Bem sei que o título sugere uma
aproximação ao tema, mais que estafado, do perdão da dívida de Portugal aos
credores estrangeiros que, através da troika, nos emprestaram algum dinheiro
para evitar a falência como em Detroit (cidade dos EUA) e berço da indústria
automóvel.
Porém, não é desse perdão de
dívida que hoje vou falar. Hoje, pretendo sensibilizar os portugueses (que me
lêem, naturalmente), para concedermos um perdão de dívida aos políticos desta
nova geração que, neste governo e nos partidos que o suportam, como por exemplo
o ex-ministro Vítor Gaspar, que entendem que “…, a [sua] participação no
Governo tem por único propósito retribuir o enorme investimento que o país
colocou na minha educação." Dizia aquele ex-ministro que "Portugal investiu na minha educação de forma
muito generosa durante algumas décadas. É minha obrigação estar disponível para
retribuir essa dádiva que o país me deu." (15-10-2012, Apresentação do
Orçamento de Estado para 2013)
Chegou (tardiamente, é certo) a
altura de dispensarmos estes governantes de pagarem o investimento que o país neles
fez, uma vez que, como se viu, até hoje, de nada serviu.
Na verdade, da educação à
justiça, da defesa à agricultura, da segurança social à economia ou às finanças,
etc., o investimento nestes governantes de nada tem servido o país, antes pelo
contrario, apenas e quanto muito têm beneficiado os aparelhos partidários a que
pertencem e a «entourage» que os
rodeia e, certamente, aos credores internacionais por tão submissa e asséptica
sujeição.
Mas o triste resultado é este. A
dívida pública quase que duplicou, o deficit ronda os 5%, os juros dos
empréstimos (embora mais favoráveis?) teimam em manter-se em taxas
insuportáveis (5%), para um país sem produção de riqueza, a pobreza instalou-se
em mais de 487 mil desempregados inscritos nos centros de emprego que não
auferiram qualquer das prestações existentes, os trabalhadores públicos viram
reduzidos os seus rendimentos de trabalho em mais de 40%, com perda de
subsídios, os reformados e pensionistas sofreram cortes infames nas suas
pensões, calcula-se que mais de 500 mil crianças sofrem "elevados níveis de privação",
conforme relatório de peritos da ONU, que alerta para “o preço que está a ser pago” pelas famílias portuguesas com os
cortes no investimento público nas áreas sociais, e, por isso, pretende ver
reduzido o impacto das restrições financeiras nos cuidados de saúde e bem-estar
das crianças e defende que devem ser
“travados novos cortes no sector da Educação”. A ONU exorta ainda o Governo
português a definir “objectivos
orçamentais estratégicos” para a infância.
Esta calamidade pública, que se
abateu sobre Portugal e os portugueses na sequência dos danos causados pela
agenda ideológica deste governo e desta maioria a coberto de um programa mais
troikista que a troika, que feriu os alicerces do estado social e gerou o
empobrecimento generalizado do povo português, deverá constituir motivação
bastante para que os portugueses, antecipadamente ou no tempo previsto, possam
romper de vez com este governo e esta maioria, não aceitando de forma alguma e
nos anos mais próximos, que a troco de uma retribuição por um hipotético
investimento efectuado, o povo português volte a ter «gato por lebre».
Nenhum comentário:
Postar um comentário