sexta-feira, 21 de agosto de 2020

𝐍𝐨𝐯𝐚 𝐨𝐧𝐝𝐚 𝐝𝐞 𝐂𝐨𝐯𝐢𝐝-𝟏𝟗 𝐞 𝐨 𝐞𝐱𝐞𝐦𝐩𝐥𝐨 𝐝𝐨 𝐈𝐊𝐄𝐀


Muito se tem falado da possibilidade real de haver uma segunda vaga da pandemia, ou uma nova onda, como se queira. O Governo vai avisando que, nesta eventualidade, "Não podemos voltar a repetir o confinamento que tivemos que impor durante o estado de emergência e nas semanas seguintes", porque a sociedade, as famílias e as pessoas não poderiam suportar isso novamente, disse o primeiro-ministro António Costa. É claro, que se o país se infectar em grau elevado, de pouco valem estes avisos. Haverá confinamento, mais que não seja porque as pessoas, antes de tudo o mais querem viver. E têm direito a isso. A política é feita para as pessoas e não para as estatísticas. Países pobres, como Portugal, que vivem no seio dos países ricos, têm, por vezes, tendências de “pato bravo”. Mesmo em pandemia. É difícil explicar, mas é a realidade. Vamos a um exemplo. Com a necessidade do confinamento, logo em Março, do corrente ano, foi aprovado um programa de Layoff simplificado, como resposta à manutenção do emprego e das empresas. Medida sensata, embora inevitável. Muitas empresas tiveram de fechar e muitas actividades foram suspensas. A já depauperado e maltratada Segurança Social sempre objecto das maiores críticas falimentares, lá foi respondendo sem hesitação, mesmo àqueles que dela não precisavam, mas que oportunisticamente, não regatearam o apoio. Estão neste caso, grandes grupos económicos portugueses que descaradamente encerraram unidades de trabalho e lançaram para o layoff milhares de trabalhadores e para o desemprego outros tantos. Mesmo quando o país teve necessidade de fazer um esforço financeiro redobrado para as áreas críticas como o SNS, ajudas às famílias, às escolas e claro ao trabalho, estes agentes foram ao “mealheiro” do Estado sem qualquer espírito de solidariedade, para com os mais necessitados. Abro aqui a excepção, que merece destaque. A IKEA. Esta empresa, apesar de inicialmente ter recorrido ao layoff, veio logo a seguir devolver ao Estado os apoios que tinha recebido. Este exemplo, que devia encher de vergonha alguns grupos económicos portugueses que, até hoje, vêm consecutivamente, rapando os poucos euros que existem no “mealheiro”, salvaguardando os lucros do passado nas suas contas no exterior.
A Autoridade para as Condições do Trabalho, deve tornar públicas as conclusões das mais de 2.000 inspecções já efectuadas. Sabe-se, por exemplo, que algumas empresas aplicaram os valores entregues pela Segurança Social, destinados aos trabalhadores, à cobrança de outras dívidas, nomeadamente para pagamento de serviços, de água, luz, etc. É claro que quem age desta forma, pratica o crime de abuso de confiança. Outras há que continuam a trabalhar, apesar de recorrerem ao layoff. Isto é fraude, descarada. Mas, o que é mesmo condenável ou no mínimo de grande reprovação é o fato de existirem grupos económicos portugueses, com lucros publicamente declarados e obscenos, que nesta fase da pandemia não fizeram qualquer esforço suplementar, para prescindir de parte dos seus lucros, para ajudar o país.
Dai as nossas grandes interrogações quanto à eventualidade de uma segunda vaga!...
Gosto
Comentar
Partilhar

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

"𝙰 𝙿𝚘𝚋𝚛𝚎𝚣𝚊 𝚁𝚎𝚐𝚎𝚗𝚎𝚛𝚊𝚍𝚘𝚛𝚊” – “𝚁𝚎𝚚𝚞𝚒𝚎𝚖 𝚏𝚘𝚛 𝚊 𝙳𝚛𝚎𝚊𝚖”

OConselho Europeu afirma que o ordenado mínimo dos portugueses não garante um estilo de vida digno!”. (19-08-2020)

O relatório do Comité Europeu dos Direitos Sociais, do Conselho Europeu, revelou várias violações que o Estado Português faz à Carta Europeia dos Direitos Sociais a nível do trabalho: o ordenado mínimo não assegura um nível de vida decente, o trabalho nos dias feriados não é remunerado adequadamente, o trabalho perigoso não tem as medidas compensatórias adequadas, a desigualdade salarial entre homens e mulheres agravou-se e o direito a organizar-se está dificultado.

Este é um dos relatórios internacionais a que se deve prestar grande atenção, uma vez que retrata a falência das políticas europeias em matéria dos direitos sociais e de emprego, e a consequente incapacidade de alguns Estados-membros, como Portugal, de optar por políticas ambiciosas de crescimento, que retirem os portuguesas desta “miséria franciscana”.

As desigualdades são manifestas, a pobreza corrói uma parte significativa da população infantil e idosa, a fome ainda está presente nesta camada da população, a crise pandémica agravou as precárias fontes de rendimento de milhares e milhares de trabalhadores, que com os seus magros salários já vinham “doentes” da crise do “subprime” de 2008. Nesta crise de 2008, a governação portuguesa com o beneplácito da União Europeia, aplicou à sociedade portuguesa, um programa que ficou conhecido por “pobreza regeneradora”, ou seja, o Estado demitiu-se de todas as suas funções sociais, reduziu os orçamentos públicos em todas as áreas da governação, deixou cada português entregue a si mesmo, sem dinheiro e sem apoios, e governou apenas para a dívida e para os grandes credores internacionais, que não viram beliscado o valor que reclamavam, ainda que este (ou parte dele) tivesse uma proveniência duvidosa. O mesmo não aconteceu aos nossos reformados e pensionistas e aos trabalhadores em geral. Esses viram “sem apela nem agravo”, reduzidos os seus precários recursos. “Forte com os fracos, fraco com os fortes”, foi esta a divisa e o lema do governo anterior.

Romper este ciclo vicioso tem sido o mais difícil, agora agravado pela pandemia do Covid-19.

Mas esta crise pandémica obrigou o Estado a reassumir as suas funções essenciais e a mostrar as indignidades da economia de casino que nos foi governando até então, através deste capitalismo financeiro, com desperdício de dinheiros públicos para atividades formalmente legais, mas rechiadas de ilegalidades, com desvios de fundos, remunerações obscenas, práticas de gestão condenáveis, corrupção endémica, fraude fiscal, branqueamento de capitais, enfim, um sem número de praticas do foro civil e criminal, verdadeiramente impunes e ostensivamente atiradas à cara de cada um de nós que assistiu e assiste com impotência a estes comportamentos próprios de organizações mafiosas, ao serviço da coisa pública ou com dinheiros públicos.

Este, porém, poderia ser um momento para definitivamente se vencerem as desigualdades no país e o Estado reassumir o seu papel de Estado Social forte, com instituições fortes capazes de romper o atraso estrutural em que nos encontramos. Precisamos de uma economia mais justa e capaz de responder aos desafios do tempo atual, à recuperação da capacidade dos serviços públicos, nomeadamente, do Serviço Nacional de Saúde (SNS), e o combate à precariedade no emprego como prioridades para a recuperação económica de Portugal.

O que esta crise pandémica nos tem ensinado é que se não fosse o Estado e as suas instituições, o flagelo e a tragédia de saúde pública no nosso país seriam avassaladores.

Todos, sem exceção, se abrigaram debaixo da “umbrela” do Estado, e os poucos que “fugiram”, só o fizeram depois de assegurada a contribuição do Estado.

A solidariedade mais uma vez foi assimétrica.

Num artigo publicado já em 2009, Joseph Stiglitz sustentava que “este sucedâneo de capitalismo, no qual se socializam as perdas e privatizam os lucros, está condenado ao fracasso”. Seria bom que assim fosse, mas os exemplos tardam a chegar. Veja-se o comportamento da própria União Europeia, perante esta crise pandémica. Um desastre!      

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

𝑨 𝒅𝒊𝒓𝒆𝒊𝒕𝒂 𝒆 𝒆𝒙𝒕𝒓𝒆𝒎𝒂-𝒅𝒊𝒓𝒆𝒊𝒕𝒂 𝒑𝒐𝒓𝒕𝒖𝒈𝒖𝒆𝒔𝒂 é, 𝒅𝒆𝒇𝒊𝒏𝒊𝒕𝒊𝒗𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆, 𝒓𝒂𝒔𝒄𝒂 𝒆 𝒃𝒆𝒂𝒕𝒂!

