Um governo de gestão é
"claramente inconstitucional" e uma "fraude à Constituição".
Quem o diz é o constitucionalista Jorge Reis Novais em declarações ao
“Económico” no passado dia 26 de Outubro.
E porque é que esta questão se
está a pôr numa altura em que o PS trabalha uma solução de maioria absoluta
parlamentar e de governo para contrapor à maioria relativa parlamentar e de
governo emergente da coligação de direita PáF?
Pela razão simples que o
presidente da República tem dito e escrito que não dá posse a um governo do PS
assente nos partidos de esquerda BE e PCP.
Embora inicialmente Passos Coelho
viesse dizer que não contassem com ele para um governo de gestão, a verdade é
que hoje (04-10-2015), os jornais faziam eco da nova disposição de Passos, o
qual terá afirmado que continuará em gestão “até ser substituído”. Como alguém
dizia é o “irrevogável 2”.
Curiosamente um putativo
candidato a um cargo de governo (tipo Lomba), perguntava ontem no jornal “Público”,
“Quem tem medo de um governo de gestão”?
Creio que esta situação persiste
confusa, pela posição baça do PCP. Na
verdade, às declarações estrondosas de Jerónimo de Sousa, após as eleições de
04 de outubro, “António Costa só não
forma governo se não quiser", o PS "só não forma Governo se não quiser" e “no quadro constitucional, nada impede o PS
de formar governo, apresentar o seu programa e entrar em funções”. Para tal, o
Partido Socialista tem o apoio dos deputados comunistas, que “derrotarão
qualquer iniciativa” vinda do PSD/CDS com fim à formação de um Executivo,
têm-se seguido comportamentos negociais que indiciam o desconforto dos
comunistas na assunção efetiva das responsabilidades criadas pela sua aparente
abertura ao diálogo e compromisso, com vista à governação do país.
A entrevista dada por Jerónimo de
Sousa à TVI em 24/10 foi deprimente. Comentado e glosado nas redes sociais sem
parcimónia e até com alguma agressividade. Diz-se que Jerónimo não está à
altura do mandato que recebeu. Afinal, toda a ortodoxia do PC e dos seus
quadros mais antigos deixa-lhes pouca elasticidade para reconversões políticas
na área da democracia representativa, embora declarem vontade de o fazer.
Seja como for esta é uma
oportunidade histórica criada por António Costa e a sua vontade em romper com a
lógica do “arco da governação” centrado no PS e no PSD tendo com muleta o CDS.
Costa trouxe ao debate o espetro político ou partidário no seu conjunto e,
decisivamente, a participação das esquerdas nas responsabilidades governativas
do país.
Sabe-se que não era este o
consenso alargado a que se referia Cavaco Silva. Mas também se sabe que Cavaco
Silva, enquanto governante, sempre amputou da sua prática política uma parte
muito significativa de portugueses. Por isso, não há surpresas.
Aliás, Cavaco é passado!...
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