quinta-feira, 24 de setembro de 2020

𝐀 “𝐯𝐢𝐨𝐥ê𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐝𝐨𝐦é𝐬𝐭𝐢𝐜𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐝𝐢𝐬𝐜𝐢𝐩𝐥𝐢𝐧𝐚 𝐝𝐨𝐦é𝐬𝐭𝐢𝐜𝐚”?

Fiquei siderado com a noticia de hoje no “Publico”, replicada em quase todos os jornais, de um alegado “professor” de Direito Penal - Filipe Aguilar -, que terá proposto um conjunto de temas para o curso de mestrado, dos quais se destacam, “mulheres como “tribo vítima” e “canalhas”, “homem branco e cristão” como “tribo bode expiatório”, e um elogio à simbologia nazi.”.

Já não fiquei tão surpreendido, quando na mesma notícia li que o “professor” está a ser julgado por crime de violência doméstica, no Tribunal Criminal de Lisboa. Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, Aguilar foi acusado por uma sua ex-aluna – dez anos mais nova – com quem teve uma relação em junho de 2015, e que terminou em 2016. Nesta pronúncia são descritos atos de violência de toda a espécie, o que permite caracterizar esta besta. É claro que para este energúmeno a “justiça [é vista] como paródia dos esclavagistas”, sentenciando o apreço que demonstra por este pilar do Estado de Direito Democrático.

Porém, o alvo desta aberração não é apenas o feminismo. O “professor” critica a maçonaria, o feminismo, e o que chama de “marxismo cultural”.  Um dos tópicos de um dos programas é: “A suástica, impante do triunfo da vontade da nova deificada casta das senhoras, flutua orgulhosa no Ocidente: para lá do círculo branco o cor-de-rosa substitui o vermelho”. Quem ler isto, pensará que o “professor” perdeu a braçadeira…

Comparar as mulheres a pessoas desonestas, “espertas” e canalhas, é também tema do seu “ensino”.

Felizmente que na academia, há quem ponha em causa os programas deste “professor” que, segundo dizem, “colocam em causa o sistema constitucional sem validade científica”. É um programa opinativo. Não permite que um aluno que tenha uma visão diferente se consiga rever e cumprir a unidade curricular” (Professora Inês Ferreira Leite).

Estou certo, também, que o conjunto de personalidades da sociedade civil e religioso que subscreveram o abaixo-assinado contra a disciplina de “Educação para a Cidadania e o Desenvolvimento”, a saber, o ex-presidente Cavaco Silva, o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, vão agora e de uma forma igualmente audível pedir o fim das disciplinas, que o “professor” aborda, como Julgar os agentes do “socialismo de género e identitário” como se julgaram os crimes do Holocausto, estudar as mulheres como “tribo vítima”, os “grupos LGBT” como “tribos aliadas”, e o “homem branco cristão e heterossexual” como “tribo bode expiatório”. Encarar a “violência doméstica como disciplina doméstica” e a “advocacia dita de género ou de violência doméstica” como “do torto contra a família”.

Encarar a “violência doméstica como disciplina doméstica”, causou-me bastante preocupação. Afinal, o que é isso de “disciplina doméstica”?

Fui procurar na Wikipédia e deparei-me, com a seguinte definição: “Disciplina doméstica” mais comumente se refere como a prática da disciplina corporal totalmente consensual entre dois parceiros adultos competentes em um relacionamento, mas também pode se referir a punições corporais em casa, a violência doméstica, ou seja, um padrão de comportamentos abusivos por um ou ambos os parceiros em um relacionamento íntimo.

Diz a Wikipédia, que a violência doméstica, não deve ser confundida com a disciplina doméstica Christian (CDD), um conjunto de visões e práticas defendidas por alguns cristãos que acreditam na consensual "disciplina doméstica", que também é praticado com o pleno consentimento de ambos os parceiros em um casamento ou relacionamento.

Agora sabemos o que é encarar a “violência doméstica como disciplina doméstica”, para o “professor” Aguilar.

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