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domingo, 29 de março de 2020
O regresso da Troika?
O ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors advertiu ontem que a falta de solidariedade representa "um perigo mortal" para a Europa, após um Conselho Europeu extraordinário por causa da atual pandemia que evidenciou divisões entre os parceiros europeus, ao não terem conseguido um consenso para a criação de um instrumento comum de emissão de dívida para apoiar os esforços dos países mais afetados pela pandemia do Covid-19.
As divisões são velhas e conhecidas, tendo tido a sua expressão mais aguda na crise do “subprime” onde, tal como agora, Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia, bloquearam um plano solidário e mutualista no seio da União, na altura, através dos chamados “eurobonds”, para salvar os países da bancarrota, preferindo ser cúmplices do mecanismo de resgate vexatório, explorador e ganancioso, para os países em crise, acabando aqueles países do norte da europa, por beneficiar com os ditos resgates, já que os seus bancos participaram na “solução”.
Este indecoroso e vexatória comportamento dos países do norte da europa na crise financeira de 2007/2008, lançaram a dúvida mais que legítima sobre os seus verdadeiros propósitos quanto ao projeto europeu.
Hoje, atravessamos uma crise sem precedentes na história da UE que afeta toda as sociedades, colocando à prova governos e estado social. Uma crise diferente da que vivemos há uma década, cujos efeitos foram mais diferenciados e graduais. E como respondem estes países? Da mesma forma, ou seja, propõem que os países mais afetados pela pandemia, recorram às linhas de crédito do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), isto é, cada Estado-membro mais afetado pela pandemia, individualmente, pedirá o acesso a essas linhas de crédito com o risco de condicionalidades associadas (“todos nos lembramos que o uso de um mecanismo semelhante desenhou os programas das troikas, o que nos suscitaria receios sobre austeridade pós-crise”, Margarida Marques, da Comissão Orçamentos no Parlamento Europeu, ex-Secretária de Estado dos Assuntos Europeus ).
Portanto, o que estes países propõem é o regresso da Troika aos países mais afetados pela pandemia do Covid-19. Para já, Itália, Espanha e França e, porque não, Portugal.
Estes países, segundo os guardiões da Europa do Norte, não estão a saber lidar com a pandemia, gastando “rios de dinheiro” com os velhos, por isso, devem ser “investigados por alegarem não ter margem orçamental para fazer face à pandemia da covid-19.”
A solução está, pois, na chamada da Troika, de novo!
Ao ler isto lembrei-me de repente, da figura satírica criada por Rafael Bordalo Pinheiro ...
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