sábado, 25 de abril de 2020

Abril, a vacina da liberdade!

A música é linguagem universal. Por ela e através dela trazemos ao dia de hoje todas as vivências passadas ligadas ao 25 de Abril de 1974. Comemorar Abril através da música é uma experiência extraordinária e absolutamente enriquecedora. Não fora a pandemia e estaríamos de novo a celebrar Abril, através de diversas formas como era costume, incluindo com música, claro. Mas o Covid-19, roubou-nos, neste aniversário de Abril, a possibilidade de descer a avenida, de nos abraçarmos, de andar de mãos dadas, mas não conseguiu proibir-nos de cantar. Cantar as canções de Abril. Pelas janelas das casas nas cidades, vilas e aldeias, pela Internet ou pelas redes sociais tem-se ouvido todas as canções de Abril, numa verdadeira comemoração extraordinária do dia da liberdade. E neste dia e apropriadamente, saudemos estes outros "Capitães de Abril",que são os profissionais de saúde, do no Serviço Nacional de Saúde, essa conquista irreversível da nossa democracia.
Saudemos, pois, os protagonistas da Revolução dos Cravos!

terça-feira, 14 de abril de 2020

𝐀 𝐑𝐞𝐠𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚çã𝐨 𝐞 𝐚 𝐏𝐚𝐧𝐝𝐞𝐦𝐢𝐚


Tenho lido ultimamente alguns escritos de pessoas que prezo quer pelo que dizem quer pelo que escrevem, a darem “graças a Deus” por não ter havido regionalização, face ao comportamento totalmente censurável de alguns autarcas durante esta pandemia.
O comportamento de autênticos caciques pós 25 de Abril, já com ramificações para os seus descendentes é obra dos pais do “Centrão”, essa realidade sinistra do nosso país. Na verdade, enquanto os caciques de “antigamente” eram os “senhores” da terra, com influência decisiva em tudo o que mexia à sua volta, os caciques de hoje são um produto dos partidos que acentuaram o seu poder local em pessoas que subordinam os interesses das populações aos interesses partidários, recebendo em troca os lugares de poder para si e todos os seus. Daí que, 46 anos depois do 25 de Abril, ainda tenhamos um Portugal assimétrico, profundamente desigual e sobretudo, altamente injusto. Injusto para as populações que padecem cronicamente das condições mínimas de vida, enquanto alguns dos seus autarcas se passeia nas ruas das suas aldeias, vilas ou cidades, de carros de grande cilindrada (um “Bentley em Oliveira de Azeméis”, Hermínio Loureiro, ex-presidente da câmara, entre 2009/2016, dirigente do PSD) ou como se diz vulgarmente, “com brutas vivendas”. E claro, com os filhos “bem encaminhados”. E isto porquê? Porque deixámos acentuar, desde o início, este caciquismo partidário, altamente destrutivo e ignóbil que sobrepôs ao então existente. Estes sempre foram