segunda-feira, 21 de setembro de 2020

“𝐃𝐄𝐂𝐄𝐏𝐀𝐑 𝐎 𝐏É𝐍𝐈𝐒 𝐀𝐎𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐕𝐈𝐎𝐋𝐀𝐌 𝐄 𝐑𝐄𝐓𝐈𝐑𝐀𝐑 𝐎𝐒 𝐎𝐕Á𝐑𝐈𝐎𝐒 À𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐀𝐁𝐎𝐑𝐓𝐀𝐌”


No fim de semana que passou, em Portugal, Évora, houve uma convenção de herdeiros dos médicos de Auschwitz, que por razões de imbecilidade dos seus participantes apenas se debruçaram sobre aos órgãos sexuais dos homens e das mulheres, naturalmente, com a finalidade da “pureza da raça”. Estes imbecis, ganharam palco na dita convenção, beneficiando do facto de os seus colegas da eugenia negativa, não terem obtido palco para propagandear as suas teses de eliminação dos imbecis, das pessoas com problemas mentais, doenças contagiosas ou hereditárias. Se o tivessem conseguido, é evidente que estes imbecis, já não tinham podido exprimir as suas opiniões. Assim, foi um regabofe.

Estranhamente, ou não, dentro destas medidas radicais dos imbecis, não ouvimos falar de outros instrumentos de tortura usados antigamente e outros ainda hoje, como  o de cortar a mão a quem rouba, cegar a quem espreita, amputar a quem foge, cortar a língua a quem mente, cozer a boca a quem diz asneiras, queimar na fogueira o salafrário, aplicar o “cavalete” ao aldrabão e ao relapso, dar com o açoite aos inúteis, algemar os agiotas, apedrejar quem foi surpreendido/a em flagrante delito …, aplicar  o “berço de judas” aos delatores e a “berlinda” aos corruptos, aplicar o “ burro espanhol” aos fascistas, aplicar a “caixinha de pregos” aos sordevores do erário público, aplicar o “empalação” aos violadores de menores, aplicar o “estiramento” aos que enriquecem à custa dos outros, aplicar a “forquilha do herege” aos cristãos ateus, aplicar a “máscara da vergonha” aos difamadores, aplicar a “mesa de evisceração” aos predadores, aplicar a “pera” aos mentirosos, aplicar a “purificação dos pés” aos antidemocratas, aplicar o “quebra-joelhos” aos corruptores, aplicar o  “rato na gaiola” aos estripadores, aplicar a “roda alta” ao racismo, xenofobia e discriminação étnico-racial, “ aplicar o “touro de bronze” aos «homens de palha» e, finalmente, aplicar a “Virgem de Nuremberga” a todos aqueles que aderiram ao Chega.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

“𝑽𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒋𝒐𝒈𝒂𝒓 à 𝒔𝒖𝒆𝒄𝒂”?

Com crescimento exponencial dos infetados de Covid-19 em Portugal, quer agosto quer, sobretudo, nos primeiros dez dias de setembro, teremos de admitir que já estamos numa nova onda ou vaga, da pandemia.  É impressionante o número avassalador de novos infetados, que nos são dados a conhecer todos os dias. Agora já não são os lares, os ajuntamentos mais ou menos descontrolados, ou as comezainas familiares. Agora é o vírus em toda a sua expansão e potencialidades a fazer o seu caminho entre os humanos. Nada nem ninguém o pára. É impressionante o esforço que as autoridades de saúde tem feito para suster o vírus, mas este teima em se multiplicar sempre que se baixa a guarda. Nós somos os agentes transmissor, é certo. Mas que diabo, fora alguns excessos, anormais de alguns anormais (veja-se o que se passou no Santuário de Fátima, a 13 de setembro), a população portuguesa tem tido em geral um comportamento bem responsável e não merecedor desta subida exponencial. A que se deve, portanto? As explicações têm de vir de quem sabe.

