“Que não atinge o limiar da consciência, mas pode ter efeitos a nível subconsciente”, isto é o que dizem os homens (e mulheres) da psicologia. Eu, que sou um assinante do jornal o Expresso, nos últimos tempos (anos?), leio alguns artigos dos articulistas com alguma desconfiança, pois fico sempre com a ideia que, por detrás daqueles escritos, existe uma intenção que está para além do que está escrito. Passa-se muitas vezes, com os artigos de João Vieira Pereira, atual Diretor do jornal, e não foge à regra o seu artigo, publicado no mencionado jornal, em 07/11/2020. Intitula-se, “Alguém que dê um murro na mesa”.
Queixa-se o
articulista “…do impacto do adiamento dos atos médicos [que] é
silencioso agora, não se vê e não se sente, mas no futuro próximo será bastante
audível e vidente”. Fico sempre confuso com estas análises e conclusões.
Esta gente, vive em que país? Terão a ideia do que se tem passado em Portugal,
desde março de 2020 até agora? Terá esta gente, porventura, beneficiária do Lay
off, alguma vez percecionado uma crise pandémica e os efeitos da mesma num país
pobre como Portugal? Terá esta gente, “inimiga” assumida, da intervenção do
Estado, quer na vida social quer na vida política e económica do país, ou seja,
apologistas do “Estado mínimo”, moral para exigir mais do SNS do que tem sido
feito até agora. Não será censurável e até condenável, que esta gente, “contagiosa”,
beneficiando de uma situação de crise de saúde pública, mantenham exatamente os
privilégios que tinham “ante-Covid-19”, à custa da delapidação de recursos
financeiros que bastante falta fazem, para a “prática dos atos médicos
silenciosos”, que certamente estão em falta. Mas estão em falta, não porque o
SNS os negue, mas porque, como é legitimo, os cidadãos se retraem em tempos de
pandemia. É o que dizem, todos os estudos efetuados. Há um perigo iminente, e
as pessoas tudo fazem para fugir dele, incluindo, não comparecer às consultas obrigatórias
ou aos tratamentos imprescindíveis. Só um mentecapto, não perceberá este
fenómeno. Miguel Esteves Cardoso, justamente, no Expresso de hoje, em
entrevista, diz “Não se consegue dar valor à vida sem passar pelo medo de
perdê-la”. Julgo saber do que ele fala, e creio que muitos de nós, afetados
pela crise do Covid-19, terá sentimento idêntico.
Nos últimos dias,
têm-se multiplicado as profecias dos “Professores Zandinga”,
relativamente à “catástrofe” do nosso Serviço Nacional de Saúde. É lamentável,
o coro de negacionistas do nosso SNS e do vazio de alternativas. É a teoria do “bota
abaixo”, mesmo em matéria de saúde publica. Alguém dizia que, dos jornalistas,
se pede a notícia e não a opinião. Essa temos nós.
Fazer esta
gente perceber isso, é obra!...
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