inimigos regionalização. E os filhos destes, são hoje inimigos da regionalização. Mas no só. Muitos temiam (e ainda hoje temem) a regionalização, argumentando quase sempre o seguinte: 𝘐) 𝘈 𝘳𝘦𝘨𝘪𝘰𝘯𝘢𝘭𝘪𝘻𝘢çã𝘰 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘴𝘦𝘳 𝘶𝘮𝘢 𝘧𝘪𝘤çã𝘰 𝘤𝘳𝘪𝘢𝘥𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘳𝘦𝘧𝘰𝘳ç𝘢𝘳 𝘰 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘳 𝘥𝘰𝘴 𝘱𝘰𝘭í𝘵𝘪𝘤𝘰𝘴 𝘭𝘰𝘤𝘢𝘪𝘴 𝘦 𝘰 𝘤𝘢𝘤𝘪𝘲𝘶𝘪𝘴𝘮𝘰 𝘭𝘰𝘤𝘢𝘭 𝘤𝘰𝘮 𝘵𝘰𝘥𝘰 𝘰 𝘴𝘦𝘶 𝘳𝘰𝘭 𝘥𝘦 𝘪𝘯𝘧𝘭𝘶ê𝘯𝘤𝘪𝘢𝘴 𝘦 𝘫𝘰𝘨𝘰𝘴 𝘥𝘦 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘳; (𝘐𝘐) 𝘗𝘰𝘥𝘦 𝘥𝘢𝘳 𝘰𝘳𝘪𝘨𝘦𝘮 𝘢 𝘷á𝘳𝘪𝘰𝘴 𝘛𝘦𝘳𝘳𝘦𝘪𝘳𝘰𝘴 𝘥𝘰 𝘗𝘢ç𝘰 𝘦 𝘦𝘮 𝘷𝘦𝘻 𝘥𝘦 𝘶𝘮 𝘤𝘦𝘯𝘵𝘳𝘢𝘭𝘪𝘴𝘮𝘰 𝘵𝘦𝘳𝘮𝘰𝘴 𝘷á𝘳𝘪𝘰𝘴 𝘤𝘦𝘯𝘵𝘳𝘢𝘭𝘪𝘴𝘮𝘰𝘴; (𝘐𝘐𝘐) 𝘊𝘰𝘮𝘢 𝘳𝘦𝘨𝘪𝘰𝘯𝘢𝘭𝘪𝘻𝘢çã𝘰 𝘢𝘴𝘴𝘪𝘴𝘵𝘪𝘳𝘦𝘮𝘰𝘴 𝘢 𝘶𝘮 𝘳𝘦𝘧𝘰𝘳ç𝘰 𝘥𝘢 𝘣𝘶𝘳𝘰𝘤𝘳𝘢𝘤𝘪𝘢 𝘦 𝘢 𝘶𝘮 𝘢𝘶𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰 𝘥𝘦 𝘤𝘢𝘳𝘨𝘰𝘴 𝘦 𝘥𝘢 𝘥𝘦𝘴𝘱𝘦𝘴𝘢 𝘱ú𝘣𝘭𝘪𝘤𝘢 𝘦 𝘥𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘨𝘢 𝘧𝘪𝘴𝘤𝘢𝘭; (𝘐𝘝) 𝘈 𝘙𝘦𝘨𝘪𝘰𝘯𝘢𝘭𝘪𝘻𝘢çã𝘰 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘱ô𝘳 𝘦𝘮 𝘤𝘢𝘶𝘴𝘢 𝘢 𝘤𝘰𝘦𝘴ã𝘰 𝘯𝘢𝘤𝘪𝘰𝘯𝘢𝘭 𝘦 𝘢 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘨𝘳𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘥𝘰 𝘱𝘢í𝘴; (𝘝) 𝘋𝘢𝘥𝘢 𝘢 𝘧𝘢𝘭𝘵𝘢 𝘥𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘴𝘦𝘯𝘴𝘶𝘢𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦, 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘪𝘣𝘶𝘪𝘳 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘤𝘳𝘪𝘢𝘳 𝘶𝘮 𝘤𝘭𝘪𝘮𝘢 𝘥𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘭𝘪𝘵𝘰 𝘱𝘦𝘳𝘮𝘢𝘯𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘦𝘯𝘵𝘳𝘦 𝘳𝘦𝘨𝘪õ𝘦𝘴, 𝘱𝘰𝘵𝘦𝘯𝘤𝘪𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘰𝘴 𝘣𝘢𝘪𝘳𝘳𝘪𝘴𝘮𝘰𝘴 𝘦 𝘤𝘰𝘭𝘰𝘤𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘦𝘮 𝘤𝘢𝘶𝘴𝘢 𝘢 𝘴𝘰𝘭𝘪𝘥𝘢𝘳𝘪𝘦𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘯𝘢𝘤𝘪𝘰𝘯𝘢𝘭; (𝘝𝘐) 𝘋𝘦𝘱𝘦𝘯𝘥𝘦𝘯𝘥𝘰 𝘰𝘴 𝘢𝘶𝘵𝘢𝘳𝘤𝘢𝘴 𝘳𝘦𝘨𝘪𝘰𝘯𝘢𝘪𝘴 𝘥𝘰 𝘷𝘰𝘵𝘰 𝘥𝘰𝘴 𝘤𝘪𝘥𝘢𝘥ã𝘰𝘴, 𝘢 𝘮𝘦𝘭𝘩𝘰𝘳𝘪𝘢 𝘥𝘢𝘴 𝘤𝘰𝘯𝘥𝘪çõ𝘦𝘴 𝘥𝘦 𝘷𝘪𝘥𝘢 𝘦 𝘢 𝘴𝘢𝘵𝘪𝘴𝘧𝘢çã𝘰 𝘥𝘢𝘴 𝘯𝘦𝘤𝘦𝘴𝘴𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦𝘴 𝘣á𝘴𝘪𝘤𝘢𝘴 𝘦 𝘱𝘳𝘦𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦𝘴, 𝘭𝘪𝘨𝘢𝘥𝘢𝘴 à á𝘨𝘶𝘢, 𝘳𝘦𝘤𝘰𝘭𝘩𝘢 𝘥𝘦 𝘳𝘦𝘴í𝘥𝘶𝘰𝘴 𝘴ó𝘭𝘪𝘥𝘰𝘴, 𝘩𝘢𝘣𝘪𝘵𝘢çã𝘰, 𝘴𝘢ú𝘥𝘦, 𝘦𝘵𝘤., 𝘦𝘵𝘤., 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘳𝘪𝘢𝘮 𝘴𝘦𝘳 𝘱𝘳𝘦𝘵𝘦𝘳𝘪𝘥𝘢𝘴 𝘢 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳 𝘥𝘦 𝘰𝘣𝘳𝘢𝘴 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘷𝘪𝘴𝘵𝘰𝘴𝘢𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘨𝘢𝘳𝘢𝘯𝘵𝘢𝘮 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘷𝘰𝘵𝘰𝘴 𝘥𝘰𝘴 𝘦𝘭𝘦𝘪𝘵𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘭𝘰𝘤𝘢𝘪𝘴.
Basta ver a actual situação regional e autárquica no país para perceber que estes argumentos não passam de um logro, destinado a encobrir a real situação de caciquismo partidário em que o país mergulhou, com múltiplos centros de poder não formais, que vão desde o militante que cola cartazes ao chefe do grupo ou representante partidário na aldeia, vila ou cidade.