Li parte da entrevista que o estratega de saúde público da Suécia deu ao New York Time, sobre o combate à pandemia no seu país, e o êxito, segundo ele, que terá sido conseguido. A Suécia tem 5846, mortes registadas e um número total de infetados na casa dos 86.505. Lembra-se que a Suécia não praticou o confinamento, não impôs o uso obrigatório da máscara, não fechou as atividades e escolas e assentou a sua política na responsabilidade social de cada um. Diz-se, que uma boa parte da estratégia assentou no “abandono” dos velhos. Para este responsável Sueco, o problema dos lares foi, realmente, o maior problema que tiveram desde o início.

Nós, Portugal, aqui no sul da europa, fizemos de maneira diferente. Confinamos, fechamos e impusemos o uso da máscara e outras medidas protetoras. Decretamos o Estado de Emergência, por duas vezes, e mantivemos outros estados de exceção mais brandos até à data. Até hoje registamos 1867 mortes e 63.983 casos de infeção.

Podemos dizer, que em termos de saúde pública a nossa estratégia foi muito mais eficaz do que a dos Suecos. Poupamos muito mais vidas e reduzimos bastante mais o risco de infeção.

Estamos mais bem preparados para o futuro, ou seja, para o embate de uma segunda vaga ou coisa do género? No que se refere aos Suecos segundo o referido responsável, a Suécia está muito mais bem preparada do que a Europa, em geral. No entanto, não é esta a opinião dos sues vizinhos, que temem os efeitos desta estratégia da Suécia no combate à pandemia.

Numa coisa, a Suécia está melhor do que todos os outros. Na equação delicada economia vs saúde. A queda do PIB da Suécia foi bastante inferior a todos os outros países europeus e a crise económico só afetou uma parte da população. Nisto eles são fortes.

“Amigos, amigos … negócios à parte”!...

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

𝑹𝒆𝒊𝒏𝒐 𝑼𝒏𝒊𝒅𝒐 𝒕𝒐𝒓𝒏𝒂 𝒂 𝒇𝒆𝒄𝒉𝒂𝒓 𝒐 𝒄𝒐𝒓𝒓𝒆𝒅𝒐𝒓 𝒂é𝒓𝒆𝒐 𝒄𝒐𝒎 𝑷𝒐𝒓𝒕𝒖𝒈𝒂𝒍

Isto, realmente, não faz nada bem à saúde económica de Portugal, mas temos de admitir que para a saúde pública, esta ausência forçada de ingleses em Portugal, poderá ser um bom contributo. Pena é que também compatriotas nossos sejam apanhados por este “carrocel” e fiquem impossibilitados de vir ou regressar a Londres ou outras cidades inglesas, sob pena de serem obrigados a uma quarentena de pelo menos 14 dias.

O nosso Presidente da República, já veio a terreiro considerar que o “Algarve injustamente punido com decisão de Londres". Isto é verdade. Das regiões mais afetadas em Portugal, pelo Covid-19, não se encontra o Algarve. Só que o Algarve não é território descontinuado de Portugal, como o são a Madeira e os Açores. E por isso, as autoridades inglesas parecem aplicar aquela velha máxima portuguesa (há muito em desuso), “…que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”. Ora, se os ingleses tomam as suas decisões com base nesta máxima, temos de concordar que acertam em cheio. Na verdade, a região de Lisboa e Vale do Tejo mantém-se como a região predominante quanto a novas infeções. Só que o Algarve não. E mais, o Algarve fica a mais de 280.000 metros da região de Lisboa e Vale do Tejo, mesmo na extremidade sul de Portugal e, portanto, a um distanciamento físico e social bastante assinalável, claramente superior aos 2 ou 4 metros, que as autoridades de saúde defendem. Saberão os ingleses isto? Não podemos exigir tal. Mas eles sabem (não estou a dizer as autoridades de saúde), que há voos direitos de algumas cidades inglesas diretamente para Faro, capital do Algarve. E sabem também, que o vírus do Covid-19 transmite-se, com base na evidência científica atual, principalmente através de: (i) contacto direto: - disseminação de gotículas respiratórias produzidas quando por exemplo, uma pessoa infetada tosse, espirra ou fala, e podem ser inaladas ou pousar na boca, nariz ou olhos de pessoas que estão próximas (< 2 metros) e; (ii) contacto indireto: - através do contacto das mãos com uma superfície ou objeto contaminado com o vírus e que, em seguida, contactam com a boca, nariz ou olhos.

