João Miguel Tavares (JMT), ontem
no jornal “Público”, no âmbito da sua avença, escrevia, sob o título, “Tudo esclarecido?” Só podem estar a gozar”,
que desconfiava abertamente da verdade dos números oficiais das vítimas de
Pedrogão Grande, encarneirando no grupo daqueles que poem em causa o número
oficialmente divulgado. Esta gente alimenta-se de sangue e portanto quer sempre
mais. Neste ponto, nada a fazer!
De todo o artigo, porém, reparei
que este “abutre” pratica uma habilidade, própria dos «sem vergonha» ou «mau
caráter», do Brasil. E porque o faz? A justificação está noutro artigo que
escreveu, também no Público, no passado dia 20 de Julho de 2017, intitulado, “Era uma aula de separação de poderes para o
PS, sff”. Neste artigo (JMT), a dado passo escreve: “ … o consulado de Joana Marques
Vidal representa possivelmente a primeira vez, em mais de 40 anos de
democracia, que o Ministério Público trabalha em segurança e em liberdade.”
Ora esta instituição - Ministério Público - tão segura e liberta, pelas mãos
de (JMT), está ausente no artigo de ontem, das entidades que «negam o acesso ao
nome das vítimas», como ele diz.
Todos sabemos, desde a primeira
hora, e assim tinha que ser, que o Ministério Público, abriu imediatamente
inquérito à tragédia de Pedrogão Grande.
Dizia o “Observador”, em
18/06/2017: “Ministério Público abre inquérito criminal à tragédia de Pedrógão
Grande.” E mais à frente: “Trata-se de um
procedimento formal e obrigatório sempre que ocorre um óbito e a sua abertura
não demonstra qualquer contradição com as declarações de Almeida Rodrigues,
diretor nacional da PJ, na manhã de domingo.”
Estamos, pois, assentes, que a
haver entidade que pudesse “negar o acesso ao nome das vítimas”, ela seria,
sempre, o MINISTÉRIO PÚBLICO. Porque raio então o escriba (JMT), entre as
entidades que elenca no seu artigo, nunca a ele faz referência? Pelo contrário,
capciosamente, troca indevidamente Ministério da Justiça por Ministério Público.
Ora vejam:
-
“Como se já não bastasse a dimensão da tragédia, eis que temos a Protecção
Civil, o Ministério da Administração Interna, o Ministério da Justiça e o
próprio primeiro-ministro a desvalorizarem os mortos e os vivos deste país..”
(sublinhado nosso);
-
“… depois de uma suposta clarificação do tema por parte da Protecção Civil e
do Ministério da Justiça, António Costa tratou de arrumar a questão com um
displicente: “já está tudo esclarecido” (sublinhado nosso)
-
“E o Ministério da Justiça, ao ser confrontado com o pedido para
divulgar a lista dos mortos de Pedrógão, declarou não poder revelar tal
informação por ela se encontrar em “segredo de justiça.” Juro. Segredo de
justiça” (sublinhado nosso)
-
“A gente esfrega os olhos e não acredita. Entre a declaração do primeiro-ministro
e os comunicados da Protecção Civil e do Ministério da Justiça o coração
balança – qual deles será o mais vergonhoso?” (sublinhado nosso)
-
“O Ministério da Justiça invoca o
segredo de justiça para negar o acesso ao nome das vítimas e à forma como
morreram.”
Com esta descarada manipulação e
desonestidade para com os leitores, (JMT) tem como único objetivo atacar o
governo e os órgãos que dele dependem, “protegendo” «o consulado de Joana Marques Vidal», mesmo que isso seja impossível
face às funções obrigatórias do Ministério Público.
O Ministério Público do «consulado
de Joana de Marques Vidal», para este troglodita das palavras, nunca poderia
fazer partes das entidades que «desvalorizam
os mortos e os vivos deste país» ou «invocam o segredo de justiça para
negar o acesso ao nome das vítimas e à forma como morreram.”. Pois é. Mas foi
de facto o Ministério Público do «consulado de Joana de Marques Vidal»,
que veio a “negar o acesso ao nome das vítimas” e declarou «não poder revelar
[tal] informação por ela se encontrar em “segredo de justiça.”»
A última coisa que (JMT) gostaria
de ouvir é que o Ministério Público do «consulado de Joana de Marques Vidal»,
é, desde a primeira hora, o titular do inquérito (obrigatório) sobre a tragédia
de Pedrogão Grande e a única entidade (no sistema de separação de poderes, que
é o nosso), que pode proceder à divulgação dos elementos que são objeto do
inquérito.
Mas porque este amor de (JMT)
pelo Ministério Público do «consulado de Joana de Marques Vidal»?
A resposta, também está no artigo que escreveu em 20 de Julho de 2017. “Infelizmente, desde o processo Casa Pia que
o PS tem uma atribuladíssima relação com a Justiça [leia-se, Ministério
Publico], que não há meio de ultrapassar.”
Por isso afirma, “ … o consulado de Joana Marques Vidal representa
possivelmente a primeira vez, em mais de 40 anos de democracia, que o
Ministério Público trabalha em segurança e em liberdade.”
Agora percebem, porque é que o
Ministério da Justiça foi “chamado (indevidamente) à pedra”?
P.S.: João Miguel Tavares, o MINISTÉRIO PÚBLICO do “consulado de Joana Marques Vidal”,
divulgou ontem, terça-feira, dia 26 de Julho de 2017, a lista oficial, confirmando
a existência de 64 vítimas mortais, na tragédia de Pedrogão Grande.
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