sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

𝐑𝐞𝐜𝐮𝐩𝐞𝐫𝐞𝐦 𝐚 𝐌𝐚𝐫𝐦𝐢𝐭𝐚 𝐞 𝐏𝐫𝐞𝐩𝐚𝐫𝐞𝐦-𝐬𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐨 𝐀𝐛𝐚𝐧𝐝𝐨𝐧𝐨, 𝐬𝐞 …

Que ninguém tenha dúvidas. Se os partidos defensores do Estado Social, perderem as eleições, são eles em primeira linha os principais culpados e aqueles a quem os mais desprotegidos deverão pedir responsabilidades. Os partidos que defendem o abandono do Estado Social, há muito que vêm avisando. As políticas públicas na saúde, educação, habitação, proteção social, etc., terão de ser revistas e os seus custos reduzidos e/ou eliminados. Todos os avanças efetuados nestes setores, sofrerão um forte revés. Isto é, programaticamente, assumido por estes partidos que não reconhecem qualquer mérito ao Estado, pelos êxitos alcançados nestas áreas. Retrocesso, é palavra que no futuro se irá ouvir com frequência. Da mesma forma que a palavra abandono, vai ser pronunciada por cada vez mais pessoas desprotegidas, quer social quer economicamente e, de novo, terão que engrossar as filas das “cantinas sociais”, tão do agrado do atual Presidente da República. Não se iludam. Salários (mínimos ou médios), pensões (mínimas ou médias), apoios sociais (mínimos ou médios), seja para jovens ou para idosos, terão so dias contados. Não haverá rendimentos mínimos de inserção, porque deixara de haver política de inserção. Não haverá cantina escolares para todas as crianças necessitadas, pois a mesmas serão substituídas pelas cantinas «ad hoc», onde cada um das famílias terá de recorrer. A igreja, voltará a ter um papel de resposta aos mais necessitados, dentro de uma política de “amor aos pobres”. Voltaremos a um retrocesso civilizacional, em menos de seis anos. É assombroso que tal se deve, exclusivamente, aos partidos que sustentavam a maioria parlamento do PS. A irresponsabilidade destes partidos que, embora defensores do Estado Social, se colocaram na linha da frente para o derrube do governo PS, sabendo que ao fazê-lo abriam caminho aos inimigos do Estado Social e, consequentemente, às políticas protetores dos mais necessitados e desvalidos, da nossa sociedade. Isto eles sabiam. E também sabiam (experiências do passado, já lhes tinham ensinado), que aventuras destas de rompimento dos percursos iniciados no âmbito do Estado Social, seriam (serão) imediatamente revertidas, para a chamada “pobreza regeneradora”, mal este conglomerado chegue ao poder. Os partidos que sustentavam o governo PS, assim o quiseram. A sua conduta não foi negligente. Foi dolosa, ou, grosseiramente, negligente. Ora, quem pratica os factos sabendo que com eles causa maior prejuízo a outrem, deve ser responsabilizado pelos mesmos a título de culpa, pois nada fez para o evitar. O BE e o PCP, ficarão novamente na história, pelos piores motivos. Não são confiáveis para a governação. Por muitos defeitos que a governação PS tenha, e terá seguramente, foi a eles que o eleitorado deu a maioria, para conduzir os destinos do país. A coragem política do PS, em 2015/2016, em encetar negociações com os partidos à sua esquerda, por forma a formar uma maioria parlamentar, não tem paralelo na democracia portuguesa, nascida a 25 de abril de 1974. O caminho não era (é) fácil, nem no interior da maioria que se formou, nem externamente, no contexto político partidário português. Porém, o partido mais votado, teve essa coragem de abrir um caminho novo, que teria de se sedimentar para criar um Estado Social forte e robusto, que desse garantias de continuidade, na política nacional. Não foi esse o entendimento, dos partidos que sustentavam o governo PS no parlamento. Para estes, dá a entender que “quanto pior melhor”, sem perceberem, contudo, que os tempos são outros e que aventuras deste tipo se pagam caras. E se as consequências a nível estritamente partidário, serão de imediatamente sentidas por esses partidos, a nível do país será um retrocesso, podemos dizer, civilizacional, pois corre-se um sério risco de o “conglomerado” obter a maioria para governar e, é certo e sabido, que irão põr em práticas as suas anunciadas políticas, que passam pela destruição do Estado Social e das políticas públicas, até agora levadas à prática pelo governo cessante.