Portanto, uma conclusão sólida podemos desde já tirar: Um avião que sobrevoe a região de Lisboa e Vale do Tejo cheio de turistas de várias as nacionalidades, incluindo inglesas, com destino a Faro, é impossível aos seus passageiros ficarem infetados com o Covid-19, por essa travessia. Isto é uma garantia dada pela ciência e pelos cientistas. Mas mais, todos os turistas estrangeiros, incluindo ingleses, que queiram vir passar férias ao Algarve, não têm de fazer escala em Lisboa, podendo ir diretamente a Faro e, em recurso, a Beja. Portanto, como diz um amigo meu, “Quer-se dizer…!”

Se isto serve para alguma coisa, duvido!... 

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

𝐄𝐝𝐮𝐜𝐚çã𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐚 𝐂𝐢𝐝𝐚𝐝𝐚𝐧𝐢𝐚 – “𝐚 𝐃𝐢𝐬𝐜𝐢𝐩𝐥𝐢𝐧𝐚 𝐩𝐨𝐫𝐧𝐨”?

Foi com estupefação que li que mais de 100 personalidades, entre as quais Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, subscreveram um abaixo-assinado pelo direito dos pais à objeção de consciência em relação à disciplina de Educação para a Cidadania. Ora, sendo a disciplina de Educação e de Cidadania, fiquei intrigado quanto aos conteúdos da Disciplina, e daí fui dar uma vista de olhos, e verifiquei o seguinte.

A Disciplina está dividida em três grupos. Um primeiro grupo onde constam: (I) Direitos humanos; (II) Igualdade de Género; (III) Interculturalidade; (IV) Desenvolvimento Sustentável; (V) Educação Ambiental; (VI) Saúde. Estes domínios do primeiro grupo, são obrigatório para todos os níveis e ciclos de escolaridade.

Depois temos um segundo grupo, obrigatório em pelos menos dois ciclos do ensino básico, com os seguintes domínios: (I) Sexualidade; (II) Media; (III) Instituições e Participação Democrática; (IV) Literacia Financeira e Educação para o Consumo; e (V) Segurança Rodoviária e o Risco.

Finalmente, temos um terceiro grupo, com aplicação opcional em qualquer ano de escolaridade, onde constam: (I) Empreendedorismo; (II) Mundo do Trabalho, (III) Segurança, (IV) Defesa e Paz; (V) Bem Estar Animal e (VI) Voluntariado.

Ora, lendo este currículo da Disciplina “Educação para a Cidadania”, não consigo entender o pedido de “objeção de consciência”, por parte dos pais. Afinal estes pais e estas personalidades querem proteger as crianças de quê? Da absorção de conhecimentos que incluem a prevenção e combate ao discurso de ódio? da prevenção e combate ao tráfico de seres humanos e direitos da criança? Das questões como a identidade e género, o desenvolvimento da sexualidade, os direitos sexuais e reprodutivos - prevenção de relações abusivas e a maternidade e paternidade - parentalidade responsável? Ou serão as questões do Empreendedorismo, do mundo do Trabalho, da Segurança, da Defesa e Paz ou do Bem Estar Animal e Voluntariado, que os incomoda?

É evidente que não somos ingénuos e percebemos que as matérias da sexualidade e igualdade de gênero são o “busílis” da questão. Como alguém escreveu, “E se estes domínios, que estão associados à disciplina de Cidadania estivessem distribuídos ou implícitos noutras disciplinas? (Alguns já estão). Teríamos então o direito enquanto portugueses de escolher os domínios que os nossos filhos devem ou não abordar nas aulas?

