PORTUGAL NA ENCRUZILHADA DA
HISTÓRIA - PARTE II
Escrevi aqui, em 15 de maio passado, portanto antes das eleições, que "𝑀𝑎𝑖𝑠
𝑢𝑚𝑎
𝑣𝑒𝑧,
𝑃𝑜𝑟𝑡𝑢𝑔𝑎𝑙,
𝑠𝑒
𝑣𝑒̂
𝑛𝑢𝑚𝑎
𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜
𝑑𝑖𝑓𝑖́𝑐𝑖𝑙
𝑜𝑛𝑑𝑒
𝑣𝑎𝑖
𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑠𝑎𝑟
𝑑𝑒
𝑡𝑜𝑚𝑎𝑟
𝑢𝑚𝑎
𝑑𝑒𝑐𝑖𝑠𝑎̃𝑜.
𝐴𝑠
𝑒𝑙𝑒𝑖𝑐̧𝑜̃𝑒𝑠
𝑙𝑒𝑔𝑖𝑠𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠
𝑎𝑛𝑡𝑒𝑐𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎𝑠,
𝑝𝑎𝑟𝑎
𝑜
𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑚𝑒̂𝑠
𝑑𝑒
𝑚𝑎𝑖𝑜,
𝑓𝑟𝑢𝑡𝑜
𝑑𝑒
𝑢𝑚
𝑑𝑒𝑠𝑎𝑐𝑒𝑟𝑡𝑜
𝑑𝑒𝑚𝑜𝑐𝑟𝑎́𝑡𝑖𝑐𝑜,
𝑐𝑜𝑙𝑜𝑐𝑜𝑢
𝑜
𝑝𝑎𝑖́𝑠
𝑒𝑚
𝑟𝑜𝑡𝑎
𝑑𝑒
𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠𝑎̃𝑜
𝑐𝑜𝑚
𝑎
𝑑𝑒𝑚𝑜𝑐𝑟𝑎𝑐𝑖𝑎
𝑒
𝑜
𝐸𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜
𝑑𝑒
𝐷𝑖𝑟𝑒𝑖𝑡𝑜".
Nem duas semanas passaram e as
forças mais antidemocráticas do espetro politico português, vencedoras das
eleições, conjuntamente com os neoliberais de pacotilha, propõem revisões
constitucionais que vão desde, a revisão do preambulo da Constituição, há redução
do numero de deputados, á instauração da prisão perpétua, a castração química, à
revisão do estatuto do SNS e do Estado Social, com especial destaque para as
prestações sociais, à imigração, ao preconceito, enfim à descaracterização do
regime democrático saído do 25 de Abril de 1974.
Portugal enfrenta hoje um cenário
político complexo e inédito após as eleições legislativas de 18 de maio de
2025, marcadas pelo crescimento da extrema-direita, o declínio histórico da
esquerda e a persistência de um Parlamento fragmentado. Este momento representa
um ponto de viragem na democracia portuguesa, com implicações profundas para a
governabilidade e o equilíbrio de poder.
Pela primeira vez, PS e PSD
(integrado na AD) não detêm dois terços do Parlamento, sinalizando o colapso do
sistema bipartidário que dominou Portugal desde 1974. A ascensão do Chega, que
quintuplicou sua representação desde 2019, reflete, o descontentamento com a
imigração e a economia: O partido capitalizou frustrações com políticas de
imigração, custo de vida e corrupção, usando retórica anti-establishment e
alinhada ao trumpismo. Eleitores no sul do país, outrora fiéis à esquerda,
migraram para o Chega, especialmente em regiões rurais e periféricas.
A crise de governabilidade,
mantém-se. Luís Montenegro, líder da AD, insiste em formar um governo
minoritário, recusando pactuar com o Chega. No entanto, a matemática
parlamentar é desfavorável: AD (89) + IL (9) + outros aliados potenciais somam
apenas 104 deputados, insuficientes para aprovar leis ou orçamentos. O Bloco de
oposição (PS + Chega), juntos, têm 116 deputados, número exato para bloquear
iniciativas da AD. Porém, uma aliança entre socialistas e extrema-direita é
considerada "impossível" por ambos os lados. Isso cria um cenário de paralisia,
com risco de novas eleições se nenhum acordo for alcançado. Montenegro apela ao
"sentido de Estado" do PS, mas o partido socialista, enfraquecido,
enfrenta divisões internas sobre como posicionar-se.
A eleição foi antecipada após o
governo de Montenegro cair em março de 2025, devido ao chamado “escândalo
Spinumviva” – negócios imobiliários da família do primeiro-ministro, envolvendo
conflitos de interesses. Apesar das acusações, Montenegro conseguiu reverter a
crise nas urnas, mas o caso permanece sob investigação judicial, ameaçando sua
estabilidade política.
Reformas estruturais, como a
exploração de lítio e a privatização da TAP, podem ser adiadas, comprometendo
fundos da UE.
Avizinha-se instabilidade
económica, com reformas estruturais, como a exploração de lítio e a
privatização da TAP, podendo ser adiadas, comprometendo fundos da UE.
A normalização da extrema-direita,
desafia os valores democráticos, pressionando as políticas anti-imigração e
conservadoras, com sério risco de radicalização, uma vez que a fragmentação
partidária e a polarização vão alimentar discursos populistas, como visto no
aumento de «fake news» durante a campanha
Em suma, Portugal enfrenta um
dilema entre a “continuidade de um governo frágil” e a “tentação de soluções
autoritárias”. A incapacidade das esquerdas em se unir e a rejeição da AD ao
Chega deixam o país numa encruzilhada histórica, onde o diálogo e o pragmatismo
serão essenciais para evitar o colapso institucional. Como observado por alguns
analistas, "o sistema político português saiu destas eleições
destroçado" – e sua reconstrução exigirá mais do que promessas
eleitorais.
Um Novo Capítulo se abre na
Democracia Portuguesa