segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Cavaco "perdeu" as eleições

Nas legislativas de 2009, o PS ganhou as eleições com 36,55% dos votos e o PSD e o CDS (sem coligação) tiveram, respetivamente, 29,11% e 10,43%. Nestas eleições a esquerda teve maioria absoluta, já que, para além dos 36,55% dos votos no PS, o BE teve 9,82% e o PCP-PEV teve 7,86%.
O governo do PS saído destas eleições de 2009 teve vida curta, com se sabe, pois o PSD, o CDS, o BE, o PCP-PEV, e o Presidente da República Cavaco Silva, formaram uma maioria absolutíssima para derrubar o governo PS.
Formou-se aqui, a chamada maioria negativa com o contributo decisivo do Presidente da República Cavaco Silva e nasceu uma nova maioria politica, que veio dar origem ao chamado governo da troika.
Na verdade, nas eleições antecipadas de 2011, já com pré-anúncio de coligação de direita, o PSD ganhou as eleições com 38,65% e o CDS arrecadou 11,27%, contra os 28,06% que o PS obteve, os 7,91% que o PCP-PEV obteve e os 5,17% que o BE obteve.
Realizou-se, aqui, o sonho do Presidente Cavaco Silva que tanto, de resto, tinha feito para isso.
A criação de uma maioria absoluta de direita neoliberal ou mesmo ultraliberal que, em fusão com os credores internacionais, punissem os portugueses, em particular os trabalhadores da função pública, os reformados e pensionistas, as crianças dependentes economicamente do Estado, os utilizadores do Serviço Nacional de Saúde e do sistema de educação pública e, de uma maneira geral, a classe média, por “viverem acima das suas possibilidades”.
Maioria esta, que, recorde-se, por vinculação aos interesses dos credores internacionais, e por convicção ideológica assumida, não afrontou os grandes grupos económico e financeiros, antes pelo contrário, deu-lhes toda a proteção e dinheiro, desviando este dos grandes compromisso sociais nascidos com a revolução de Abril e que nenhum governo até então se tinha permitido pôr em causa.
Porém o sonho do Presidente da República Cavaco Silva durou apenas 4 anos, apesar de ter sido uma eternidade para as vitimas.
Os portugueses, em 04 de Outubro de 2015, disseram basta ao governo ultraliberal de direita e à destruição maciça dos direitos sociais, económicos e até políticos, que esta maioria perpetrou e executou, retirando-lhes a maioria absoluta.
O Presidente da República Cavaco Silva perdeu as eleições legislativas de 04 de Outubro de 2015 e esta derrota é tanto mais pesada quanto é certo que é a primeira vez que uma coligação eleitoral, como o PáF, apenas obtém uma maioria relativa para governar.   
De novo o Presidente da República Cavaco Silva, se confronta com uma maioria relativa para formar governo. E uma maioria relativa retirada da coligação de dois partidos de direita que, somados, tiveram em 2015 o mesmo resultado que um só deles (o PSD), tinha arrecadado em 2011.
Fraca consolação para quem tanto batalhou por manter ou até reforçar os governos de direita em Portugal.
E o desespero deve ainda ser maior se nos lembrarmos que o Presidente da República Cavaco Silva disse-o e vezes sem conta mandou dizer, que não dava posse a um governo de maioria relativa.
A experiência de 40 anos da nossa democracia demonstra que os governos sem apoio parlamentar maioritário enfrentaram sempre grandes dificuldades para aprovar as medidas constantes dos seus programas, foram atingidos por graves crises políticas e em geral não conseguiram completar a legislatura” (passagem do discurso aquando da marcação da data das eleições legislativas de 2015 – 23-07-2015)

Vamos, então, esperar para ver!



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