Basta ver a multiplicidade de serviços e organismos, estatais, regionais e locais, assim, como, o número incontável de trabalhadores do sector público e avençados do sector privado, que alimentam (ou se alimentam) estas máquinas, para perceber que os temores da regionalização, pelo menos neste ponto, não têm razão de ser. Os custos da actual organização política e administrativa do Estado, são incomensuravelmente maiores do que aqueles que resultariam da regionalização. Só os custos da corrupção, compadrio, vantagens indevidas e outras há muito que seriam eliminadas, se se tivesse, desde o início, da instauração da democracia, dado cumprimento ao texto constitucional, com a implementação da regionalização. Os temores daqueles que sempre se opuseram à regionalização, vêm-se a verificar de uma forma agravada no modelo actualmente em vigor. O do caciquismo partidário.
Muitos, após o 25 de Abril de 1974, diziam que a democracia nunca seria implementada em Portugal. Quarenta e seis anos depois, veio-se a demonstrar que estes “saudosistas” não tinham razão. Não foi fácil, mas vingou. Como vingaria a regionalização se, desde o início, se tivesse cumprido a constituição, designadamente:
(𝑰) 𝑪𝒐𝒏𝒇𝒆𝒓𝒊𝒏𝒅𝒐 𝒂𝒐𝒔 𝒂𝒖𝒕𝒂𝒓𝒄𝒂𝒔 𝒍𝒆𝒈𝒊𝒕𝒊𝒎𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆𝒎𝒐𝒄𝒓á𝒕𝒊𝒄𝒂 𝒅𝒊𝒓𝒆𝒕𝒂 𝒄𝒐𝒎 𝒂 𝒔𝒖𝒂 𝒆𝒍𝒆𝒊çã𝒐 𝒑𝒐𝒓 𝒔𝒖𝒇𝒓á𝒈𝒊𝒐 𝒖𝒏𝒊𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂𝒍, 𝒓𝒆𝒔𝒑𝒐𝒏𝒅𝒆𝒎 𝒑𝒆𝒓𝒂𝒏𝒕𝒆 𝒐𝒔 𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅ã𝒐𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒐𝒔 𝒆𝒍𝒆𝒈𝒆𝒓𝒂𝒎 𝒑𝒐𝒅𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒓 𝒑𝒆𝒏𝒂𝒍𝒊𝒛𝒂𝒅𝒐𝒔 𝒆𝒎 𝒇𝒖𝒕𝒖𝒓𝒂𝒔 𝒆𝒍𝒆𝒊çõ𝒆𝒔 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒎𝒑𝒆𝒏𝒉𝒐 𝒅𝒆𝒇𝒊𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆; (𝑰𝑰) 𝑨𝒑𝒓𝒐𝒇𝒖𝒏𝒅𝒂𝒓 𝒂 𝒅𝒆𝒎𝒐𝒄𝒓𝒂𝒄𝒊𝒂 𝒓𝒆𝒑𝒓𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒂𝒕𝒊𝒗𝒂, 𝒅𝒊𝒎𝒊𝒏𝒖𝒊𝒏𝒅𝒐 𝒐 𝒑𝒆𝒔𝒐 𝒆𝒙𝒄𝒆𝒔𝒔𝒊𝒗𝒐 𝒅𝒐 𝑬𝒔𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒆 𝒐 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒍𝒊𝒔𝒎𝒐; (𝑰𝑰𝑰) 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒓𝒊𝒃𝒖𝒊𝒓 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒓𝒆𝒇𝒐𝒓ç𝒂𝒓 𝒐 𝒑𝒆𝒔𝒐 𝒅𝒂𝒔 𝒐𝒓𝒈𝒂𝒏𝒊𝒛𝒂çõ𝒆𝒔 𝒅𝒂 𝒔𝒐𝒄𝒊𝒆𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒄𝒊𝒗𝒊𝒍 𝒒𝒖𝒆 𝒂𝒕𝒖𝒂𝒎 𝒆𝒎 𝒃𝒆𝒏𝒆𝒇í𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒐 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒍𝒐𝒄𝒂𝒍 𝒆 𝒓𝒆𝒈𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍; (𝑰𝑽) 𝑨𝒕𝒆𝒏𝒖𝒂𝒓 𝒂𝒔 𝒅𝒆𝒔𝒊𝒈𝒖𝒂𝒍𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔 𝒆 𝒂𝒔 𝒂𝒔𝒔𝒊𝒎𝒆𝒕𝒓𝒊𝒂𝒔 𝒍𝒐𝒄𝒂𝒊𝒔 𝒆 𝒓𝒆𝒈𝒊𝒐𝒏𝒂𝒊𝒔, 𝒑𝒐𝒅𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒓𝒆𝒇𝒐𝒓ç𝒂𝒓 