Depois de uma certa acalmia com os “achismos” da pandemia, ficando o debate praticamente reduzido aos especialistas, que também nadaram nestas águas do “achismos”, o nosso país mostrou uma grande maturidade no tratamento do Covid-19 e, surpreendentemente, as nossas instituições de saúde deram uma resposta a todos os títulos assinalável no combate à pandemia. Os portugueses, dividiram-se, em matéria de vacinação, mas nada que tenha posto em causa as recomendações da ciência e, a grandíssima maioria vacinou-se mais que uma vez.
Ainda em pandemia, os portugueses
foram chamados a eleições legislativas. A ‘bola de cristal’ que, entretanto,
tinha sido religiosamente guardada, volta a ser chamada ao palco da vida, quer para
abrilhantar a pré-campanha quer para a própria campanha eleitoral. Os “videntes”, “bruxos”, “curandeiros” e “cartomantes”, com
ou sem alvará, e os jornalistas, com ou sem carteira e os politólogos, claro,
lançaram-se numa campanha feroz de “achismos”, acolitados pelas
agências de sondagens, estudos de opinião e similares. Foi um regabofe. Tudo e
o seu contrário era válido. Desta vez, todos tinham certezas e parecia que
tinham aprendido a lição das autárquicas de 2021. A sapiência dos politólogos era
arrasadora. Os avençados, eram verdadeiros “experts” do cenário político
nacional e das saídas que o povo português ia sufragar. A grande coligação de
direita ia finalmente para o poder e a extrema-direita fez logo saber que não "abdicaria
da participação ministerial num governo eventualmente liderado pelo PSD". Estava
aberto o caminho, segundo o programa eleitoral do partido de extrema-direita, para
o fim dos serviços públicos na saúde e educação e quer o Presidente da
República a chefiar o Governo. No documento que apresentou às eleições de
30 de janeiro, o partido de extrema-direita sustenta que não compete ao Estado
“a produção ou distribuição de bens e serviços, sejam esses serviços de
educação ou de saúde”, ou sejam “vias de comunicação ou meios de transporte”.
Era com estes e outros ditames do mesmo calibre, que a grande coligação de
direita ia governar Portugal, pois, segundo diziam, o PS e a esquerda iriam
perder as eleições. Fora de questão, mesmo, era a maioria absoluta do PS.
Aliás, nos dias que antecederam as eleições, aquilo estava “taco-a-taco”. Com a
sua “bola de cristal” todos estes artificies venderam a bom vender, todas as
suas ânsias, expetativas, “certezas”, frustrações, ambições e desejos
subliminares. O clima político estava todo poluído. Mas eis que chegou o dia da
verdade. Balde de água fria!
De repente, o ‘céu’ ficou limpo
sem uma nuvem. O silêncio na cidade, era ensurdecedor. O próprio
Presidente da República, tão lesto no comentário, emudeceu. Todos emudeceram. A
culpa deste silêncio fúnebre, foi como diz uma aberração do PSD, “do povo”, que
errou. Depois deste esgar, nada mais se ouviu e os “videntes”,
“bruxos”, “curandeiros” e “cartomantes”, com ou sem alvará, e os jornalistas,
com ou sem carteira e os politólogos, claro, voltaram a guarda as suas “bolas
de cristal”. Voltou a calma e a paz à cidade. Por pouco tempo,
porém. Uma nova área de “negócio” se abriu. O conflito Rússia/Ucrânia. Mais uma enxurrada
de novos e velhos “videntes”, “bruxos”, “curandeiros” e “cartomantes”, com ou
sem alvará, e os jornalistas, com ou sem carteira e os politólogos, claro, voltaram
a utilizar as suas “bolas de cristal”, diariamente, em todas as estações de
televisão e a todas as horas. Porque é óbvio que a Rússia vai invadir a
Ucrânia, para uns, não é nada óbvio que a Rússia vá invadir a Ucrânia,
para outros. Mas uma vez, estes trutas, entraram no achismos desenfreado. Mais
uma vez os portugueses, por estas nobres cabeças passaram a perorar, agora,
sobre geoestratégia e quejandos. É impressionante, ver e ouvir a leveza (e
falta de vergonha, claro) desta gente, para falar de tudo e um par de botas.
Não admira, pois, que neste turbilhão de achismos, haja muito
dificuldade em separar o “trigo do joio”.
Todos com a sua ‘bola de cristal’,
não tiveram a capacidade de adivinhar ou prever acontecimentos do futuro.
Aqui recomendo os “ensinamentos”,
de Texugo (Esoterismos, Magia, de 18/09/2019 - Bola de cristal – como fazer
previsões): “Eu não recomendaria fazer
perguntas sobre o futuro nos primeiros dias, pois elas podem ser imprecisas ou
mal interpretadas, uma vez que você será ainda um iniciante. É muito mais útil
praticar a exploração do seu espaço interior e, se as respostas que você
receber corresponderem, estará seguindo o caminho certo. Depois de algum tempo,
aí sim você pode começar a adivinhar eventos futuros.”
Percebesteis?!
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