É isso mesmo. Que o desfecho era
este já se esperava e, curiosamente, para mim, era este o timing e não outro. Alguém teria de fazer a «travessia do deserto» das legislativas de Junho de 2011 até às
eleições europeias de 2014, no PS. Era nestas eleições europeias de 2014, que
se esperava que o PS «descolasse» da maioria que sustenta o governo atual. Isto
porque, estas eleições europeias, contrariamente às restantes de cunho
eminentemente nacional, serviriam de laboratório único para que os cidadãos
eleitores, para além de manifestarem o seu total desinteresse por via da
abstenção e dos votos nulos ou em branco, aqueles que votaram, transmitissem
sem qualquer dúvida a punição que se esperaria a este governo e à maioria que o
sustenta, o que nos parece ter sido o caso, mas, em contrapartida, fizesse
renascer o PS como a grande alternativa eleitoral a essa maioria, dando-lhe um
expressivo voto de confiança nos resultados eleitorais. Porém, tal não foi
assim. Embora, diga-se em abono da verdade, que qualquer que sejam as contas
que se façam, o PS registou uma folgada vitória perante o seu concorrente direto,
o PSD, já que se nos lembrarmos que o CDS, nas europeias de 2009, teve um pouco
mais de 8,%, significa que a manter este resultado em 2014, o PSD, terá
conseguido nestas europeias, pouco mais de 19%, dos votos dos portugueses. Ora,
19% dos votos ou mesmo 20% é, na realidade, para o PSD, um terramoto eleitoral.
Daí a frase muito feliz de António Costa de que a vitória do PS é "uma
vitória que sabe a pouco". E acrescentou, os eleitores
mostraram nas europeias de domingo que "não querem este Governo, esta política e esta maioria", mas
ainda "não disseram claramente o que
querem".
"É um desafio para
o PS, que tem de resolver esta situação até às legislativas”,
acrescentou.
Contas feitas, é evidente que António José Seguro (Seguro)
embora tenha feito um trabalho meritório em contexto absolutamente adverso,
diga-se, a verdade é que não conseguiu congregar à sua volta e do PS todo o
descontentamento de grande parte dos eleitores portugueses e, pior que isso, o
eleitorado não vê em Seguro a alternativa ao atual primeiro-ministro.
Havia, pois, que «agitar
as águas» no PS, sob de pena de o tempo passar e o pântano governativo
nacional se instalar de vez. Nenhum dos atuais atores políticos nos partidos da
maioria ou da oposição, são alternativa aos grandes desafios com que se
encontra confrontada a sociedade portuguesa. Mais, esta maioria que atualmente
nos governa tem de ser rapidamente afastada do poder pelos males, em alguns casos
irreversíveis, que causou ao povo português. De resto, sou de opinião que a
condução politica deliberada de abandono de velhos e crianças à pobreza, por
este governo, é uma violação grave dos direitos humanos e como tal deveriam os
agentes políticos nacionais serem punidos judicialmente à semelhança do que se
passa por violação de outros direitos universalmente reconhecidos e garantidos.
Aparece, assim, como natural e necessário o processo de substituição
da liderança do PS, com vista aos grandes desafios que se avizinham com as
legislativas do próximo ano. E António Costa é uma aposta forte do PS, uma vez
que “tem uma capacidade de alargamento do impacto da mensagem que mais ninguém
tem hoje no partido.” (João Galamba, no twitter)
Na verdade, António Costa vai além do PS e reúne em assim
todos aqueles que não sendo filiados no PS, veem nele, uma alternativa sólida e
credível à atual maioria que suporta o governo.
Por outro lado, à semelhança do que se passa na autarquia,
espera-se que prossiga a política de entendimentos com sectores mais à esquerda
do PS, por forma a criar uma grande maioria capaz de romper com este ciclo
vicioso, à volta do «centrão».
Por tudo isto e, sobretudo, pelo estado empobrecido e descrente
em que se encontra o país, a que António José Seguro, não conseguiu dar a
esperança devida, é salutar o aparecimento de uma alternativa como António Costa
à liderança do PS e, consequentemente, à oposição à maioria de direita que
sustenta o governo.
É urgentíssimo afastar esta maioria de direita do governo
deste país que tão maus resultados têm produzido para os cidadãos portugueses, ao
longo destes três últimos anos, principalmente, para as crianças e velhos que
pura e simplesmente foram vetados ao abandono pelas políticas indecorosas deste
governo e desta maioria de direita retrógrada e reacionária.
Só uma nova oposição liderada por um PS forte e pronto a
romper com o ciclo vicioso do «centrão», poderá ser a esperança para todos os
portugueses, nas eleições legislativas que se avizinham.
É bem verdade, que enquanto há vida há esperança…!