𝒐 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒓𝒆𝒈𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒑𝒆𝒍𝒐 𝒎𝒆𝒍𝒉𝒐𝒓 𝒂𝒑𝒓𝒐𝒗𝒆𝒊𝒕𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒐𝒔 𝒓𝒆𝒄𝒖𝒓𝒔𝒐𝒔 𝒆𝒏𝒅ó𝒈𝒆𝒏𝒐𝒔;(𝑽) 𝑫𝒊𝒎𝒊𝒏𝒖𝒊𝒓 𝒂𝒔 𝒅𝒆𝒔𝒑𝒆𝒔𝒂𝒔 𝒅𝒐 𝑬𝒔𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒑𝒐𝒓𝒒𝒖𝒆 𝒐 𝒏ú𝒎𝒆𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝒂𝒖𝒕𝒂𝒓𝒄𝒂𝒔 𝒓𝒆𝒈𝒊𝒐𝒏𝒂𝒊𝒔 é 𝒅𝒊𝒎𝒊𝒏𝒖𝒕𝒐 𝒆 𝒊𝒎𝒑𝒍𝒊𝒄𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒐 𝒅𝒆𝒔𝒂𝒑𝒂𝒓𝒆𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝒂𝒍𝒈𝒖𝒏𝒔 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒐𝒔 𝒂𝒄𝒕𝒖𝒂𝒍𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒏𝒂 𝑨𝒅𝒎𝒊𝒏𝒊𝒔𝒕𝒓𝒂çã𝒐 𝑷ú𝒃𝒍𝒊𝒄𝒂; (𝑽𝑰) 𝑫𝒊𝒇𝒖𝒏𝒅𝒊𝒓 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒆 𝒎𝒆𝒍𝒉𝒐𝒓 𝒊𝒏𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂çã𝒐 𝒆𝒎 𝒏𝒐𝒎𝒆 𝒅𝒐 𝒑𝒓𝒊𝒏𝒄í𝒑𝒊𝒐 𝒅𝒂 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒑𝒂𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂; (𝑽𝑰𝑰) 𝑻𝒊𝒓𝒂𝒓 𝒎𝒆𝒍𝒉𝒐𝒓 𝒑𝒓𝒐𝒗𝒆𝒊𝒕𝒐 𝒅𝒂𝒔 𝒂𝒋𝒖𝒅𝒂𝒔 𝒆 𝒊𝒏𝒄𝒆𝒏𝒕𝒊𝒗𝒐𝒔 𝒅𝒂 𝑼𝒏𝒊ã𝒐 𝑬𝒖𝒓𝒐𝒑𝒆𝒊𝒂 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒐𝒔 à𝒔 𝒓𝒆𝒈𝒊õ𝒆𝒔;(𝑽𝑰𝑰𝑰) 𝑹𝒆𝒇𝒐𝒓ç𝒂𝒓 𝒂 𝒄𝒂𝒑𝒂𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒂𝒖𝒕𝒐𝒔𝒔𝒖𝒔𝒕𝒆𝒏𝒕á𝒗𝒆𝒍 𝒄𝒂𝒑𝒂𝒛 𝒅𝒆 𝒈𝒆𝒓𝒂𝒓 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒍𝒆𝒎𝒆𝒏𝒕𝒂𝒓𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝒐 𝑳𝒊𝒕𝒐𝒓𝒂𝒍 𝒆 𝒐 𝑰𝒏𝒕𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓; (𝑽𝑰𝑰𝑰) 𝑫𝒊𝒔𝒕𝒓𝒊𝒃𝒖𝒊𝒓 𝒅𝒆 𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒋𝒖𝒔𝒕𝒂, 𝒆𝒒𝒖𝒊𝒕𝒂𝒕𝒊𝒗𝒂 𝒆 𝒓𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒂 𝒓𝒊𝒒𝒖𝒆𝒛𝒂 𝒈𝒆𝒓𝒂𝒅𝒂, 𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒂 𝒆𝒙𝒄𝒆𝒔𝒔𝒊𝒗𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝒊𝒏𝒗𝒆𝒔𝒕𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒏𝒂 𝒛𝒐𝒏𝒂 𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝑳𝒊𝒔𝒃𝒐𝒂; (𝑰𝑿) 𝑭𝒂𝒄𝒊𝒍𝒊𝒕𝒂𝒓 𝒂 𝒇𝒊𝒙𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝒒𝒖𝒂𝒅𝒓𝒐𝒔 𝒔𝒖𝒑𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓𝒆𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒔𝒆𝒓𝒊𝒂𝒎 𝒖𝒎𝒂 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒗𝒂𝒍𝒊𝒂 𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒂𝒄𝒓𝒆𝒔𝒄𝒆𝒏𝒕𝒂𝒓𝒊𝒂𝒎 𝒒𝒖𝒂𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆, 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆 𝒓𝒊𝒒𝒖𝒆𝒛𝒂; (𝑿) 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒓𝒊𝒃𝒖𝒊𝒓 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝑷𝒐𝒓𝒕𝒖𝒈𝒂𝒍 𝒇𝒐𝒔𝒔𝒆 𝒖𝒎 𝒑𝒂í𝒔 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒎𝒐𝒅𝒆𝒓𝒏𝒐, 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒓ó𝒔𝒑𝒆𝒓𝒐, 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒆𝒇𝒊𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒋𝒖𝒔𝒕𝒐.

