está em causa, é a verdadeira agressão perpetrada pelos presidentes da câmara visadas, que sem quaisquer escrúpulos ou cuidado, designam ou mantêm a receber refugiados ucranianos, cidadãos russos que, na mente das mulheres, crianças e idosos, fugidos da guerra, são o invasor inimigo, que destrói e massacra, diariamente, as suas terras e as suas gentes, entre elas, pais, irmãos, sobrinhos, primos ou, simplesmente, amigos ou conhecidos. É acintosa a provocação, a gente tão vulnerável, como esta. Estamos no limiar de um crime praticado por estas autoridades, à luz do artigo 2.º, da Lei 34/87, de 16 de julho (Crimes de Responsabilidade). Por com grave violação dos deveres inerentes ao cargo.

Os danos já provocados, nos refugiados ucranianos, estão por apurar, mas ninguém duvide que poderão ser avassaladores. Por isso, a perda de mandato, para estes eleitos, é pena menor face à gravidade do crime praticado. Não se aceita tamanha insensibilidade, perante o horror daqueles que têm de fugir da sua terra para um «porto seguro» e deparam-se com armadilhas consciente ou inconscientemente montadas, nos países de acolhimento, neste caso em Portugal.

Todos os países de acolhimento, deverão estar empenhados em defender os refugiados que abandonam a Ucrânia, para evitar que quem foge à guerra caia nas mãos de redes de tráfico humano.

Não podem ser organismos estatais a promover e/ou facilitar estas práticas!...

 

 

 

domingo, 24 de abril de 2022

𝐄𝐦 𝐏𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐚𝐥 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐞𝐦 𝐅𝐫𝐚𝐧ç𝐚 (𝐎𝐬 𝐫𝐢𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐚 𝐝𝐞𝐦𝐨𝐜𝐫𝐚𝐜𝐢𝐚)

A França é um grande Estado de Direito democrático, há mais de duzentos e tal anos. Diz-se, até, com alguma propriedade, que o mesmo tem as suas raízes e inspiração nos ideais da revolução francesa. Daí para cá, com todas as vicissitudes políticas conhecidas, a França, periodicamente, vai a votos, para a escolha dos seus representantes, quer em eleições nacionais, regionais ou locais. A França elege, a nível nacional, o Presidente da República e o Parlamento. O sistema eleitoral francês, prevê que o dia anterior à eleição presidencial seja considerado para reflexão, com a proibição de campanhas eleitorais e de divulgação de sondagens de intenção de voto. Quer isto dizer, que a democracia em França não é uma democracia madura?

Vem isto a propósito de em Portugal, há uns tempo para cá, ter crescido o “exército de anti-dia de reflexão”, com argumentos que fariam corar de vergonha os franceses. Servem de exemplo, o que se ouviu e escreveu, como “agora que a era digital tomou definitivamente conta da comunicação social e da política”, não há razão para manter o dia de reflexão; ou, “o mais simples era acabar com o dia de reflexão” (Prof. Jorge Miranda). E justificou: “Já existe suficiente experiência eleitoral em Portugal para já não se justificar. Ainda por cima havendo agora a possibilidade do voto antecipado. É contraditório haver pessoas que votam em plena campanha eleitoral e outras que só votam depois do tal dia de reflexão”; também para o constitucionalista Bacelar de Vasconcelos, hoje em dia esta data “é perfeitamente dispensável”. E explica: “A ideia de impor uma pausa era uma preocupação que, em 1976, parecia adequada, atendendo a que estávamos a sair de um período agitado. A experiência mostra que isso já não ocorre e, por isso, penso que numa futura oportunidade haverá toda a conveniência em refletir sobre a necessidade de manter essa pausa”. A ideia de que o dia de reflexão parece ultrapassado é defendida também por politólogos e colunistas. Argumentos que ganharam peso em Portugal numa altura em que o sistema eleitoral se alterou para flexibilizar o voto por antecipação ou em mobilidade, que se tornou menos burocrático precisamente nas eleições europeias.

