Os deuses estão anunciando que Hermes, pode estar a chegar. Hermes, mensageiro dos deuses, e um dos doze deuses olímpicos, da religião helénica, era um deus do comércio e dos ladrões. Pois da mitologia à realidade, anuncia-se a chegada de uma grande coligação ao poder em Portugal, composta por toda a direita e extrema-direita, xenófoba, racista, homofóbica e outras formas de intolerância, por todas as ordens profissionais, lideradas pelos seus cabo-chefes, os bastonários/as, toda a comunicação social subsídio dependente ou dependentes de grupos económicos estrangeiros, pouco afetos à liberdade de expressão e comunicação, aos sindicatos avessos à concertação social e às corporação afetas às cantinas sociais obras reconhecidas pelo atual presidente da República, “evangelista” do sermão dos pobres de espirito a que se referia Jesus. Cenário, catastrófico? Recorda-se, apenas, o período de 2011 a 2015, ou, nas palavras dos autores de então, a política da “pobreza regeneradora”. Sim, ontem, tal como hoje, os pobres terão de deixar de ser piegas e viverem com aquilo que têm. Os salários (13.º e 14.º, mês) e as pensões, superiores a € SMN, terão de ser cortadas definitivamente. O SNS, terá de ser emagrecido, e nem todos poderão beneficiar do seu acesso. As escolas públicas terão de ser reduzidas, e a oferta de ensino será entregue à iniciativa privada, ainda que através de contratos de associação, de subsídio estatal. O emprego público será reduzido, aos limites do inaceitável, para que o emprego privado possa responder às necessidades. A segurança social, de pendor público (maioritariamente), será reduzida por forma a abarcar um regime misto, com apadrinhamento dos seguros privados. Os apoios sociais, sejam de que natureza for, serão reduzidos e/ou eliminados, vide, por exemplo, o RSI. O “apartheid” social será uma realidade governamentalmente visível. Os direitos sociais serão pura e simplesmente abolidos do léxico e prática políticas. As eventuais conquistas a este nível serão, pura e simplesmente, revogadas. Portugal, passará a ser regido não pelas normas e diretivas comunitárias, mas antes pelas grandes centrais do populismo mundial, que continuarão a injetar milhões e milhões de euros (dólares), para a consolidação da extrema-direita protofascista nos governos em Portugal. O PSD, líder da direita democrática em Portugal, na sua ânsia de poder, está pronta a entregar o “ouro ao bandido”. Para além do retrocesso civilizacional, avizinham-se (caso os deuses, tenham razão!), um rombo na nossa democracia, dificilmente reparável. Todos seremos responsáveis. Naturalmente, uns mais que os outros. Ao recordar-me que os partidos que sustentavam a maioria parlamentar do PS, não aguentaram o fortalecimento do Estado Social, por mais de 6 (seis) anos, imagino a heroicidade de um Olof Palme (Membro do Partido Operário Social-Democrata da Suécia, primeiro-ministro da Suécia entre 1969 e 1976 e de novo entre 1982 e 1986, ano em que foi assassinado à saída de um cinema em Estocolmo. Uma figura central e polarizadora, quer na política interna, quer na política internacional desde os anos 60, foi firme na sua política de não-alinhamento em relação às superpotências, acompanhado pelo apoio a numerosos movimentos de libertação do terceiro mundo após a descolonização, incluindo, o mais controverso, o apoio económico a vários governos do Terceiro Mundo.). Não é desta social-democracia que os deuses anunciam para Portugal. Não existem sociais-democratas em Portugal ao nível desta figura histórica e fundamental para o pensamento político europeu. Hoje, todos giram à volta do populismo grego, húngaro ou polaco, nas figuras destacadas de um Viktor Orbán ou outras figuras menores como Salvini em Itália ou Santiago Abascal, em Espanha.
Esta decadência em Portugal (se
os deuses tiverem razão), está em contraciclo com o sentimento generalizado,
em pandemia, que louva a governação PS, pelas políticas sociais e de saúde
publica, levadas a cabo neste período pandémico. Justifica-se, então, uma
punição nas urnas? Aparentemente, não. A haver, ela só pode ser entendida como
uma punição pelas companhias, escolhidas. “Diz-me com quem andas dir-te-ei quem
és”. Sempre foi e sempre será assim. Independentemente das culpas que o PS
poderá ter no rompimento dos acordos estabelecidos com o BE e PCP, sobretudo,
que se acredita serão algumas, a verdade é que o BE e o PCP, não mostraram
capacidade para sustentar um projeto a médio longo prazo, suportando os ritmos
de uma caminhada, mais compassada àquela que pretendiam. Será que a esquerda é “burra”,
como se interroga Boaventura Sousa Santos? Esta esquerda, que sustentou no
parlamento o governo do PS é, indiscutivelmente, burra. Deixando de lado, o “quanto
pior melhor”, de outras eras, a verdade é que o esforço para o fortalecimento
de um Estado Social forte em Portugal, foi um lapso, e as bandeiras do
extremismo, voltaram a ser erguidas. É evidente, para todos, que qualquer
destes partidos não ganhará nada com eleições antecipadas. Também é evidente,
que eles sabiam disso. Então o que os move?
Saberemos, em 30 de janeiro de
2022!