Este é o Abril que ainda está por cumprir!

sexta-feira, 10 de abril de 2020

𝐀 𝐜𝐨𝐛𝐫𝐚𝐧ç𝐚 𝐝𝐞 𝐝𝐢𝐯𝐢𝐝𝐞𝐧𝐝𝐨𝐬, 𝐞𝐬𝐭á 𝐚 𝐜𝐡𝐞𝐠𝐚𝐫!


À medida que a epidemia vai sendo vencida e os portugueses se preparam, lentamente, para regressar à normalidade "pós-covid", já se começam a verificar inquietudes quer nos pasquins, que nunca o deixaram de o ser, quer nas oposições políticas ao governo quer, ainda, nos fazedores de opinião, avençados do sistema.
Todos, como diria Camões, "da lei da morte se vão libertando"...
Aqui e ali, vão minando o trabalho das autoridades de saúde e o governo, mantendo um clima de dúvida e desconfiança permanente, criando a ideia que se podia fazer muito mais e muito melhor. Será que se podia? Vamos admitir que sim, embora os exemplos do exterior nos façam duvidar disso.
A pandemia criou uma "paz podre" que não tarda a rebentar. Os "accionistas" do 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘣𝘦𝘭𝘪𝘤𝘩𝘮𝘦𝘯𝘵, preparam-se para reivindicar os seus dividendos. Porém, também aqui, as coisas mudaram. Esta "economia", já não produz dividendos. Famílias, empresas, economia e saúde estão devastadas. O sistema financeiro, já estava. A politica e os políticos que a fazem, terão que ter aprendido alguma coisa com esta crise de saúde pública cujo fim ainda não se conhece na sua absoluta extensão. Uma coisa é certa. Estamos mais pobres. Muito mais pobres. Por isso, não há lugar a dividendos. Há, sim, que investir a fundo na solidariedade, na cooperação, na entreajuda e na distribuição justa dos recursos por aqueles que deles mais necessitam.
Há dias, uma enfermeira de um hospital público, em fim de turno, em declarações à tv, contou o seu dia de trabalho extenuante no hospital. No final, a repórter pergunto-lhe quanto é que ela ganhava. Ela respondeu, "levo para casa, perto de € 650.".
Estes são os nossos "heróis", por preço injusto...