Há poucos dias o jornal “O Público”, trazia na sua primeira página uma declaração do presidente da região autónoma da Madeira, verdadeiramente deplorável. Não a vou reproduzir, pois não acrescenta nada de novo a não ser a demonstração inequívoca da precariedade da maioria dos políticos da direita portuguesa. É confrangedor, francamente. Como é possível que os nossos critérios de exigência democrática, não estejam ao nível daqueles que lutaram por ter um Portugal livre, democrático e verdadeiramente culto. Quarenta e seis anos depois do 25 de abril de 74 e nos pós crise do subprime e no meio da pandemia do Covid-19, Portugal e a sua direita e extrema direta é uma câmara de horrores de baixíssima qualidade. Os seus protagonistas são coristas e compères da pior espécie que à boleia de um simpático e oportunista empresário de teatro leva à cena estas caricaturas, apenas para suporte do décor. 

É deprimente que nos dias de hoje com tantos e tantos problemas para resolver o país se veja cercado destes trauliteiros pirotécnicos que nada acrescentam à resolução dos problemas apenas alapando na desgraça das populações que “governam”. Esta gente é medíocre, e por isso passa pelos “pingos da chuva”. Quando se derem por eles, ou são arguidos ou são corruptos não encarcerados.  Não há meio termo nesta gente.

A reboque destas criaturas, que a democracia tolera e aceita, como parte do xadrez político-partidário português, vão germinando novos grupelhos de carater eminentemente protofascistas, que em vez de atuar com a violência explícita, optam por praticar micro-violências não assumidas. É disso exemplo o último episódio de um bando de marginais de extrema-direita que atentou contra deputados e ativistas, através de e-mail e de uma vigília junto à associação SOS Racismo, de máscaras brancas e tochas, em atitude intimidatória e provocadora. Estes comportamentos criminosos beneficiam da apatia das autoridades policiais e de alguns responsáveis políticos, que a coberto do “politicamente correto”, vão alimentando estas ervas daninhas.

Vale a pena lembrar o que já em 1995, Humberto Eco, escrevia: “Contra o protofascismo, o nazismo, o racismo e o terrorismo resta-nos mais que nos defendermos, rápida e eficazmente, desmascará-los, desmantelar sua armação homicida e suicida, que pode aparecer em qualquer momento e em qualquer parte do mundo. Nossa senha deve ser: "não esquecer, resistir, denunciar e sobretudo apostar na VIDA, sempre!!!"

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Covid-19, mito ou realidade!

Covid-19, mito ou realidade!

Tudo se passou num ápice. De um momento para o outro, as nossas vidas pararam. Estava um inimigo à solta que não se deixava ver. Fechámo-nos em casa com medo e por ordem das autoridades de saúde. Lia-se e ouvia-se que o mesmo se passava nos outros países. O mundo estava em medo. Houve alguns países, cujos líderes, desmentiam o facto. Não há vírus, diziam. Isso é uma invenção comunista. Assim fomos vivendo durante mais de cinco meses. Já no sexto mês (agosto), ainda há quem duvide que vivemos em pandemia. Pelo menos em Portugal. Todos os dias se reclama o retorno à “realidade”. Os jornais, as televisões, os «opinion maker» e os outros, passam a vida a ‘acruzinar’ os nossos ouvidos com análises parvas e sem sentido, dando mesmo a sensação de que a pandemia é um mito, um “resfriadinho” como diz o mentecapto, de terras de Vera Cruz.

Apesar da desgraça que se abateu sobre todos nós, despedaçando famílias e todo o tecido social, económico, financeiro e laboral, é com forte apreensão que lemos os atentados que são cometidos por cidadãos e empresas com forte intervenção estatal, que parecendo imunes à desgraça, vão calcorreando o caminho da corrupção e do desvario, sem que as autoridades se mostrem capazes de pôr termo a esses desmandos a coberto de uma suposta legalidade das ações e como se não tivéssemos vivido em estado de exceção e ainda agora assim se viva.

É absurdo que a pandemia nos tenha retirado tantos direitos e meia dúzia de escroques se tenham aproveitado desse facto para acentuar a nossa desgraça, com operações escandalosas de enriquecimento sem causa.

Mandam-se alimentos para o lixo, numa altura em que os focos de pobreza aumentam.

