sexta-feira, 20 de setembro de 2024

 A morte dos inocentes.

Portugal viveu nos últimos tempos das maiores tragédias que há memória. Quase em simultâneo, o colapso na saúde, na justiça e agora nos incêndios, tornou calamitoso o panorama geral do país de tal forma, que o governo paralisou e o presidente emudeceu. Salvaram-nos os voluntários e a solidariedade ativa da Europa. Hoje é dia de luto nacional, pelas vítimas dos incêndios, nos quais perderam a vida, entre outros, bombeiros voluntários. Não há palavras para tamanha grandeza humana que põe ao serviço dos outros, voluntariamente, a sua própria vida. Olhando para o que nos rodeia, até nos envergonha. A insanidade medíocre daqueles que nos governam, que não debitam um pingo de emoção perante a tragédia nem esboçam um sentimento mínimo de consternação, por falência de valores, tornam estas mortes um desperdício atroz e imerecido perante tamanha ingratidão.

Se nas tempestades o capitão do navio se esconder no porão, deixando passageiros e tripulantes à deriva, apenas terá como companheiros os ratos ou outros da sua espécie. O mesmo aqui se passa.

Só a comunicação social ligada às ignições e os comentadores ligados ao sensacionalismo ‘rentista’ se fizeram ver e ouvir durante este período de tragédia. De onde deveria vir o conforto, segurança, confiança, e esperança no futuro, nem uma palavra, nem uma ação. Quietos e calados.

𝗢 𝗵𝗼𝗺𝗲𝗺 𝗾𝘂𝗲 𝗲𝘃𝗶𝘁𝗮 𝗲 𝘁𝗲𝗺𝗲 𝗮 𝘁𝘂𝗱𝗼, 𝗻ã𝗼 𝗲𝗻𝗳𝗿𝗲𝗻𝘁𝗮 𝗰𝗼𝗶𝘀𝗮 𝗮𝗹𝗴𝘂𝗺𝗮, 𝘁𝗼𝗿𝗻𝗮-𝘀𝗲 𝘂𝗺 𝗰𝗼𝗯𝗮𝗿𝗱𝗲.” (𝗔𝗿𝗶𝘀𝘁ó𝘁𝗲𝗹𝗲𝘀

terça-feira, 10 de setembro de 2024

 GOVERNAR, É UMA CHATICE!

Este Governo espelha bem o que é governar sem vontade, ambição, sentido de Estado e de legitimidade envergonhada. Os ministros têm dificuldades políticas evidentes para os cargos que ocupam e não primam pelo reconhecimento de outras qualidades que os façam sobressair. Chega a ser confrangedor. Sempre que algo de importante acontece o ministro da área respetiva esconde-se, prima pelo silêncio e aguarda que o presidente Marcelo dê uma ‘mãozinha’. Eles foram convidados para a gestão corrente, atos ordinários, nada muito exigente, mesmo que se trate do governo do país. Só assim se explica, que este governo vá buscar a sua legitimidade a um ‘nado morto’. Tudo muito triste. Um amigo da onça deste governo dizia que em 4 meses não se pode exigir mais do governo, nem passar as culpas do que acontece para eles. Pois é verdade. Mas governar é estar à altura do que acontece no dia a dia de um país e responder com a celeridade necessária a tranquilizar os portugueses, sempre que as situações o exijam. Não é normal, é aliás uma aberração, que quando algo de grave acontece na saúde, justiça, educação, administração interna, etc., etc., os responsáveis pelas respetivas pastas se escondam e não deem a cara, prontamente, pelo sucedido. Esta forma de estar no governo, cria medo e apreensão. Os portugueses precisam de ter segurança e a certeza de quem os governa está presente nas situações mais graves que acontecem. Assaltar um ministério e roubar computadores, sem que a governante da área, mostre qualquer preocupação ou sinta necessidade de descansar os portugueses; fugirem da prisão cinco evadidos perigosos sem que a responsável da área entenda dar uma palavra aos cidadãos; ter uma grávida há porta de um hospital com o feto num saco de plástico durante horas, sem que a governante da área se desassossegue ou ter a Madeira a arder e os governantes nacionais continuarem a banhos, como se nada se passasse, é o cúmulo da irresponsabilidade e o maior abandono politico de que há memoria na historia da democracia de Abril.