Os mais pobres e desfavorecidos da sociedade (novos, velhos e doentes), deixarão de ter acesso a “boias de salvação”, apenas lhes estando asseguradas as “cantinas sociais”, com o Alto Patrocínio do Senhor Presidente da República

 

sábado, 22 de janeiro de 2022

𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐋𝐈𝐆𝐀ÇÃ𝐎 (futurologia)

Os deuses estão anunciando que Hermes, pode estar a chegar. Hermes, mensageiro dos deuses, e um dos doze deuses olímpicos, da religião helénica, era um deus do comércio e dos ladrões. Pois da mitologia à realidade, anuncia-se a chegada de uma grande coligação ao poder em Portugal, composta por toda a direita e extrema-direita, xenófoba, racista, homofóbica e outras formas de intolerância, por todas as ordens profissionais, lideradas pelos seus cabo-chefes, os bastonários/as, toda a comunicação social subsídio dependente ou dependentes de grupos económicos estrangeiros, pouco afetos à liberdade de expressão e comunicação, aos sindicatos avessos à concertação social e às corporação afetas às cantinas sociais obras reconhecidas pelo atual presidente da República, “evangelista” do sermão dos pobres de espirito a que se referia Jesus. Cenário, catastrófico? Recorda-se, apenas, o período de 2011 a 2015, ou, nas palavras dos autores de então, a política da “pobreza regeneradora”. Sim, ontem, tal como hoje, os pobres terão de deixar de ser piegas e viverem com aquilo que têm. Os salários (13.º e 14.º, mês) e as pensões, superiores a € SMN, terão de ser cortadas definitivamente. O SNS, terá de ser emagrecido, e nem todos poderão beneficiar do seu acesso. As escolas públicas terão de ser reduzidas, e a oferta de ensino será entregue à iniciativa privada, ainda que através de contratos de associação, de subsídio estatal. O emprego público será reduzido, aos limites do inaceitável, para que o emprego privado possa responder às necessidades. A segurança social, de pendor público (maioritariamente), será reduzida por forma a abarcar um regime misto, com apadrinhamento dos seguros privados. Os apoios sociais, sejam de que natureza for, serão reduzidos e/ou eliminados, vide, por exemplo, o RSI. O “apartheid” social será uma realidade governamentalmente visível. Os direitos sociais serão pura e simplesmente abolidos do léxico e prática políticas. As eventuais conquistas a este nível serão, pura e simplesmente, revogadas. Portugal, passará a ser regido não pelas normas e diretivas comunitárias, mas antes pelas grandes centrais do populismo mundial, que continuarão a injetar milhões e milhões de euros (dólares), para a consolidação da extrema-direita protofascista nos governos em Portugal. O PSD, líder da direita democrática em Portugal, na sua ânsia de poder, está pronta a entregar o “ouro ao bandido”. Para além do retrocesso civilizacional, avizinham-se (caso os deuses, tenham razão!), um rombo na nossa democracia, dificilmente reparável. Todos seremos responsáveis. Naturalmente, uns mais que os outros. Ao recordar-me que os partidos que sustentavam a maioria parlamentar do PS, não aguentaram o fortalecimento do Estado Social, por mais de 6 (seis) anos, imagino a heroicidade de um Olof Palme (Membro do Partido Operário Social-Democrata da Suécia, primeiro-ministro da Suécia entre 1969 e 1976 e de novo entre 1982 e 1986, ano em que foi assassinado à saída de um cinema em Estocolmo. Uma figura central e polarizadora, quer na política interna, quer na política internacional desde os anos 60, foi firme na sua política de não-alinhamento em relação às superpotências, acompanhado pelo apoio a numerosos movimentos de libertação do terceiro mundo após a descolonização, incluindo, o mais controverso, o apoio económico a vários governos do Terceiro Mundo.). Não é desta social-democracia que os deuses anunciam para Portugal. Não existem sociais-democratas em Portugal ao nível desta figura histórica e fundamental para o pensamento político europeu. Hoje, todos giram à volta do populismo grego, húngaro ou polaco, nas figuras destacadas de um Viktor Orbán ou outras figuras menores como Salvini em Itália ou Santiago Abascal, em Espanha.

Esta decadência em Portugal (se os deuses tiverem razão), está em contraciclo com o sentimento generalizado, em pandemia, que louva a governação PS, pelas políticas sociais e de saúde publica, levadas a cabo neste período pandémico. Justifica-se, então, uma punição nas urnas? Aparentemente, não. A haver, ela só pode ser entendida como uma punição pelas companhias, escolhidas. “Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és”. Sempre foi e sempre será assim. Independentemente das culpas que o PS poderá ter no rompimento dos acordos estabelecidos com o BE e PCP, sobretudo, que se acredita serão algumas, a verdade é que o BE e o PCP, não mostraram capacidade para sustentar um projeto a médio longo prazo, suportando os ritmos de uma caminhada, mais compassada àquela que pretendiam. Será que a esquerda é “burra”, como se interroga Boaventura Sousa Santos? Esta esquerda, que sustentou no parlamento o governo do PS é, indiscutivelmente, burra. Deixando de lado, o “quanto pior melhor”, de outras eras, a verdade é que o esforço para o fortalecimento de um Estado Social forte em Portugal, foi um lapso, e as bandeiras do extremismo, voltaram a ser erguidas. É evidente, para todos, que qualquer destes partidos não ganhará nada com eleições antecipadas. Também é evidente, que eles sabiam disso. Então o que os move?

Saberemos, em 30 de janeiro de 2022!

 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

𝗢 𝗙𝗼𝗿𝘁𝗮𝗹𝗲𝗰𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗼 𝗘𝘀𝘁𝗮𝗱𝗼 𝗦𝗼𝗰𝗶𝗮𝗹

Nas eleições de 30 de janeiro de 2022, vão estar em confronto dois modelos de sociedade: um, assente no desmantelamento das estruturas públicas de saúde, educação, emprego e segurança social, tudo sob a égide de uma economia de casino, de forte pendor rentista; o outro, assente no fortalecimento do Estado Social, com reforço das políticas públicas e um volte-face decisivo na legislação, organização e desenvolvimento, nas políticas relativas ao mercado de trabalho, à legislação laboral, à educação, à formação profissional, à proteção social (seu financiamento, pensões, serviço de saúde, subsídios de desemprego, encargos com as famílias e subsídios, abono de família, subsídios de maternidade e paternidade e subsídios aos pais, guarda de crianças), e às politicas de imigração.

De uma vez por todas, devem os partidos defensores do Estado Social, assumir com coragem e determinação as reformas profundas (mas necessárias), ao fortalecimento do Estado Social, tornando Portugal, definitivamente, um país justo e igualitário. Para isso, o novo governo (se de feição social), deverá apresentar, um programa de governo para o período de 4 (quatro) anos, cujo objetivo principal deverá ser o de reduzir a taxa de desemprego, promover um crescimento económico forte e estabilizar os preços. Para tanto as principais estratégias a adotar e medidas a tomar para atingir este objetivo, deverão ser (i) manter um baixo nível de inflação e manter os custos do trabalho sob controlo; (ii) reduzir significativamente o rácio dívida/PIB do governo; (iii) manter as taxas de juro baixas a fim de encorajar o investimento e o consumo; (iv) reduzir os impostos aplicados à utilização do trabalho; (v) promover as iniciativas empresariais e as iniciativas locais; (vi)  enfatizar a educação e a formação como premissas básicas de uma sociedade de informação; (vii) introduzir mais flexibilidade no mundo do trabalho, com base nas necessidades das empresas e dos empregados; (viii) reorientar as políticas aplicadas ao mercado do trabalho, passando de medidas passivas de segurança no desemprego para medidas mais ativas; promover politicas de habitação socialmente justas e dignas; cumprir as metas estabelecidas no PNAC (Programa Nacional para as Alterações Climáticas) 2020/2030 e as linhas de orientação para as políticas e medidas setoriais, tais como a redução de emissões nacionais, decorrentes do Compromisso para o Crescimento Verde (CCV) e previstas no QEPiC, com potencial custo-eficaz.

Aumentar decisivamente a percentagem de participação das mulheres no trabalho a tempo inteiro e adotar medidas para as mulheres desempregadas, que passem pela intensificação da cooperação entre as autoridades responsáveis pelo mundo do trabalho e as autoridades responsáveis pela formação de forma a reduzir o nível de desemprego feminino. Estabelecer redes de cooperação regional para proporcionar inovação na área do emprego feminino. Dar maior ênfase à criação de empresas e ao autoemprego.

A fim de assegurar o cumprimento da Lei da Igualdade de Género e promover a sua eficaz aplicação, deverá ser criada a posição de “Provedor de Igualdade”, tal como existe em outros países. O “Provedor de Igualdade”, terá por missão, o poder de tomar iniciativas e emitir instruções em casos em que a lei é aplicada, assim como o poder de promover a inspeção dos locais de trabalho se existirem razões para suspeita de violação da Lei da Igualdade.

Concluindo. As despesas com o bem-estar social ainda são modestas em Portugal. O sistema terá de conseguir tornar o bem-estar das pessoas largamente independente das estruturas familiares e das condições de mercado vigentes, havendo para isso que atenuar as desigualdades de rendimentos.

Tal como noutros países, deve ser característico que a proteção social se estenda a todos os cidadãos, como um direito, sendo a todos devida a mesma quantia básica. Os detentores de empregos pagos devem receber subsídios adicionais relacionados com os seus ganhos. Apenas o seguro de desemprego é independente do sistema integrado de segurança social gerido pelo Estado, devendo manter-se voluntário em vez de obrigatório.

Para finalizar, tenho a consciência de que o que há para fazer nesta matéria não pode ser feito apenas numa legislatura. Porém, não se pode desperdiçar o que já foi feito, e meter mãos-à-obra para o muito que há que fazer. Uma coisa me parece segura: Só com grande determinação e firmeza se poderá criar e fortalecer o bem-estar social em Portugal.

Não vamos (de novo) desperdiçar esta oportunidade!

 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

“𝐄𝐂𝐎𝐏𝐎𝐍𝐓𝐎”

Diz a Wikipédia que, “Os ecopontos são contentores de grande dimensão que servem para fazer a coleta seletiva de lixo de várias naturezas.” “Coleta seletiva de lixo”, tema apropriado para as próximas eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022. Se queremos preservar a democracia em Portugal e com isso contribuir para a sustentabilidade das nossas instituições democráticas, nascidas com o 25 de abril de 1974, temos de separar o “lixo” politico nestas próximas eleições, utilizando as sinaléticas dos ecopontos no momento do voto, a saber: o “ecoponto amarelo” normalmente destinado a embalagens de plástico, metal e embalagens de cartão para bebidas, deve ser equiparado àqueles partidos que nada têm para oferecer ou, quanto muito, apenas servem de “papel de embrulho”. São rótulos e embalagem sem conteúdo. Um voto neles, é a manutenção da forma em detrimento do conteúdo; o “ecoponto azul”, que em regra serve para depositar papel e cartão, são um pouco como os partidos do “ecoponto amarelo”. Nada têm para oferecer, também. São demagogos, irresponsáveis e oportunistas. O voto neles, aumenta o perigo da degradação da democracia; o “ecoponto verde” é para o vidro. Aqui podemos dizer que o voto é o da esperança, daqueles que acreditam que é possível construir um futuro solidário e uma sociedade mais justa. Neste, votarão, certamente, todos aqueles que se reveem na democracia instaurada com o 25 de abril de 1974; finalmente, o “ecoponto vermelho”, de menor dimensão, serve exclusivamente para o descarte de pilhas. Este deve ser equiparado aos partidos da esquerda ortodoxa que querendo a democracia têm uma visão limitada do seu exercício, negando, em muitos casos, a realidade atual.

 

Façamos, pois, das próximas eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022, umas eleições ecologicamente limpas e amigas do ambiente, removendo lixos monos, entulho e monstros que teimam em aparecer.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

