Morte no aeroporto: diretora do SEF admite “situação de tortura evidente” ao cidadão ucraniano - Ihor Homenyuk, de 40 anos de idade. Estas acontecimentos datam de 12 de março de 2020.
Hoje, dia 10 de dezembro de 2020, após serem conhecidas as declarações prestadas pela viúva do assassinado, que disse que, até hoje; “Choro todos os dias. É muito difícil em termos psicológicos e financeiros. De cada vez que oiço a palavra Portugal... fiquei com tanto ódio a este país. Não quero dinheiro nenhum, só queria que mo trouxessem de volta …”, logo veio o “Establishment”, governo, presidente da República, partidos políticos, comunicação social, etc., com uma hipocrisia sem limites, verter “lágrimas de crocodilo”, fazendo deste incidente inqualificável, mais um caso, que não mereceu qualquer prioridade quer do governo perante a família da vítima quer uma comoção generalizada dos portugueses, perante este ato hediondo, praticado pelas autoridades policiais portuguesas. Diz o presidente da República: “temos de ver se isto é um ato isolado ou é uma prática instalada no SEF.”
É Claro que o senhor presidente da República, não tem estado atento aos relatórios europeus e internacionais sobre as práticas usadas pelas nossas policias, seja em esquadras seja nos espaços públicos. Vale a pena, por isso, trazer à colação o último relatório do Comité Antitortura do Conselho da Europa ((CPT), que no passado dia 13 de novembro, recomendou às autoridades portuguesas a adoção de medidas firmes para prevenir maus-tratos policiais e garantir que os alegados casos sejam investigados de forma eficaz.
Esta recomendação vem expressa no relatório elaborado pelo Comité na sequência dos resultados da visita `ad hoc´ realizada por responsáveis do (CPT) a Portugal em dezembro de 2019, em que concluem: O Comité Antitortura do Conselho da Europa fez a 11.ª visita a Portugal e concluiu que afrodescendentes e imigrantes são dos que mais sofrem às mãos da polícia. O Chefe de delegação declarou que já não acredita na Inspeção-geral da Administração Interna”.
Ora, este crime praticado pelos agentes do SEF no Aeroporto de Lisboa, é mais uma degradante ilustração da desumanidade com que as autoridades policiais portuguesas exercem as suas funções, há muito denunciadas, mas não eliminadas por incúria e laxismo das entidades competentes. Praticar a tortura até à morte é de tal forma hediondo que desqualifica qualquer autoridade e põe em causa a organização em que se inserem. Quem não tem qualquer respeito pela vida humana, não pode ser guardião da vida dos cidadãos. Isto é, “lobo no galinheiro.”
Nove meses depois, vem pedir-se desculpa, apresentar (publicamente) condolências à família da vítima, determinar-se o pagamento de uma indemnização e … a Diretora do SEF, demitiu-se. É pouco, não é?
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