 As dúvidas sobre a sua utilidade têm vindo a aumentar, tendo em conta a omnipresença da propaganda política nas redes sociais, e a criação do voto antecipado. Em março do ano passado, a Iniciativa Liberal elaborou um projeto de lei visando acabar com o dia de reflexão, por entenderem que este dia representa um “paternalismo estatal”, e uma lei anacrónica. A 29 de janeiro de 2022, por ocasião do dia de reflexão das eleições legislativas de 2022, e aproveitando a habitual mensagem de apelo ao voto, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu a “oportuna reponderação” do dia de reflexão na véspera das eleições, que considera ter sido pensado para "outra época e outras preocupações".

Não há dúvida, que a maioria dos políticos portugueses, incluindo o PR, têm uma visão limitada da história e surfam a onda do populismo, com impressionante à-vontade.

É o que temos …!

 

terça-feira, 19 de abril de 2022

𝐎 𝐂𝐄𝐑𝐂𝐎 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐁𝐀𝐑𝐃𝐄! – 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐕 (“𝐎 𝐑𝐚𝐭𝐨 𝐄𝐧𝐜𝐮𝐫𝐫𝐚𝐥𝐚𝐝𝐨”)

Na sua autobiografia oficial 'First Person', Putin, o cobarde, conta como certa vez encurralou um rato que, em resposta, o atacou. A sua vida e carreira viriam a ter muitos desses momentos de “rato encurralado” e isso moldou o outrora espião russo.

Putin, sente-se, pois, como um “rato encurralado”. É a metamorfose perfeita entre o humano e o animal. “Ou nós ou eles”, é a sua palavra de ordem. É um maníaco do poder absoluto sobre todos os seus vizinhos diretos e indiretos. É um rato de esgoto, anafado e com penacho. É, já o tinha demonstrado, um criminoso de guerra. É senhor de um alegado exército mais forte do mundo, mas a verdade é que as suas investidas militares na Ucrânia são contra civis indefesos, blocos de habitação, escolas, hospitais e museus, arrasando tudo o que mexe, numa autêntica barbárie de guerra, espalhando o terror, aplicando o genocídio, mutilando civis, e, tal como a inquisição, queimando e torturando mortos-vivos, numa demonstração inequívoca de bando de criminosos deixados à solta, por uma estirpe governativa da pior espécie. Os relatos não enganam:

"Soldados russos saqueiam, violam e matam meninas de 10 anos [que apresentam] ferimentos vaginais e retais. [Há] Mulheres com queimaduras em forma de suástica. Rússia. Os homens russos fizeram isto. E foram mães russas que os criaram. Uma nação de criminosos imorais", escreve a deputada do partido liberal Holos, da Ucrânia.

O exército russo é comparável ao estado islâmico, na campanha deliberada para matar, torturar e violar, com fez em Bucha, cidade ucraniana onde dezenas de cadáveres foram descobertos após a retirada das tropas russas. O que se viu em Bucha não é o ato isolado de uma unidade desonesta. É uma campanha deliberada para matar, torturar, violar e cometer atrocidades. Isto é a ponta do iceberg. Mariupol e outras cidades ucranianas escondem terríveis situações de desumanidade e horror.

A desonra de um exército, como o russo, é quando usa todo o seu arsenal militar para matar civis e destruir cidades vilas e aldeias, deixando morrer à fome, à doença e à tortura quem persiste em não abandonar o que é seu. O exército russo, tem a liderá-lo um cobarde, Putin, que como todos os cobardes, revela fraqueza, é vil e trapaceiro. Esta cobardia travestida de valentia que a alguns (ainda) encanta ou engana, em especial os incautos, os menos esclarecidos ou os mais engenhosos, tem a sua expressão máxima, na atitude ignóbil do uso de bombas de fragmentação em ataques na Ucrânia e, sobretudo, de lançar minas terrestres, conhecidas por “minas-borboleta”, por via aérea junto a zonas de evacuação em cidades ucranianas.

O ex-presidente da Rússia Dmitry Medvedev‎, “homem de palha” de Putin, o cobarde, escreveu, que “O presidente russo Vladimir Putin estabeleceu firmemente o objetivo da desmilitarização e da desnazificação da Ucrânia. Estas tarefas complexas não devem ser levadas a cabo de um dia para o outro. E não serão resolvidas apenas no campo de batalha. Mudar a consciência sangrenta e cheia de falsos mitos de uma parte dos ucranianos de hoje é o objetivo mais importante. O objetivo é a paz das gerações futuras dos próprios ucranianos e a possibilidade de finalmente construir uma Eurásia unida, de Lisboa a Vladivostok. (sublinhado nosso)

Não se duvide que as intenções de Putin, sejam idênticas às de Hitler. Porém, Putin não tem a ambição de construir uma Eurásia unida, mas sim restaurar a União Soviética. Putin quer reconquistar para a federação russa, os antigos territórios e países, antes submetidos ao jugo soviético. Não é a NATO nem o Ocidente que são os inimigos principais de Putin, o cobarde. Os “inimigos” principais, são os povos que reconquistaram a sua independência, após a queda do “muro de Berlim”, e assim desejam permanecer, escolhendo o seu próprio destino baseados nas escolhas livres dos seus cidadãos.

