segunda-feira, 6 de abril de 2015

A PESCADINHA DE “RABO NA BOCA”

Quando em 2011, mais propriamente, em 05 de Junho, se realizaram as eleições legislativas, elas foram um culminar de vários factos políticos marcantes, entre os quais se destacam, o chumbo do PEC IV apresentado pelo governo minoritário do PS, pela maioria PSD, CDS, BE e PCP.
Esta maioria de dois blocos (PSD/CDS) e (PCP/BE) que se uniram para derrubar o governo minoritário do PS, tinham ambos por objetivo forçar Portugal a submeter-se a um programa de ajuda financeira e, consequentemente, a permitir e a reclamar a intervenção das instituições internacionais no nosso país através da chamada tróica.
Mas se é verdade que os dois blocos (PSD/CDS) e (PCP/BE) se uniram para o derrube do governo do PS e consequentemente forçarem a intervenção externa tudo indica no entanto que os objetivos de cada bloco eram (aparentemente) diversos. Para o bloco (PSD/CDS), era uma oportunidade de irem para o governo executar o programa internacional de ajuda, mostrando-se totalmente disponíveis para, se fosse caso disso, irem para além do que estava inicialmente programado pelas referidas entidades internacionais. Pelo contrário, para o bloco (PCP/BE), era uma oportunidade de forçarem Portugal a sair da União Europeia ou, numa primeira fase, apenas uma saída da zona euro, criando-se uma situação tipo Argentina com as especificidades, no entanto, da parceria monetarista, em que estávamos envolvidos. Em qualquer caso “um tiro no escuro” e de consequências totalmente imprevisíveis. Era a velha teoria “quanto pior melhor.”
Para o outro bloco (PSD/CDS) filhos e parentes de ajudas anteriores e funcionários partidários recrutados para empresas dos “barões” desses partidos, cumpria-se o desígnio partidário de executar o programa de ajuda financeira traçado para Portugal, em condições de total sintonia e submissão aos mentores da “ajuda”, em particular às diretivas e determinações interligadas à condição de “bom aluno”.
Entretanto, cumprido o objetivo dos dois blocos, estes desfizeram-se indo cada um para seu lado. Os do “pote”, a ele se mantiveram e mantêm ligados, gerindo a “coisa pública” como “coisa sua”, criando nos seus membros e na maioria que os sustenta uma verdadeira cultura de irresponsabilidade e impunidade, tornando decisões irrevogáveis em revogáveis, sendo devedores relapsos de impostos ou contribuições, desviando fundos europeus para atividades entretanto falidas ou insolventes, tornando o Sistema Europeu de Transferência de Créditos (ECTS) das universidades que frequentaram, em verdadeiros sistemas tóxicos, que geram a nulidade ou anulabilidades das respetivas licenciaturas, promovem os negócios próprios ou dos amigos que os sustentam, recusam a paternidade e a homossexualidade bem como a adoção por casais de mesmo sexo, mas beneficiam da proteção desses grupos minoritários que envergonhadamente a eles pertencem, presenteiam os filhos dos seus “patrões”, com lugares no aparelho da administração pública, seja, local, regional, central ou deslocalizada (institutos, empresas públicas, etc.), são produto do obscurantismo e primos do assistencialismo serôdio e primário, são fazedores de pobres e de cantinas sociais, são os medíocres de hoje e os “homens/mulheres de palha” do capitalismo de casino, espelho vivo da sociedade portuguesa atual.
O bloco do “quanto pior melhor”, rapidamente se deu conta que as suas teses não tinham seguidores. O abismo era situação que os portugueses não queriam experimentar. Tornou-se, por isso, “ um peso morto” na política nacional. Não tardou a desfazer-se e a fragmentar-se.
Resta o PS, mas para fazer radicalmente diferente.
Os blocos estão construídos e têm as suas lógicas próprias, ainda que alguns deles se vão deteriorando o que inevitavelmente acontecerá com o outro. A diferença, está pois, num PS robustecido, programaticamente diferente e sociologicamente mais próximo dos ideais de Abril. O PS tem de se apresentar ao eleitorado, com um partido pronto para protagonizar a mudança num país que sofreu o maior empobrecimento da sua história. O PS tem de ser capaz de fazer diferente e melhor, que o mesmo é dizer, tirar da pobreza e da miserabilidade milhares de portugueses arrastados pela austeridade impiedosa e desumana aplicada pelo atual governo, a troco de uns “patacos”, para o relançamento dos grupos financeiros.

Se não houver uma política totalmente diferente, seja na saúde, educação, justiça, trabalho, na defesa dos direitos dos mais jovens e dos mais idosos, na proteção social, na maternidade, na retoma urgente das três refeições mínimas para as crianças, na proteção efetiva aos mais idosos e reformados, na integração gradual das pessoas na sociedade e repúdio aos guetos, na defesa da igualdade de género, na proteção às minorias e estabelecimento de direitos iguais, em síntese, na criação efetiva de uma sociedade mais justa, solidaria e fraterna.

Estes são valores que estão no ADN do Partido Socialista e que de novo são chamados ao poder.

Cabe ao PS, de vez, pôr termo à “pescadinha de rabo na boca”!...


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