Dá-se apoios financeiros a empresas, designadamente, da comunicação social, para negócios especulativos e de nulo interesse nacional.

Implementa-se o ‘lay off’ e algumas empresas desviam as verbas recebidas da Segurança Social, destinadas, exclusivamente, ao pagamento da respetiva retribuição dos trabalhadores durante os períodos de redução temporária de horários de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho para outros fins como o pagamento de serviços, de água, luz, etc.

Boa parte das Lojas, fábricas, hotéis, call centres, etc., têm estado suspensas. Porém, as empresas tentam resistir à crise contornando a lei laboral. Despedimentos, contratos não renovados, férias forçadas, lay off, redução de horário e de salário são alguns truques usados. Assim se distorcem as realidades no mundo laboral.

É caso para perguntar: O Covid-19 é mito ou realidade?

 

 


sábado, 18 de julho de 2020

𝗣𝗮𝗻𝗱𝗲𝗺𝗶𝗮 – 𝗼 𝗿𝗲𝘀𝗳𝗿𝗶𝗮𝗱𝗶𝗻𝗵𝗼 𝗱𝗼 𝗡𝗼𝗿𝘁𝗲 𝗱𝗮 𝗘𝘂𝗿𝗼𝗽𝗮



Quando escrevo este post, prosseguem as negociações no Conselho Europeu com vista à aprovação de um programa de recuperação, denominado “Fundo de Recuperação Europeu”, que tem como objetivo ajudar os Estados-membros a vencer a crise económica e financeira criada pela pandemia do Covid-19.
É claro que a crise de saúde pública que se abateu no mundo, com particular enfase na Europa, que paralisou praticamente a vida das pessoas e das sociedades em todos os sentidos, criando perdas incalculáveis na economia e aumentando drasticamente os níveis de pobreza, fazia supor que a União Europeia, como um todo, iria responder com um autêntico programa de recuperação, ao estilo dos programas pós-2.ª guerra mundial. Falso alarme. E a razão é simples. A União Europeia, enquanto tal, falta-lhe estatuto para os grandes empreendimentos. Isto se deve, em grande parte, à mediocridade dos seus líderes. Realmente são políticos de demissão nacional sofrível e Europeia nula. Só isso explica que perante uma crise sem precedentes, alguns países do norte da europa desvalorizando a pandemia e os seus efeitos dramáticos, quase comparáveis aos de uma guerra mundial, ofereçam entraves aos montantes robustos que são necessários para acudir aos países como, sobretudo, a forma como os mesmos podem ser utilizados, indo ao ponto de sugerirem que os países que mais contribuem pudessem ter o direito de “vigiar” os gastos dos que menos contribuem, desvalorizando e até anulando o papel da Comissão Europeia. Isto é um tic típico dos países do Norte da Europa, já muito divulgado aquando da crise do “subprime” e reativado agora na crise pandémica do Covid-19.
É desolador o espetáculo apresentado por esta gente que, igualmente atingidos pelo Covid-19, desvalorizam a tragédia ao ponto de os seus cidadão estarem a ser usados como cobaias para a chamada imunidade de grupo, assim pouco investindo na recuperação das pessoas não pressionando as estruturas de saúde esperando que a doença faça o seu caminho eliminando os mais fracos e vulneráveis, assim permitindo a criação de reservas financeiras significativas , para a economia de casino.   
Haja que acordo houver, nada terá a ver com os cidadãos europeus no seu todo que, certamente, e mais uma vez, serão o “mexilhão”.
Não temos de voltar a assistir a isto!

domingo, 12 de julho de 2020

𝙀𝙨𝙩𝙖𝙢𝙤𝙨 𝙚𝙢 𝙟𝙪𝙡𝙝𝙤 𝙨𝙚𝙢 𝙚𝙨𝙩𝙖çõ𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝙖𝙣𝙤, 𝙙𝙚𝙛𝙞𝙣𝙞𝙙𝙖s!


