sábado, 21 de novembro de 2020

“𝐙𝐚𝐧𝐠𝐚𝐦-𝐬𝐞 𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐦𝐚𝐝𝐫𝐞𝐬, 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐨𝐛𝐫𝐞𝐦-𝐬𝐞 𝐚𝐬 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞𝐬”!

Em tempos de pandemia e perante esta unanimidade bafienta em torno do serviço nacional de saúde (SNS), a direita e a extrema direita, lembrou-se de montar o “acampamento cigano”, e vai daí envolveu-se numa zaragata entre “tendas”, nada apropriada para os tempos que correm, mas está nos genes desta gente. Nada a fazer. Protagonistas: Maria João Avillez, a decana do jornalismo da direta ultraconservadora, a quem abril deu a mão, mandou-se para cima de Henrique Raposo e outros, novéis militantes da direita neoliberal, por razões ligadas ao iliberalismo, matéria do agrado da decana. Também, João Miguel Tavares (JMT), se mandou para cima de Francis Mendes da Silva (CDS), igualmente por causa do iliberalismo, e também aqui, matéria do agrado do JMT.

É claro que a direita da “democracia cristã”, vê estes espúrios do iliberalismo, como uma emanação do protofascismo, xenófobo e racista, que pulula no espectro político-partidário português, através de um pequeno partido, com raízes no PRN, no Ergue-te e outros, liderados por um ex-PSD, que os incomoda, é bem de ver. E têm razão para isso.

Na verdade, enquanto a direita democrática teve líderes verdadeiramente competentes do ponto de vista político, o seu campo sempre esteve preenchido e era fonte natural das coligações à direita lideradas pelo PSD.

A descaracterização do CDS e a sua degradação progressiva seja ao nível da liderança seja ao nível programático, abriu brechas irreparáveis na sua estrutura, dando origem ao aparecimento de forças nacionalistas, populistas e antidemocráticas.

Estas forças, embora agrupadas num partido político, com assento parlamentar, não gozam de um apoio popular relevante e por isso, se combatidas eficazmente, não passarão de um epifenómeno incapaz de determinar ou influenciar qualquer alteração no sistema democrático português.

Porém, se os partidos do sistema democrático português, tiverem a veleidade, com teve o PSD, de estabelecer acordos ou quaisquer tipo de relacionamento com essas forças antidemocráticas é certo e sabido que, mais tarde ou mais cedo, o nosso sistema democrático estará ferido na sua essência e passará ter dentro de si a sua bactéria destruidora.

Rui Rio, pelos vistos, está disposto a arriscar.

 

  

domingo, 15 de novembro de 2020

𝐈𝐥𝐢𝐛𝐞𝐫𝐚𝐢𝐬, 𝐈𝐫𝐫𝐚𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐢𝐬, 𝐈𝐠𝐧ó𝐛𝐞𝐢𝐬 𝐞 𝐈𝐥𝐞𝐠𝐚𝐢𝐬

Agora que o porta-estandarte do protofascismo foi varrido da américa e esta retoma a sua decência democrática, abrem-se perspetivas muito animadores para a contenção ou até para o esvaziamento de algumas bolhas de extrema-direita xenófoba e racista, como aquela que se formou em Portugal, desde 2019, e que já mereceu o abraço do PSD Açoriano, com a «agremente» da estrutura nacional do partido. Este, foi um dos efeitos do “Trumpismo”. A perda da decência democrática. Em alguns países europeus, como Portugal, algumas forças democráticas, essenciais ao Estado de Direito Democrático, como é o caso do PSD, cansaram-se da democracia representativa e do fraco apoio que têm recebido da população, para ensaiarem “uma fuga pra a frente”, a reboque da extrema-direita fascista, xenófoba e racista. Os ventos que sopravam do outro lado do atlântico, estavam a favor. Havia um nevoeiro antidemocrático persistente que se alastrou pela Europa e pelo resto do mundo democrático, durantes os últimos quatro anos, e que permitiu o crescimento destas aberrações antidemocráticas. Com a queda de Trump, caiu o suporte ideológico que sustentou o aparecimento e manutenção destas forças antidemocráticas e constitui um rude golpe nas fontes de financiamento que alimentavam as atividades desta extrema-direita, xenófoba e racista.