Para esta forma de governar, não é preciso orçamento. Em pouco mais de 4 meses, a fórmula governativa encontrada pelo presidente Marcelo, está esgotada. Já nem os jornalistas do acessório, têm vontade de apoiar. O presidente Marcelo tudo fará para manter esta sua ‘AD’, nem que para tanto, seja necessário promover um ‘governo retificativo’. O princípio é sempre o mesmo: “quanto pior melhor”.

 

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

 O EUROPEÍSMO DE OCASIÃO

Maria Luís Albuquerque é mais depressa uma figura dos ‘camones’ do que uma europeísta, muito menos, convicta. É uma liberal de cunho ‘estatista’ impregnada dos princípios da economia rentista ou de casino, fã incondicional dos fundos ‘abutres’ e sua fiel e dedicada servidora. Não se conhecem quaisquer manifestações europeístas, antes pelo contrário. A troika foi a sua alavanca na política e a sua parceira inseparável para ascensão no governo e reconhecimento do capitalismo americano, para onde transitou depois de cessar as funções governativas. Esta não é uma boa candidata a um cargo na europa, designadamente, comissária, pois as suas fraquezas políticas confundem-se com as suas debilidades no campo económico e social. A ideia dos comissários, mais do que os melhores entre os melhores, que não é manifestamente o caso, esconde uma preocupação mais profunda que é a de verdadeiros europeístas, ou seja, de verdadeiros protagonista de uma europa de valores que nos permitem viver em conjunto, apesar das nossas diferenças linguísticas, culturais, religiosas e de costumes. Os valores da solidariedade, da tolerância, da liberdade e igualdade e do respeito são valores humanos comuns que permitem que nos unamos e tenhamos o sentimento de pertencer ao projeto comum que é a União Europeia. A ora designada, não demonstrou, até hoje, comungar desses valores. “Ela acumulou uma interessante experiência”, dizem os seus proponentes. Sem dúvida, porém, não nesta área dos valores e da construção europeia. Enfim, Bruxelas terá de fazer por ela, o que Portugal não conseguiu. Pode ser que resulte.

 

 

terça-feira, 27 de agosto de 2024

O Poder do Sismo

Finalmente, o Presidente da República falou aos portugueses através da comunicação social. Foi preciso um sismo de magnitude 5.3 na escala de Richter, para que o presidente falasse. Antes, outra tragédia, o incêndio que deflagrou na ilha da Madeira há 12 dias (agora controlado e em fase de rescaldo), que consumiu mais de 5.045 hectares de área ardida e que manteve as populações em pânico na região, não mereceu nenhuma referencia especial do Presidente da República, que entendeu seguir o caso à distância, ainda no seu reduto de férias algarvias. Segundo mandou saber, o Presidente da República vai reunir-se com o Governo por causa do sismo. Nada vem dito, sobre a catástrofe na ilha da Madeira. Apenas fez saber, que só vai à Madeira quando fogo for extinto. Como alguém escreveu com alguma propriedade: Os tempos de agora são de alguma ausência militante, mesmo ao nível dos órgãos de soberania. O país dos ‘empreendedores’ e das ‘Startups’ dos jornalistas do acessório e dos comentadores anquilosados, sentem-se como peixe na água’ ainda que esta se mostre turva e poluída. O silêncio é tal, que todos omitiram o feito histórico de, pela primeira vez, um gay ser primeiro-ministro em Portugal, ainda que interinamente. Nem a comunidade LGBT+ (ou LGBTQIA+) se atreveu a comemorar o acontecimento. Como dizia o outro: ‘os tempos agora são de silêncio militante”. Agradeço ao jornalista Luis Osório, a lembrança de tal feito. 

domingo, 18 de agosto de 2024

Revoltante

Época de incêndios? Todos sabemos. Preocupações acrescidas? Só alguns, assim o entendem. Outros? nem tanto, ainda que sejam governantes.

No passado dia 14 do mês corrente, de manhã, deflagrou um incêndio no concelho da Ribeira Brava, na Madeira, e que alastrou no dia seguinte ao município vizinho de Câmara de Lobos, continua a lavrar com três frentes ativas: Serra de Água, Fajã das Galinhas e Curral das Freiras. Nesse mesmo dia, à noite, houve a reentre do PSD no Pontal. Nem um gesto de solidariedade. No dia seguinte, o Presidente do Governo Regional da Madeira, recusa apoio do governo central, afirmando que os meios no terreno eram suficientes. Entretanto, o incêndio descontrolou-se, e cerca de cem pessoas tiveram de abandonar as suas casas. Ao início da manhã deste domingo, o incêndio na Madeira continuava a não dar tréguas ao dispositivo de combate, agora reforçado com cerca de 80 operacionais destacados a partir do continente. Foi nesta altura que o Presidente do Governo Regional, entendeu por bem interromper as suas férias na ilha de Porto Santo e deslocar-se para o funchal, sede do governo regional, para acompanhar as operações. A situação continua muito critica na Madeira, nada que fizesse o primeiro-ministro ou o Presidente da República dar um gesto de responsabilidade política ainda que a situação possa ser muito similar à de Pedrógão Grande, em 2017. Continuam no seu paraíso algarvio de férias, como se nada se estivesse a passar. Mas, realmente, o que mais impressiona e revolta é esta atitude de ‘soba’ do Presidente Regional da Madeira, que decide do destino das populações com uma facilidade impressionante, mesmo que dai resulta a colocação em perigo de dezenas delas. Todos os especialistas criticam o atraso no pedido de ajuda e reforço de mais meios. Diria que não é preciso ser especialista. Basta conhecer a Madeira e a sua orografia muito complexa, para se perceber a dificuldade ao combate ao incendio. As responsabilidades políticas dos órgãos da região bem como dos órgãos centrais exigem que perante uma atitude política irresponsável de um governante a mesma possa ser corrigida pelos restantes em prol das populações, vítimas dessa irresponsabilidade. O silêncio das autoridades nacionais a mais esta tragédia, só pode querer dizer que estamos a viver um período de fraqueza moral e politica muito preocupante.

  

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

 A PROCURADORA, AS GÉMEAS, O SNS E O ISALTINO DO LAVAGANTE

Este primeiro semestre de 2024, politicamente, tem sido muito preenchido de ‘nada’. De ‘nada’ não é bem, pois assistiu-se ao lançamento do ‘gastrólogo’, Isaltino de Morais. Fora isso, ‘nada’. Até o Presidente Marcelo que do tudo passou para o ‘nada’. Nem pia. "Este é o tempo do governo …”. Só que o governo … nada. Nada, não é verdade. Asneiras de principiantes na saúde, na justiça, no trabalho, nas finanças, na educação, etc. Claro que o plano de emergência para a saúde em 60 (sessenta) dias, foi o ‘top’ do ‘nada’. Já não há ‘verão quente’ em Portugal, pois se houvesse, duvido que o primeiro-ministro fosse de férias para Vilamoura ou o Presidente para Albufeira. Teriam de ficar em Lisboa em solidariedade com aqueles que mais sofrem com o desesperante vazio governativo. Mas, realmente, os tempos são outros. É, o caso, por exemplo, da grávida que sofreu um aborto e à qual foi recusado atendimento no Hospital das Caldas da Rainha. Ninguém se pronunciou (e preocupou), a não ser o bombeiro corajoso que denunciou a situação. "Na consulta externa disseram que não seria o local para a atender, para se dirigir à urgência. Quando chegou à urgência deparou-se com a informação que não estava a funcionar, para ligar para a Linha de Saúde 24 ou 112. O que fez.". A admissão só ocorreu após forte insistência dos bombeiros, disse o comandante Nelson Cruz. Em situações idênticas, mas de contornos menos vincados, a anterior ministra da saúde pediu a demissão. Estamos num período de diluição lenta dos princípios que informam o regime democrático. As responsabilidades políticas, ‘são contas de outro rosário’. Agora exige-se mudez. Quietos e calados que a inércia faz o resto. É este o lema do atual staff governativo do professor Marcelo. Sobram os opinadores do clã, Relvas, Marques Mendes, José Miguel Júdice, Santana Lopes, etc. Que dizem eles? Nada de nada. E, por isso, têm um salário mensal das televisões. Basicamente, para dizerem nada. Porque se fosse para dizerem alguma coisa, teriam de pagar.

