UM PAÍS SUBALTERNIZADO
Desde o passado dia 07 de
novembro de 2023, que o nosso país, tem sido, sistematicamente, subalternizado,
pelos órgãos de soberania, em especial pelo presidente da república. Este, em
completo desacerto com a constituição, usou e abusou da arbitrariedade, para
colocar o país em rota de colisão com a estabilidade política e a
governabilidade, como os primeiros atos pós 10 de março, demonstraram, na
eleição para o cargo de presidente da assembleia da república. Desolador.
Mais desolador, é o facto de as
condutas presidenciais terem gerado uma solução de governo totalmente ineficaz,
catapultando a extrema-direita populista, racista e xenófoba, para posições
relevantes no xadrez político nacional. Enquanto isso acontecia, o presidente ia
cumprindo rituais, como se nada se estivesse a passar. Marcelo, reduziu a pó,
os valores e a ética na política. Bem se esforçam aqueles que, pelo seu
exemplo, pretendem dignificar a política. De nada serve, quando para atingir os
fins a que se propôs, Marcelo não olhou a meios, ainda que censuráveis.
Na posse do novo governo da AD,
sem PPM, que foi esquecido pelo protocolo de Belém e pelos parceiros da
coligação, voltou a ouvir-se a ‘frase batida’ «deixem-me trabalhar», numa
alusão clara à fraqueza governativa saída das eleições de iniciativa
presidencial de 10 de março. Tanto assim que Marcelo, no seu discurso, perorou
que os portugueses deram “um voto de fé na democracia”. “Voto de fé”? O que os
portugueses demonstraram, foi uma enorme censura ao comportamento presidencial.
Os portugueses, cansados das diatribes presidenciais, pura e simplesmente,
penalizaram mais esta manobra presidencial. Os portugueses não optaram por
“mudar de hemisfério”, como afirmou Marcelo. Os portugueses foram forçados a
“mudar de hemisfério”, atenta à capciosa iniciativa presidencial. Ninguém (à
exceção do presidente) queria o que aconteceu. Um governo frágil refém da
extrema-direita xenófoba e racista, isto, por troca com um governo de maioria
absoluta de um só partido, o qual tinha mais que condições para indicar um
primeiro-ministro em substituição do cessante. Esta era, de resto, a opção
democrática e constitucional que se impunha. Ousou, mais uma vez, o presidente,
confrontar os portugueses com decisões erradas e nefastas. Os portugueses, mais
uma vez, deram-lhe a resposta. Não deram à AD a maioria absoluta, o [que]
torna esta legislatura numa “missão impossível” para os sociais democratas e
centristas, e os monárquicos que se lixem. Nem um mínimo de respeito pela
memória do Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, esta trupe demonstrou. Estas
coligações mentirosas e «barrigas de aluguer» para nados mortos, são o
alvo privilegiado de Marcelo que, por serem da sua área política, estão
dispensadas da transparência, seriedade e respeito pelos eleitores. Esta
subalternização do país, em outras latitudes, teriam consequências bem
desagradáveis. Porém, Portugal, ainda é, um país de «brandos costumes». Sorte a
deles!
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