Não tenhamos dúvidas, porém, os iliberais, irracionais, ignóbeis e ilegais, vão continuar a fazer o seu caminho, porque, infelizmente, as sementes foram lançadas e uma parte da sociedade desiludida e desesperançada, agarra-se a estes “vendedores de sonhos”, como se de uma “tábua de salvação” se tratasse. Os escribas, tentarão manter à “tono d’agua”, estes protofascistas e a direita mais reacionária infiltrada nos partidos do sistema, andarão de mãos dadas com eles. Mas tudo agora fica mais claro. Já não há um tonto na “casa branca”, a chapelar estes protofascistas. Tudo agora, fica mais doméstico. Rui Rio, já deu o mote!    

 

 

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

𝐑𝐔𝐈 𝐑𝐈𝐎 𝐝𝐢𝐳 𝐪𝐮𝐞 𝐚𝐢𝐧𝐝𝐚 𝐧ã𝐨 𝐂𝐇𝐄𝐆𝐀. 𝐐𝐮𝐞𝐫 𝐦𝐚𝐢𝐬!

 É um bocado obsceno falar-se (escrever-se) sobre ou a propósito do Chega. Até aqui, este partido de extrema-direita, xenófobo, racista, fascista, só era citado pela comunicação social, dos escribas, ou pelas redes sociais, onde o algoritmo comanda. Mais nada. Todos os partidos, de uma maneira geral, assistiram à chegada desta excrescência político partidária, com total desconfiança e até com algum temor, pois a democracia começava a ser minada por dentro. Todos resistiram, até aqueles que aparentemente se encontravam mais próximos. Era impossível partilhar espaços e opiniões com os detratores da democracia. Os iliberais, como agora hipocritamente se pretende denominar. Porém, o PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSD), cansado de esperar na oposição, decidiu dar uma a Chega. Vai daí, formaliza um acordo de incidência parlamentar nos Açores, com o Chega, em troca de conjunto de compromissos que (ao que veio a público), passa pela redução de mandatos no arquipélago, pelo reduzir (acabar?), com o rendimento social de inserção (RSI), pelo combate à corrupção e pela elaboração de um projeto de revisão constitucional regional. Rui Rio, aceitou. Afinal, o que é que estas propostas têm de fascistas? Gritou. Nada, ou quase nada, dir-se-ia!

Vamos a uma história.

“Nomeado chanceler do Reich em 30 de janeiro de 1933, Hitler, que considerava o cargo apenas um passo para a tomada do poder absoluto, começou imediatamente a montar um sistema ditatorial. Desfez-se rapidamente dos aliados que permitiram sua ascensão, reservando-se plenos poderes. Através de uma lei aprovada pelos partidos burgueses, proibiu todos os grupos políticos, com exceção do seu NSDAP. O Partido Social Democrata e o Partido Comunista foram dissolvidos, e os demais, forçados à autodissolução.”

Esta história não devia ser do desconhecimento de Rui Rio que tem formação germânica (Estudou no Colégio Alemão do Porto). Claro que lhe pode ter escapado!...

É de uma imprudência política a rasar a ignorância ou pior que isso é colocar em cheque todo o projeto político saído da revolução de abril de 1974. Rui Rio, líder do segundo maior partido político português, não tem o direito de fragilizar a democracia portuguesa com as suas alianças à extrema-direita, xenófoba, racista, fascista e violenta, realizadas em qualquer parte do território português. Não se trata, sequer, de ultrapassar ou não linhas vermelhas. Trata-se de ser conivente com a destruição do estado democrático. Isto não honra a memoria dos pais fundadores da nossa democracia. E é uma ofensa, para todos nós.

Rui Rio, deixou de merecer a consideração política que lhe era devida enquanto líder partidário do segundo maior partido da democracia.

Hoje faz parte dos detratores da democracia. Compete ao PSD, ainda sobrevivente, repudiar e desprezar estas alianças obscenas, que põem em perigo a democracia portuguesa.    

Haja, vergonha!

 

 

 

terça-feira, 10 de novembro de 2020

DESPOLUIÇÃO

É fantástico o efeito provocado na “atmosfera” política, pelo afastamento repentino do agente poluente. Claro que estou a falar da derrota de Trump, nas eleições norte-americanas.

Em matéria de combate à “poluição”, já havíamos experimentado esta boa sensação, por más razões. Refiro-me, aqui, ao confinamento provocado pela pandemia do Covid 19, que durante largo tempo, manteve as cidades, vilas e aldeias fechadas, com o objetivo de conter a propagação do vírus.

Houve, por isso, quem visse na pandemia de covid-19 uma esperança para travar o iminente desastre climático de origem antropogénica anunciado por muitos climatologistas.

Há paleoclimatologistas que defendem que as pandemias têm sido um dos principais agentes a moldar a atividade humana e, através desta, a mudança climática e que esse poder começou a manifestar-se bem antes do século XX ou da Revolução Industrial.