domingo, 29 de março de 2020

O regresso da Troika?


O ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors advertiu ontem que a falta de solidariedade representa "um perigo mortal" para a Europa, após um Conselho Europeu extraordinário por causa da atual pandemia que evidenciou divisões entre os parceiros europeus, ao não terem conseguido um consenso para a criação de um instrumento comum de emissão de dívida para apoiar os esforços dos países mais afetados pela pandemia do Covid-19.

As divisões são velhas e conhecidas, tendo tido a sua expressão mais aguda na crise do “subprime” onde, tal como agora, Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia, bloquearam um plano solidário e mutualista no seio da União, na altura, através dos chamados “eurobonds”, para salvar os países da bancarrota, preferindo ser cúmplices do mecanismo de resgate vexatório, explorador e ganancioso, para os países em crise, acabando aqueles países do norte da europa, por beneficiar com os ditos resgates, já que os seus bancos participaram na “solução”.
Este indecoroso e vexatória comportamento dos países do norte da europa na crise financeira de 2007/2008, lançaram a dúvida mais que legítima sobre os seus verdadeiros propósitos quanto ao projeto europeu.
Hoje, atravessamos uma crise sem precedentes na história da UE que afeta toda as sociedades, colocando à prova governos e estado social. Uma crise diferente da que vivemos há uma década, cujos efeitos foram mais diferenciados e graduais. E como respondem estes países? Da mesma forma, ou seja, propõem que os países mais afetados pela pandemia, recorram às linhas de crédito do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), isto é, cada Estado-membro mais afetado pela pandemia, individualmente, pedirá o acesso a essas linhas de crédito com o risco de condicionalidades associadas (“todos nos lembramos que o uso de um mecanismo semelhante desenhou os programas das troikas, o que nos suscitaria receios sobre austeridade pós-crise”, Margarida Marques, da Comissão Orçamentos no Parlamento Europeu, ex-Secretária de Estado dos Assuntos Europeus ).
Portanto, o que estes países propõem é o regresso da Troika aos países mais afetados pela pandemia do Covid-19. Para já, Itália, Espanha e França e, porque não, Portugal.
Estes países, segundo os guardiões da Europa do Norte, não estão a saber lidar com a pandemia, gastando “rios de dinheiro” com os velhos, por isso, devem ser “investigados por alegarem não ter margem orçamental para fazer face à pandemia da covid-19.”
A solução está, pois, na chamada da Troika, de novo!
Ao ler isto lembrei-me de repente, da figura satírica criada por Rafael Bordalo Pinheiro ...
 

sábado, 28 de março de 2020

𝐀 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐫𝐫𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐜𝐫𝐢𝐬𝐞 𝐝𝐞 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐧𝐚 𝐮𝐧𝐢ã𝐨 𝐞𝐮𝐫𝐨𝐩𝐞𝐢𝐚


