Nas legislativas de 2009, o PS
ganhou as eleições com 36,55% dos votos e o PSD e o CDS (sem coligação)
tiveram, respetivamente, 29,11% e 10,43%. Nestas eleições a esquerda teve
maioria absoluta, já que, para além dos 36,55% dos votos no PS, o BE teve 9,82%
e o PCP-PEV teve 7,86%.
O governo do PS saído destas
eleições de 2009 teve vida curta, com se sabe, pois o PSD, o CDS, o BE, o
PCP-PEV, e o Presidente da República Cavaco Silva, formaram uma maioria absolutíssima
para derrubar o governo PS.
Formou-se aqui, a chamada maioria
negativa com o contributo decisivo do Presidente da República Cavaco Silva e
nasceu uma nova maioria politica, que veio dar origem ao chamado governo da
troika.
Na verdade, nas eleições
antecipadas de 2011, já com pré-anúncio de coligação de direita, o PSD ganhou
as eleições com 38,65% e o CDS arrecadou 11,27%, contra os 28,06% que o PS
obteve, os 7,91% que o PCP-PEV obteve e os 5,17% que o BE obteve.
Realizou-se, aqui, o sonho do
Presidente Cavaco Silva que tanto, de resto, tinha feito para isso.
A criação de uma maioria absoluta
de direita neoliberal ou mesmo ultraliberal que, em fusão com os credores
internacionais, punissem os portugueses, em particular os trabalhadores da
função pública, os reformados e pensionistas, as crianças dependentes
economicamente do Estado, os utilizadores do Serviço Nacional de Saúde e do
sistema de educação pública e, de uma maneira geral, a classe média, por
“viverem acima das suas possibilidades”.
Maioria esta, que, recorde-se,
por vinculação aos interesses dos credores internacionais, e por convicção
ideológica assumida, não afrontou os grandes grupos económico e financeiros,
antes pelo contrário, deu-lhes toda a proteção e dinheiro, desviando este dos
grandes compromisso sociais nascidos com a revolução de Abril e que nenhum
governo até então se tinha permitido pôr em causa.
Porém o sonho do Presidente da
República Cavaco Silva durou apenas 4 anos, apesar de ter sido uma eternidade
para as vitimas.
Os portugueses, em 04 de Outubro
de 2015, disseram basta ao governo ultraliberal de direita e à destruição
maciça dos direitos sociais, económicos e até políticos, que esta maioria
perpetrou e executou, retirando-lhes a maioria absoluta.
O Presidente da República Cavaco
Silva perdeu as eleições legislativas
de 04 de Outubro de 2015 e esta derrota é tanto mais pesada quanto é certo que
é a primeira vez que uma coligação eleitoral, como o PáF, apenas obtém uma
maioria relativa para governar.
De novo o Presidente da República
Cavaco Silva, se confronta com uma maioria relativa para formar governo. E uma
maioria relativa retirada da coligação de dois partidos de direita que,
somados, tiveram em 2015 o mesmo resultado que um só deles (o PSD), tinha
arrecadado em 2011.
Fraca consolação para quem tanto
batalhou por manter ou até reforçar os governos de direita em Portugal.
E o desespero deve ainda ser
maior se nos lembrarmos que o Presidente da República Cavaco Silva disse-o e
vezes sem conta mandou dizer, que não dava posse a um governo de maioria
relativa.
“A experiência
de 40 anos da nossa democracia demonstra que os governos sem apoio parlamentar
maioritário enfrentaram sempre grandes dificuldades para aprovar as medidas
constantes dos seus programas, foram atingidos por graves crises políticas e em
geral não conseguiram completar a legislatura” (passagem do discurso
aquando da marcação da data das eleições legislativas de 2015 – 23-07-2015)
Vamos, então, esperar para ver!
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