Comentário oportuno, sem dúvida.

Mas, o que é mais surpreendente é que em Portugal no passado distante ou recente nunca quaisquer pais ou personalidades defenderam o direito de “objeção de consciência” quanto a disciplinas que violavam (aparentemente) os seus credos e/ou convicções. Aliás, foi travada uma batalha dura e demorada para que Disciplinas que violentavam direitos constitucionalmente consagrados, passassem a ser opcionais.

Num trabalho publicado pelo CEDIS, da Universidade Nova de Lisboa, sobre a objeção de consciência, vem dito que “… o direito de objeção de consciência não pode ser utilizado de forma arbitrária, pois como vimos este direito pode gerar conflitos de igualdade, não podendo funcionar como criador de desigualdades injustificadas que permitam a obtenção de privilégios de isenção de cumprimento de alguns deveres jurídicos. Deverá também ser feita uma ponderação e um equilíbrio entre o direito do objetor e o direito da outra parte, devendo ser impostas medidas e deveres alternativos aos objetores que salvaguardem a imposição legal.”

Ora, o que estas personalidades pretendem não é o verdadeiro exercício de objeção de consciência, mas sim a apologia de "uma educação self-service", como escreve Carlos Alves, do “Observatório Político”. E é preciso saber que "formar cidadãos é diferente de formatar cidadãos". "Eu, eventualmente, até nem concordo com a lista de livros da disciplina de Português, que se esquece de literatura portuguesa contemporânea relevante, que é brilhante, e insiste na lírica camoniana, mas a educação não pode ser deixada à mercê do 'bitaite' e da arbitrariedade, isso é que é contraproducente".

"Se vamos questionar o papel do Estado, então também podemos questionar a sua competência para fazer menus para as cantinas escolares. Também não tenho o direito de encher as artérias de gordura, certo?", conclui este autor.

Como diz PEDRO VAZ PATTO (O Desafio da Liberdade de Consciência, in Voz da Verdade, 2013), “A tutela alargada da liberdade de consciência é um desafio para sociedades livres, abertas e pluralistas, cada vez mais multiculturais, que respeitam as minorias e rejeitam a imposição de um qualquer “pensamento único”. É um sinal de autenticidade e maturidade de sociedades que se pretendem assentes na liberdade e dignidade da pessoa humana".

Omitir no currículo escolar matérias das sociedades atuais é empobrecer a cultura democrática dos nossos jovens e dificultar-lhes a inserção neste mundo cada vez mais globalizado em que se derrubam diariamente barreiras e tabus.

Mas o mais curioso, é que estas personalidades para a fundamentação da sua objeção de consciência em relação à disciplina de Educação para a Cidadania citam, além da Constituição da República Portuguesa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, nem de propósito matérias obrigatórias da disciplina de Educação para a Cidadania.

“Tem Pai que é cego”!

domingo, 30 de agosto de 2020

𝐏𝐂𝐏 𝐩𝐞𝐫𝐝𝐞 𝐚 𝐀𝐦𝐨𝐫𝐚!

 A Amora é uma cidade e freguesia portuguesa do concelho do Seixal e distrito de Setúbal. Tem perto de 50.000, habitantes. Desses, 40 comerciantes, dizem que não vai abrir os seus estabelecimentos, durante os três dias de festa do Avante. Dizem que vale mais perder três dias do que perder três semanas. Será o período da quarentena, a que se referem? Deve ser.

Que dizer? A questão é aparentemente simples. Estamos no meio de uma crise pandémica e os médicos, cientistas e todos os outros, afirmam que, no estado atual do conhecimento, a melhor maneira de combater o Covid-19 é cumprindo três regras: a) afastamento físico (social); b) etiqueta respiratória; e c) uso de máscara. Isto, diz quem sabe, pelo menos enquanto não for descoberta uma vacina. É sob esta premissa que as entidades de saúde em Portugal têm persistentemente instruído a população e, salvo raras exceções, todos têm aceitado e cumprido, embora com enormes sacrifícios de toda a espécie, há mais de 5 meses.

Então porquê esta teimosia do PCP em querer realizar este ano a sua festa que é reconhecidamente muito popular e muito concorrida? Porquê sujeitar os seus simpatizantes, militantes e curiosos, a uma critica acérrima de grande irresponsabilidade, masoquismo e, quem sabe, de “cobaias” do vírus.

Não há nenhuma razão para o PCP insistir na “festa do avante” em plena pandemia. A “festa” não é para o “comité central”, que já não seria bom. É para, pelo menos, 30.000 pessoas, fora os provocadores e desordeiros “justicialistas” que não deixarão de tentar aparecer.

Se há partidos que não precisam de afirmação política, por motivos errados, é o PCP. Os próprios não perceberem isso é grave pois é o retorno ao tempo das bruxas ou do “comer criancinhas”.

O PCP ficar associado aos movimentos "anti-covid" organizados, neste último fim de semana de agosto, quer  na Alemanha, com slogans associados à extrema direita, quer em Londres onde se pediu o "fim da tirania médica" ou em França onde se pedia o fim das máscaras e a “favor da liberdade de escolha", não é, seguramente, o melhor cartão de visita.

“Eles são contra a utilização de máscara ou o cancelamento de eventos de massas.” Foi aqui que o PCP foi buscar a sua legitimidade? Não creio!...

sábado, 29 de agosto de 2020

𝐌𝐚𝐫𝐜𝐞𝐥𝐨 𝐑𝐞𝐛𝐞𝐥𝐨 𝐝𝐞 𝐒𝐨𝐮𝐬𝐚, 𝐚 “𝐧𝐚𝐝𝐚𝐫 𝐬𝐞𝐦 𝐩é” …

Acontece aos melhores!

Marcelo foi interpelado por uma cidadã, em plena feira do livro do Porto, com alguma contundência, mas sem agressividade. A senhora, à viva força, queria saber quem manda no país, se Marcelo se o governo. Também queria saber, porque é que o governo manda dinheiro para a Tap e para os hotéis e para as micro e pequenas empresas nada. A senhora insistia, mas porquê, senhor presidente. Marcelo, que há muito queria falar, mas a cidadã não fazia intervalo.

Entretanto, lá conseguiu dizer: “Eu dou-lhe a resposta. Porque o povo votou neste governo. Diga aos portugueses para votar noutros partidos”. “O Senhor Presidente consegue viver com € 588,00, responda-me? Ou quando entramos em pandemia, com € 300,00 consegue? Quer trocar, eu vou para a sua casa e o senhor vem para minha, quer?

 Este diálogo (monólogo), aqui resumido, que a cidadã fez questão de gravar e difundir foi, talvez, a primeira vez que eu vi Marcelo Rebelo de Sousa, com falta de resposta atempada. Marcelo, pura e simplesmente entupiu. De quando em vez só lhe vinha à mente o seguinte: “Diga aos portugueses para votarem noutros partidos”, “Diga ao povo para votar de forma diferentes nas eleições”. E foi assim, o monólogo. Marcelo não tinha resposta embora duvide que a cidadã o quisesse ouvir. Seja como for, Marcelo deu um ar de derrotado. Sem respostas convictas e democráticas. Nada. Só silêncio e algumas tentativas de fuga para a frente. Foi penoso de ver. Mas de quem é a culpa? De Marcelo, obviamente. Marcelo, nunca foi muito convincente em matéria de separação de poderes, sobretudo com o governo. Costa, com habilidade política que o caracteriza, deixou desde o início que tal acontecesse. Servia-lhe o objetivo da repartição de responsabilidades. Não havia cá “forças de bloqueio”, como outros reagiram. Aqui, nestes tempos, a estratégia era outra. Marcelo que se péla pelo palco, escorregou, como era esperado. Tudo corria às mil maravilhas mesmo em tempo de pandemia. Porém, como diz o poeta “Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco” e Marcelo, desprevenido que estava, não teve tempo de “pensar um pouco”.  Foi deprimente, confesso !

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

𝐎𝐬 𝐋𝐚𝐫𝐞𝐬, 𝐮𝐦𝐚 𝐪𝐮𝐞𝐬𝐭ã𝐨 𝐝𝐞 𝐬𝐚ú𝐝𝐞 𝐩ú𝐛𝐥𝐢𝐜𝐚. 𝐀 𝐡𝐢𝐩𝐨𝐜𝐫𝐢𝐬𝐢𝐚 𝐧𝐚𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥!

As narrativas saídas da pandemia do Covid-19 sobre os Lares, é de uma hipocrisia sem limites. A grande maioria dos portugueses de certa idade têm ou já tiveram familiares, amigos ou conhecidos em Lares. Certamente ainda terão hoje. Quem frequentou Lares de idosos, seja em visita ou noutra circunstância qualquer, sabia de saber feito, que na generalidade dos casos os Lares eram depósitos de idosos, com fraquíssimas condições de toda a espécie e de vigilância médica, pura e simplesmente, inexistente. Cada idoso “depositado” em Lar, recebia melhor ou pior tratamento quanto maior ou menor fosse a presença de familiares. Os Lares em Portugal (não sei como é no resto dos países), na sua esmagadora maioria, não têm pessoal especializado, para as diversas funções que são exigidas. O depósito de “velhos” sempre foram ignorados por todos. Instituições públicas, privadas, solidariedade social, familiares, enfim, como diria o outro, tudo o que mexe. Mas as autoridades de saúde nacionais, regionais e locais, também não andam por ali. E porquê? Porque esta área está entregue à Segurança Social, entidade a quem compete fiscalizar e acompanhar os ditos Lares. Os serviços de saúde ficam à margem, mas mal como se viu e vê. Só estão presentes para atestar o óbito. O subdelegado de saúde é uma entidade intermitente, no acompanhamento destes Lares. Há Lares onde nunca apareceu. Só assim se explica, por exemplo, que em Reguengos, a “grande maioria dos idosos tinha diversas patologias crónicas e várias agudizações recentes: múltiplos casos de desidratação, hipotensão, infeções urinárias, descontrolo glicémico; que desde que os doentes foram transferidos para o pavilhão, não houve apoio presencial de médico hospitalar (Medicina Interna), mantendo-se contacto telefónico quando é necessário transferir algum doente".

É claro que há responsabilidade da direção técnica da instituição, mas também das autoridades de saúde locais e centrais, pois não basta à DGS implementar normas e orientações. Alguém tem de fiscalizar. E aqui é que está o grande problema, que não se esgota na pandemia. A Segurança Social por si só não é competente para a tarefa ligadas aos Lares. Não chega uma vistoria e fiscalização inicial por parte da autoridade de saúde. Esta tem que estar permanentemente presente.

A grande hipocrisia deu-se agora em agosto de 2020. Desde o governo, a presidente da República, partidos com responsabilidade parlamentar e outras instituições públicas ou privadas, vêm agora clamar por uma maior fiscalização e acompanhamento dos LARES, sugerindo o presidente que “É preciso reforçar a coordenação entre os Ministérios da Segurança Social e da Saúde.” Já era senhor presidente. E não era preciso o Covid-19, para chamar a atenção para esta triste realidade. Aliás¸ volvidos mais de seis meses após o aparecimento do vírus, as autoridades com responsabilidade na matéria, incluindo privados, locais, regionais ou nacionais, acordaram para o problema. E vejam só, o senhor presidente está atónito com a quantidade de Lares ilegais. É arrepiante, que uma realidade que existe à décadas aos olhos de todos, seja novidade para os governantes deste país.

Este é o verdadeiro pasto para os inimigos da democracia e do Estado de Direito.

Sem querer ofender, vão-se lixar todos!....