Rui Ramos, historiador, escreve
hoje no jornal online “Observador”, um artigo intitulado “Que fazer perante o
politicamente correcto?”, que não e mais do que um texto vincadamente ideológico
e de subliminar reprovação da democracia enquanto sistema que permite discutir
as diferenças, sejam elas quais forem.
Houve um tempo, anterior a Abril,
em que o “politicamente correto” não estava ao alcance de qualquer cidadão.
Mesmo que o quisesse. As pessoas deveriam ser preferencialmente apolíticas (neutras)
ou quanto muito participar no “jogo viciado” do partido único/pensamento único ou
União Nacional. Aqui não havia o “perigo” de haver “compartimentos (…) racista[s],
imperialista[s], elitista[s], homofóbico[s], misógino[s] ou fascista[s],…”,
pela singela razão de que publicamente era proibido. Nesse tempo sim, havia os “cabos
de esquadra da correção política”, devidamente enquadrados em estruturas
hierarquizadas, que usavam instrumentos (que não a palavra), para a dita “correção
política”, instrumentos esses que, como se sabe, levaram à tortura e a casos de
morte, sobretudo, para os que não tinham “emenda”.
É claro que num período muito
recente, do governo Portugal à Frente (PÀF), criou-se um pouco a ideia que os
cidadãos portugueses deveriam evitar ter opiniões sobre as questões que lhe
diziam respeito uma vez que isso poderia “perturbar” os credores
internacionais, aqui liderados pela troica, que então “governava” o país,
assessorados por Pedro e Paulo. Nesse período, muitos foram os aspirantes a “cabos
de esquadra da correção politica”, que pretenderam impor a disciplina do “politicamente
correto” (a linguagem neutra), com o beneplácito de Belém, deixando de fazer
parte do léxico politico as questões ligadas às pessoas, sobrepondo-se as políticas
da “pobreza regeneradora”, então muito na moda na altura.
Ainda hoje, os resquícios desse
tempo se fazem sentir, e aí sim, “o
politicamente correcto [era] uma
batota, um jogo viciado, que as suas vítimas [estavam] condenadas a perder”, com se veio a verificar.
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