quinta-feira, 18 de julho de 2013

Da «co-gestão» à «co-adopção» da gestão da crise governamental

A coligação governamental em Portugal, implodiu no passado dia 01 de Julho. Primeiro, com o pedido de demissão do ministro das Finanças. No dia seguinte, com o pedido de demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros. Apesar da carga de «trotil» parecer suficientemente forte, a verdade é que o governo não caiu. E não caiu, porque o «Mayor da cidade» entendeu que, por ora, não havia de cair.
Embora o mantenha «com respiração assistida», sugeriu-lhes que, com o pouco folgo que lhes resta, ensaiassem uma «co-adopção» com o partido socialista, de forma a assegurar que o memorando de entendimento da troika não ficasse órfão.
Esta forma peculiar do «Mayor da cidade» manter viva a crise governamental, apesar do governo estar com uma inclinação bem superior à Torre de Pisa (ou como se diz em Italiano, Torre pendente di Pila), é bem revelador do estado de degradação política a que o país chegou depois de económica, financeira e socialmente ter batido no fundo, por acção directa desta coligação governamental em «co-gestão» presidencial.
Os principais actores e autores desta crise governamental, PSD e CDS mais Presidente da República, vêm agora, pela mão deste, querer associar o PS, àquilo a que denominou de «compromisso de salvação nacional».
Lá nas “Selvagens” onde se encontra no momento em que escrevemos este texto, o «Mayor da cidade» aguarda pelo resultado das reuniões da troika partidária portuguesa.
Esta, pelas notícias que vão correndo por aqui, mostra sinais de conflito nas negociações uma vez que os partidos da maioria (PSD/CDS) estão a insistir na manutenção dos cortes previstos na reforma do Estado, o que leva o PS a usar mesmo a palavra "intransigência.”
Insistir nos cortes previstos na reforma do Estado, é, seguramente, e antes de mais, cavar irremediavelmente o fosso da pobreza generalizada no nosso país com a destruição de muitos serviços à população, o aumento desmesurado do desemprego e a destruição ainda mais acentuada do chamado mercado interno, sem qualquer contrapartida positiva no cumprimento de qualquer dos objectivos a que nos propusemos no âmbito do memorando, como se vem constatando há mais de dois anos.
A economia portuguesa não é suficientemente forte e musculada para poder aterrar num tempo e num espaço tão curtos como são aqueles que são propostos pelo Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF). A consequência imediata é a destruição de capacidade produtiva efectiva e potencial. A necessidade de um horizonte temporal alargado e de um período longo de estabilidade e crescimento são, portanto, imprescindíveis para criar expectativas positivas de resolução duradoura dos problemas em questão.” (António Covas, Universidade do Algarve, “Negócios Online”, 17/07/2013).
Esta coligação governamental e o Presidente da República, ainda não perceberam da “…necessidade de um horizonte temporal alargado e de um período longo de estabilidade e crescimento são (…) imprescindíveis para criar expectativas positivas de resolução duradoura dos problemas em questão.”
Que dizer, por isso, do “compromisso de salvação nacional”, a ser cozinhado no espaço de uma semana.
Está bem de ver, qual vai ser o resultado!...

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