Desejoso que a maioria do povo português se esqueça do que ele disse quanto ao abuso sexual de menores na igreja católica, que na generalidade dos casos mereceu o mais vivo repúdio de todos, mesmos os mais devotos, Marcelo mandou recado a dizer que não ia ficar fechado no palácio e, como é seu timbre, imediatamente, criou um novo facto politico, lançando a boia a Passos Coelho que, como se sabe, não está no ativo, mas que Marcelo sabia do impacto que iria obter, ao dizer, a propósito de nada, que o "país deve esperar muito do contributo de Passos Coelho". Diz-se que estava a lançar a candidatura de Passos Coelho à Presidência da República. Até é possível que sim, já que Paulo Portas, semanalmente, cimenta a sua posição de candidato. Porém, na minha leitura, não foi esse o objetivo primeiro de Marcelo. O objetivo primeiro, foi criar um facto político que tivesse um impacto significativo que desviasse a atenção da generalidade das pessoas, para a desastrosa declaração de desvalorização que fez, a propósito do número de casos de abuso sexual de menores no seio da igreja católica. Sendo esta matéria de reprovação geral, já que se insere no catálogo de crimes hediondos, todas as manobras dilatórias que Marcelo faça, a sua imagem perante os portugueses, está bastante debilitada, ainda por cima, porque se inscreve numa área respeitante a valores, neste caso de menores, e de uma entidade que tem por missão o bem e de que Marcelo é um devoto confesso. Marcelo mostrou, no entanto, que para ele tudo é relativo. Até a dignidade da pessoa humana. Este, que era um campo, em que Marcelo aparecia, aparentemente, ‘impoluto’, veio a revelar uma “falsa identidade católica” muito próxima da linha mais ortodoxa da igreja católica protagonizada por Bento XVI. O Papa Francisco, bem luta contra esta podridão no seio da igreja católica, impondo estas comissões de investigação dos abusos sexuais de menores que, de outra forma, seriam ocultados e as vítimas escondidas e votadas ao silêncio e à vergonha. Aqui não há misericórdia, nem Marcelo o demonstrou. O abuso sexual de crianças é um crime gravíssimo e abominável, pelo que, qualquer hesitação seja de que tipo for na sua condenação é uma fraqueza imperdoável e verdadeiramente cúmplice.
Marcelo, revelou esta fraqueza. O
povo português, não lhe perdoou.
Só que Marcelo está ferido, pela
sua própria incúria, e virará “escorpião” traidor, como no passado.
A fábula do escorpião conta a
história de um bicho que pede a uma rã para o passar para a outra margem do
rio, e acaba por ferrá-la com o seu veneno a meio da travessia, mesmo sabendo
que se vão afogar os dois, porque é simplesmente da sua natureza.
Como diz um conhecido seu (ferrado
por ele): numa coisa ele "é mestre: a criação de factos políticos
que alimentassem os media e a opinião pública ou que desviassem a atenção de
assuntos ou decisões atrasados ou a correr mal".
É, por isso, de temer novas caçadas
já que a sua “maioria” parece estar a esfumar-se e o regresso às origens parece
ser o destino final.
Por tudo isto, Marcelo aprestasse
a exercer o segundo mandato ao jeito de Cavaco Silva. Que se cuidem as
instituições democráticas, em particular o Governo.
Porém, Marcelo continuará a reivindicar
os “seus” pobrezinhos. Nisto ele acertou. Realmente, Passos Coelho, sabe como
fazê-los!…