Dá pelo nome de IL (“Iniciativa Liberal”). Porém, podia muito bem ser de “Idiotas Letrados” ou mais apropriadamente de “Inexistência liberal” (InL). A (InL), é um ajuntamento de pessoas, que, durante anos e anos, formaram os “independentes” ou deambularam por outros partidos da democracia, até ganhar a própria autonomia não por mérito próprio, naturalmente, mas por colapso desses partidos. A (InL) deve a sua existência, exatamente por não ser necessário fazer prova do liberalismo. Aquele ajuntamento, formado por quadros de empresas privadas, quase sempre de intervenção pública, ex-funcionários públicos e/ou de empresas e/ou de institutos públicas, startups, agrupados na (InL), são a expressão acabada da mediocridade diletante que durante anos a fio se pavoneou na antecâmara dos partidos, sempre em lugar recatado, para que a sua sobrevivência não fosse posta em causa. São gente sem ideias nem projeto. Muito baseados no “eu-eu-eu”, a (InL) é vista como um grupo preguiçoso, narcisista e mimado.
A (InL), é um grupo (partido) vazio
de ideias. A dinâmica sociopolítica e económica e a efemeridade dos elementos
sociais em geral produziram um solo ideológico instável e flexível, na (InL), de
forma que o partidarismo, acompanhado pelo estímulo do liberalismo ao consumo,
tornaram-se pouco nítidos neste grupo. Acostumados a conseguirem o que querem
sem esforço ou em prazos consideráveis, os membros da (InL), não se sujeitam às
tarefas subalternas de início de carreira e desejam salários ambiciosos, em
geral com a suposição de que conhecimento e currículo técnico tornam
desnecessários outros atributos profissionais. A discrepância na perceção do
significado sobre o trabalho e carreira é evidente o que torna a (InL) um grupo "sem interesse".
Baseados numa conceção
tradicionalista do liberalismo, assente no individuo como o centro de tudo, a (InL),
não tem pátria nem país. As suas ideias, assentam num programa de marketing, Liberdade
Individual – que todo o individuo — cada um de nós! — tem direitos fundamentais
a dirigir a sua própria vida, o que fazer com o que é seu, a escolher como
viver em comunidade. Em nenhuma parte do seu manifesto político existe uma
conexão com a pátria portuguesa ou um “fumus”, sequer, de solidariedade política
e/ou social. Por isso, as políticas sociais não existem e muito menos essa
preocupação pelos mais desfavorecidos.
O Portugal mais justo e igual,
não faz parte do dicionário político da (InL). O liberalismo para este grupo é
uma abstração e assim deve continuar a ser. Lê-se, no seu manifesto: “Acreditamos
no Liberalismo – nas ideias políticas que defendem pessoas livres, sociedades
livres, mercados livres, cidadãos livres – porque a Liberdade é o maior motor
de geração de desenvolvimento humano, de harmonia social, e de prosperidade
económica.”
A contradição, contudo, é patente
para este “liberalismo” acéfalo e abstrato da (InL), uma vez que é sustentado
nos apoios e subsídios estatais, e é através do Estado que pretensamente pretendem
implementar os ditos “mercados livres”, sob o slogan “privatização da riqueza e
socialização de prejuízos”.
Em outros tempos, de credulidade
na suposta capacidade de autorregulação dos mercados, em que a (InL) se
acantonava na democracia cristã ou na social-democracia, estranhar-se-ia a
desconfiança na orquestração pelos preços, a suspeita quanto às expectativas
racionais dos agentes, ou a interferência na premissa de garante da ordem
liberal, que reduz o Estado a disciplinado observador. Estranhar-se-ia a dúvida
sobre a (teoria da) teia de aranha, tradutora do equilíbrio tendencial, do bom
funcionamento da economia em mercado livre e, por sua extensão, da ausência de
crises sistémicas.
Liz Truss é o último exemplo vivo
do falhanço total do neoliberalismo da (InL).
Hoje, não se garantindo
equidade no esforço que as sociedades devem fazer, é de temer que não
sobrevivam os que já passam fome, os que já não têm medicamentos (vão faltar?
não para todos!), os que não terão os tratamentos, os que não terão
eletricidade em casa, os que não terão casa.
Esta é a resposta ausente da (InL).
Por todas estas razões, a democracia portuguesa, pouco beneficiará deste grupo
para a sua consolidação e crescimento. Os contributos ideológicos são de uma
pobreza extrema. Aliás, este é terreno minado, para este grupo.
Agora que a (InL) se prepara para
substituir a sua liderança, melhor faria reunir em congresso e decretar a sua
extinção.
É simplesmente desolador, o
contributo nulo deste grupo para a democracia portuguesa, com custos
apreciáveis para o erário público.
Esta é uma das fraquezas dos
regimes democráticos. Conseguem suportar no seu seio quem a eles se opõem ou
gerar “nado morto”, com alguma facilidade.