Fiquei siderado com a noticia de hoje no “Publico”, replicada em quase todos os jornais, de um alegado “professor” de Direito Penal - Filipe Aguilar -, que terá proposto um conjunto de temas para o curso de mestrado, dos quais se destacam, “mulheres como “tribo vítima” e “canalhas”, “homem branco e cristão” como “tribo bode expiatório”, e um elogio à simbologia nazi.”.
Já não fiquei tão surpreendido, quando
na mesma notícia li que o “professor” está a ser julgado por crime de violência
doméstica, no Tribunal Criminal de Lisboa. Segundo o despacho de acusação do
Ministério Público, Aguilar foi acusado por uma sua ex-aluna – dez anos mais
nova – com quem teve uma relação em junho de 2015, e que terminou em 2016.
Nesta pronúncia são descritos atos de violência de toda a espécie, o que
permite caracterizar esta besta. É claro que para este energúmeno a “justiça [é
vista] como paródia dos esclavagistas”, sentenciando o apreço que demonstra por
este pilar do Estado de Direito Democrático.
Porém, o alvo desta aberração não
é apenas o feminismo. O “professor” critica a maçonaria, o feminismo, e o que
chama de “marxismo cultural”. Um dos
tópicos de um dos programas é: “A suástica, impante do triunfo da vontade da
nova deificada casta das senhoras, flutua orgulhosa no Ocidente: para lá do
círculo branco o cor-de-rosa substitui o vermelho”. Quem ler isto, pensará
que o “professor” perdeu a braçadeira…
Comparar as mulheres a pessoas
desonestas, “espertas” e canalhas, é também tema do seu “ensino”.
Felizmente que na academia, há
quem ponha em causa os programas deste “professor” que, segundo dizem, “colocam
em causa o sistema constitucional sem validade científica”. É um programa
opinativo. Não permite que um aluno que tenha uma visão diferente se consiga
rever e cumprir a unidade curricular” (Professora Inês Ferreira Leite).
Estou certo, também, que o
conjunto de personalidades da sociedade civil e religioso que subscreveram o
abaixo-assinado contra a disciplina de “Educação para a Cidadania e o
Desenvolvimento”, a saber, o ex-presidente Cavaco Silva, o ex-primeiro-ministro
Pedro Passos Coelho e o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, vão agora
e de uma forma igualmente audível pedir o fim das disciplinas, que o
“professor” aborda, como Julgar os agentes do “socialismo de género e
identitário” como se julgaram os crimes do Holocausto, estudar as mulheres como
“tribo vítima”, os “grupos LGBT” como “tribos aliadas”, e o “homem branco
cristão e heterossexual” como “tribo bode expiatório”. Encarar a “violência
doméstica como disciplina doméstica” e a “advocacia dita de género ou de
violência doméstica” como “do torto contra a família”.
Encarar a “violência
doméstica como disciplina doméstica”, causou-me bastante preocupação. Afinal,
o que é isso de “disciplina doméstica”?
Fui procurar na Wikipédia e
deparei-me, com a seguinte definição: “Disciplina doméstica” mais comumente se
refere como a prática da disciplina corporal totalmente consensual entre dois
parceiros adultos competentes em um relacionamento, mas também pode se referir
a punições corporais em casa, a violência doméstica, ou seja, um padrão de
comportamentos abusivos por um ou ambos os parceiros em um relacionamento
íntimo.
Diz a Wikipédia, que a violência
doméstica, não deve ser confundida com a disciplina doméstica Christian
(CDD), um conjunto de visões e práticas defendidas por alguns cristãos que
acreditam na consensual "disciplina doméstica", que também é
praticado com o pleno consentimento de ambos os parceiros em um casamento ou
relacionamento.
Agora sabemos o que é encarar a “violência
doméstica como disciplina doméstica”, para o “professor” Aguilar.
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