É deprimente verificar a
palhaçada que é isto tudo, quando um dos órgãos de soberania se lembra de
paralisar o regular funcionamento das instituições democráticas, após as
eleições de 04 de Outubro, último.
Mais deprimente ainda é verificar
que o papão dos credores internacionais e da europa e dos compromissos
assumidos por Portugal no seu seio, são facilmente postas em “standby” por um ato de um presidente da
República que já fez saber que até 5 (cinco) meses é um prazo bastante razoável
para a indigitação de um novo governo, ainda que se isso possa representar a
inexistência de um orçamento para o país o que parecia impensável na linguagem
das ameaças da coligação PáF e do seu mentor Cavaco Silva, por altura da
campanha eleitoral.
Hoje, é inequívoco que Portugal e
os portugueses só têm que “esperar
sentados”. Cavaco não tem pressa em dar posse a um novo governo e muito
menos a um governo do PS com apoio parlamentar do PCP/PEV e Bloco de Esquerda.
Também a Europa, terá que “esperar sentada”. Não terá orçamento
prévio para analisar e terá que se contentar com a rebeldia do presidente
Cavaco. Se não gostam, paciência.
Pena é que os portugueses se
tivessem deixado enganar por esta ladainha dos credores internacionais e dos
compromissos europeus como ameaça ao seu livre exercício do voto. A chantagem
do presidente, durante tempos a fios, designadamente, no último aniversário do 25
de Abril que vociferava que "Ao fim
de quatro décadas de democracia, os agentes políticos devem compreender, de uma
vez por todas, que a necessidade de compromissos interpartidários é intrínseca
ao nosso sistema político e que os portugueses não se reveem em formas de
intervenção que fomentam o conflito e a crispação e que colocam os interesses
partidários de ocasião acima do superior interesse nacional", veio-se hoje
a provar ser um embuste dada a dificuldade epidérmica manifesta em dar posse a
um governo do PS com apoio parlamentar à esquerda.
Embora o nosso regime de governo seja
semiparlamentar a verdade é que em situações como as atuais, quase que se
transforma num presidencialismo absoluto com equivalência apenas na América
Latina.
Como nos estamos a aproximar do
natal, época tradicional para ir ao circo com as crianças ou mais velhos,
devemos respeitar as tradições e não embarcar nestas palhaçadas do presidente
da República, feitas fora do espaço circense.
Poderemos não ter governo até lá
(e o mais certo é não ter), mas circo há de certeza absoluta e com palhaços a
sério!...
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