A Autoridade Nacional do
Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED), não é a Agência Europeia do
Medicamento (AEM). Correto?
Se assim é, qual a razão súbita
para a sede da autoridade nacional do medicamento (INFARMED) mudar de Lisboa
para o Porto?
Fazia parte dos compromissos
assumidos com a candidatura (falhada) do Porto à sede da Agência Europeia do Medicamento?
É uma espécie de contrapartida? Se sim, por que razão? O INFAREMED, está
instalado em Lisboa desde 1993, sucedendo à Direção-Geral dos Assuntos
Farmacêuticos e, do Centro de Estudos do Medicamento, estes como departamentos
dos serviços centrais do Ministério da Saúde, ainda mais antigos.
Nada tem a ver com
descentralização, como é óbvio, já que se trata de uma medida avulsa,
aparentemente sem nexo, e de “favor” político. Admite-se, inclusive, que o
próprio conselho diretivo do INFARMED tenha sido apanhado de surpresa pela
decisão anunciada esta terça-feira pelo ministro da Saúde. Os trabalhadores,
seguramente.
Em declarações à RTP, o líder da
comissão de trabalhadores explica ainda que desconhece os motivos técnicos para
esta transferência ou a existência de alguma avaliação das consequências desta
mudança. E vai mais longe: "Nem por
brincadeira nos referimos a esta possibilidade. Fomos apanhados mesmo de
surpresa", explica Rui Spínola. A comissão de trabalhadores aponta que
esta é uma "decisão política”.
O presidente da Câmara do Porto disse
estar “satisfeito” com o Governo ter tomado hoje uma medida descentralizadora,
ao anunciar que a sede do INFARMED se muda para o Porto em janeiro de 2019. “Queria agradecer ao Governo por tomar esta
decisão e dar nota de que nós, quando não estamos satisfeitos com modelos
centralistas, também estamos satisfeitos e agradecemos quando se tomam medidas
desta natureza”.
Não podia o presidente da Câmara
do Porto ter escolhido pior exemplo do que alega ser um ato descentralizador.
Primeiro, porque só serão transferidos para o Porto uma parte (ainda que significativa,
diz-se) dos serviços do INFARMED; segundo, porque dos cerca de 400
trabalhadores que tem a instituição, só uma parte serão transferidos para o
Porto e vá se lá a saber a que custo.
É evidente que este tema gere
sempre polémica, pois quaisquer comentários e/ou observações negativas à medida
serão sempre vistas como centralistas e “inimigos” da descentralização. No
nosso caso, não é verdade. Mais de que uma descentralização de serviços, somos
acérrimos defensores de uma verdadeira regionalização politica e administrativa.
Ainda hoje estamos convencidos, que muito teria beneficiado o país, se o
referendo de 1998 sobre a regionalização em Portugal tivesse merecido o sim dos portugueses.
Só que este ato isolado,
totalmente de surpresa e sem se conhecerem razões e fundamentos despido de
quaisquer estudos ou pareceres prévios ou, sequer, de debate público, não pode
deixar de encerrar uma “negociata”
política, de compensação ao desaire do Porto, como sede da Agência Europeia do
Medicamento (EMA).
Pena foi que Portugal (o
governo), quando concorreu à sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA) com
a cidade do Porto, não tivesse dado atenção aos inquéritos internos e sondagens
realizados dentro da própria agência (EMA), para avaliar o ambiente entre o staff e perceber as suas expectativas
face à mudança da agência, cujos resultados foram os seguintes: (I) A maioria
dos quase 900 funcionários da EMA queriam ir para Lisboa; (II) E Lisboa saiu
largamente vencedora comparativamente com Milão, Copenhaga, Lille e outras
cidades concorrentes.
Com a ida do INFARMED para o
Porto, apetece-me fazer minhas as palavras do presidente da Câmara daquela edilidade,
de reação à escolha do governo de candidatar Lisboa à sede da (EMA). “A Câmara do Porto pediu na quinta-feira [08/06/2017] ao Governo que divulgue publicamente e
forneça os estudos que levaram à decisão de apenas candidatar Lisboa para
instalar em Portugal a EMA, excluindo aquela cidade.”
Como se sabe, não foi preciso. E
o resultado foi este!
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