É fantástico o efeito provocado na
“atmosfera” política, pelo afastamento repentino do agente poluente. Claro
que estou a falar da derrota de Trump, nas eleições norte-americanas.
Em matéria de combate à “poluição”,
já havíamos experimentado esta boa sensação, por más razões. Refiro-me, aqui,
ao confinamento provocado pela pandemia do Covid 19, que durante largo tempo,
manteve as cidades, vilas e aldeias fechadas, com o objetivo de conter a
propagação do vírus.
Houve, por isso, quem visse na
pandemia de covid-19 uma esperança para travar o iminente desastre climático de
origem antropogénica anunciado por muitos climatologistas.
Há paleoclimatologistas que
defendem que as pandemias têm sido um dos principais agentes a moldar a
atividade humana e, através desta, a mudança climática e que esse poder começou
a manifestar-se bem antes do século XX ou da Revolução Industrial.
No primeiro trimestre de 2020, devido
à quebra no consumo de petróleo, houve uma redução muito significativa de
emissões de gases poluentes que em conjugação com o abrandamento do consumo de
carvão, se estima que as emissões de CO2 podem reduzir-se este ano em cerca de
7%, um valor próximo do que o planeta devia atingir em 2020 com os esforços dos
países para cumprir o Acordo de Paris sobre alterações climáticas.
É, pois, consensual que o Covid-19
trouxe um alívio momentâneo ao ambiente.
A travagem a fundo da atividade
económica, das viagens aéreas e da vida em geral de milhões de pessoas afetadas
pela pandemia do novo coronavírus SARS-CoV-2 em vários países do mundo trouxe
uma momentânea redução da poluição e da emissão de gases com efeito de estufa
(GEE), nomeadamente do dióxido de carbono (CO2).
Será isto apenas e só um
intervalo? Ou tem de ser uma oportunidade? Tem de ser uma oportunidade.
Aceitemos, agora, sem grandes
polémicas, que Donald Trump foi um agente político poluidor dos nossos sistemas
democráticos, durante mais de quatro anos. Conseguiu tal proeza, porque
detinha o cargo de presidente da maior democracia do mundo, e como tal expelia em
maior quantidade e para todo o mundo, o maior número de parasitas e agentes
nocivos de que há memória (pós nazismo). A quantidade destes “infetados” que
germinaram com o “trumpismo”, é uma realidade indesmentível, já com
consequências desastrosas em alguns países, sendo o caso do Brasil o mais emblemático.
Também a Europa dos Salvini, Orban, Le Pen, Santiago Abascal, André Ventura e
tantos outros, sob a batuta do ideólogo do “trumpismo”, Steve Bannon, se
preparam para “infetar” as democracias dos seus países, a coberto desse manto
protofascista vindo das américas.
Aliás, no caso português,
acontecimentos recentes têm revelado sinais cada vez mais perturbadores de que
o internacionalismo de extrema-direita está
transformando o nosso país num alvo estratégico. A primeira porta, foi aberta no
meio do Oceano Atlântico.
Mas às democracias afetadas por
este “vírus” foi lançada uma “boia”, no passado dia 03 de novembro, chamada,
Joe Biden.
O mais aliciante do resultado das
eleições norte-americanas, contudo, foi o afastamento de Donald Trump essa
“bandeira” do internacionalismo de extrema-direita.
Realmente, a eleição dos
democratas para a Casa Branca, é um acontecimento extraordinário que poderá
servir de tampão ao avanço da extrema-direita, xenófoba, racista, populista e
anti-imigração.
Há muito trabalho a fazer na
contenção desta praga protofascista que pulula por aí e agora também no nosso
país e que aqui tende a disseminar-se, com a ajuda de outros partidos à direita
do sistema político partidário português
Poderá ter sido ganha uma batalha,
mas a “guerra” continua!...