No primeiro trimestre de 2020, devido à quebra no consumo de petróleo, houve uma redução muito significativa de emissões de gases poluentes que em conjugação com o abrandamento do consumo de carvão, se estima que as emissões de CO2 podem reduzir-se este ano em cerca de 7%, um valor próximo do que o planeta devia atingir em 2020 com os esforços dos países para cumprir o Acordo de Paris sobre alterações climáticas.

É, pois, consensual que o Covid-19 trouxe um alívio momentâneo ao ambiente.

A travagem a fundo da atividade económica, das viagens aéreas e da vida em geral de milhões de pessoas afetadas pela pandemia do novo coronavírus SARS-CoV-2 em vários países do mundo trouxe uma momentânea redução da poluição e da emissão de gases com efeito de estufa (GEE), nomeadamente do dióxido de carbono (CO2).

Será isto apenas e só um intervalo? Ou tem de ser uma oportunidade? Tem de ser uma oportunidade. 

Aceitemos, agora, sem grandes polémicas, que Donald Trump foi um agente político poluidor dos nossos sistemas democráticos, durante mais de quatro anos. Conseguiu tal proeza, porque detinha o cargo de presidente da maior democracia do mundo, e como tal expelia em maior quantidade e para todo o mundo, o maior número de parasitas e agentes nocivos de que há memória (pós nazismo). A quantidade destes “infetados” que germinaram com o “trumpismo”, é uma realidade indesmentível, já com consequências desastrosas em alguns países, sendo o caso do Brasil o mais emblemático. Também a Europa dos Salvini, Orban, Le Pen, Santiago Abascal, André Ventura e tantos outros, sob a batuta do ideólogo do “trumpismo”, Steve Bannon, se preparam para “infetar” as democracias dos seus países, a coberto desse manto protofascista vindo das américas.

Aliás, no caso português, acontecimentos recentes têm revelado sinais cada vez mais perturbadores de que o internacionalismo de extrema-direita está transformando o nosso país num alvo estratégico. A primeira porta, foi aberta no meio do Oceano Atlântico.

Mas às democracias afetadas por este “vírus” foi lançada uma “boia”, no passado dia 03 de novembro, chamada, Joe Biden.

O mais aliciante do resultado das eleições norte-americanas, contudo, foi o afastamento de Donald Trump essa “bandeira” do internacionalismo de extrema-direita.

Realmente, a eleição dos democratas para a Casa Branca, é um acontecimento extraordinário que poderá servir de tampão ao avanço da extrema-direita, xenófoba, racista, populista e anti-imigração.

Há muito trabalho a fazer na contenção desta praga protofascista que pulula por aí e agora também no nosso país e que aqui tende a disseminar-se, com a ajuda de outros partidos à direita do sistema político partidário português

Poderá ter sido ganha uma batalha, mas a “guerra” continua!...

 

 

 

 

 

 

domingo, 8 de novembro de 2020

𝐀𝐬 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐚𝐬 𝐎𝐫𝐝𝐞𝐧𝐬 𝐏𝐫𝐨𝐟𝐢𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧𝐚𝐢𝐬 𝐞𝐬𝐭ã𝐨 𝐞𝐦 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐧𝐞𝐠𝐚çã𝐨

 Só num Estado de Direito Democrático, são explicáveis as declarações de estados de exceção e muito mais quando se está perante uma crise muito grave de saúde pública e se percebe que a sua contenção passa por restrições de alguns direitos individuais. Afinal, só serão admissíveis restrições aos direitos individuais quando as mesmas servirem para proteger bens maiores, como são os direitos de todos à saúde.

 

No conflito entre o direito individual e o coletivo à saúde pública, deve prevalecer o dever (constitucional) do Estado de proteger a população.

 

Repito, esta questão (colisão de direitos), só se põe em Estados de Direito Democráticos, como é o português, na medida em que o exercício do poder público está submetido a normas e procedimentos jurídicos que permitem ao cidadão acompanhar e eventualmente contestar a legitimidade das decisões tomadas pelas autoridades, o que significa que o exercício do poder baseiase na participação popular.

 

Em princípio todos sabemos isto e uma esmagadora maioria de nós, entende que assim deve ser. Porém, há uma minoria, que inclui alguns responsáveis das ordens profissionais, que teimam em desvalorizar a pandemia e a pretender sobrepor direitos individuais aos direitos de todos à saúde.