E é neste deserto do ‘nada’ que a rentrée do PSD no Pontal teve o seu momento mais caricato. Enquanto os ‘quadros’ e os ‘militantes’ do partido no continente se exibiam no glamour da festa os seus companheiros da Madeira, viam-se a braços com um incêndio que deflagrou na quarta-feira de manhã, no concelho da Ribeira Brava, na Madeira, numa zona de difícil acesso, com duas frentes ativas. O fogo começou na freguesia da Serra de Água, tendo, entretanto, alastrados para as zonas do Espigão e da Trompica, nas zonas altas do concelho da Ribeira Brava. Sobre isto, o líder disse ‘nada’. Significativo!

 

 

 

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

 ‘ANDA TUDO AOS PAPEIS’

É um pouco confrangedor sentir que a solução de governo saída das últimas eleições legislativas, não trouxe nenhum ‘élan’ à política nacional, antes pelo contrário. Vazio de soluções, os novos governantes, limitam-se a não fazer ‘ondas’ para não perturbar o ‘marasmo’.  Todos pretendem ficar bem na fotografia, após um começo em falta, com algumas gafes que no rigor dos princípios mais não são do que o subconsciente político de alguns destes novos governantes. Isto, após mais de cem dias de governação. Este estado catatónico de imobilidade governativa, espelha bem a perturbação do primeiro-ministro que em frase repetitiva pede que o ‘deixem governar.’ Mal comparado, faz lembrar aquele que se assegurando que está bem agarrado, diz: “Larguem-me que eu mato-o”.

Há uma espécie de anestesia geral em que nem mesmo os ‘jornalistas do acessório’ são capazes de ‘encher pneus’. Quem ainda abana um pouco isto é o presidente Marcelo, com os seus casos, já estafados é certo, mas que continuam a fazer caminho na estreita vereda do partido de extrema-direita fascista com assento parlamentar. Claro que Marcelo não se pode queixar muito, pois está a colher o que semeou. E tudo saído da sua família política. Era o seu desejo e foi cumprido. Até o ‘nado-morto’ CDS, foi ressuscitado, para dar corpo a um desejo antigo de “uma maioria, um Governo e um Presidente”. É extraordinário como se consegue a ‘estabilidade política’ sem mexer uma palha. Ninguém quer falar, para não acordar o outro. Fazer, apenas o que está feito ou completar o que foi começado. Ideias, podem ter e muitas, mas ficamos por aí. Por outro lado, a oposição, deve abster-se de fazer política, sob pena ser acusada de ‘força de bloqueio’. Só a turma dos neofascistas e seus acólitos, está de ‘rédea solta’. É pavoroso ver estes energúmenos no palco da democracia, a presidir a comissões de inquérito e outras atividades de relevo na casa da democracia. É o resultado da judicialização da política, levada a cabo pelos ‘moços de esquadra’ do ministério público, com o alto patrocínio da ‘chefe’ da corporação.

O estado decrépito em que se encontra a política em Portugal mede-se pelo silêncio ‘assassino’, da notícia do passado dia 05 de agosto, de que ’Grávida com aborto espontâneo vê negada assistência no Hospital das Caldas da Rainha”. Noutras latitudes ou em governos anteriores, o responsável da saúde já tinha sido demitido ou pedido a demissão se o caráter e a responsabilidade política fossem valores intrínsecos ao ato de governar. Marta Temido e outros (poucos) já deram o exemplo. Mas há pessoas, que não vão lá pelo exemplo. Só á força e bruta.