𝟐𝟎𝟐𝟐 - 𝐎 𝐀𝐍𝐎 𝐃𝐎𝐒 “𝐂𝐈𝐒𝐍𝐄𝐒 𝐍𝐄𝐆𝐑𝐎𝐒” 𝐄𝐌 𝐏𝐎𝐑𝐓𝐔𝐆𝐀𝐋

Como se sabe, a 27 de outubro de 2021, a Assembleia da República, através dos votos contra do BE e do PCP, chumbou a proposta de Orçamento de Estado para 2022. Com este desfecho, o Presidente da República, em 04 de novembro de 2021, anuncia a dissolução do parlamento e, por consequência, eleições antecipadas. De acordo com a Constituição, as eleições legislativas antecipadas tinham de se realizar nos 60 dias seguintes à dissolução do parlamento, o que poderia ter acontecido, portanto, a 05 ou a 06 de janeiro de 2022, caso o presidente, tivesse procedido à dissolução na data do anúncio. Porém, o Decreto do Presidente da República n.º 91/2021, de dissolução efetiva da AR, só foi emitido em 05 de dezembro de 2021, o que, no rigor dos livros, “esticou” as eleições antecipadas para 30 de janeiro, mesmo sabendo que o país está em crise de saúde pública, social e económico a que o presidente quis associar e arrastar uma crise política. É evidente, que a crise política tem uns primeiros responsáveis, que são os que sustentavam a maioria parlamentar de esquerda, incluindo o PS, claro. Porém, a mediação presidencial não se fez sentir, muito pelo contrário, o chumbo do orçamento, parece ter sido recebido pelo presidente como uma oportunidade, que ele não desperdiçou. “O ano que hoje iniciamos tem de virar a página”, disse o PR. Claro que todos os partidos, sem exceção, se reviram nestas palavras. No entanto, subliminarmente, o PR dava expressão à sua ausência de mediação presidencial, no chumbo do orçamento, apesar do seu candidato predileto nas eleições internas do seu partido, ter sido derrotado. Não era com Rui Rio que Marcelo pretendia “…virar a página”. Nada a fazer, a máquina já estava em andamento, já não se podia travar. Aqui, de facto, Marcelo contou com o “ovo no cu da galinha” e … tramou-se. Só que esta crise política, provocada pelos partidos que sustentavam o governo PS, e aproveitada por Marcelo, para ajudar a direita a reconquistar o poder, tem consequências de várias índole, entre elas, e a mais dramática, é o retrocesso nas políticas publicas de saúde, educação e emprego, o esmagamento das politicas sociais, com a apologia das receitas “pafianas” da “pobreza regeneradora”, agora nas vestes das forças de extrema direita fascista, retrograda e racista, conjuntamente com os iliberais mesquinhos e de reputação politica altamente duvidosa.

Este era o caminho esperado, para quem não teve a coragem de prosseguir políticas que sedimentassem e consolidassem o Estado Social, o SNS, a Justiça, a Escola e o Trabalho. Os partidos que sustentavam o governo PS, não resistiram à ânsia do poder a qualquer preço. Davam mostras de cansaço, no percurso que se estava a fazer, querendo sempre mais e mais sem olhar a meios. De visão setorial, bastante anquilosada, as suas propostas, na maioria das vezes, se levadas à prática, eram fontes de outros problemas, bem mais graves e irreparáveis. Viu-se, por exemplo, no chumbo do orçamento para 2022. Muitas das propostas apresentadas, nada tinham a ver com o orçamento e iam muito para além do mesmo. Porquê este “cansaço” ao fim de 6 anos? Não é mistério se acreditarmos que estes partidos não se renovaram e as suas propostas políticas são baseadas em “cartilhas” do primeiro e segundo quartel do século vinte. A Europa não é um desígnio e a União Europeia, não é um ideal. Por essa razão, dela apenas pretendem os fundos e não as responsabilidades coletivas. Quem ganha com isto são os inimigos da democracia representativa e os ultraconservadores europeus, do nacionalismo retrogrado e xenófobo, que despontam em Portugal. E foi a estes, sobretudo a estes, que o chumbo do orçamento e a passividade presidencial, abriu caminho.

Vamos entrar na era dos “Cisnes Negros” em Portugal.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

𝐎𝐬 𝐩𝐫𝐞𝐬𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐜𝐨𝐥𝐚𝐫𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐛𝐫𝐚𝐧𝐜𝐨 𝐦𝐢𝐬𝐭𝐮𝐫𝐚𝐝𝐨𝐬 𝐜𝐨𝐦 𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐜𝐨𝐥𝐚𝐫𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐚𝐳𝐮𝐥, 𝐪𝐮𝐞 𝐡𝐨𝐫𝐫𝐨𝐫!

Clara Ferreira Alves (doravante CFA), num programa de tv onde participa todas as semanas, insurgia-se contra o facto de os banqueiros, delinquentes de colarinho branco, se encontrarem presos nas mesmas prisões onde se encontravam presos, delinquentes de colarinho azul, dizia ela, serial-killers. Isto não devia ser assim, segundo a CFA que, afirmou, sobre esta matéria tinha opiniões próprias.

Portanto, para CFA, as prisões têm dois tipos de presos. Os de colarinho banco, os banqueiros, e os de colarinho azul, os serial-killers. Traficantes, ladrões, violadores, burlões, etc., etc., estão em nos hostels do Estado, pelos vistos. CFA, dá a entender que os presos de colarinho branco, não são criminosos. São uma espécie de vítimas dos crimes que cometem, coitados. Aliás, criminosos mesmos, para CFA, são os serial-killers, ou seja, aqueles que matam em série.