Nem perante uma pandemia que quase faz colapsar a Europa, os países que compõem a União, conseguem pôr-se de acordo na criação de um programa excecional de apoio às famílias, aos empregos, às empresas, à economia e, pasme-se, aos sistemas de saúde, da própria união europeia. Quem lidera a destruição desta corrente de solidariedade? Os mesmos de sempre! A Holanda, a Alemanha, a Áustria e outros conhecidos.
Os valores da UE deveriam ser comuns aos países que a compõem, numa sociedade em que deveria prevalecer a inclusão, a tolerância, a justiça, a solidariedade e a não discriminação. Estes valores são parte integrante do modo de vida europeu.
Porém, sempre que uma crise se instala, estes valores passam para segundo plano e temos alguns países a contrariarem (violarem) estes princípios e valores fundacionais. Foi assim com a crise do “Subprime”, prenúncio da crise econômica de 2008 e é agora, numa dimensão ainda mais grave, na crise de saúde pública mundial, criada pela pandemia do Covid-19.
Em ambas as crises, a desconfiança é sempre a mesma. Porque é que os países do sul da europa, in casu, Itália e Espanha, não têm “𝘤𝘢𝘱𝘢𝘤𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 (𝘰𝘳ç𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘢𝘭) 𝘥𝘦 𝘳𝘦𝘴𝘱𝘰𝘴𝘵𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳 𝘧𝘢𝘤𝘦 à 𝘤𝘳𝘪𝘴𝘦 𝘱𝘳𝘰𝘷𝘰𝘤𝘢𝘥𝘢 𝘱𝘦𝘭𝘢 𝘱𝘢𝘯𝘥𝘦𝘮𝘪𝘢”? Investigue-se, pede o ministro das finanças holandês.
Ora isto é inaceitável em qualquer circunstância e inadmissível em termos de união. Mas mais inacreditável e que deve ser totalmente repudiado é que para este governante holandês quer a Espanha quer a Itália estão a gastar recursos com os velhos, não fazendo uma política seletiva nos gastos para combater a epidemia. 
A Holanda (Países Baixos), é o 5.º contribuinte líquido da EU e o maior paraíso fiscal da europa. As suas preocupações sempre foram financeiras. Não admira, por isso, a sua postura pouco rigorosa em relação ao novo vírus. Até há dois dias atrás o país tinha perto de 7500 casos confirmados de Covid-19 e mais de 430 pessoas terão morrido por contágio. 
Atualmente, 14 dos 19 países da zona do euro estão pedindo eurobonds para financiar despesas relacionadas à crise do vírus. Os cinco novos são Letônia, Lituânia, Estônia, Chipre e Eslováquia. Assim, os líderes que se opõem a Ângela Merkel e Mark Rutte, fazem um cerco nesta corrida contra o tempo para salvar a moeda única. 
“𝐀𝐩ó𝐬 𝐚 𝐞𝐦𝐞𝐫𝐠ê𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐎𝐕𝐈𝐃-𝟏𝟗, 𝐚 𝐄𝐮𝐫𝐨𝐩𝐚 𝐝𝐞𝐯𝐞 𝐞𝐦𝐢𝐭𝐢𝐫 𝐭í𝐭𝐮𝐥𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐫𝐞𝐜𝐮𝐩𝐞𝐫𝐚çã𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬”, escreve Jacob Funk Kirkegaard, do PIIE - PETERSON INSTITUTE FOR INTERNATIONAL ECONOMICS, em 26-3-20.
“𝐀 𝐜𝐫𝐢𝐬𝐞 𝐬𝐢𝐦é𝐭𝐫𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐚 𝐄𝐮𝐫𝐨𝐩𝐚 𝐧ã𝐨 𝐝𝐞𝐯𝐞 𝐬𝐞 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐬𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐫 𝐞𝐦 (𝐨𝐮𝐭𝐫𝐚) 𝐫𝐞𝐜𝐮𝐩𝐞𝐫𝐚çã𝐨 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐦é𝐭𝐫𝐢𝐜𝐚”, diz o mesmo autor. 

quarta-feira, 25 de março de 2020

Cerrar fileiras aos “profetas da desgraça”!


