Quando em 2011, mais propriamente,
em 05 de Junho, se realizaram as eleições legislativas, elas foram um culminar
de vários factos políticos marcantes, entre os quais se destacam, o chumbo do
PEC IV apresentado pelo governo minoritário do PS, pela maioria PSD, CDS, BE e
PCP.
Esta maioria de dois blocos
(PSD/CDS) e (PCP/BE) que se uniram para derrubar o governo minoritário do PS,
tinham ambos por objetivo forçar Portugal a submeter-se a um programa de ajuda
financeira e, consequentemente, a permitir e a reclamar a intervenção das instituições
internacionais no nosso país através da chamada tróica.
Mas se é verdade que os dois
blocos (PSD/CDS) e (PCP/BE) se uniram para o derrube do governo do PS e
consequentemente forçarem a intervenção externa tudo indica no entanto que os
objetivos de cada bloco eram (aparentemente) diversos. Para o bloco (PSD/CDS),
era uma oportunidade de irem para o governo executar o programa internacional
de ajuda, mostrando-se totalmente disponíveis para, se fosse caso disso, irem
para além do que estava inicialmente programado pelas referidas entidades
internacionais. Pelo contrário, para o bloco (PCP/BE), era uma oportunidade de
forçarem Portugal a sair da União Europeia ou, numa primeira fase, apenas uma saída
da zona euro, criando-se uma situação tipo Argentina com as especificidades, no
entanto, da parceria monetarista, em que estávamos envolvidos. Em qualquer caso
“um tiro no escuro” e de consequências totalmente imprevisíveis. Era a velha teoria
“quanto pior melhor.”
Para o outro bloco (PSD/CDS)
filhos e parentes de ajudas anteriores e funcionários partidários recrutados
para empresas dos “barões” desses partidos, cumpria-se o desígnio partidário de
executar o programa de ajuda financeira traçado para Portugal, em condições de
total sintonia e submissão aos mentores da “ajuda”, em particular às diretivas
e determinações interligadas à condição de “bom aluno”.
Entretanto, cumprido o objetivo dos
dois blocos, estes desfizeram-se indo cada um para seu lado. Os do “pote”, a
ele se mantiveram e mantêm ligados, gerindo a “coisa pública” como “coisa sua”,
criando nos seus membros e na maioria que os sustenta uma verdadeira cultura de
irresponsabilidade e impunidade, tornando decisões irrevogáveis em revogáveis, sendo
devedores relapsos de impostos ou contribuições, desviando fundos europeus para
atividades entretanto falidas ou insolventes, tornando o Sistema
Europeu de Transferência de Créditos (ECTS) das universidades que frequentaram,
em verdadeiros sistemas tóxicos, que geram a nulidade ou anulabilidades das respetivas
licenciaturas, promovem os negócios próprios ou dos amigos que os sustentam,
recusam a paternidade e a homossexualidade bem como a adoção por casais de
mesmo sexo, mas beneficiam da proteção desses grupos minoritários que envergonhadamente
a eles pertencem, presenteiam os filhos dos seus “patrões”, com lugares no
aparelho da administração pública, seja, local, regional, central ou
deslocalizada (institutos, empresas públicas, etc.), são produto do
obscurantismo e primos do assistencialismo serôdio e primário, são fazedores de
pobres e de cantinas sociais, são os medíocres de hoje e os “homens/mulheres de
palha” do capitalismo de casino, espelho vivo da sociedade portuguesa atual.
O bloco do “quanto pior melhor”,
rapidamente se deu conta que as suas teses não tinham seguidores. O abismo era
situação que os portugueses não queriam experimentar. Tornou-se, por isso, “ um
peso morto” na política nacional. Não tardou a desfazer-se e a fragmentar-se.
Resta o PS, mas para fazer radicalmente diferente.
Os blocos estão construídos e têm as suas lógicas próprias, ainda
que alguns deles se vão deteriorando o que inevitavelmente acontecerá com o
outro. A diferença, está pois, num PS robustecido, programaticamente diferente
e sociologicamente mais próximo dos ideais de Abril. O PS tem de se apresentar
ao eleitorado, com um partido pronto para protagonizar a mudança num país que
sofreu o maior empobrecimento da sua história. O PS tem de ser capaz de fazer
diferente e melhor, que o mesmo é dizer, tirar da pobreza e da miserabilidade
milhares de portugueses arrastados pela austeridade impiedosa e desumana aplicada
pelo atual governo, a troco de uns “patacos”, para o relançamento dos grupos
financeiros.
Se não houver uma política totalmente diferente, seja
na saúde, educação, justiça, trabalho, na defesa dos direitos dos mais jovens e
dos mais idosos, na proteção social, na maternidade, na retoma urgente das três
refeições mínimas para as crianças, na proteção efetiva aos mais idosos e
reformados, na integração gradual das pessoas na sociedade e repúdio aos
guetos, na defesa da igualdade de género, na proteção às minorias e
estabelecimento de direitos iguais, em síntese, na criação efetiva de uma
sociedade mais justa, solidaria e fraterna.
Estes são valores que estão no ADN do Partido
Socialista e que de novo são chamados ao poder.
Cabe ao PS, de vez, pôr termo à “pescadinha de rabo na
boca”!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário