sexta-feira, 28 de agosto de 2020

𝐎𝐬 𝐋𝐚𝐫𝐞𝐬, 𝐮𝐦𝐚 𝐪𝐮𝐞𝐬𝐭ã𝐨 𝐝𝐞 𝐬𝐚ú𝐝𝐞 𝐩ú𝐛𝐥𝐢𝐜𝐚. 𝐀 𝐡𝐢𝐩𝐨𝐜𝐫𝐢𝐬𝐢𝐚 𝐧𝐚𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥!

As narrativas saídas da pandemia do Covid-19 sobre os Lares, é de uma hipocrisia sem limites. A grande maioria dos portugueses de certa idade têm ou já tiveram familiares, amigos ou conhecidos em Lares. Certamente ainda terão hoje. Quem frequentou Lares de idosos, seja em visita ou noutra circunstância qualquer, sabia de saber feito, que na generalidade dos casos os Lares eram depósitos de idosos, com fraquíssimas condições de toda a espécie e de vigilância médica, pura e simplesmente, inexistente. Cada idoso “depositado” em Lar, recebia melhor ou pior tratamento quanto maior ou menor fosse a presença de familiares. Os Lares em Portugal (não sei como é no resto dos países), na sua esmagadora maioria, não têm pessoal especializado, para as diversas funções que são exigidas. O depósito de “velhos” sempre foram ignorados por todos. Instituições públicas, privadas, solidariedade social, familiares, enfim, como diria o outro, tudo o que mexe. Mas as autoridades de saúde nacionais, regionais e locais, também não andam por ali. E porquê? Porque esta área está entregue à Segurança Social, entidade a quem compete fiscalizar e acompanhar os ditos Lares. Os serviços de saúde ficam à margem, mas mal como se viu e vê. Só estão presentes para atestar o óbito. O subdelegado de saúde é uma entidade intermitente, no acompanhamento destes Lares. Há Lares onde nunca apareceu. Só assim se explica, por exemplo, que em Reguengos, a “grande maioria dos idosos tinha diversas patologias crónicas e várias agudizações recentes: múltiplos casos de desidratação, hipotensão, infeções urinárias, descontrolo glicémico; que desde que os doentes foram transferidos para o pavilhão, não houve apoio presencial de médico hospitalar (Medicina Interna), mantendo-se contacto telefónico quando é necessário transferir algum doente".

É claro que há responsabilidade da direção técnica da instituição, mas também das autoridades de saúde locais e centrais, pois não basta à DGS implementar normas e orientações. Alguém tem de fiscalizar. E aqui é que está o grande problema, que não se esgota na pandemia. A Segurança Social por si só não é competente para a tarefa ligadas aos Lares. Não chega uma vistoria e fiscalização inicial por parte da autoridade de saúde. Esta tem que estar permanentemente presente.

A grande hipocrisia deu-se agora em agosto de 2020. Desde o governo, a presidente da República, partidos com responsabilidade parlamentar e outras instituições públicas ou privadas, vêm agora clamar por uma maior fiscalização e acompanhamento dos LARES, sugerindo o presidente que “É preciso reforçar a coordenação entre os Ministérios da Segurança Social e da Saúde.” Já era senhor presidente. E não era preciso o Covid-19, para chamar a atenção para esta triste realidade. Aliás¸ volvidos mais de seis meses após o aparecimento do vírus, as autoridades com responsabilidade na matéria, incluindo privados, locais, regionais ou nacionais, acordaram para o problema. E vejam só, o senhor presidente está atónito com a quantidade de Lares ilegais. É arrepiante, que uma realidade que existe à décadas aos olhos de todos, seja novidade para os governantes deste país.

Este é o verdadeiro pasto para os inimigos da democracia e do Estado de Direito.

Sem querer ofender, vão-se lixar todos!.... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário