Portugal tem mais de oito séculos de história.
Portugal foi pioneiro da globalização nos séculos XV e XVI, tendo-se
tornado uma potência global que se mostrou ao mundo com "grandes virtudes".
"Foi muito importante a capacidade
de inovação dos portugueses. Em termos de liderança, Portugal introduziu
novidades não só técnicas, mas políticas que nortearam o processo de expansão e
globalização" (Professor da Universidade da Beira Interior, Tessaleno
Devezas, coautor do livro "As lições dos Descobrimentos", em conjunto
com Jorge Nascimento Rodrigues).
A sua adesão à então Comunidade Económica Europeia, em 1986, é o
corolário lógico do seu europeísmo e universalidade das suas gentes, que não
renegando Africa, Asia ou Brasil, regressa ao contexto geográfico e geopolítico
onde se insere.
Também aqui, Portugal, desde cedo, contribui com as suas vivências e “grandes virtudes” para uma União
Europeia cada mais de cidadãos e da cidadania europeia e para a concretização
do sonho do seu fundador, Jean
Monnet, político francês que dedicou a sua vida à causa da integração europeia,
e que proferiu a célebre frase “Mais do que coligar Estados, importa unir os homens”. Era no fundo
essa a ideia subjacente aos programas de intercâmbio cultural e educativo da EU,
que passaram rapidamente para segundo plano, perante as investidas com sucesso
dos “homens de palha” e das economias de casino, lideradas pelos
Estados-membros economicamente mais robustos e acolitados pelo BCE, com a
maquiavélica máquina burocrática de Bruxelas.
As regras da
solidariedade europeias rapidamente deram azo aos egoísmos. E com estes
desembocamos “sem paraquedas” na crise do “subprime”. Dadas as diversas
semelhanças entre as características das duas crises (a americana e a europeia),
os líderes europeus podiam ter aprendido muito com a experiência
norte-americana. Mas não o fizeram, pelo contrário.
Enquanto na
América, o combate, bem-sucedido, à crise financeira exigiu, quase de imediato,
uma forte dose de liquidez e posterior combinação de recapitalização e
reestruturação de dívida, a Europa tardiamente promoveu uma injeção de liquidez
para prevenir um colapso sistémico e ficou-se basicamente por ai. Por outro
lado, na América, o ponto de viragem surgiu com os testes de stress aos bancos no início de 2009. Aqui
os testes eram considerados credíveis; de facto, os resultados levaram as
autoridades norte-americanas a obrigar vários bancos importantes a aumentar o
seu capital. Pelo contrário, as autoridades europeias recusaram-se a testar o
cenário que o mercado mais receava: a existência de prejuízos nos créditos
concedidos aos bancos e governos da periferia da Europa. A reestruturação da
dívida dos bancos ou dos governos é politicamente inaceitável na Europa.
Ora, o
alívio da dívida criou menos problemas para os bancos norte-americanos porque
uma parte significativa dos créditos de alto risco apresentados como títulos
com classificação AAA foram vendidos a estrangeiros ingénuos. Assim, uma grande
parte dos prejuízos gerados por empréstimos de alto risco foi absorvida por
bancos do norte da Europa. Esses bancos deixaram de ter condições para suportar
os prejuízos relacionados com empréstimos concedidos aos países da periferia da
Europa. Esta situação deveria dar lugar a um sólido programa de recapitalização
e não a frágeis testes de stress.
“A Europa está a cometer um grave erro ao
permitir que dois fatores chaves em qualquer resolução de uma crise – a
reestruturação da dívida e verdadeiros testes de stress à banca – continuem a
ser um tabu.” (Daniel
Gros, director do Centro de Estudos Políticos Europeus, Project Syndicate,
2011), reconhecia o reputado economista.
É neste
pântano, que ainda persiste, que vem agora o líder parlamentar do Partido Popular
Europeu (PPE), Manfred Weber, em carta dirigida ao presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, pedindo-lhe, na prática, para aplicar sanções
aos países da zona euro que não tenham cumprido o défice de 3% em 2015,
nomeadamente Portugal e Espanha.
Este responsável lembra, que a
Comissão “tem um papel essencial em
assegurar a implementação do PEC” e “exorta
fortemente” a instituição presidida por Juncker a “assegurar uma implementação plena e coerente” das regras
orçamentais que todos os Estados-membros da UE se comprometeram a cumprir.
Escusado será dizer que pertencem ao PPE, nomeadamente, o PSD de Pedro
Passos Coelho e o PP de Mariano Rajoy. E é vice-presidente deste PPE, entre
outros, Paulo Rangel que
considerou que a sua eleição como vice-presidente do PPE dava "o dobro do
peso" ao PSD - e por inerência também ao CDS-PP. Está à vista!
Pela
fraqueza deste vice-presidente, pôs-se em campo Passos Coelho e Maria Luís
Albuquerque, ex-primeiro ministro da Troika e ministra das finanças, “contabilista certificada”, da mesma coligação.
Ambos
escreveram um carta para os burocratas de Bruxelas pedindo que Portugal não
seja alvo de sanções por aquilo que não fez em 2015 (não respeitar a meta dos 3%), embora admitam que tal possa acontecer por aquilo que presumem que vai ser o défice em 2016. Espantoso!
É que para Passos
Coelho o défice (de 2015. Repito, 2015!) foi cumprido e a culpa é de António Costa
por causa do Banif.
Ora,
Bruxelas pondera sancionar Portugal pelo défice de 3,2% e não pelos 4,4%, com
Banif.
É caso para
dizer, que neste caso os Governantes PáF, designadamente, Passos Coelho, Paulo Portas
e Maria Luís Albuquerque, deveriam ser condenados pelo crime de
responsabilidade dos titulares de cargo políticos, ao abrigo da Lei n.º 34/87,
de 16 de julho, na última redação da Lei n.º Lei n.º 30/2015 de 22 de abril.
E aos
responsáveis de Bruxelas a quem o governo anterior fez tudo aquilo que eles
achavam que era necessário fazer para cumprir a meta do défice, concretamente,
através de uma austeridade e empobrecimento do país sem quartel e sem
resultados, deveriam eles ser igualmente responsáveis civil e criminalmente
pela conduta dolosa praticada.
Porém, o
grau de impunidade de toda esta gente é absolutamente aterrador.
Estamos metidos
numa alhada, não há dúvidas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário