Que ninguém tenha dúvidas. Se os partidos defensores do Estado Social, perderem as eleições, são eles em primeira linha os principais culpados e aqueles a quem os mais desprotegidos deverão pedir responsabilidades. Os partidos que defendem o abandono do Estado Social, há muito que vêm avisando. As políticas públicas na saúde, educação, habitação, proteção social, etc., terão de ser revistas e os seus custos reduzidos e/ou eliminados. Todos os avanças efetuados nestes setores, sofrerão um forte revés. Isto é, programaticamente, assumido por estes partidos que não reconhecem qualquer mérito ao Estado, pelos êxitos alcançados nestas áreas. Retrocesso, é palavra que no futuro se irá ouvir com frequência. Da mesma forma que a palavra abandono, vai ser pronunciada por cada vez mais pessoas desprotegidas, quer social quer economicamente e, de novo, terão que engrossar as filas das “cantinas sociais”, tão do agrado do atual Presidente da República. Não se iludam. Salários (mínimos ou médios), pensões (mínimas ou médias), apoios sociais (mínimos ou médios), seja para jovens ou para idosos, terão so dias contados. Não haverá rendimentos mínimos de inserção, porque deixara de haver política de inserção. Não haverá cantina escolares para todas as crianças necessitadas, pois a mesmas serão substituídas pelas cantinas «ad hoc», onde cada um das famílias terá de recorrer. A igreja, voltará a ter um papel de resposta aos mais necessitados, dentro de uma política de “amor aos pobres”. Voltaremos a um retrocesso civilizacional, em menos de seis anos. É assombroso que tal se deve, exclusivamente, aos partidos que sustentavam a maioria parlamento do PS. A irresponsabilidade destes partidos que, embora defensores do Estado Social, se colocaram na linha da frente para o derrube do governo PS, sabendo que ao fazê-lo abriam caminho aos inimigos do Estado Social e, consequentemente, às políticas protetores dos mais necessitados e desvalidos, da nossa sociedade. Isto eles sabiam. E também sabiam (experiências do passado, já lhes tinham ensinado), que aventuras destas de rompimento dos percursos iniciados no âmbito do Estado Social, seriam (serão) imediatamente revertidas, para a chamada “pobreza regeneradora”, mal este conglomerado chegue ao poder. Os partidos que sustentavam o governo PS, assim o quiseram. A sua conduta não foi negligente. Foi dolosa, ou, grosseiramente, negligente. Ora, quem pratica os factos sabendo que com eles causa maior prejuízo a outrem, deve ser responsabilizado pelos mesmos a título de culpa, pois nada fez para o evitar. O BE e o PCP, ficarão novamente na história, pelos piores motivos. Não são confiáveis para a governação. Por muitos defeitos que a governação PS tenha, e terá seguramente, foi a eles que o eleitorado deu a maioria, para conduzir os destinos do país. A coragem política do PS, em 2015/2016, em encetar negociações com os partidos à sua esquerda, por forma a formar uma maioria parlamentar, não tem paralelo na democracia portuguesa, nascida a 25 de abril de 1974. O caminho não era (é) fácil, nem no interior da maioria que se formou, nem externamente, no contexto político partidário português. Porém, o partido mais votado, teve essa coragem de abrir um caminho novo, que teria de se sedimentar para criar um Estado Social forte e robusto, que desse garantias de continuidade, na política nacional. Não foi esse o entendimento, dos partidos que sustentavam o governo PS no parlamento. Para estes, dá a entender que “quanto pior melhor”, sem perceberem, contudo, que os tempos são outros e que aventuras deste tipo se pagam caras. E se as consequências a nível estritamente partidário, serão de imediatamente sentidas por esses partidos, a nível do país será um retrocesso, podemos dizer, civilizacional, pois corre-se um sério risco de o “conglomerado” obter a maioria para governar e, é certo e sabido, que irão põr em práticas as suas anunciadas políticas, que passam pela destruição do Estado Social e das políticas públicas, até agora levadas à prática pelo governo cessante.
Os mais pobres e desfavorecidos da
sociedade (novos, velhos e doentes), deixarão de ter acesso a “boias de salvação”,
apenas lhes estando asseguradas as “cantinas sociais”, com o Alto Patrocínio
do Senhor Presidente da República