 

Afinal estes “negacionistas” que se apresentam como guardiões das liberdades individuais, são os mesmos que recusam a participação “excessiva” do Estado, na resolução dos problemas de saúde pública, com que o país está confrontado. Também aqui, o mercado (de saúde?), seria o competente para gerir a pandemia, como se depreende. Claro que não é verdade.

 

É público que se não fosse a existência do SNS, os portugueses estariam à sua sorte nesta pandemia com resultados, absolutamente dramáticos. E, é um facto. Na primeira fase da pandemia, não houve solidariedade dos serviços de saúde privada no combate ao Covid-19.

 

É que Portugal, no combate à pandemia, nem sequer é original. Aliás, no mundo, não há nenhum país que tenha sido original nas medidas de combate ao vírus. Todos se acertam pela mesma diapasão. Há exceções, claro, e essas são dos que negam a existência do vírus. Líderes relutantes em adotar medidas para controlar a pandemia como Trump, Bolsonaro, Boris Johnson e outros enfrentam agora um número recorde de afetados pelo coronavírus. Esta atitude ostensiva de pôr em perigo a saúde publica naqueles países, devia ser objeto de condenação internacional, pois o que eles fizeram assemelha-se muito a genocídio.

 

Foram estes líderes que inspiraram (e ainda hoje inspiram) esta minoria negacionista em Portugal. Sorte a nossa, que um deles desaparecerá de cena brevemente.

 

Mas atenção, prevê-se um agravamento significativo da situação epidemiológica no nosso país que pode levar à rotura dos serviços públicos de saúde. Nessa altura, todos estes “Zandinga”, vão estar de “faca afiada”, se tiverem a sorte de sobreviver à pandemia.

 

Acabo com esta pérola de um Ricardo Arroja no Twitter: “Vou sair com a família e aproveitar o domingo em liberdade. Enquanto o Governo não perde de vez o bom senso. O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente, e a banalização do Estado de Emergência só serve para facilitar a vida ao Governo. Recuso.

 

Afinal, isto da pandemia é uma questão de poder. Sim senhor…!    

sábado, 7 de novembro de 2020

𝐒𝐔𝐁𝐋𝐈𝐌𝐈𝐍𝐀𝐑

 Que não atinge o limiar da consciência, mas pode ter efeitos a nível subconsciente”, isto é o que dizem os homens (e mulheres) da psicologia. Eu, que sou um assinante do jornal o Expresso, nos últimos tempos (anos?), leio alguns artigos dos articulistas com alguma desconfiança, pois fico sempre com a ideia que, por detrás daqueles escritos, existe uma intenção que está para além do que está escrito. Passa-se muitas vezes, com os artigos de João Vieira Pereira, atual Diretor do jornal, e não foge à regra o seu artigo, publicado no mencionado jornal, em 07/11/2020. Intitula-se, “Alguém que dê um murro na mesa”.

Queixa-se o articulista “…do impacto do adiamento dos atos médicos [que] é silencioso agora, não se vê e não se sente, mas no futuro próximo será bastante audível e vidente”. Fico sempre confuso com estas análises e conclusões. Esta gente, vive em que país? Terão a ideia do que se tem passado em Portugal, desde março de 2020 até agora? Terá esta gente, porventura, beneficiária do Lay off, alguma vez percecionado uma crise pandémica e os efeitos da mesma num país pobre como Portugal? Terá esta gente, “inimiga” assumida, da intervenção do Estado, quer na vida social quer na vida política e económica do país, ou seja, apologistas do “Estado mínimo”, moral para exigir mais do SNS do que tem sido feito até agora. Não será censurável e até condenável, que esta gente, “contagiosa”, beneficiando de uma situação de crise de saúde pública, mantenham exatamente os privilégios que tinham “ante-Covid-19”, à custa da delapidação de recursos financeiros que bastante falta fazem, para a “prática dos atos médicos silenciosos”, que certamente estão em falta. Mas estão em falta, não porque o SNS os negue, mas porque, como é legitimo, os cidadãos se retraem em tempos de pandemia. É o que dizem, todos os estudos efetuados. Há um perigo iminente, e as pessoas tudo fazem para fugir dele, incluindo, não comparecer às consultas obrigatórias ou aos tratamentos imprescindíveis. Só um mentecapto, não perceberá este fenómeno. Miguel Esteves Cardoso, justamente, no Expresso de hoje, em entrevista, diz “Não se consegue dar valor à vida sem passar pelo medo de perdê-la”. Julgo saber do que ele fala, e creio que muitos de nós, afetados pela crise do Covid-19, terá sentimento idêntico.

