São muitos os sinais da ruína ou desagregação da
União Europeia (UE), tal como a conhecemos hoje. Sinais que nos vêm do campo
politico ou social até ao campo economico ou financeiro. Para uns, este colapso
da EU deve-se aos políticos das instituições europeias que são em grande parte
fruto das correntes mais neoliberais da Europa, desenraizados de projeto e
filosofia politica e amantes das economias de casino que durante largo tempo fizeram
luzir o euro nos mercados internacionais e nos grandes especuladores
financeiros. A grande economia global, protagonizada pela EU, traduziu-se na
proteção excessiva de “dois ou três” Estados-membros e do escoamento da sua
riqueza e produção em detrimento dos restantes Estados-membros, menos
protegidos pela União e mais dependentes da sua fraca riqueza. Afinal, o contrário
das normas fundadoras do Tratado Europeu. À regra da solidariedade e da
repartição justa, contrapôs-se a hegemonia dos Estados ricos, os seus gritantes
egoísmos, a suposta superioridade moral e os tiques totalitários e em alguns
casos, até, antidemocráticos.
Não admira, por isso, que à grande crise financeira
de 2008 (ainda não debelada), se assistam agora a fenómenos cada vez mais
crescentes de Estados-membros em violação clara das regras democráticas imanentes
ao estatuto de membros da união e aos seus pilares fundadores, tais como a
Hungria, Polónia, Áustria, etc., países estes que não hesitam em construir muros
e barreiras de fechamento dos seus países à entrada de migrantes fugidos das
guerras que se instalaram nos seus países e por arrasto, dificultando a livre
circulação de pessoas oriundas do espaço europeu, detetando-se, inclusive,
laivos de xenofobia e racismo, em flagrante violação dos tratados.
Perante tudo isto, menos admira, naturalmente, o que
parece ser o início da debandada.
Como refere recentemente um jornal italiano (QF Qui Finanza) “Dopo la suggestione olandese Nexit, e la concreta prospettiva
britannica detta Brexit, è ora il momento dei finlandesi e di 'Fixit'.”
Até a CNBC, publicou recentemente no seu 'site', o
seguinte: Ouvimos falar da 'Grexit' e da 'Brexit' para referir respetivamente à
ameaça da Grécia e da Grã-Bretanha deixarem a zona euro e a União Europeia. Mas agora há a
'Fixit' - a saída Finlandesa da moeda única. Uma forte petição de 50.000 pessoas forçou o
parlamento Finlandês a debater se devem sair do grupo de 19 países da zona
euro...”
O panorama na União Europeia é, pois, neste momento o
seguinte: Crise das dívidas públicas e dos défices excessivos; Excedentes
orçamentais e comerciais; Crise no acolhimento de migrantes: Barreiras à livre circulação
no espaço europeu; e Manifestações explícitas de saída da União ou do Euro.
Se a este quadro juntarmos o crescimento anémico ou inexistente
da economia europeia, dos níveis de desemprego preocupantes, das crescentes
bolsas de pobreza, do aumento bastante significativo das cantinas sociais,
podemos concluir que a Europa se aproxima perigosamente de roturas explosivas
de consequências imprevisíveis, mas historicamente previsíveis.
Urge pegar nas palavras do Papa Francisco que “considera atual o projeto dos fundadores da
Europa, cuja identidade é e sempre foi dinâmica e intercultural e que aposta na
construção de pontes e não de muros.”