LIMPEZA ÉTICA – A OPORTUNIDADE PERDIDA?
Cada eleição antecipada, tem a
sua história. A que vem aí, é fruto de uma promiscuidade entre a atividade
política e atividade pessoal e profissional do primeiro-ministro, que levou à
sua queda. O mais incompreensível é, conhecendo-se o que se conhece, Luís
Montenegro, usar das regras da democracia para sufragar o seu comportamento, ou
seja, submeter o governo de Portugal a uma moção de confiança, para legitimar
comportamentos individuais do primeiro-ministro, encontrando-se estes
desligados da governação. Falta de vergonha, só pode ser. Luís Montenegro,
atingiu o ridículo ao usar um órgão de soberania, para cobrir as suas
atividades privadas, intrinsecamente beneficiárias do seu trajeto político, até
à denuncia, e só esta serviu para estancar a hemorragia de dinheiros públicos,
semipúblicos ou privados, canalizados para a sua atividade individual e/ou
familiar.
Pacheco Pereira, comenta que a
apresentação de uma moção de censura por Montenegro foi um suicídio político.
Aparentemente sim. Mas tudo indica que Montenegro estava (está) convencido de
que nada de errado fez, por usar e abusar da sua condição político partidária,
ao longo dos anos, para dai extrair benefícios pessoais e familiares. Uma
situação muito comum, nos chamados advogados/políticos. Estão na política para
servir o bem próprio em detrimento do bem comum. Há uma espécie de ideia de que
esta «classe» beneficia de um estatuto ‘supra cidadão’. É curioso, que a nossa
história deu exemplos marcantes de advogados que se dedicaram à defesa das
liberdades e do bem comum, sem nada quererem para eles, pagando até, muitas
vezes, com a sua própria liberdade.
Pelo contrário, esta «classe»,
nascida após Abril de 1974, não aprendeu nada, de sério. E, por isso, hoje,
quer no governo do continente quer no governo da Madeira, temos dois
advogados/políticos suspeitos de atividades do foro civil se não mesmo
criminal. Politicamente, estão feridos mortalmente, e a ética obrigava a que
abdicassem, mas não é isso que se passa. Por razões diversas, ambos se querem
manter no poder, ambos concorrendo à reeleição. Um já foi reeleito. Mais uma
vez, a justiça vai ter de esperar.
Esta seria a oportunidade única,
para uma limpeza ética. Os portugueses têm a obrigação de punir os deputados
delinquentes e os partidos que os apoiam bem como os políticos que andam nas
margens da corrupção e se aproveitam sem escrúpulos do Estado de Direito
Democrático, não os elegendo.
Na Madeira, decidiu-se manter o
«status quo». Que assim seja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário