Não se justifica a menorização do
Estado de direito democrático através da escolha de representantes de fraca
qualidade e muitas vezes de honorabilidade duvidosa. Os partidos até aqui têm
dado mais importância à ligação do candidato ao partido e ao seu grau de
subserviência quase cega ao “apparatchik”. Isto é patente no processo interno
de escolha de candidatos, que é, em regra, uma luta “fratricida” por um lugar
protagonizada pelos candidatos e as direções partidárias, que pretendem
assegurar (salvo o exagero), o «pensamento único».
Por isso a democracia empobrece,
em cada eleição que passa. Por isso os eleitores se desmotivam e as taxas de
participação tendem a refletir este estado de coisas. Está na hora, de novo, de
os partidos deixarem de olhar para dentro e preocuparem-se seriamente com o
país. Está na hora de haver mais rigor na escolha dos candidatos que sejam
garantes da democracia de qualidade para todos e não de indivíduos que usam a
democracia para a sua degradação senão mesmo denegação.
Se os partidos forem exigentes
nas escolhas, como devem ser, previnem a proliferação de “verbos de encher” que
pouco ou nada têm contribuído para o crescimento da nossa democracia, como se
tem visto ao longo destes anos. As “maças podres” devem ser retiradas do cesto
antes que contaminem as restantes.
Não faltam exemplos de, por pura tática
político-partidária, o país ter sido representado por indivíduos que no
parlamento, no governo, nas autarquias, etc., mostraram não ser dignos do
mandato que o povo lhes tinha confiado, agindo em muitos casos, contra os
interesses do seu próprio país.
Quarenta e três anos depois das
primeiras eleições legislativas livres e democráticas, após o 25 de Abril de
1974, das quais saíram um conjunto de tribunos e governantes de estirpe elevada,
é hora de devolver ao povo e à democracia portuguesa essa qualidade perdida.
Esta é uma exigência que, em
primeira linha, é da responsabilidade dos partidos.
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