Pois CFA, nessa aceção, os banqueiros criminosos, também são serial-killers, pois praticaram vários crimes em série, vitimando uma quantidade enorme de pessoas. Este perfil dos banqueiros criminosos fazem deles agentes conscientes dos seus atos. A vontade em saciar os seus desejos de poder e dinheiro são maiores do que os sentimentos de compaixão e pena pelas vítimas.

Tivesse CFA, algum sentimento de compaixão e solidariedade pelas vítimas dos crimes praticados pelos banqueiros criminosos, e nunca se lembraria de criar uma dicotomia entre criminosos de colarinho branco e criminosos de colarinho azul. Todos são criminosos, e o seu lugar é na prisão. E mais, dos casos nossos conhecidos cá e no estrangeiro, os banqueiros criminosos, foram uns autênticos serial-killers, na verdadeira aceção do termo, pois vitimaram milhares e milhares de pessoas, para satisfazer o seu desejo insaciável de dinheiro e poder.

É lamentável que pessoas complacentes com um certo tipo crime, estejam nas televisões, ostensivamente, a demonstrar falta de respeito e consideração pelas vítimas. Isto não é liberdade de expressão ou de opinião. Isto são provocações e ofensas aos direitos das vítimas, algumas delas desaparecidas, por via dos crimes de colarinho branco.

Não existe uma Entidade Reguladora para a Comunicação Social?

domingo, 28 de novembro de 2021

𝙈𝙖𝙧𝙘𝙚𝙡𝙤 𝙍𝙖𝙣𝙜𝙚(𝙡) 𝙤𝙨 𝙙𝙚𝙣𝙩𝙚𝙨 𝙖𝙤 𝙖𝙩𝙞𝙧𝙖𝙧-𝙨𝙚 𝙖𝙤 𝙍𝙞𝙤!..

 Marcelo Rebelo de Sousa, pretendeu participar nos destinos da liderança do PSD, não só pelo aparecimento de um Delfim como, e sobretudo, porque não morre de amores por Rui Rio. Vai daí, de uma forma descabelado e pouco condicente com a sua posição de Presidente da República, fura todas as regras de distanciamento partidário e recebe Rangel em Belém e promove encapotadamente a sua candidatura à liderança do PSD. Como comandante supremo das forças armadas, saiu-lhe o “tiro pela culatra”.

Rangel, mais uma vez, perdeu para Rio.

Para quem como eu, não tem qualquer interesse pelo resultado das eleições no PSD, não deixa de me espantar (politicamente) os erros praticados pelo PR, na esteira, aliás, de meia dúzia de jornalistas “programados”, que se dedicam às políticas do “bota-abaixo”, com refúgio privilegiado no jornal Expresso. Balsemão, nos tempos Idos de primeiro-ministro queixava-se e muito das campanhas orquestradas pelos jornalistas do Expresso contra ele, com particular destaque, para o então colaborador Marcelo Rebelo de Sousa. Há um rol de jornalistas que são desta escola “marcelista”. Criação de factos políticos, comentário político baseados nos factos criados, distorção da realidade e stress permanente na atividade política. Todos se regurgitaram com o aparecimento de Rangel. Personagem sinistra, viscosa, maledicente e estruturalmente desonesta. Todos os ingredientes necessários para uma política do” bota-abaixo” no último mandato do PR, também ele livre para as diatribes político partidárias. Marcelo, porém, perdeu. Diria que, felizmente, que perdeu. É extraordinário que esta ala “passista” do PSD que não nutre qualquer respeito ou consideração por Marcelo Rebelo de Sousa é aquela que Marcelo elege para combater o seu inimigo de estimação Rui Rio. Hoje, era ver e ouvir o embaraço de Marcelo ao comentar (não comentando) os resultados eleitorais no PSD. E a insistência dos jornalistas para que o presidente comentasse o desaire do seu candidato, chegou a ser penoso de ver tamanha era desilusão daquele que apostou todas as fichas no “cavalo errado”. Rui Rio, como disse, não gosta de ser “picado”. Não se dirigia a Rangel, como é óbvio. Dirigia-se a Marcelo. A tudo isto assistiu, certamente, com indisfarçável gozo, António Costa. Este que vem de uma escola política mais apurada, deixou que o presidente se afundasse guardando as “boias” para outros combates. Agora que tudo voltou ao normal, há que arregaçar as mangas para os desafios que o país tem pela frente, nunca descurando a vigilância permanente sobre o regime democrática que sofre ataques sistemáticos mesmo daqueles que nele participam diariamente.