Nos últimos dias, têm-se multiplicado as profecias dos “Professores Zandinga”, relativamente à “catástrofe” do nosso Serviço Nacional de Saúde. É lamentável, o coro de negacionistas do nosso SNS e do vazio de alternativas. É a teoria do “bota abaixo”, mesmo em matéria de saúde publica. Alguém dizia que, dos jornalistas, se pede a notícia e não a opinião. Essa temos nós.

Fazer esta gente perceber isso, é obra!...

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

“𝐆𝐎𝐕𝐄𝐑𝐍𝐎 𝐒𝐎𝐌𝐁𝐑𝐀” … 𝐂𝐈𝐍𝐙𝐄𝐍𝐓𝐀!!!

 “Isto é mesmo gozar com quem trabalha”. Ora, reparem.

O programa televisivo “Governo Sombra” (GS), que nasceu inicialmente na TSF, como programa da rádio e, posteriormente, por força da compra da TSF pelo grupo TVI, passou a ser televisionado neste canal durante alguns anos. Depois, aparentemente, com base na «lei da oferta e da procura», a equipe do (GS) rumou à SIC, onde hoje “atua”, todas as sextas-feiras/sábados. Nada disto, merecia grandes apontamentos. já que se trata de atividades privadas, em televisões privadas e financiadas por privados. Será? Pois não é. E aqui é que está o busílis e o escândalo.

 

Quem se quiser dar ao trabalho de ler a página da internet do IMPIC (Instituto dos Mercados Públicos do Imobiliário e da Construção), sem ser exaustivo, constatará que, em 01/10/2019, em 16/10/2019 e  em 03/12/2019, foram celebrados contratos públicos de aquisição de serviços, com o objeto “Gravação do programa televisivo "Governo Sombra" no âmbito do …” , que se cifram no total de 50.000 euros, isto num universo de mais de 500.000 euros de contratos públicos de publicidade na TVI em 2019 e 2020. “Isto é mesmo gozar com quem trabalha”!

 

Claro que o “Governo Sombra”, já não está na TVI. Agora está na SIC, patrocinado pelo “Casinos Solverde”. Também aqui, “isto é mesmo gozar com quem trabalha”. Ora, vejam. Desde março de 2020, que os “Casinos Solverde” dos 1063 trabalhadores, que têm ao seu serviço, colocou em lay-off 947, ou seja, quase 100% da sua força de trabalho. Como se sabe o lay-off, representa uma despesa para o Estado (Segurança Social) e por trabalhador de cerca 70%, do salário de cada um. É fácil de ver, que uma empresa que coloque em lay-off, quase todos os seus trabalhadores, pode dar-se ao luxo de patrocinar um programa de televisão privado. Indiretamente (ou não, sabe-se lá), o Estado Português financia o patrocínio dos “Casinos Solverde” ao programa “Governo Sombra”, na SIC. Digam-me lá, se “Isto [não] é mesmo gozar com quem trabalha”?

 

Evidentemente, que não me movem quaisquer sentimentos negativos quer quanto ao programa, quer quanto aos seus intervenientes. Claro que fico incomodado, com aqueles que dentro do programa fazem a apologia neoliberal de direita radical, de negação do papel do Estado em “tudo o que mexa” e, vai-se a ver, auferem e acumulam rendimentos à custa da participação direita ou indireta dos dinheiros do mesmo Estado, nas suas diversas dimensões.

 

E ainda mais gritante é o facto de o Estado, em plena crise de saúde pública, canalizar recursos que não tem, com a finalidade de ajudar as empresas a manter os seus postos de trabalho e a sua atividade, e estes recursos serem desviados (direta ou indiretamente), para fins totalmente contrários à sua finalidade.

 

Este seria só por si razão e fundamento para retirar quaisquer apoios àquela entidade, não sei mesmo se com a obrigação de devolver tudo o que recebeu.

 

Quanto ao programa (GS) da SIC, que quer aqui quer na TVI tem recebido apoios diretos e indiretos do Estado, está na altura dos donos das respetivas estações televisivas, “fazerem-se à estrada”, e cativarem outros privados que sem a “bengala pública”, patrocinem os programas que muito bem entenderem.

 

Aos neoliberais de direita radical existentes no programa (GS), está na hora de se retratarem e rumarem à iniciativa privada (sem a “bengala pública”), ai ganhando o seu sustento sem se locupletarem à custa do Estado e daqueles que dele dependem.

 

 Digam lá, se “Isto [não] é mesmo gozar com quem trabalha” ?