A Câmara Municipal de Lisboa
lançou recentemente um concurso para a elaboração do projeto de renovação do
Jardim da Praça do Império. O edital do concurso definia que a coordenação
técnica dos trabalhos de conceção seria obrigatoriamente assumida por um
arquiteto paisagista. No entanto admitia concorrentes de outras áreas, como
Artes, Design, Arquitetura e Arquitetura Paisagista, desde que coordenados por
um paisagista
O júri foi constituído por
Simonetta Luz Afonso (Dr.ª), que presidiu; Adriano Moreira (Prof), 1.º Vogal; Elsa
Peralta (Dr.ª), 2º Vogal; Margarida Cancela d'Abreu (Arq. Paisagista), 3.º
Vogal; Ana Silva Dias (Arq.); Artur Madeira (Arq. Paisagista) e Pedro Betâmio
de Almeida (Dr).
O Projeto que veio a ganhar o concurso
de ideias para o jardim de Belém” (“Atelier ACB Arquitectura Paisagista”) não
integra os arranjos florais referente aos 30 brasões que representam (ou
melhor, representavam, dado o alto grau de degradação da maior parte deles) as
capitais de distrito e as antigas províncias ultramarinas. Para o vereador
comunista Carlos Moura, o projeto vencedor faz tábua rasa da “mosaicocultura"
e cita o que diz ser "uma frase muito interessante" que consta da
proposta: "Um processo de rega duas vezes por ano. Se for um prado de
sequeiro, com certeza".
Será que os paisagistas
vencedores entendem que é muita água para arranjos florais? Mas terão ou não
valor histórico os trinta brasões que, apesar de altamente degredados e
deixados ao abandono há muitos e muitos anos pela edilidade, deveriam ser
recuperados por fazer parte do nosso património cultural? E a serem recuperados
seriam todos? Ou apenas se deveriam conservar as cruzes de Cristo e Avis e ainda
o escudo nacional também feito com buxo e flores? Ou nem estes?
“A Junta de Freguesia de Belém
não admite qualquer solução que não inclua a reabilitação dos brasões que ali
existiam e que a Câmara Municipal de Lisboa desprezou de tal forma que os
desconfigurou e estragou”.
Mas faz sentido a manutenção dos
brasões das cidades e “províncias de Portugal Continental, Insular e
Ultramarino” que existiam em canteiros relvados à volta da fonte no centro
da Praça do Império? (Sublinhado nosso)
A presidente do júri do concurso
lembra que os brasões não constavam do projeto inicial do jardim, de Cottinelli
Telmo, não podendo portanto ser considerados “um elemento histórico”. Acrescenta
que “Foram criados para uma exposição de floricultura, que era uma coisa
absolutamente efémera”, constatando que duas décadas separam a criação deste
espaço-verde do surgimento dos elementos em “mosaicocultura”, que de
temporários foram passando a definitivos.
Porém, o presidente da junta, o
social-democrata Fernando Ribeiro Rosa, garante que “utilizará todos os
instrumentos legais ao seu dispor para evitar que esta decisão da Câmara Municipal
de Lisboa seja efetivada” e mostra-se mais uma vez disponível “para assumir na
plenitude a reabilitação, gestão e manutenção” do Jardim da Praça do Império.
A polémica estalou e nem se pode
dizer, in casu, que «no meio é que está a virtude» …
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