Foi ontem (18-08-2022) noticiado que o grande incêndio da Serra da Estrela foi dado como dominado. Lavrou durante mais de 10 dias e foi um pesadelo diário para as populações, para os bombeiros, para as forças da proteção civil, enfim para todos aqueles que sofrem e combatem o drama alheio. Esta ofensiva do fogo na Serra da Estrela foi um duro golpe para aquela paisagem única. Certamente se saberá mais tarde quem deu causa a tamanho horror. Uma coisa sabemos nós: mais de 50% dos fogos tem origem humana (dolosa ou por descuido); nos restantes casos, desconhece-se a origem. Intrigante!
No meio dos horrorosos incêndios,
que tem fustigado o país, há mais de um mês, com particular destaque para este
na Serra da Estrela, e, enquanto se choram os mortos e se apoiam as vítimas,
com a lentidão exasperante típica destas situações, a comunicação social e os
dirigentes partidários erigiram como facto importante em Portugal, durante este
dramático período, a escolha e contratação de um "conselheiro"
económico, de nome Sérgio Figueiredo, para assessorar o ministro das finanças.
Esta pelintrice, da classe política e partidária portuguesa a que se junta uma
comunicação social débil e sem estatuto, origina uma incompreensível inversão
de valores, misturando o que é essencial em cada momento, pelo acessório, pelo trivial
e pelo não-assunto, que alimenta uns quantos da cidade, avençados do acessório.
Sérgio Figueiredo, personalidade
de menor relevo e, certamente, não desejando o protagonismo que lhe foi dado, vê-se
em pé de igualdade perante os graves problemas com que o povo português está
presentemente, e mais uma vez, confrontado.
Um simples cargo de consultor,
comparável a tantos "consultores" que povoam a administração pública
e a privada (com dinheiros públicos) fez, durante mais de uma semana, as
delícias destes abutres, que pretendem levar o caso à Assembleia da República,
em detrimento, por exemplo, de se reunirem em sessão permanente, para
acompanhar a grave situação que o país atravessa.
Os dirigentes partidários e os
avençados do acessório, minam os fundamentos do Estado de Direito Democrático e
aproximam o país da banalidade, muito frequente nas autoproclamadas repúblicas,
que nascem como cogumelos por esse mundo fora.
Portugal é mais, muito mais, que
isso. Portugal tem história.
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