À medida que o tempo de quarentena obrigatório avança e as fases da epidemia do Covid-19 se vão concretizando de acordo com as projeções das entidades de saúde quer nacionais quer mundiais, as forças de resistência e bloqueio em Portugal intensificam os seus ataques, pretendendo descredibilizar o Governo e as entidades de saúde do nosso país, lançando acusações injustas e infundadas, com o propósito único de inquietar ainda mais a população e usar os profissionais de saúde como “arma de arremesso” nas disputas politicas inqualificáveis em tempo de pandemia.
Os Bastonários das ordens dos Médicos, dos Enfermeiros e Farmacêuticos, decidiram chamar mentiroso ao primeiro-ministro e por extensão à ministra da saúde e à diretora geral da saúde porque, no entender destas entidades, em entrevista concedida segunda-feira (23-03) à TVI, o primeiro-ministro António Costa garantiu que "até agora não faltou nada e não é previsível que venha a faltar" na capacidade do sistema de saúde para enfrentar a pandemia de covid-19, o que estas entidades dizem não ser verdade, porque nos últimos dias avolumaram-se as queixas de profissionais de saúde em relação à falta de equipamentos básicos de proteção.
Numa altura em que se sabe que há uma forte procura mundial de todo o tipo de equipamento básico de proteção e que todos os países incluindo Portugal, procuram no mercado satisfazer as suas necessidades todos os dias, sem descurar, naturalmente, a satisfação daquele mínimo indispensável aos profissionais de saúde, através da reserva estratégica existente, para o dia a dia, é arrepiante que, os representantes das classes de profissionais da linha da frente, sejam hoje o contrapoder no combate á epidemia do Covid-19, através da desmoralização e do alarmismo falso, a toda uma população já fragilizada pela pandemia. 
A precária situação em que se encontra a maioria do povo português, seja por razões de saúde seja por razões económico-financeiras, pressupunham uma maior responsabilidade de todos aqueles que investidos de autoridade, tinham e têm por obrigação mostrar uma maior solidariedade e entreajuda com os órgãos de governo e as autoridades de saúde nacionais.
Estas investidas, nada solidárias, são o prolongamento de outras atitudes e comportamentos graves que nos são diariamente relatadas por esse mundo fora. Felizmente que a esmagadora maioria das pessoas, nestes momentos de crise, têm dado provas de uma generosidade, abnegação e sentido cívico inexcedível.  O exemplo maior vem, certamente, dos profissionais da saúde. Mas não só! 
Os seus representantes, mais uma vez, parecem não estar à altura da gravida da situação de saúde pública no nosso país. 
As Ordens profissionais são associações públicas nas quais o Estado delegou várias e importantes funções, tendo firmado ao longo da sua história, uma imagem de dignidade e credibilidade que as tornou credoras do respeito do povo português.
Ter à frente destas Ordens profissionais, “agentes sindicais”, mais aptos a apoiar movimentos que recorrem a processos anti deontológicos para reivindicar salários, do que na defesa dos seus profissionais, só serve para destruir o prestígio que levou décadas a construir pelos seus antecessores. E, pior do que isso, refletir-se indelevelmente no prestígio de todas as outras Ordens sem exceção.
Mais grave que tudo isto é o facto de na presente pandemia estas Ordens profissionais não servirem para nada! 

domingo, 22 de março de 2020

Parem de cobrar!


Ainda há pouco vi uma reportagem televisiva de uma autarquia da zona centro que faz deslocar uma colaboradora sua a casa dos mais idosos e todos aqueles que pelo Covid-19 ou outras razões, não podem sair das suas residências, para recolher os seus pedidos, seja de medicamentos ou outros, deslocando-se aos estabelecimentos respetivos, adquirindo tais produtos, fazendo a sua entrega posterior a cada um deles, cobrando, no entanto, o valor do fármaco e/ou produto adquirido.
Acho esta ideia bastante positiva e espero que ela se espalhe pelas restantes autarquias do país. Chocou-me, no entanto, que tivesse sido pedida à idosa, o preço dos medicamentos (€ 13,00).
Sinceramente, neste período delicado da vida de cada um e de todos nós, espera-se dos poderes públicos, quer a nível nacional, regional ou local, uma solidariedade mais estreita e uma ajuda mais efetiva, sobretudo, àqueles que mais necessitam. Ora, os idosos dependentes de medicação diária e de outros bens de primeira necessidade, bem como todos aqueles que se encontram em isolamento profilático ou outro e ainda todos os desempregados por força do Covid-19, devem beneficiar à partida de uma exoneração integral de quaisquer pagamentos ligados aos bens essenciais e aos medicamentos. Não se trata de uma suspensão. Trata-se pura e simplesmente da sua eliminação, pelo menos enquanto durar esta grave crise de saúde pública.
Água, luz, gás, telecomunicações, alimentação, medicamentos, rendas ou quaisquer outras despesas essenciais (transporte aos hospitais ou centros de saúde, por exemplo), deverão ser assegurados na íntegra pela autarquia a este conjunto de cidadãos. As cobranças de taxas municipais de várias espécies devem igualmente ser abolidas.
Neste período excecional de duração incerta e de grande ansiedade os poderes que estão mais próximos das populações mais vulneráveis, devem dar o exemplo de solidariedade total não se poupando a esforços para minimizar as dificuldades existentes e agravadas pelo vírus a este grupo alargado de pessoas.
Nós não precisamos de caridade. Apenas e tão só solidariedade!