segunda-feira, 7 de abril de 2025

 LIMPEZA ÉTICA – A OPORTUNIDADE PERDIDA?

Cada eleição antecipada, tem a sua história. A que vem aí, é fruto de uma promiscuidade entre a atividade política e atividade pessoal e profissional do primeiro-ministro, que levou à sua queda. O mais incompreensível é, conhecendo-se o que se conhece, Luís Montenegro, usar das regras da democracia para sufragar o seu comportamento, ou seja, submeter o governo de Portugal a uma moção de confiança, para legitimar comportamentos individuais do primeiro-ministro, encontrando-se estes desligados da governação. Falta de vergonha, só pode ser. Luís Montenegro, atingiu o ridículo ao usar um órgão de soberania, para cobrir as suas atividades privadas, intrinsecamente beneficiárias do seu trajeto político, até à denuncia, e só esta serviu para estancar a hemorragia de dinheiros públicos, semipúblicos ou privados, canalizados para a sua atividade individual e/ou familiar.

Pacheco Pereira, comenta que a apresentação de uma moção de censura por Montenegro foi um suicídio político. Aparentemente sim. Mas tudo indica que Montenegro estava (está) convencido de que nada de errado fez, por usar e abusar da sua condição político partidária, ao longo dos anos, para dai extrair benefícios pessoais e familiares. Uma situação muito comum, nos chamados advogados/políticos. Estão na política para servir o bem próprio em detrimento do bem comum. Há uma espécie de ideia de que esta «classe» beneficia de um estatuto ‘supra cidadão’. É curioso, que a nossa história deu exemplos marcantes de advogados que se dedicaram à defesa das liberdades e do bem comum, sem nada quererem para eles, pagando até, muitas vezes, com a sua própria liberdade.

Pelo contrário, esta «classe», nascida após Abril de 1974, não aprendeu nada, de sério. E, por isso, hoje, quer no governo do continente quer no governo da Madeira, temos dois advogados/políticos suspeitos de atividades do foro civil se não mesmo criminal. Politicamente, estão feridos mortalmente, e a ética obrigava a que abdicassem, mas não é isso que se passa. Por razões diversas, ambos se querem manter no poder, ambos concorrendo à reeleição. Um já foi reeleito. Mais uma vez, a justiça vai ter de esperar.

Esta seria a oportunidade única, para uma limpeza ética. Os portugueses têm a obrigação de punir os deputados delinquentes e os partidos que os apoiam bem como os políticos que andam nas margens da corrupção e se aproveitam sem escrúpulos do Estado de Direito Democrático, não os elegendo.

Na Madeira, decidiu-se manter o «status quo». Que assim seja.

 

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