segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

“O PERDÃO DA DÍVIDA”

Bem sei que o título sugere uma aproximação ao tema, mais que estafado, do perdão da dívida de Portugal aos credores estrangeiros que, através da troika, nos emprestaram algum dinheiro para evitar a falência como em Detroit (cidade dos EUA) e berço da indústria automóvel.

Porém, não é desse perdão de dívida que hoje vou falar. Hoje, pretendo sensibilizar os portugueses (que me lêem, naturalmente), para concedermos um perdão de dívida aos políticos desta nova geração que, neste governo e nos partidos que o suportam, como por exemplo o ex-ministro Vítor Gaspar, que entendem que “…, a [sua] participação no Governo tem por único propósito retribuir o enorme investimento que o país colocou na minha educação." Dizia aquele ex-ministro que "Portugal investiu na minha educação de forma muito generosa durante algumas décadas. É minha obrigação estar disponível para retribuir essa dádiva que o país me deu." (15-10-2012, Apresentação do Orçamento de Estado para 2013)

Chegou (tardiamente, é certo) a altura de dispensarmos estes governantes de pagarem o investimento que o país neles fez, uma vez que, como se viu, até hoje, de nada serviu.

Na verdade, da educação à justiça, da defesa à agricultura, da segurança social à economia ou às finanças, etc., o investimento nestes governantes de nada tem servido o país, antes pelo contrario, apenas e quanto muito têm beneficiado os aparelhos partidários a que pertencem e a «entourage» que os rodeia e, certamente, aos credores internacionais por tão submissa e asséptica sujeição.

Mas o triste resultado é este. A dívida pública quase que duplicou, o deficit ronda os 5%, os juros dos empréstimos (embora mais favoráveis?) teimam em manter-se em taxas insuportáveis (5%), para um país sem produção de riqueza, a pobreza instalou-se em mais de 487 mil desempregados inscritos nos centros de emprego que não auferiram qualquer das prestações existentes, os trabalhadores públicos viram reduzidos os seus rendimentos de trabalho em mais de 40%, com perda de subsídios, os reformados e pensionistas sofreram cortes infames nas suas pensões, calcula-se que mais de 500 mil crianças sofrem "elevados níveis de privação", conforme relatório de peritos da ONU, que alerta para “o preço que está a ser pago” pelas famílias portuguesas com os cortes no investimento público nas áreas sociais, e, por isso, pretende ver reduzido o impacto das restrições financeiras nos cuidados de saúde e bem-estar das crianças e defende que devem ser “travados novos cortes no sector da Educação”. A ONU exorta ainda o Governo português a definir “objectivos orçamentais estratégicos” para a infância.

Esta calamidade pública, que se abateu sobre Portugal e os portugueses na sequência dos danos causados pela agenda ideológica deste governo e desta maioria a coberto de um programa mais troikista que a troika, que feriu os alicerces do estado social e gerou o empobrecimento generalizado do povo português, deverá constituir motivação bastante para que os portugueses, antecipadamente ou no tempo previsto, possam romper de vez com este governo e esta maioria, não aceitando de forma alguma e nos anos mais próximos, que a troco de uma retribuição por um hipotético investimento efectuado, o povo português volte a ter «gato por lebre».



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