Putin, o cobarde, não se conforma com a inexistência de um Lukashenko, em todos os países independentes, que estiveram na órbita da Rússia soviética.

Assim, quanto mais encurralado estiver, mais o cobarde, em desespero, usará de meios ignóbeis, como sejam as armas químicas e biológicas senão mesmo nucleares, para aniquilar os povos vizinhos.

A Europa não terá descanso, nem paz, enquanto Vladimir Putin e a sua guarda pretoriana, comandada pelo pouco recomendável Ramzan Kadyrov, chefe da República da Chechênia, e de devoção servil ao regime de Putin, seu “soldado raso”, e enviado para Ucrânia por Putin, onde praticou graves crimes de guerra e violações de direitos humanos nos subúrbios de Kiev e na cidade portuária sitiada de Mariupol, se mantiverem na órbita do poder na Rússia.

Pelos exemplos que se multiplicam, é bem possível que, um dia, as repúblicas do Donbass venham a ser lideradas por este tipo de amigos muito pouco recomendáveis de Vladimir Putin.

Hoje, todos conhecem a personalidade de Putin e aqueles que ele pretende para o seu séquito: desprezo pelos princípios democráticos, forte tendência autocrata, gosto pela usurpação, imunes aos direitos humanos, horror à diferença, tiques nacionalistas, inclinação para a violência, olhar crispado e, se possível, conhecimentos gerais no manuseio de armamento letal, são os atributos necessários para se ser amigo político de Vladimir Putin.

Termino com um episódio de guerra: “O comandante russo Yuri Medvechek, que comandava a 37.ª Brigada de Fuzileiros Motorizados, terá sido deliberadamente atropelado por um tanque, pelas suas próprias tropas na Ucrânia. A brigada terá decidido atropelar o comandante como consequência das “múltiplas perdas” que estava a sofrer na Ucrânia.” (sic)

 

P.S.: De acordo com uma publicação com sede na cidade síria de Deir Ezzor, a Rússia ofereceu aos voluntários daquele país entre 200 a 300 dólares (entre cerca de 180 a 270 euros) “para ir para a Ucrânia operar como guardas armados” durante seis meses.

 

 

 

 

 

   

   

 

 

 

 

sexta-feira, 15 de abril de 2022

𝐎𝐬 “𝐜𝐚𝐦𝐚𝐫𝐚𝐝𝐚𝐬” 𝐝𝐨 𝐏𝐂𝐏, 𝐩ó𝐬 𝟐𝟓 𝐝𝐞 𝐚𝐛𝐫𝐢𝐥 𝐝𝐞 𝟏𝟗𝟕𝟒!

Os militantes dirigentes e os dirigentes militantes do PCP, pós 25 de abril, são uns desenraizados político ideológicos, que vivem das “cassetes” do passado e dos sound bites do presente, sem referências ideológicas recentes a que se possam agarrar. Navegam, por isso, no limbo político/ideológico de um Maduro e de um Putin e, quando sendo necessário, de um Kim Jong-un. Estas “referências” são o que resta ao partido comunista português e aos seus “jovens” militantes e dirigentes que, como hoje se diz, constroem a sua narrativa em torno de um negacionismo democrático e plural de esquerda. Preferem erigir bandeiras de um passado não tão glorioso como isso a fazerem parte de uma solução política que o povo adira sem reservas. O caminho faz-se caminhando, como alguém dizia. A democracia, pluralista, ainda que imperfeita, é reconhecidamente melhor quer uma ditadura, seja do proletariado ou não. Os “jovens” militantes dirigentes do PCP, só conhecem esta realidade pelas “cassetes”, pelos livros ou pelos seus dirigentes “heroicos” em fim de jornada, como o estimável Jerónimo de Sousa. Estas “lendas”, ainda assim menores, comparadas com um Álvaro Cunhal, não são suficientes para dar substância e crédito ao PCP. Definham, não porque sejam vítimas de perseguição (como no passado), mas porque estamos no século XXI e as exigências atuais vão muito para além de uma luta do proletariado que hoje assume uma dimensão e realidade totalmente distintas. Não reconhecer isso, é negar uma evidência. Como alguém dizia o “proletariado” atual (provavelmente) começa nas “fábricas digitais e telemóveis” e não nas fábricas tradicionais de Marx. Querer fazer parte do presente e do futuro com ideias de um passado distante e sem brilho que os povos repudiaram, é um “faz-de-conta” intolerável para os desafios de hoje.

