Sobretudo, desde 2008 que os portugueses, em formação continua, tem recebido aulas de economia e finanças, saúde publica (e privada) e incêndios florestais, através dos maiores especialistas e académicos que há no país nestas diferentes áreas. Já antes, entre 2002 e 2010, os portugueses tiveram a cadeira mais difícil da sua formação: o caso “Casa Pia”, ou seja, a denuncia de abusos de menores envolvendo várias crianças acolhidas pela Casa Pia de Lisboa, uma instituição gerida pelo Estado português para a educação e suporte de crianças pobres e órfãos menores.
A aparente disponibilidade e desinteresse com que a maioria dos
especialistas pôs ao serviço dos portugueses os seus saberes é, a todos os
títulos, merecedor do nosso profundo reconhecimento. Durante mais de 20 anos,
nas áreas em foco nos respetivos períodos, recebemos os maiores ensinamentos
sobre o que era necessário fazer para resolver os problemas em crise e, com o
desleixo próprio de um povo que não acredita nos seus, fomos adiando as
soluções ou, o que é pior, fazendo o seu contrário. Hoje (ainda na crise dos incêndios
florestais e abusos sexuais de menores por membros da igreja Católica), voltamos
a demonstrar a nossa interrogação perante os ensinamentos diários e, o que é
ainda pior, temos uma leve suspeição de que os peritos são antigovernamentais.
Não é o saber destes peritos reconhecidos que estão em causa, pois que nos
falta ciência para tanto, o que verdadeiramente põe em causa estes cientistas
e/ou académicos mais recuados, são os “avençados do acessório” que diariamente “botam
faladura” em pé de igualdade com os peritos. Resultado: está a dúvida instalada.
Será mesmo que houve abuso sexual de menores na Casa Pia? Será mesmo que os
portugueses precisaram da intervenção da “troika” para ajudar (financiar)
durante a chamada crise do subprime? Será mesmo que o país foi assolado pelo vírus
do covid-19, ao ponto de suspender as liberdades individuais (e coletivas)?
Será mesmo que os portugueses (leiam-se bombeiros e outros) sabem apagar os fogos?
Todas estas “dúvidas” foram levantadas em simultâneo por peritos e “avençados
do acessório”. Não admira que a dúvida se tenha instalado. Afinal, à sua
maneira, todos são “peritos”, com capacidade (maior ou menor) de influenciar
quem ouve e vê. Nós queremos acreditar que quem se dispõe a informar-nos o faz desinteressadamente
apenas com o intuito de percebermos algumas das situações que mais nos aflige.
É certo que não devemos acreditar em tudo, sobretudo se a informação é prestada
pelos “avençados do acessório” que, de uma maneira geral, falam sem qualquer
conhecimento de causa. Estes, são um pouco, como as “revistas cor-de-rosa”,
vazias de conteúdo que fazem apelo ao irracional que está em cada um de nós. Os
peritos comprometidos, não com a ciência e ou/conhecimento, mas antes com as “modas”
políticas do momento, são, contudo, os mais perigoso, pois pelas vestes de
cordeiro, são verdadeiros lobos que solitários ou em alcateia vão minando a
confiança dos cidadão nas suas instituições. Normalmente ao serviço de interesses
ocultos estes, conjuntamente com os “avençados do acessório”, são os
verdadeiros culpados do atraso da nossa sociedade, pois debitam diariamente incertezas,
dúvidas e incompreensões, que obviamente criam temores nas populações. E fazem-no, a coberto da liberdade de
expressão, princípio caro à nossa democracia. Sempre foi assim, para alguns:
usam um bem maior para o exercício da mediocridade e insensatez, atropelando ostensivamente
os direitos dos outros. Com cobertura mediática, dispõe-se a tudo até serem
distratados. A partir daí, passam ao anonimato ou são arguidos. Até que isso
aconteça, levamos com eles até à exaustão.
Pobre país, que ainda não consegue separar o “trigo do joio” !
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