quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O Carteiro que virou (mau) banqueiro! Todos nos lembramos dos CTT. Oh! que saudades...


Espalhada por todo o país, em pequenos balcões de grande proximidade, os CTT e os seus colaboradores, de onde emana a figura mais emblemática, que era o Carteiro, estabeleceram ao longo dos tempos uma ligação umbilical às populações mais recônditas do nosso país, trazendo e levando noticias dos que estão longe e prestando outros serviços à comunidade de inestimável valor social através da figura física e humana do Carteiro, elo preponderante desta nobre missão. Sim, o correio, nesta aceção, era uma verdadeira missão de serviço público.
A importância dos Correios foi aumentando, dada a crescente necessidade do desenvolvimento das comunicações como fator de crescimento económico e de modernização o que fez com que o sector dos correios se tornasse prioritário vindo a ser integrado na política de obras públicas.
Era assim que se encontravam os CTT, à data de entrada em funções do XIX Governo Constitucional de Portugal, em 21 de junho de 2011, liderado por Passos Coelho em coligação com o CDS de Paulo Portas.
Três anos depois de tomar posse, o governo de Passos e Portas lançarem a maior venda de bens públicos a privados de que há memória. O afã privatístico chegou aos CTT, empresa que apesar de bastante lucrativa para o erário público, não resistiu à voragem das privatizações. Por isso, a partir de setembro de 2014, os CTT passaram para as mãos de fundos e financeiras suíços, americanos, alemães, franceses, irlandeses e mais uns quantos.
Desmoronou-se uma empresa pública de referência e com implantação relevante em todo o país, e pôs-se em causa o serviço público e universal de correio, como é disso exemplo as constantes denúncias quer dos utilizadores dos serviços quer das próprias estruturas sindicais da empresa.
O paradigma mudou. A empresa transformou-se em banco (mau), e os objetivos estratégicos resumem-se à distribuição de dividendos, com claro enfraquecimento do serviço público que apesar de contratualizado, é cada vez menos cumprido.
Hoje assiste-se ao impensável não há muito tempo.
A distribuição do correio «está um caos», havendo correspondências por distribuir durante cinco, seis ou mais dias, o que se deve exclusivamente à falta de trabalhadores, segundo a estrutura sindical da empresa.
Também é relatado por esta que a situação no atendimento é idêntica, com filas de espera «enormes», trabalhadores a sair das estações depois das 20h, e deslocações diárias de inúmeros trabalhadores.
Quer os trabalhadores quer as populações têm notado uma acentuada degradação na qualidade do serviço público que a empresa fornece, sendo disso exemplos as «constantes anomalias, com efetiva responsabilidade dos CTT» que se traduzem no fim da distribuição diária do correio, no aumento dos tempos de espera e dos casos de atrasos na correspondência, em trabalhadores extenuados, no fecho de muitos postos de correios e na falta de trabalhadores que leva a longos tempos de espera nas estações.
Esta degradação não é inocente. Ela visa criar as condições, a nível nacional, com o intuito de reduzir o número de trabalhadores» ou então substituí-los por «trabalhadores com contrato de trabalho a termo certo» ou por «agências prestadoras de serviços, com trabalhadores a recibos verdes», deixando cair o serviço público postal dos objetivos operacionais da empresa.
Tudo isto está a ser feito «enviesadamente», como convém, e as autoridades públicas com responsabilidade nesta matéria (governo e regulador), não dão sinais de preocupação apesar dos avisos reiterados quer das autarquias locais quer das estruturas sindicais.
Aliás, hoje já se reclama a «urgente a reversão da privatização dos CTT» como forma de garantir a qualidade deste serviço público que em mãos privadas traduziu-se na «degradação de um dos melhores serviços públicos do país.».
Não fez (nem faz) sentido a substituição de uma empresa pública de referência, com os melhores serviços do país, por um banco de má qualidade num charco já de si pantanoso.  
Até 2020, a empresa CTT - Correios de Portugal, S.A. (CTT) mantém-se como prestador do serviço universal, ao abrigo do contrato de concessão do serviço postal universal. As condições de prestação do serviço universal devem ser reavaliadas a cada cinco anos pelo Governo, ouvida a ANACOM e as organizações representativas dos consumidores, de forma a adequá-las à evolução do mercado, bem como aos princípios subjacentes à prestação do serviço universal (artigo 57.º da Lei n.º 17/2012, de 26 de abril)
Não está na altura de proceder a essa reavaliação?



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