A pandemia do Covid-19 uniformizou o tempo e o modo. Desde o inico do ano, parece que o tempo parou no “tempo”. Tanto faz que seja inverno, primavera ou agora verão, tudo é igual. Todos sabemos que do frio passamos para o calor, mas não sabemos se este frio ou calor se deve à mudança de estação climatérica ou a um aumento dos fenómenos pandémicos que nos criam calafrios quando muito próximos de nós.
É arrasador este clima psicológico. De um momento para o outro, todos nos tornamos frágeis ante o Covid-19. Não há forma de reagir a esta pandemia. Se nos protegemos somos afetados, se desconfinamos somos afetados. Afinal o vírus não tem preferência. Sejamos ativos ou passivos o vírus apenas precisa que sejamos o elemento de transmissão, quer por ação quer por omissão. Este é o exemplo típico, de que pouco importa o que fazemos ou não fazemos. Chega estarmos vivos e aptos a transmitir. É claro que, como em tudo, se tivermos comportamentos que contrariam a propagação ela é mais difícil. Sem dúvidas. Porém, não é totalmente seguro.
O vírus não tem caráter. Atinge quem se puser a jeito. Mesmo que involuntariamente. Vejam o que se passa nos lares. É cobardia, convenhamos!...
Mas enfim, esta é a realidade com que temos de conviver e não vale a pena reclamar!...
Claro que ninguém, mesmo os mais acérrimos defensores da sua dissolução, discute as fragilidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ante esta pandemia. Muitos lutaram pelo desinvestimento do SNS e até certo ponto conseguiram o seu objetivo e não tiveram até hoje a retribuição devida pelo vírus. Até nisto o vírus é cego.
É muito curioso (talvez não?) que nos inícios e picos da pandemia em Portugal, os hospitais privados fecharam a sua atividade deixando o encargo da pandemia totalmente ao serviço do SNS. Afinal, também na saúde, o objetivo dos privados é o lucro. O Covid-19, pela aparência, não dava lucro. Então é atividade do Estado, como é óbvio …
Hoje, os poderes públicos, muito centrados no drama da pandemia, deixam passar em claro os atentados e agressões que foram desferidos pelos inimigos do serviço nacional de saúde (SNS), que se passeiam diariamente pelos corredores da Assembleia da República ou de outros fóruns da democracia portuguesa.
Todos esperavam um “milagre” do vírus. Claro que milagres só em Fátima e em períodos precisos!
   


terça-feira, 7 de julho de 2020

𝐎 𝐦ê𝐬 𝐞 𝐝𝐢𝐚 𝐟𝐚𝐭í𝐝𝐢𝐜𝐨𝐬!


Este mês de julho e, particularmente, o seu dia 7 (sete), é um mês e dia de má memória para mim. Nos anos 70, em operação militar realizada no norte de Moçambique (Cabo Delgado/Mueda), no referido dia 07 de julho, de 1970, fui projetado por mina anticarro, colocada na picada quando regressava a Mueda. Como seguia no chamado “rebenta minas” (viatura Berliet, que seguia em frente da coluna com sacos de areia, para especial proteção do condutor e de quem ia a seu lado e na retaguarda, na carroçaria, dentro de uma “carcaça” de uma chaimite, um soldado com uma metralhadora pesada Breda), fomos os primeiros alvos. Eu, com lesão grave no fígado e no tórax provocado pelo sopro das minas; o condutor foi projetado para o capim, com alguns cortes e ferimentos ligeiros, apesar de tudo, o homem da Breda, apenas apanhou um valente susto. Resultado, estive hospitalizado mais de três meses e passei aos serviços auxiliares. Saí de Mueda, para Nampula e mais tarde para a então Lourenço Marques. Ainda vim a Lisboa, na condição de doente em regime ambulatório. Esta vinda a Lisboa era obrigatória dado o estado de pânico em que estava a família depois de receber um aerograma “curto e grosso”. Passaram, 50 anos. Hoje é o dia triste deste aniversário.
Mas hoje é também um dia duplamente triste, pela morte da minha MÃE a 07 de julho de 2014. É certo que tinha 99 anos quando faleceu. Mas a verdade é que ninguém lhe dava a idade que tinha. Era realmente uma pessoa com um espírito jovem que sempre fugiu ao estereótipo da “velhinha”. Quem a conheceu nesta idade sabe que estou a falar verdade. E depois foi uma heroína. Criou 6 (seis) filhos de quem se orgulhava muito e tinha “asa” para todos. Verdadeiramente amiga de todos sofreu a bem sofrer para nos dar o que não tinha.
Vejam esta infeliz coincidência. A minha MAÊ veio a falecer no mesmo dia e no mesmo mês do meu acidente, 44 anos depois.
Memórias tristes, sem dúvida!