A Ucrânia está a sofrer. O povo ucraniano está a morrer. Na Ucrânia estão a ser praticados crimes de guerra. Um Estado de Direito não tolera o crime e a morte de pessoas inocentes (...) Que o desespero de uma nação massacrada vos pese na consciência”, lia-se, numa declaração enviada ao PCP.

Nós dizemos, nenhum país tem o direito de invadir militarmente outro país, seja por que razão for. Nenhum Putin tem o direito de querer impor aos países vizinhos o seu Lukashenko. Não há nenhuma razão válida para apoiar esta invasão militar da Rússia à Ucrânia. A NATO é (foi) um pretexto, tanto mais que se encontrava moribunda. “Bater em mortos”, foi o lema de Putin para desencadear esta guerra. Kiev é uma obsessão de Putin com Berlim foi uma obsessão de Stalin. Talvez os “camaradas”, ainda não se tenham apercebido disso…!

 

quinta-feira, 7 de abril de 2022

“𝐄𝐍𝐂𝐄𝐍𝐀ÇÃ𝐎”

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que em 24 de fevereiro de 2022, o exército russo tenha invadido a Ucrânia.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞, que a Ucrânia, desde a sua independência, em 1991, nunca mais deixou de infernizar a vida dos russos.

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que haja tanques de guerra da Rússia na Ucrânia.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞, que tanques ucranianos, passeiam-se pelas ruas das cidades vilas e aldeias

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que os russos estejam a disparar, diariamente, misseis sobre o território ucraniano.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞, que a Ucrânia, com o apoio do Ocidente, esteja a disparar diariamente misseis contra as suas próprias populações.

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que as tropas russas, estejam a atacar alvos civis e a matar civis ucranianos.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞, que o exército ucraniano, está a destruir as suas cidades e a matar a sua população

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que as tropas russas (que não invadiram a Ucrânia), depois de se retirarem dos arredores de Kiev, deixaram um rasto de morte e destruição em várias localidades, entre as quais a cidade de Bucha.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞, que foram as tropas ucranianas que encenaram o terror em Bucha.

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, a existência de um tenente-coronel russo que comandou o batalhão que ocupou a cidade, a que apelidaram do “carniceiro de Bucha”

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que as tropas russas tenham tenentes-coronéis, nas suas fileiras.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞, que as tropas ucranianas, está cheia de tenentes-coronéis

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que as tropas russas (que não invadiram a Ucrânia), tenham massacrado a população em Mariupol e outras cidades, na Ucrânia.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞, com diz Sergei Lavrov, ministro dos negócios estrangeiros russos, que o ataque à maternidade de Mariupol e a Bucha: "São campanhas de desinformação" do Ocidente.

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que haja repórteres portugueses, da RTP, SIC, TVI, CNN, CM, etc., a relatar diariamente os acontecimentos na Ucrânia.

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que estes repórteres tenham visto (ou estejam a ver), o que quer que seja, pois, os russos não invadiram a Ucrânia.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞 que a Ucrânia montou toda esta encenação, apenas para sacar dinheiro e armas ao Ocidente.

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞 que o Ocidente ajudou a Ucrânia a montar toda esta encenação, com recurso a imagens de outras guerras do passado.

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que haja refugiados da Ucrânia em Portugal, por causa da guerra, que não há.

É 𝐟𝐚𝐥𝐬𝐨, que haja refugiados da Ucrânia em França, Alemanha, Itália, Polonia, Moldávia, Hungria, Eslováquia, etc., etc., por causa da guerra, que não há.  

É 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞, que não se conhecem os motivos desta encenação!