PORTUGAL NA ENCRUZILHADA DA
HISTÓRIA - PARTE II
Escrevi aqui, em 15 de maio passado, portanto antes das eleições, que
Nem duas semanas passaram e as
forças mais antidemocráticas do espetro politico português, vencedoras das
eleições, conjuntamente com os neoliberais de pacotilha, propõem revisões
constitucionais que vão desde, a revisão do preambulo da Constituição, há redução
do numero de deputados, á instauração da prisão perpétua, a castração química, à
revisão do estatuto do SNS e do Estado Social, com especial destaque para as
prestações sociais, à imigração, ao preconceito, enfim à descaracterização do
regime democrático saído do 25 de Abril de 1974.
Portugal enfrenta hoje um cenário político complexo e inédito após as eleições legislativas de 18 de maio de 2025, marcadas pelo crescimento da extrema-direita, o declínio histórico da esquerda e a persistência de um Parlamento fragmentado. Este momento representa um ponto de viragem na democracia portuguesa, com implicações profundas para a governabilidade e o equilíbrio de poder.
Pela primeira vez, PS e PSD (integrado na AD) não detêm dois terços do Parlamento, sinalizando o colapso do sistema bipartidário que dominou Portugal desde 1974. A ascensão do Chega, que quintuplicou sua representação desde 2019, reflete, o descontentamento com a imigração e a economia: O partido capitalizou frustrações com políticas de imigração, custo de vida e corrupção, usando retórica anti-establishment e alinhada ao trumpismo. Eleitores no sul do país, outrora fiéis à esquerda, migraram para o Chega, especialmente em regiões rurais e periféricas.
Avizinha-se instabilidade económica, com reformas estruturais, como a exploração de lítio e a privatização da TAP, podendo ser adiadas, comprometendo fundos da UE.
A normalização da extrema-direita,
desafia os valores democráticos, pressionando as políticas anti-imigração e
conservadoras, com sério risco de radicalização, uma vez que a fragmentação
partidária e a polarização vão alimentar discursos populistas, como visto no
aumento de «fake news» durante a campanha
Em suma, Portugal enfrenta um dilema entre a “continuidade de um governo frágil” e a “tentação de soluções autoritárias”. A incapacidade das esquerdas em se unir e a rejeição da AD ao Chega deixam o país numa encruzilhada histórica, onde o diálogo e o pragmatismo serão essenciais para evitar o colapso institucional. Como observado por alguns analistas, "o sistema político português saiu destas eleições destroçado" – e sua reconstrução exigirá mais do que promessas eleitorais.
Um Novo Capítulo se abre na Democracia Portuguesa